11 LIÇÃO 1 TRI 2022 LUCAS – ATOS: O MODELO PENTECOSTAL PARA HOJE

 

11 LIÇÃO 1 TRI 2022 LUCAS – ATOS: O MODELO PENTECOSTAL PARA HOJE

11 LIÇÃO 1 TRI 2022 LUCAS – ATOS: O MODELO PENTECOSTAL PARA HOJE

 

TEXTO ÁUREO

“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. ” (At 2.4)    

VERDADE PRÁTICA

A atividade do Espírito Santo e suas implicações na vida cristã são o padrão bíblico adotado pelo crente pentecostal.    

LEITURA DIÁRIA

  Segunda – Lc 3.16 O poder de Cristo em batizar no Espírito Santo e com fogo

  Terça – Lc 3.21,22 O Espírito Santo em forma de pomba e um a voz do céu identificam o Messias  

Quarta – At 1.8 A virtude do Espírito capacita o crente para a obra de evangelização  

Quinta – At 2.2,3 Sinais sobrenaturais marcaram o advento do Espírito Santo  

Sexta – At 2.4; 10.46; 19.6 O “falar em línguas” é a evidência física inicial do Batismo no Espírito Santo  

Sábado – At 2.17-20 O derramamento do Espírito Santo permanecerá até o Dia do Senhor    

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Lucas 1.21,22; Atos 2.1-4

  Lucas 1  

21 – E o povo estava esperando a Zacarias e maravilhou-se de que tanto se demorasse no templo.  

22 – E, saindo ele, não lhes podia falar; e entenderam que tivera alguma visão no templo. E falava por acenos e ficou mudo.  

Atos 2

1 – Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;  

2 – E, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.  

3 – E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.  

4 – E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.  

 

Hinos Sugeridos: 5, 85, 290 da Harpa Cristã

 

PLANO DE AULA

 

1- INTRODUÇÃO

  Nesta lição, temos como propósito destacar que a ação do Espírito Santo na vida de Jesus em Lucas e da igreja em Atos com a finalidade de capacitá-la para a proclamação do Evangelho em continuidade ao ministério de Jesus. Veremos que esse modo de viver serve de modelo para a igreja dos dias atuais. Assim como no início da igreja, os crentes atuais precisam buscar 0 Batismo no Espírito Santo com o revestimento de poder do Alto para realizar a obra de Deus e alcançar uma vida cristã vitoriosa.    

2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

  A) Objetivos da Lição:

I) Enfatizar a ação do Espírito Santo na vida e ministério de Jesus em Lucas;

II) Ressaltar que a manifestação do Espírito Santo no ministério da igreja em Atos é cumprimento da promessa de Deus revelada por intermédio do profeta Joel;

III) Apontar que o Batismo no Espírito Santo é uma promessa atual e deve ser buscado por todos os crentes como capacitação para o serviço cristão.  

B) Motivação: O Espírito Santo é a fonte inspiradora e capacitadora da igreja. Os crentes são intrinsecamente dependentes do Espírito Santo tanto no que diz respeito ao serviço prestado na obra de Deus quanto a uma vida íntegra e testemunhante das verdades bíblicas. É preciso buscar continuamente o revestimento do Espírito.  

C) Sugestão de Método: Com a ajuda de seus alunos, realize um mapa conceitual. Anote no centro do quadro a palavra “Espírito Santo” , e com a ajuda dos alunos, relaciona em torno desta palavra quais as manifestações do Espírito Santo encontrados no livro de Atos dos Apóstolos que confirmam o cumprimento da promessa de Deus anunciada pelo profeta Joel (cf. J1 2.28-31).    

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

 

A) Aplicação: Converse com seus alunos sobre a experiência do Batismo no Espírito Santo. Reforce que o Espírito Santo habita o crente quando este aceita Jesus como Salvador. No entanto, o crente deve buscar o revestimento de poder para realizar a obra de Deus com afinco. Aproveite para ouvir as experiências daqueles que foram batizados no Espírito Santo.

 

4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

 

A) Revista Ensinador Cristão: Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios às Lições Bíblicas. Na edição 88, p. 41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará um auxílio que dará suporte na preparação de sua aula:

1) O texto “ O Propósito do Batismo no Espírito Santo”, ao final do primeiro tópico, ressalta que o Batismo no Espírito Santo é a porta de entrada para vários dons do Espírito; 2) O texto “ Línguas como evidência do Batismo no Espírito Santo”, localizado no final do terceiro tópico, aprofunda a questão das línguas como evidência física e inicial do Batismo no Espírito Santo.    

INTRODUÇÃO COMENTÁRIO

    Lucas-Atos são dois volumes de autoria do médico amado (Cl 4.14). Os relatos são escritos a partir de premissas históricas e teológicas. Registram que a unção do Espírito que repousava em Jesus, também foi concedida à Igreja (At 2.33). Desde os Pentecostes, o derramar do Espírito Santo permanece como modelo para a Igreja de Cristo.    

 

COMENTÁRIO

 

 Lucas-Atos são dois volumes de autoria do médico amado (Cl 4.14). Os relatos são escritos a partir de premissas históricas e teológicas. Roger Stronstad anota que “apesar da particularidade histórica de cada livro, eles têm uma perspectiva teológica homogeneamente comum”. Assim sendo, Lucas é tanto historiador como teólogo. Desse modo, além da dimensão histórica, a obra lucana tem também uma dimensão didática. Essas narrativas servem de modelo para o comportamento cristão e a vida da Igreja em todos os tempos. Lucas descreve a capacitação do Espírito Santo no ministério de Jesus e no ministério da Igreja. A unção do Espírito que repousava em Jesus também foi concedida à Igreja (At 2.33). Esse revestimento de poder na vida do crente não é apresentado como dom para salvação, mas como a unção dos salvos para o testemunho e o serviço cristão. Esse é o padrão bíblico adotado pelo pentecostal submisso ao ensino das Escrituras Sagradas. Desde o Pentecostes, o derramar do Espírito Santo permanece como modelo para a Igreja de Cristo. Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

Tanto o Evangelho de Lucas como Atos, ou seja, tanto o primeiro como o segundo volume da obra escrita por Lucas, foram endereçados à mesma pessoa, ou seja, Teófilo. Possivelmente, era um homem rico, membro da nobreza romana ou alguém que ocupava alto posto no governo romano. Tudo nos faz crer que era um homem piedoso, pois seu nome significa “aquele que ama a Deus”. Quais foram os propósitos de Lucas em remeter essa obra acerca do ministério de Cristo e da ação da igreja para esse nobre romano? a) Provar que a igreja cristã era uma religião lícita, legítima, e não um risco para o Estado, como queriam demonstrar seus críticos; b) mostrar a conexão entre o ministério terreno e celestial de Cristo, pois mesmo depois de partir, Jesus continuou a fazer e a ensinar a igreja por intermédio do seu Espírito, usando os apóstolos como instrumentos; c) oferecer um esboço do espantoso crescimento da igreja cristã, que começa com 120 judeus em Jerusalém e termina como uma multidão inumerável por todos os recantos do Império, chegando, inclusive a Roma, a capital. LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 17-18.    

 

Palavra-Chave: ESPÍRITO    

 

I – O EVANGELHO DE LUCAS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE CRISTO    

 

1- O Espírito Santo no Evangelho.  

 

Lucas registra os fatos acerca da vida e obra de Cristo (Lc 1.1-3). O evangelista enfatiza o papel do Espírito no advento do Messias. A ação do Espírito é percebida na vida do precursor de Cristo, João Batista (Lc 1.13,15); na vida de Isabel e Zacarias – seus pais (Lc 1.13,67); na concepção virginal de Maria (Lc 1.35); e na vida de Simeão ao conhecer o Messias antes de morrer (Lc 2.25-32). O Evangelho ainda ressalta o poder de Cristo em batizar no Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16).    

 

COMENTÁRIO    

 

Lucas registra os fatos acerca da vida e obra de Cristo (Lc 1.1-3). A narrativa do Evangelho compreende o nascimento, ministério, morte e ressurreição de Jesus, bem como a promessa do derramamento do Espírito Santo. O evangelista enfatiza o papel e a importância do Espírito no advento do Messias. Nossa Declaração de Fé professa que o Espírito Santo não é apenas um atributo da divindade, mas possui a mesma essência do Deus Pai e do Deus Filho; Ele é a terceira pessoa da Trindade e foi enviado ao mundo pelo Pai e pelo Filho; Ele é “o Espírito que provém de Deus” (1 Co 2.12). A ação do Espírito no Evangelho de Lucas é percebida em diversos eventos. De modo introdutório, destacamos os seguintes: na vida de João Batista, o precursor de Cristo, quando do anúncio do anjo de que ele seria “cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe” (Lc 1.15); na vida de Isabel e Zacarias — os pais de João Batista, quando, no sexto mês da gravidez, ao receber a visita de Maria, “a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo” (Lc 1.41); após o nascimento de João Batista, quando Zacarias “foi cheio do Espírito Santo e profetizou” (Lc 1.67).

E, no anúncio da concepção virginal de Maria, Lucas associa o Espírito Santo com o poder e a presença de Deus. No vocabulário empregado, percebe-se o conceito de Trindade: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35). Lucas também registra que após o nascimento de Jesus, Simeão, impulsionado pelo Espírito, foi ao Templo a fim de conhecer o Messias antes de morrer (Lc 2.25-32). O Evangelho ainda ressalta o poder e autoridade de Cristo em batizar no Espírito Santo e fogo (Lc 3.16). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

O propósito de Deus não se encerra na cruz, mas continua na obra do Espírito Santo. O Espírito Santo é destacado neste Evangelho desde o princípio. João é cheio do Espírito desde o ventre (1.15). O Espírito Santo cobre Maria com sua sombra (1.35). Quando Jesus foi batizado, o Espírito Santo veio sobre ele (3.22). O mesmo Espírito o conduziu ao deserto por ocasião da tentação (4.1). Jesus regressou à Galileia no poder do Espírito Santo (4.14). Quando pregou na sinagoga de Nazaré, afirmou que o Espírito Santo estava sobre ele (4.18).

Jesus exultou no Espírito (10.21), e os discípulos seriam ensinados pelo Espírito em sua jornada missionária (12.12). A blasfêmia contra o Espírito é o mais grave pecado (12.10). O Pai dá o Espírito àqueles que o pedem (11.13). Jesus envia a promessa do Pai e reveste seus discípulos com o poder do Espírito (24.49). O Espírito Santo vem sobre Isabel, sobre Maria, sobre Jesus e sobre os discípulos (1.15,35; 2.25-27; 3.22; 4.14,18; 11.13; 12.10,12; 24.49). Lucas fala mais sobre o Espírito Santo do que qualquer outro evangelista, formando um vínculo de continuidade tanto no ministério de Jesus quanto na vida da igreja primitiva. LOPES. Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.          

 

2- O Espírito Santo e o batismo de Cristo.  

 

Ao descrever o batismo de Jesus no Jordão, Lucas informa que estando o Senhor orando, o céu se abriu (Lc 3.21), o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba (Lc 3.22a); e um a voz do céu dizia: “Tu és o meu Filho amado” (Lc 3.22). O evento da descida do Espírito e a voz que o identificava como Filho de Deus tinham como propósito marcar o início do ministério público de Jesus (Lc 4.1,14,18). Também serviram como sinal para João Batista confirmar que Jesus era o Cristo (Jo 1.32,33).    

 

COMENTÁRIO    

 

Jesus foi batizado em águas por João Batista com a idade de “quase trinta anos” (Lc 3.23), a mesma com que os levitas iniciavam o ministério (Nm 4.3, 35). Jesus não precisava arrepender-se de pecado algum (1 Pe 2.22), mas submeteu-se ao batismo em águas para “cumprir toda a justiça” (Mt 3.15). Nossa Declaração de Fé ensina que a palavra “batismo” significa “mergulho, imersão” e que o batismo simboliza a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, deixando claro que se trata de uma prática realizada por meio da imersão do corpo inteiro (Mt 3.16; At 8.38-39; Rm 6.4). Ao descrever o batismo no Jordão, Lucas informa que, estando o Senhor em oração, ocorreram três eventos extraordinários: (a) o céu se abriu (Lc 3.21); (b) o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba (Lc 3.22a); e (c) ouviu-se uma voz vindo do céu que estava aberto (Lc 3.22b).

A abertura do céu significa que se segue uma revelação da parte de Deus. A expressão “forma corpórea, como pomba” enfatiza que a descida do Espírito Santo foi uma coisa real, não ilusão visionária. E, todos testemunharam a voz do céu que dizia a Jesus: “Tu és meu Filho amado” (Lc 3.22b). O céu aberto, o evento da descida do Espírito e a voz que o identificava como Filho de Deus tinham como propósito marcar o início do ministério público de Jesus (Lc 4.1,14,18). O relato não indica que Jesus não tivesse o Espírito, isso porque Ele já tinha o Espírito desde a concepção (Lc 1.35).

Esse evento simbolizava a unção real da messianidade de Jesus (Is 11.2; 42.1). Também serviram como sinal para João Batista confirmar que Jesus era de fato o Cristo (Jo 1.32,33). Percebe-se, também, na narrativa a presença e atuação da Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

O batismo de Jesus revela o momento de sua capacitação Enquanto Jesus orava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele. Ele foi cheio do Espírito Santo. Quando oramos, Deus nos dá poder para cumprir nossa missão. Deus colocou sobre Jesus o Espírito Santo. Ali Jesus foi capacitado a enfrentar o diabo e vencê-lo. Ali Jesus foi cheio do Espírito Santo e passou quarenta dias orando e jejuando. Jesus enfrentou o diabo no deserto. Jesus luta contra Satanás na casa de Satanás, mas o Espírito Santo está sobre ele, e ele triunfa. Como homem, Jesus precisou ser revestido com o poder do Espírito Santo.

Ele foi batizado com esse poder no Jordão. Foi guiado pelo Espírito Santo ao deserto. Retornou à Galileia no poder do Espírito Santo. Agiu no poder do Espírito na sinagoga. E foi ungido pelo Espírito para fazer o bem e curar todos os oprimidos do diabo (At 10.38). LOPES. Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.    

 

O BATISMO DE JESUS. Quando Jesus foi batizado por João Batista, Ele, que posteriormente batizaria seus discípulos no Espírito, no Pentecoste e durante toda a era da igreja (ver Lc 3.16; At 1.4,5; 2.33,38,39), Ele mesmo pessoalmente foi ungido pelo Espírito (Mt 3.16,17; Lc 3.21,22).

O Espírito veio sobre Ele em forma de uma pomba, dotando-o de grande poder para levar a efeito o seu ministério, inclusive a obra da redenção. Quando nosso Senhor foi para o deserto depois do seu batismo, estava “cheio do Espírito Santo” (4.1). Todos os que experimentarem o sobrenatural renascimento espiritual pelo Espírito Santo, devem, como Jesus, experimentar o batismo no Espírito Santo, para lhes dar poder na sua vida e no seu trabalho (ver At 1.8 notas). Stamps, Donald C,. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 1529.    

 

3- O Espírito Santo e a tentação de Cristo.  

 

Após o batismo nas águas, e cheio do Espírito Santo (Lc 4.1a), Jesus foi impelido pelo Espírito ao deserto, e lá foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias (Lc 4.1b; 4.2a). Nesse período, manteve a comunhão com o Pai, e se fortaleceu por meio da oração e do jejum (Lc 4.2b). A vitória do Senhor sobre a tentação demonstra que Ele estava capacitado para cumprir o seu ministério. Cristo venceu o Diabo pelo poder do Espírito e da Palavra de Deus (Lc 4.4,8,12,13).    

 

COMENTÁRIO    

 

Após o batismo nas águas e cheio do Espírito Santo (Lc 4.1a), Jesus foi impelido pelo Espírito ao deserto, e lá foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias (Lc 4.1b; 4.2a). Depois de receber a unção do Espírito para o exercício público de sua messianidade, Jesus foi submetido a um severo teste de fidelidade para com o Pai. A articulação das trevas focou na frase dita por Deus a Jesus: “Tu és meu Filho amado” (Lc 3.22). Não somente uma vez, mas duas vezes o Diabo desafiou Jesus com respeito a essa declaração: “Se tu és o Filho de Deus [faz isso… faz aquilo]” (Lc 4.3,9).

Em todos os desafios da tentação, Jesus contra-ataca por meio das Escrituras. O Diabo sugeriu que Jesus provasse a sua filiação divina transformando pedra em pão (Lc 4.3), Cristo revidou citando Deuteronômio 8.3, e reafirmou que o homem não vive só de pão, mas de toda palavra que procede de Deus (Lc 4.4). O Adversário, para instigar o Senhor, distorce o livro de Salmos 91.11-12 e sugere que Jesus teste a sua condição de Filho de Deus atirando-se do pináculo do Templo (Lc 4.9-11). O Senhor o repele e ratifica o verdadeiro sentido das Escrituras: “não tentarás o Senhor, teu Deus” (Dt 6.16; Lc 4.12).

O Maligno também ofereceu todos os reinos do mundo em troca de ser adorado por Jesus (Lc 4.5-7). Porém, o Senhor cita Deuteronômio 6.13 e com firmeza lhe retruca: “Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás” (Lc 4.8, ACF). A postura adotada por Jesus sinaliza que Ele manteve a comunhão com o Pai fortalecido pela oração e o jejum (Lc 4.2b). A vitória do Senhor sobre a tentação demonstra que Ele estava capacitado para cumprir o seu ministério. Cristo venceu o Diabo pelo poder do Espírito e da Palavra de Deus (Lc 4.4,8,12,13). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

O Espírito Santo guia Jesus ao deserto (Lc 4.1) Jesus foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.35), recebeu o Espírito Santo no rio Jordão por ocasião de seu batismo (Lc 3.22) e, agora, cheio do Espírito Santo, é conduzido pelo mesmo Espírito ao deserto (Lc 4.1). Não foi o diabo quem arrastou Jesus para o deserto; foi o Espírito Santo quem levou (Mt 4.1) e impeliu (Mc 1.12) Jesus para o deserto. O mesmo Espírito que desceu sobre Jesus como uma pomba agora o impele para o deserto, com o impulso de um leão, na força das asas de uma águia, para ser tentado.

O propósito dessa batalha espiritual era para que Jesus não apenas tivesse a natureza humana, mas também a experiência humana. O propósito era que ele fosse não apenas o nosso modelo, mas o nosso refúgio e consolador. O autor aos Hebreus esclarece: Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados […] foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.

Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hb 2.17,18; 4.15,16). É importante observar que a iniciativa da tentação foi do próprio Deus. Não é propriamente Satanás quem está atacando Jesus; é Jesus quem está invadindo o seu território. Jesus é quem está empurrando as portas do inferno. Jesus está atacando o dono da casa (Mc 3.27). Satanás é perturbado em seu covil e não fica sem reagir. Mas, nessa reação, ele é fragorosamente derrotado.

Essa tentação não foi arranjada por Satanás, mas apontada pelo próprio Espírito de Deus. Jesus não foi guiado ao deserto por uma força maligna; ele foi conduzido pelo Espírito Santo. Se o diabo pudesse ter escapado daquele combate, certamente o faria. Ali no deserto foi lavrada sua derrota. A iniciativa dessa tentação, portanto, não foi de Satanás, mas do Espírito Santo. A tentação de Jesus fazia parte do plano e propósito de Deus, visto que antes de iniciar seu ministério Jesus precisava apresentar as credenciais de um vencedor. A tentação de Jesus não procedia de dentro dele, da sua mente, mas totalmente de fora, da insuflação de Satanás. Jesus em tudo foi semelhante a nós, exceto no pecado. Nós somos tentados por nossa cobiça (Tg 1.14).

Quando Satanás sussurra em nossos ouvidos uma tentação, um desejo interior nos aguça a dar ouvidos a essa tentação. A cobiça, dessa forma, nos seduz e nos leva a cair na tentação. Com Cristo não aconteceu assim, pois o incentivo interior ao mal, ou o desejo de cooperar com a voz tentadora, não existia. A tentação de Jesus não procedia de Deus, porque ele a ninguém tenta, nem procedia de dentro dele, porque Jesus não tinha pecado. O Espírito Santo conduziu Jesus ao deserto para ser tentado porque o deserto da prova seria transformado no campo da vitória. Nós não devemos procurar a tentação, pensando que ela é o propósito de Deus para nós; antes, devemos orar: Não nos deixes cair em tentação (Mt 6.13).

Todos os evangelhos mostram que Jesus não procurou a tentação, mas foi conduzido a ela pelo Espírito. Jesus não foi compelido contra sua vontade; ele foi conduzido pelo Espírito porque esta era a vontade do Pai. Deus tem um único Filho sem pecado, mas nenhum filho sem tentação. O primeiro Adão, sem a direção do Espírito, foi derrotado pelo diabo num jardim; o segundo Adão, guiado pelo Espírito, venceu o diabo num deserto. O deserto é um lugar hostil. Ali Jesus orou e jejuou quarenta dias. Ali Jesus teve fome. Ali Jesus estava cercado pelas feras. Ali a doce voz do Pai vinda do céu foi substituída pelo bafo do inimigo, pondo em dúvida sua filiação. Rienecker diz com razão: “Se o último Adão tivesse sucumbido ao teste como o primeiro, não haveria Getsêmani, nem Calvário, nem Páscoa, nem Pentecostes. Nosso destino seria o inferno eterno”. LOPES. Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.    

 

A TENTAÇÃO DE JESUS POR SATANÁS. Imediatamente após o batismo, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, onde foi tentado pelo diabo durante quarenta dias (4.1,2). Foi pelo fato de estar cheio do Espírito Santo (4.1) que Jesus conseguiu resistir firmemente a Satanás e vencer as tentações que lhe foram apresentadas. Da mesma maneira, a intenção de Deus é que nunca enfrentemos as forças espirituais do mal e do pecado sem o poder do Espírito. Precisamos estar equipados com a sua plenitude e obedecer-lhe a fim de sermos vitoriosos contra Satanás. Um filho de Deus propriamente dito deve estar cheio do Espírito e viver pelo seu poder. Stamps, Donald C,. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 1529.    

 

4- O Espírito Santo e a missão de Cristo.  

 

Vencida a tentação no deserto, Jesus voltou à Galileia, conduzido pelo Espírito (Lc 4.14). Após ministrar em alguns lugares, dirigiu-se para Nazaré (Lc 4.15,16). Na sinagoga, ao abrir o rolo de Isaías, leu a passagem que dizia: “O Espírito do Senhor é sobre mim ” (Lc 4.18; cf. Is 61.1,2). Ao terminar a leitura, o Senhor afirmou: “hoje se cumpriu esta Escritura ” (Lc 4.21). Aqui, o Senhor declara que a unção do Espírito qualifica seu ministério para evangelizar, curar, libertar e restaurar os pecadores (Lc 4.18,19).    

 

COMENTÁRIO   

 

Vencida a tentação no deserto, Jesus voltou à Galileia, conduzido pelo Espírito (Lc 4.14). Aqui é importante pontuar a ação do Espírito Santo no ministério de Jesus. Ele foi conduzido ao deserto e de lá retornou, sempre no poder do Espírito. Lucas informa que, após ministrar em alguns lugares, o Espírito dirigiu o Senhor para Nazaré (Lc 4.15,16). Nazaré era uma aldeia situada a 24 quilômetros do mar da Galileia. Era um lugar depreciado pelos judeus (Jo 1.45,46), porém, foi ali que o anjo anunciou o nascimento de Jesus (Lc 1.26), o local onde Ele foi criado, e por isso chamado de Nazareno (Mt 2.23). Na sinagoga de Nazaré, em um dia de sábado, Jesus levantou-se para ler (Lc 4.16). O rito litúrgico na sinagoga obedecia à leitura da Lei e dos profetas. A. T. Robertson esclarece que “sete pessoas eram convidadas a ler pequenos trechos da Lei. Essa primeira lição era seguida por uma leitura dos profetas e um sermão, a segunda lição”.

Nesse dia, coube a Jesus fazer a leitura de um dos profetas e proferir o sermão. Não sabemos se o oficiante lhe entregou aleatoriamente o livro de Isaías ou se era a lição fixa do dia (Lc 4.17), mas sabemos que era ação providencial do Espírito de Deus. Ao desenrolar o rolo de Isaías, Jesus leu a passagem que dizia: “O Espírito do Senhor é sobre mim” (Lc 4.18; cf. Is 61.1,2). Ao terminar a leitura, Jesus assentou-se no lugar do orador e a congregação fixou os olhos nEle (Lc 4.20). Então, o Senhor passou a explicar o texto e afirmou: “Hoje se cumpriu esta Escritura” (Lc 4.21). Aqui, Jesus declara que a unção do Espírito qualificava seu ministério para evangelizar os pobres, curar os quebrantados de coração, libertar os cativos e oprimidos, restaurar os cegos e anunciar aos pecadores o ano aceitável do Senhor (Lc 4.18,19). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

A autorrevelação de Jesus (Lc 4) O mesmo Espírito que gerou Jesus no ventre de Maria (Lc 1.35), desceu sobre ele no rio Jordão por ocasião de seu batismo (Lc 3.22), guiou-o ao deserto para ser tentado pelo diabo e triunfar sobre ele (Lc 4.1), agora, reveste-o de poder para dar início ao seu ministério na Galileia (Lc 4.14). Ou seja, o mesmo Espírito que havia conduzido o Senhor ao isolamento, para longe das pessoas (Lc 4.1), leva-o agora à cena pública, às pessoas (Lc 4.14,15). A Galileia era uma região densamente povoada, composta por 204 vilas e povoados, ao norte da Palestina, de 75 quilómetros de comprimento por 40 quilómetros de largura. O nome significa “círculo” e provém do hebraico Galil. Chamava-se assim, porque estava rodeada por nações que não eram judias. Precisamente por isso era chamada “Galileia dos gentios”, exposta a novas influências. Cinco verdades são destacadas no texto em apreço. A exaltação popular a Jesus (Lc 4.14,15)

A volta de Jesus do deserto para Nazaré tem tríplice aspecto: um aspecto geográfico (ele voltou para a Galileia), um aspecto sobrenatural (no poder do Espírito) e um aspecto público (e a sua fama correu por toda a circunvizinhança). Jesus não inicia seu ministério na Judeia, centro nevrálgico da religião de Israel. Não dá o pontapé inicial em seu ministério de ensino, cura e libertação na geografia sagrada da Judeia, onde estavam o templo, os escribas e os sacerdotes. Mas volta sua atenção para a desprezada Galileia, região mais estigmatizada da Palestina, pela forte influência gentílica que recebia. Jesus ensinava nas sinagogas da Galileia (Lc 4.15). As sinagogas eram o verdadeiro centro da vida religiosa da Palestina. Havia só um templo, mas a lei dizia que, onde houvesse dez famílias judias, aí devia existir uma sinagoga. Na sinagoga, não havia sacrifícios como no templo.

Era um lugar de instrução e adoração.4 A aceitação de Jesus foi entusiasmada: Sua fama correu por toda a circunvizinhança (Lc 4.14), sendo glorificado por todos (Lc 4.15). A tradição familiar de Jesus (Lc 4.16) Agora Jesus chega a Nazaré, a cidade na qual fora criado e onde, provavelmente, trabalhou como carpinteiro. Num sábado, ele foi à sinagoga, segundo o seu costume, e levantou–se para ler. Há muitas referências à presença de Jesus nos cultos, mas somente esta (Lc 4.16) nos conta que se tratava de um hábito seu. A sinagoga surgiu no cativeiro babilônico e consolidou–se depois dele. O povo de Israel estava privado do templo, de suas festas e de seus sacrifícios. Então, eles passaram a reunir-se nas sinagogas, com o propósito de adorar a Deus e estudar sua Palavra. Jesus tinha o costume de ir à sinagoga regularmente. Congregar com o povo de Deus, adorar a Deus e estudar a palavra de Deus eram seu deleite. A missão singular de Jesus (Lc 4.17-21)

Jesus recebe o livro do profeta Isaías e ele mesmo abre o livro no exato lugar onde estava definida a sua missão. Mais uma vez, é ressaltado que o Espírito Santo está sobre ele e o ungiu para cumprir essa sublime missão. Ao terminar a leitura, Jesus afirmou categoricamente que essa profecia de Isaías estava se cumprindo nele (Lc 4.21). Aqui ele se autoproclama o Messias de Deus. A missão de Jesus abrange cinco áreas. Em primeiro lugar, evangelizar os pobres (Lc 4.18). A evangelização é a proclamação das boas novas de salvação, e os pobres não são apenas os desprovidos de bens materiais, mas os pobres que, não importando sua condição social, reconhecem sua total falência espiritual e desesperadamente se apegam à rica graça de Deus, a fim de serem salvos. Em segundo lugar, proclamar libertação aos cativos (Lc 4.18).

O ser humano, não importa sua condição política, económica e social, é prisioneiro da carne, do mundo e do diabo. Ele não pode libertar a si mesmo; precisa ser liberto. Não pode desvencilhar-se de suas próprias amarras; precisa ser colocado em liberdade. Jesus é o libertador. Aqueles que o conhecem verdadeiramente são livres. Em terceiro lugar, restaurar a vista aos cegos (Lc 4.18). Jesus não apenas curou cegos, dando-lhes visão para verem as maravilhas da criação, mas também abriu os olhos dos cegos espirituais, para verem as maravilhas da graça de Deus. Ele é a luz do mundo (Jo 8.12). O diabo cegou o entendimento dos incrédulos (2Co 4.4), mas Jesus é a luz que ilumina a todo o homem (Jo 1.9). O homem natural não consegue ver as maravilhas da lei de Deus nem se deleitar em seus preceitos. Só Jesus pode tirar as vendas dos olhos e arrancar o homem do império das trevas. Em quarto lugar, libertar os oprimidos (Lc 4.18). Os judeus eram súditos de Roma. Estavam oprimidos política e economicamente.

Mas Jesus veio para libertar os oprimidos do diabo. Nenhuma religião pode arrancar do coração humano essa opressão. Nenhum rito sagrado pode aliviar o homem desse peso esmagador. Nenhum esforço humano pode atenuar essa situação. Em quinto lugar, apregoar o ano aceitável do Senhor (Lc 4.19). O ano do jubileu era o tempo oportuno, quando as dívidas eram canceladas e as terras eram devolvidas aos donos originais. Esse ano do jubileu era uma demonstração da graça de Deus que, por meio de Cristo, trouxe aos pecadores o perdão de seus pecados e a vida eterna. LOPES. Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.    

 

O MINISTÉRIO DE JESUS. Quando Jesus fez referência ao cumprimento da profecia de Isaías acerca do poder do Espírito Santo sobre Ele, usou também a mesma passagem para sintetizar o conteúdo do seu ministério, a saber: pregação, cura e libertação (Is 61.1,2; Lc 4.16-19). (1) O Espírito Santo ungiu Jesus e o capacitou para a sua missão. Jesus era Deus (Jo 1.1), mas Ele também era homem (1Tm 2.5). Como ser humano, Ele dependia da ajuda e do poder do Espírito Santo para cumprir as suas responsabilidades diante de Deus (cf. Mt 12.28; LC 4.1,14; Rm 8.11; Hb 9.14). (2) Somente como homem ungido pelo Espírito, Jesus podia viver, servir e proclamar o evangelho (At 10.38). Nisto, Ele é um exemplo perfeito para o cristão; cada crente deve receber a plenitude do Espírito Santo Stamps, Donald C,. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 1529.    

 

SINÓPSE I

A unção do Espírito Santo esteve presente na vida e ministério do Senhor Jesus, capacitando-o a cumprir a missão para a qual Deus Pai o havia enviado.

 

    AUXÍLIO TEOLÓGICO

“O Propósito do Batismo no Espírito Santo Em adição ao poder para servir, através do qual o indivíduo se torna canal de testemunho para o mundo, o batismo no Espírito transforma-se na entrada para um tipo de adoração que abençoa os santos reunidos de Deus. O batismo é a porta de entrada dos vários ministérios espirituais, chamados dons do Espírito. Visto que tais dons visam a edificação da igreja local […]. Os que se converteram foram batizados em águas e no Espírito Santo, no dia de Pentecostes.

Mostraram novas evidências da obra do Espírito em suas vidas, conforme Atos 2.42,46,47: ‘E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão e nas orações. E, perseverando unânime em todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo.  

E todos os dias acrescentava o Senhor aqueles que se haviam de salvar ’. Temos aqui a descrição de uma obra contínua do Espírito, que aprofundou a experiência dos crentes e seu amor a Deus e à sua Palavra, uns pelos outros e pelos perdidos. […] Assim também o batismo no Espírito Santo é apenas uma porta para uma relação crescente entre Ele mesmo o e os crentes. Essa relação leva a um a vida de serviço, onde os dons do Espírito provém poder e sabedoria para divulgação do evangelho e o crescimento da Igreja, com o evidenciado pela sua rápida propagação em muitas áreas do mundo atual” (HORTON, Stanley M; MENZIES, William W. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Fé Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp.105,106).    

 

II – ATOS DOS APÓSTOLOS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DA IGREJA    

 

1- O Espírito Santo em Atos.  

Ao concluir o Evangelho, Lucas anota que Jesus instruiu os discípulos a esperarem o revestimento de poder do alto (Lc 24.49). Após o Senhor ter sido elevado aos céus, o livro de Atos dá prosseguimento a essa narrativa (At 1.1-4). O autor ratifica que o derramamento do Espírito era a capacitação necessária para a evangelização dos povos (At 1.8). Relata que cerca de 120 discípulos voltaram a Jerusalém e, em oração, aguardaram o revestimento de poder (At 1.12-15). Portanto, Atos registra a ação do Espírito na inauguração histórica da Igreja como agência de Cristo. Trata-se da continuação da obra de Jesus por meio dos discípulos capacitados pelo Espírito Santo (At 2.38).    

 

COMENTÁRIO    

 

Ao concluir o Evangelho, Lucas anota que Jesus instruiu os discípulos a esperar o revestimento de poder do alto (Lc 24.49). A promessa tem conexão com a palavra profética de Isaías direcionada a Israel — “derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade” (Is 44.3); de Ezequiel — “derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel” (Ez 39.29); e, mais precisamente, com a profecia de Joel que estende a promessa para todos os crentes — “E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne” (Jl 2.28).

Após o Senhor ter sido elevado aos céus, o livro de Atos dá prosseguimento à narrativa da promessa do Espírito à Igreja (At 1.1-4). O autor ratifica que o derramamento do Espírito era a capacitação necessária para a evangelização dos povos: “recebereis a virtude do Espírito Santo […] e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).

A palavra “virtude” ou “poder” significa “ser capaz” ou “ter força”. A promessa não era de poder político, mas de poder que procede da parte de Deus. A atribuição de testemunhar de Jesus não poderia ser executada por esforços humanos, os seguidores de Cristo deveriam aguardar o derramamento do poder do Espírito. O livro de Atos relata que o Senhor apresentou aos discípulos muitas e infalíveis provas de sua ressurreição (At 1.3).

Eles desfrutaram da companhia do Cristo ressurreto por 40 dias, tinham elementos suficientes para testemunhar do Filho de Deus, mas não deveriam fazer sem o poder de Deus. Assim, cerca de 120 discípulos voltaram a Jerusalém e, em oração, aguardaram o Espírito Santo (At 1.12-15).

Portanto, Atos registra a ação do Espírito na inauguração histórica da Igreja como agência de Cristo. Trata-se da continuação da obra de Jesus por meio dos discípulos capacitados pelo Espírito Santo (At 2.38). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

O ESPÍRITO EM ATOS DOS APÓSTOLOS Atos dos Apóstolos, de início, registra que a obra de Jesus foi continuada pelo Espírito Santo, através dos apóstolos. Eles, no entanto, não predominam no livro dos Atos, mas o Espírito Santo. O Jesus é o assunto principal nos evangelhos e, em comparação, pouco é dito sobre o Espírito Santo. Mas, em Atos, o Espírito Santo é o Consolador, Ajudador e Mestre. Tudo na vida e na pregação dos apóstolos e dos crentes primitivos se centralizava em Jesus como Salvador vivo e Senhor exaltado.

O desejo de estender o Evangelho até os confins da Terra era de Cristo (1.8). Mas o poder para realizá-lo era do Espírito Santo, igual ao de Cristo. Mesmo assim, percorre pelo livro uma nova consciência do Espírito Santo. Provinha, não somente da sua experiência pentecostal inicial, mas da consciência diária da presença, da orientação e da comunhão do Espírito e de muitas manifestações do seu poder. O batismo com o Espírito Santo nunca se tornou em mera lembrança de alguma coisa que ocorrera no passado distante. Era uma realidade sempre presente. Jesus preparou, através do Espírito Santo os apóstolos. Mas isso não significa que o Espírito não pudesse operar através de outras pessoas, ou que a direção da Igreja fosse entregue aos apóstolos.

O Espírito Santo comandaria tudo. Ele usaria a quem desejasse. Muitos discípulos levaram o Evangelho por onde passavam, após a morte de Estêvão, ao passo que os apóstolos permaneceram em Jerusalém (Atos 8.1,4; 11.19-21). Ananias foi enviado para impor as mãos sobre Saulo de Tarso (9.10,17). Tiago, irmão de Jesus, que não era apóstolo, teve sua proposta aprovada no Concilio de Jerusalém, e assumiu a direção da igreja em Jerusalém, no decorrer do tempo (Atos 15.13; Gálatas 2.12). O livro de Atos demonstra, no entanto, que os apóstolos foram as primeiras testemunhas da Ressurreição e dos ensinos de Jesus. As condições impostas para a seleção de um sucessor de Judas esclarecem isso, pois precisava ser um dos que costumeiramente reuniram com os doze e viajavam com eles durante o ministério terrestre de Jesus, de modo que pudesse ser testemunha dos ensinamentos de Cristo. Tinha, também, de ser testemunha da Ressurreição e da doutrina que Jesus ensinou após esse evento (Atos 1.21-25).

Paulo fala de seu apostolado, não pelo fato de ter sido enviado por Cristo “(apóstolo é um enviado com uma comissão), mas por ter sido testemunha, em primeira mão, tanto da Ressurreição como das palavras de Jesus. Ele não recebeu dos homens o Evangelho que pregava, mas do Senhor Jesus (Gálatas 1.11,12,16-19; 2.2,9,10). Na realidade, ele frequentemente chamava a atenção ao fato de que podia provar o que dizia, citando declarações de Jesus (1 Coríntios 7.10). Além disso, as visitas dos apóstolos não eram uma supervisão ou uma sanção apostólica, mas um desejo de estabelecer igrejas. Foi assim que Pedro e João ajudaram a Filipe (8.14).

Mas não disseram o que ele deveria fazer em seguida. Primeiramente, um anjo, e depois o Espírito Santo deu-lhe orientação (8.26,29). Quando alguns discípulos, cujos nomes não são mencionados, levaram o Evangelho aos gentios em Antioquia, Barnabé foi enviado para ajudá-los. Ele também era apóstolo (14.14), mas a ênfase recai no fato de ser um homem bom e cheio do Espírito Santo e de fé (11.24). Logo, era o Espírito Santo, e não os apóstolos, quem dava a orientação. Por essa razão, temos razões justificáveis para nos referir a este livro como os Atos do Espírito Santo. Desde o princípio, percebe-se a preeminência do Espírito Santo.

Não somente as últimas palavras de Jesus foram dadas mediante o Espírito Santo, mas também essas instruções tinham a ver com Ele. Jesus solicitou que eles não saíssem de Jerusalém (Atos 1.4). O derramamento no dia de Pentecoste jamais teria tido aquele efeito, nem teria atraído tanta atenção, se apenas cinco ou seis pessoas tivessem permanecido. Jesus queria que a Igreja tivesse um bom começo. Além disso, o livro dos Atos ressalta repetidas vezes a união de um agir “unanimemente”, de maneira que o Espírito Santo cumpria a oração de Jesus em João 17. Era importante que os discípulos estivessem juntos num só lugar, a fim de que essa união fosse fomentada e suas bênçãos concretizadas. HORTON. Stanley. M. O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora CPAD.    

 

A expansão da igreja conforme o livro de Atos Antes de voltar ao Pai, Jesus deu à igreja a agenda de sua ação no mundo. Atos 1.8 é o programa que os apóstolos deveriam seguir: M as recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia, Samaria e até aos confins da terra. Everett Harrison salienta que Atos é definitivamente um documento missionário, com a grande comissão de Atos 1.8 como chave para a sua estrutura. Lucas compreendera que o evangelho não acabara com a despedida de Jesus, mas continuava seu próprio curso pelo mundo, saindo de Jerusalém e indo para Samaria, Antioquia, Ásia Menor, Macedônia e Grécia, até a capital do mundo, Roma.

A estrutura do livro corresponde a esse percurso. Atos demonstra como o evangelho tinha em mira os gentios, e não apenas os judeus. O livro de Atos pode ser dividido em três partes bem distintas. Em primeiro lugar, a expansão da igreja em Jerusalém (capítulos 1— 7). Depois da ascensão de Cristo, a igreja era composta por 120 membros que, em obediência à ordem de Cristo, perseveraram na oração até que do alto foram revestidos de poder. Cinquenta dias após a ressurreição de Cristo e dez dias após a ascensão, o Espírito Santo foi derramado sobre aqueles que estavam orando no cenáculo. Nesse mesmo dia, Pedro pregou uma mensagem cristocêntrica, e cerca de três mil pessoas foram convertidas, batizadas e agregadas à igreja. Deus fez grandes milagres por intermédio dos apóstolos e, em resultado da pregação poderosa, o número dos convertidos multiplicou-se em Jerusalém.

A perseguição tornou-se ferrenha, e o diabo tentou impedir o avanço da igreja através de intimidação, infiltração e distração. A igreja, porém, encheu Jerusalém da doutrina de Cristo. Em segundo lugar, a expansão da igreja na Judeia e em Samaria (capítulos 8— 12). A igreja foi perseguida e dispersada; e, por onde passavam, os crentes pregavam a Palavra de Deus. O evangelho chegou à cidade de Samaria por intermédio de Filipe, que pregou, e a cidade alegrou-se ao ver e ouvir o que Deus falava e fazia ali. O muro de inimizade foi quebrado, o preconceito racial foi vencido e o evangelho penetrou naquela terra, outrora dominada pelo misticismo. Pela conversão de Saulo, o evangelho chegou a Damasco, na Síria. Por intermédio de Pedro, o evangelho atingiu a Cesareia Marítima e alcançou o gentio Cornélio.

A Palavra de Deus floresceu também em Antioquia da Síria, ultrapassando a fronteira de Israel. Em terceiro lugar, a expansão da igreja até aos confins da terra (capítulos 13— 28). Com a conversão de Saulo ao cristianismo e suas subsequentes viagens missionárias, o evangelho alcança as províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor. O evangelho rompe barreiras linguísticas, culturais e religiosas. Mesmo em face de duras perseguições, a bandeira do evangelho é fincada em Roma, a capital do Império. LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 19-21.      

 

2- A promessa cumprida no Pentecostes.  

 

O batismo no Espírito Santo remonta a profecia de Joel (Jl 2.28). Cristo a ratificou como sendo “ a promessa do Pai” (At 1.4). O cumprimento se deu no dia de Pentecostes (At 2.1). Os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas (At 2.4). Sinais sobrenaturais marcaram o advento do Espírito Santo: o “som como de um vento” (At 2.2); as “línguas como que de fogo” (At 2.3). Desses fenômenos, somente o falar em línguas se repetiria nos demais registros de Atos. Desse modo, a partir do Pentecostes, os discípulos começaram a pregar pelo poder do Espírito. Muitas maravilhas e sinais eram operados, e as almas eram alcançadas (At 2.43,47).    

 

COMENTÁRIO    

 

Como já visto, a promessa do batismo no Espírito Santo remonta às profecias de Isaías, Ezequiel e Joel (Is 44.3; Ez 39.29; Jl 2.28). No Novo Testamento, João Batista, o precursor do Messias, confirma essa promessa que é registrada por todos os evangelistas (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32,33; At 11.16). Em Lucas-Atos, Cristo a avalizou como sendo “a promessa do Pai” (Lc 24.49; At 1.4), isto é, feita pelo Pai por meio de seus santos profetas. Nossa Declaração de Fé ratifica que “o batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder do alto, uma promessa divina aos salvos, uma experiência espiritual”.

O cumprimento da promessa se deu no Dia de Pentecostes (At 2.1). O termo “pentecostes” refere-se à festa judaica que ocorria cinquenta dias após a Páscoa (Lv 23.15-21; Dt 16.9-12). Os judeus da Palestina tinham sua maior celebração na festa da Páscoa, ocasião em que Cristo foi crucificado e ressuscitou (Lc 22.1,2; 24.1,6). Porém, entre os judeus da dispersão, a festa do Pentecostes era a mais concorrida, ocasião da descida do Espírito Santo (At 20.16; 1 Co 16.8). Isso explica a variedade de idiomas presentes em Jerusalém na festividade (At 2.9-11). Lucas escreveu que, cumprindo-se o dia do Pentecostes, os discípulos reunidos no cenáculo foram cheios do Espírito Santo e falaram noutras línguas (At 2.1, 4).

A narrativa de Atos registra dois sinais sobrenaturais que marcaram o advento do Espírito Santo: o “som, como de um vento” (At 2.2) e as “línguas repartidas, como que de fogo” (At 2.3). Nossa Declaração de Fé ensina que “eram sinais particulares que não se repetiram posteriormente nos batismos no Espírito Santo subsequentes, pois se tratava de um evento solene e único, que marcou o início de uma nova dispensação”. Somente o falar em línguas se repetiria nos demais registros de Atos. Desse modo, a partir do Pentecostes, os discípulos começaram a pregar pelo poder do Espírito. Muitas maravilhas e sinais eram operados e as almas eram alcançadas (At 2.43,47). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

A descida do Espírito Santo (2.1-4) Cristo subiu, e o Espírito Santo desceu. O Cristo ressurreto ascendeu aos céus e enviou o Espírito a fim de habitar para sempre com a igreja. Destacamos aqui alguns pontos importantes. Em primeiro lugar, o significado do Pentecostes (2.1a). Ao cumprir-se o dia de Pentecostes… A palavra pentecoste significa o quinquagésimo dia. Pentecostes era a festa que acontecia cinquenta dias após o sábado da semana da Páscoa (Lv 23.15,16), portanto era o primeiro dia da semana. E também chamado de Festa das Semanas (Dt 16.10), Festa da Colheita (Êx 23.16) e Festa das Primícias (Nm 28.26).

Cristo ressuscitou como as primícias dos que dormem e durante quarenta dias deu provas incontestáveis de sua ressurreição com várias aparições a seus discípulos. Dez dias após sua ascensão, o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes. John Wesley afirma que, no Pentecostes do Sinai no Antigo Testamento e no Pentecostes de Jerusalém no Novo Testamento aconteceram duas grandes manifestações de Deus, a legal e a evangélica; uma da montanha e a outra do céu; a primeira terrível, e a segunda, misericordiosa. Em segundo lugar, a espera do Pentecostes (2.1b). … estavam todos reunidos no mesmo lugar. Os 120 discípulos estavam congregados no cenáculo em unânime e perseverante oração, quando, de repente, o Espírito Santo foi derramado sobre eles. Estribados na promessa do Pai anunciada por Jesus, havia no coração deles a expectativa do revestimento de poder. Todos estavam no mesmo lugar, com o mesmo propósito, buscando o mesmo revestimento do Espírito. Em terceiro lugar, o derramamento do Espírito no Pentecostes (2.2-4). O historiador Lucas registra a descida do Espírito com as seguintes palavras: De repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem (2.2-4) O derramamento do Espírito Santo foi um fenômeno celestial. Não foi algo produzido, ensaiado, fabricado. Aconteceu algo verdadeiramente do céu. Foi incontestável e irresistível. Foi soberano, ninguém pôde produzi-lo. Foi eficaz, ninguém pôde desfazer os seus resultados. Foi definitivo, ele veio para ficar para sempre com a igreja. Aquilo que aqui se denomina ficar cheio, também é chamado de batismo (1.5; 11.16), derramamento (2.17,18; 10.45) e recebimento (10.47).69 William MacDonald diz que a vinda do Espírito envolveu um som para ouvir, um cenário para ver e um milagre para experimentar.

O versículo 1 informa-nos que todos estavam reunidos no mesmo lugar. O termo todos, que aparece mais uma vez no versículo 4, deve ser entendido no sentido de que não só os doze estão presentes, mas também as mulheres e os outros discípulos mencionados em 1.13-15. Foi sobre todos esses, e não só sobre os doze, que o Espírito desceu. Três fatos nos chamam a atenção. Primeiro, o derramamento do Espírito veio como um som (2.2). Não foi barulho, algazarra, falta de ordem, histeria, mas um som do céu. A palavra grega echos, usada aqui, é a mesma usada em Lucas 21.25 para descrever o estrondo do mar.72 O derramamento do Espírito foi um acontecimento audível, verificável, público, reverberando sua influência na sociedade. Esse impacto atraiu grande multidão para ouvir a Palavra. Segundo, o derramamento do Espírito veio como um vento (2.2). O vento é símbolo do Espírito Santo (Ez 37.9,14; Jo 3.8).

O Espírito veio em forma de vento para mostrar sua soberania, liberdade e inescrutabilidade. Assim como o vento é livre, o Espírito sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. O Espírito sopra onde jamais sopraríamos e deixa de soprar onde gostaríamos que ele soprasse. Como o vento, o Espírito é soberano; ele sopra irresistivelmente. O chamado de Deus é irresistível, e sua graça é eficaz. O Espírito sopra no templo, na rua, no hospital, no campo, na cidade, nos ermos da terra e nos antros do pecado. Quando ele sopra, ninguém pode detê-lo. Os homens podem até medir a velocidade do vento, mas não podem mudar o seu curso. Como o vento, o Espírito também é misterioso; ninguém sabe donde vem nem para onde vai. Seu curso é livre e soberano. Deus não se submete à agenda dos homens nem se deixa domesticar. Terceiro, o derramamento do Espírito veio em línguas como de fogo (2.3). O fogo também é símbolo do Espírito Santo. Deus se manifestou a Moisés na sarça em que o fogo ardia e não se consumia (Ex 3.2).

Quando Salomão consagrou o templo ao Senhor, desceu fogo do céu (2Cr 7.1). No Carmelo, Elias orou, e fogo desceu (lR s 18.38,39). Deus é fogo. Sua Palavra é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo, e o Espírito desceu em línguas como de fogo. O fogo ilumina, purifica, aquece e alastra. Jesus veio para lançar fogo sobre a terra. Hoje, muitas vezes, a igreja está fria. Parece mais uma geladeira a conservar intacto seu religiosismo do que uma fogueira a inflamar corações. Muitos crentes parecem mais uma barra de gelo do que uma labareda de fogo. Certa feita alguém perguntou a Dwight Moody: “Como podemos experimentar um reavivamento na igreja?”.

O grande avivalista respondeu: “Acenda uma fogueira no púlpito”. Quando gravetos secos pegam fogo, até lenha verde começa a arder. John Wesley disse: “Ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”. Matthew Henry diz que o fogo foi dado como sinal de cumprimento da predição de João Batista relativa a Jesus: Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11), ou seja, com o Espírito Santo, como fogo. Os discípulos estavam na Festa de Pentecostes celebrando o recebimento da lei no monte Sinai. A lei foi dada em fogo, por isso foi chamada “lei de fogo” como o evangelho é chamado “evangelho de fogo”. A missão de Ezequiel foi confirmada por uma visão de brasas de fogo ardente (Ez 1.13), e a de Isaías, por uma visão de brasa viva que lhe tocou os lábios (Is 6.6,7).

O Espírito, como o fogo, derrete o coração, separa e queima a escória, e acende sentimentos santos e devotos na alma. É na alma, como o fogo que está sobre o altar, que são oferecidos os sacrifícios espirituais. Este é o fogo que Jesus veio lançar na terra (Lc 12.49). Quarto, o derramamento do Espírito traz uma experiência pessoal de enchimento do Espírito Santo (2.4). Aqueles discípulos já eram salvos. Por três vezes Jesus havia deixado isso claro (Jo 13.10; 15.3; 17.12). De acordo com a teologia de Paulo, se eles já eram já salvos, já tinham o Espírito Santo, pois o apóstolo escreveu: […] Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm 8.9). Jesus disse: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino (Jo 3.5).

Além de já terem o Espírito Santo, após sua ressurreição Jesus ainda soprou sobre eles o Espírito Santo, e disse: […] Recebei o Espírito Santo (Jo 20.22). Mas a despeito de serem regenerados pelo Espírito e de receberem o sopro do Espírito, eles ainda não estavam cheios do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito Santo, outra é o Espírito Santo ter alguém. Uma coisa é ser habitado pelo Espírito, outra é ser cheio dele. Uma coisa é ter o Espírito presente, outra é tê-lo como presidente. Você, que tem o Espírito, está cheio do Espírito? A experiência da plenitude é pessoal (At 2.3,4). O Espírito desce sobre cada um individualmente. Cada um vive sua própria experiência. Ninguém precisa pedir, como as virgens néscias, azeite emprestado. Todos ficaram cheios do Espírito. Concordo com Matthew Henry quando diz: “Para mim está claro que não só os doze apóstolos, mas todos os 120 discípulos foram igualmente cheios do Espírito Santo nessa ocasião”. Logo que eles ficaram cheios do Espírito, começaram a falar as grandezas de Deus (2.11).

Sempre que alguém ficou cheio do Espírito no livro de Atos começou a pregar (At 1.8; 2.4,11,14,41; 4.8,29-31; 6.5,8-10; 9.17-22). A plenitude do Espírito nos dá poder para pregar com autoridade. Certa feita, David Hume, o patrono dos agnósticos, foi visto correndo pelas ruas de Londres. Alguém o abordou: “Para onde você vai, com tanta pressa?”. O filósofo respondeu: “Vou ver George Whitefield pregar”. O questionador lhe perguntou, espantado: “Mas você não acredita no que ele prega, acredita?”. Hume respondeu: “Eu não acredito, mas ele acredita!”. Um crente cheio do Espírito prega a Palavra com poder e autoridade. Matthew Henry diz que eles foram cheios com a graça do Espírito e ficaram, mais do que nunca, sob a sua influência sandficadora. Agora, eles eram santos, espirituais, menos apegados a este mundo e mais familiarizados uns com os outros. Ficaram mais cheios do consolo do Espírito, alegraram-se mais no amor de Jesus e na esperança celestial, e, nisso, todas as suas aflições e medos foram absorvidos. Eles também foram, como prova disso, enchidos com os dons do Espírito Santo, que é o propósito específico do evento narrado neste texto. LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 50-55.    

 

Vento e Fogo Não façamos distinção entre as plenitudes do Antigo e do Novo Testamento, nem entre o batismo inicial e “os enchimentos” que se seguem. Embora a experiência pentecostal fosse um avanço singular, nem o livro de Atos nem as epístolas paulinas contêm qualquer sugestão de que o Espírito Santo fosse diferente do Espírito de Deus que atuou nos santos do Antigo Testamento. Os sinais que antecederam o derramamento pentecostal fazem uma conexão entre ele e as experiências do Antigo Testamento, bem como com as promessas daquela aliança. O dia de Pentecoste era a festa da colheita dos frutos da terra. Para a Igreja, marcava o dia em que a colheita espiritual, esperada há tanto tempo, começaria.

Mas, antes de vir o derramamento do Espírito Santo, dois sinais incomuns estabeleceram maior relação com o simbolismo do Antigo Testamento. Primeiro, vem do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso. Embora não houvesse vento físico, o som encheu a casa. No Antigo Testamento, o vento era um símbolo constante do Espírito Santo. O som de um vento impetuoso, de um vento que traz em si poder, sugere que era mais do que “o respirar do Espírito” na regeneração que traz a nova vida. Mais uma vez, trata-se do poder para o serviço. Surgiram, então, “línguas repartidas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles”. A palavra “repartidas” significa “distribuídas”. Apareceu algo semelhante a uma grande chama sobre os discípulos. Em seguida, desfez-se, e repartiu-se em várias línguas que pousaram sobre as cabeças de cada um deles. Esse não foi, em nenhum sentido, um batismo de fogo.

Nem era julgamento ou purificação, como alguns supõem. Tratava-se de pessoas cujos corações e mentes tinham sido abertos para os ensinamentos do Jesus ressurreto, pessoas cheias de alegria e de louvor a Deus, pessoas que já tinham sido purificadas, que já atentavam a sua Palavra, que já estavam de comum acordo. O fogo aqui deve ser relacionado, não com o julgamento ou a purificação, mas com o simbolismo do Antigo Testamento. O Antigo Pacto registra um progressivo desenvolvimento no tocante à adoração. Antes, era realizada diante de um altar, como no caso de Abraão. Depois, Deus ordenou que seu povo edificasse o Tabernáculo no deserto. O fogo desceu do Céu sobre um sacrifício que ali estava, como prova de que Jeová aceitava o novo santuário. Mas isso só aconteceu uma vez. O evento se repete quando Salomão edificou o Templo. Novamente, o fogo desceu e consumiu o sacrifício, como aprovação daquela obra. Mas também aconteceu uma só vez. Os prédios edificados por Zorobabel e Herodes eram reconstruções do mesmo Templo, de modo que o sinal não mais se repetiu. O Templo estava para ser destruído. (Deus concedera-lhe mais alguns anos de existência, até 70 d.C.)

Os cristãos, unidos fraternalmente, eram sacrifícios vivos (Romanos 12.1), além de sacerdotes e pedras vivas para o Templo (1 Pedro 2.5). Este novo edifício tem duplo sentido. O Corpo dos cristãos em união é o templo (santuário) para a habitação de Deus, pelo seu Espírito Santo (Efésios 2.21,22; 1 Coríntios 3.16). Além disso, o corpo de cada um, individualmente, é um templo ou santuário do Espírito Santo (1 Coríntios 6.19). A aparência do fogo veio sobre o grupo, para indicar a aceitação, por Deus, do Corpo Místico como um templo. Depois, repartiu-se, como línguas sobre cada cabeça, para demonstrar a aceitação, por Deus, do corpo de cada um deles como um templo do Espírito Santo. Esses sinais não faziam parte do batismo pentecostal, nem dos dons do Espírito. Não foram repetidos, da mesma forma que o fogo veio uma só vez sobre cada santuário nos tempos do Antigo Testamento. Na casa de Cornélio, as línguas de fogo não estavam presentes, embora Pedro tenha identificado a experiência com a promessa de Jesus de que seriam batizados com o Espírito Santo, e o tivesse chamado “o mesmo dom”, idêntico com o que os 120 receberam quando o Espírito Santo foi derramado no Pentecoste (Atos 11.15-17).

As línguas de fogo mostram que antes de o Espírito Santo ter sido derramado, os crentes foram reconhecidos por Deus como o templo, o corpo de Cristo. A Igreja agora estava em plena existência, tendo o Cristo glorificado como sua Cabeça. Os membros do Corpo agora estavam prontos para receber a promessa. Todos Foram Cheios Em algumas denominações, muitas pessoas supõem que o batismo com o Espírito Santo no dia de Pentecoste e o falar em outras línguas foram limitados aos 12 apóstolos. Mais do que 12 línguas foram faladas, no entanto. A ênfase do derramamento sobre toda a carne exclui essa limitação. Todos os 120 presentes foram cheios, todos falaram noutras línguas, e o som das línguas foi “publicamente conhecido” (2.6). Pedro também, ao falar perante uma grande multidão em Jerusalém depois da experiência na casa de Cornélio, disse que veio sobre eles o mesmo dom “que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo”.

Isso sugere que o Espírito Santo caiu da mesma maneira, não somente sobre os apóstolos e o restante dos 120, mas também sobre os 3.000 que creram, depois de Pedro ter pregado a mensagem no Pentecoste. Fica claro que essa experiência não era para a minoria favorecida. Outras Línguas Um só sinal fazia parte do batismo pentecostal. Todos os que foram cheios do Espírito Santo começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Isso quer dizer que faziam uso das suas línguas, dos seus músculos. Falavam. Mas as palavras não brotavam das suas mentes ou do seu pensamento. O Espírito lhes concedia que falassem, e expressavam as palavras com ousadia, em voz alta, e com unção e poder. Isso é interpretado de várias maneiras. Alguns se detêm no versículo 8 (“Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?”) e supõem que todos os discípulos falaram em sua língua materna, aramaico, e que se tratava de um milagre de audição ao invés de fala.

Mas os dois versículos anteriores são muito claros. Cada um os ouvia falar na sua própria língua, sem o sotaque galileu. Outros chegam a um meio-termo, e dizem que os discípulos falavam em línguas desconhecidas, que o Espírito Santo interpretava nos ouvidos de cada um dos ouvintes em sua própria língua. Mas Atos 2.6,7 exclui essa interpretação, também. Os 120 falavam em idiomas que foram compreendidos por pessoas de diversas nações. Esse fato testemunhou a universalidade do dom e da unidade da Igreja. Outro equívoco é a suposição de que essas línguas eram propícias para a pregação e o ensino do Evangelho, a fim de favorecer sua rápida disseminação. Mas não há evidência de semelhante emprego de línguas. Teria sido útil para Paulo em Listra, onde ele não entendia o idioma, e tinha de pregar e ensinar em grego (Atos 14.11-18). No dia de Pentecoste, o falar em outras línguas realmente atraiu a multidão, mas o que foi ouvido não consistia em discursos nem pregações. Tratava-se, pois, das grandezas (obras grandiosas, magníficas, sublimes) de Deus.

É possível que houvesse exclamações de louvor, dirigidas a Deus. Certamente era adoração, e não pregação. Se fosse pregação, teria levado à salvação de pelo menos alguns (1 Coríntios 1.21). Mas ninguém foi salvo por causa das línguas. Pelo contrário, as pessoas se maravilhavam (ficaram atônitas) e em suspense (perplexas, sem jeito), totalmente sem compreender de que se tratava (2.12). Entendiam o significado das palavras, mas não o propósito. Ficaram confusas com o que ouviram. Outros começaram a zombar, dizendo que os que falavam (homens e mulheres) estavam cheios de vinho (não suco de uva, mas de um vinho inebriante, feito de uva doce).

O alvo da zombaria deles era o que ouviam. Há quem fala bastante, e em voz alta, quando bebe. Não devemos, no entanto, supor que havia algum tipo de frenesi que caracterizava a devassidão das bebedeiras pagas. Os 120 mantinham pleno controle das suas faculdades. Sua emoção principal ainda era alegria. E todos pararam de falar, quando os apóstolos se puseram de pé. A medida que os 120 falavam em línguas, a zombaria aumentava; por isso, Pedro levanta-se e começa a falar (2.15). À proporção que a multidão crescia, ficou mais difícil distinguir cada idioma.

É possível, também, que muitos, os quais se ajuntaram à multidão, não estavam perto de quem falava um idioma que lhes era compreensível. Com a confusão, cessaram-se as línguas, uma bênção para os cristãos, um sinal para os incrédulos, mas não realizaram, nem poderiam realizar, a obra do Espírito Santo, a de convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Até esse momento, somente os cristãos haviam recebido a plenitude. O Espírito Santo, que os levou a glorificar a Deus em outras línguas, revelou-lhes as verdades aos seus corações, de modo que sua alegria e emoção brotavam de uma renovada apreciação de Deus e de Cristo. A obra do Espírito Santo, de convencer o mundo, começou quando Pedro se colocou em pé e falou. O que proferiu não foi um sermão.

Ele não o estudou, nem se preparou, nem fez três divisões em sua preleção. “Levantou a voz” traduz o mesmo verbo que é usado em 2.4, quando o Espírito Santo concedia que falassem em línguas. Desta vez, porém, o Espírito Santo usou Pedro em seu próprio idioma, o aramaico, que a multidão entendia. Em outras palavras, em vez de um sermão, era a manifestação do dom de profecia (1 Coríntios 12.10; 14.3). Os 120 glorificavam a Deus a respeito das suas obras. Porém, Pedro falava aos homens para edificação e exortação (Atos 2.40). HORTON. Stanley. M. O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora CPAD.

 

    3- A expansão da Igreja Primitiva.  

 

O poder do Espírito capacitou os crentes para o serviço cristão. Já no primeiro sermão, Pedro anunciou Cristo com intrepidez, e quase 3.000 almas se converteram (At 2.36,38,41). Após a cura do coxo à porta do Templo, e a ministração da Palavra, quase 5.000 se renderam ao Senhor (At 3.8,19; 4.4). Felipe, na virtude do Espírito, pregou em Samaria, e vidas foram salvas (At 8.5-13). Cornélio e sua casa receberam o Evangelho pelo mover do Espírito (At 10.24-29). Paulo, cheio do Espírito, alvoroçou o mundo, e milhares de almas foram salvas e curadas pela pregação do Evangelho (At 9 -15,17; 17-6; 19.10; 24.5). Esses relatos demonstram a ação do Espírito Santo na propagação do Reino de Deus.    

 

COMENTÁRIO    

 

Conforme promessa do Senhor, o poder do Espírito capacitou os crentes para o serviço cristão. Já no primeiro sermão, Pedro, que outrora se acovardou e negou o Senhor (Lc 22.61,62), agora revestido de poder anunciou a Cristo com ousadia e intrepidez, e quase 3.000 almas se converteram (At 2.36,38,41). No sermão do Pentecostes, o apóstolo esclarece que os acontecimentos daquele dia são o cumprimento da profecia de Joel (At 2.16-18) e assevera que “a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39). Dias depois, às três da tarde, Pedro e João sobem ao Templo para orar (At 3.1).

Eles entram pela porta chamada Formosa, que era a passagem favorita para o pátio do Templo. Junto dela estava um homem com mais de 40 anos de idade, nascido coxo, a pedir esmolas (At 3.2). Pedro, cheio do Espírito Santo, em nome de Jesus, ordena que o homem se levante e o milagre acontece (At 3.6-8). A multidão se aglomera ao redor de Pedro e João, que lhes ministram a Palavra e o Cristo ressuscitado. Como resultado, quase 5.000 vidas se renderam ao Senhor (At 3.8,19; 4.4). Esse sinal miraculoso demonstra o poder sobrenatural do Espírito que os discípulos receberam no Dia de Pentecostes. O avanço do evangelho irritou as autoridades judaicas que ameaçaram e proibiram os apóstolos de pregar em nome de Cristo (At 4.17-18).

Mais tarde, lançaram os apóstolos na prisão pública, mas miraculosamente o anjo do Senhor os libertou (At 5.18,19). Enfurecidos, os religiosos condenaram Estêvão ao apedrejamento (At 7.59). A violência contra a Igreja foi tão grande que, com exceção dos apóstolos, todos foram expulsos de Jerusalém, e isso obrigou a Igreja a se tornar missionária (At 8.1). Por conseguinte, Filipe, na virtude do Espírito, pregou em Samaria, expulsou os espíritos imundos, curou paralíticos e coxos, e muitas vidas foram salvas (At 8.5-13).

Pelo mover do Espírito, também o gentio Cornélio e sua casa receberam o evangelho (At 10.24-29). Anos depois, Paulo, convertido e cheio do Espírito, alvoroçou o mundo e milhares de almas foram salvas e curadas pela pregação do evangelho (At 9.15,17; 17.6; 19.10; 24.5). Esses relatos e tantos outros demonstram a ação do Espírito Santo na propagação do Reino de Deus. Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

Atos é um manual sobre o crescimento saudável da igreja. Vivemos num tempo de busca desenfreada pelo crescimento numérico da igreja. No entanto, muitos se perdem nessa corrida. Buscam as fórmulas do pragmatismo em vez de recorrer aos princípios emanados do livro de Atos. Caem nas armadilhas da numerolatria (idolatria dos números) e transigem com a verdade para alcançar resultados. Pregam o que o povo quer ouvir em vez de pregar o que povo precisa ouvir. Pregam para agradar os incrédulos em vez de levá-los ao arrependimento. Pregam prosperidade em vez de graça.

Por outro lado, o livro de Atos nos previne contra a numerofobia (medo dos números). Uma igreja saudável cresce naturalmente. Quando a igreja vive a doutrina apostólica, Deus acrescenta a ela, diariamente, os que vão sendo salvos.

O livro de Atos é o mais importante manual de crescimento da igreja. Se quisermos vê-la crescer, não devemos começar com os manuais modernos; devemos retornar ao livro de Atos e nele buscar os princípios que levaram a igreja de Jerusalém a Roma em poucas décadas. John Stott está correto ao dizer que o livro de Atos trata de importantes questões para a igreja contemporânea, como o batismo do Espírito Santo, os dons espirituais, sinais e milagres carismáticos, a comunhão econômica da primeira comunidade cristã em Jerusalém, a disciplina na igreja, a diversidade de ministérios, a conversão cristã, o preconceito racial, os princípios missionários, o preço da unidade cristã, as motivações e os métodos na evangelização, o chamado para sofrer por Cristo, a relação entre a igreja e o Estado, e a providência divina. O livro Atos é também o maior livro de missões do mundo. E, de igual forma, o maior livro sobre organização e procedimentos eclesiásticos. LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 13-14.    

 

Fazendo Discípulos Desde o dia de Pentecoste, vemos o Espírito Santo operando na Igreja – no ensino, nos milagres, nas plenitudes, nos batismos, mas, acima de tudo, na disseminação do Evangelho e no estabelecimento da Igreja. A primeira evidência da obra do Espírito Santo foi a capacitação dos apóstolos a fazer discípulos, verdadeiros estudantes, dos 3.000 que se converteram. Esse discipulado foi desenvolvido mediante vários tipos de experiências: conhecimento da doutrina dos apóstolos, comunhão, partir do pão e orações (Atos 2.42). Parte dessas atividades realizava-se no Templo, pois muitos crentes o frequentavam diariamente (Atos 2.46), e os apóstolos lá compareciam todos os dias, ensinando e contando as boas novas de Cristo (do Messias) Jesus (3.1,12-26; 5.42).

Mas faziam a mesma coisa diariamente, de casa em casa (5.42). A doutrina dos apóstolos não era apenas teórica, no entanto. O Espírito Santo era realmente quem ensinava. Ele usava o ensinamento da verdade para levá-los à comunhão cada vez mais estreita, não meramente uns com os outros, mas primeiramente com o Pai e o Filho (1 João 1.3,7; 1 Coríntios 1.9). Essa comunhão também era um compartilhar espiritual, uma comunhão no Espírito Santo (2 Coríntios 13.13; Filipenses 2.1).

Pode ter sido incluída, ali, a participação da Ceia do Senhor. Mas a ênfase aqui não recai sobre o ritual. O resultado da obra do Espírito Santo foi levar o povo a uma nova união (Atos 4.32). Conforme indica Ezequiel 11.19, um só coração, a união de mente e de propósito, acompanha a nova experiência no Espírito. Essa comunhão, essa união no Espírito, deu-lhes fé, amor e solicitude uns pelos outros, que os levava a compartilhar seus bens com os que precisavam. (Ver Tiago 2.15,16; 1 João 3.16-18; 4.7,8,11,20). Nesse sentido, “tinham tudo em comum” (Atos 2.44,45). Não se tratava de comunismo. “Comum” simplesmente significa “repartido”. Ninguém dizia: “Isso é tudo meu. Você não poderá ter parte nisso”. Sempre que viam um irmão passando necessidade, compartilhavam tudo quanto tinham (4.32).

Alguns realmente vendiam propriedades e davam o dinheiro da venda aos apóstolos, para distribuição (2.44; 4.37). Mas não eram obrigados a fazer isso (Atos 5.4). Boa parte desse compartilhar era realizada na comunhão à mesa. Ao partirem o pão, nos seus lares, dividiam a comida com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus, e gozando do favor com o povo, ou seja, com a maioria da população dos judeus em Jerusalém (Atos 2.46,47). E o Senhor acrescentava à Igreja todos os dias os que iam sendo salvos! Períodos de oração também marcavam o discipulado deles.

Estavam regularmente no Templo, para as orações da manhã e da tarde. Um prolongado tempo era dedicado a oração, quando enfrentavam a oposição e o perigo (Atos 2.42; 4.24-30; 12.5,12). Os milagres, sinais que indicam a natureza e o poder de Jesus, e maravilhas que mostram a presença de Cristo no meio deles, fortaleciam os crentes. Também fizeram com que o medo, um espírito de temor e reverência, viesse sobre o povo (Atos 2.43). Mas o poder do Espírito Santo, expresso nos milagres, fazia parte da vida espiritual. As pessoas não percebiam que viviam em dois níveis – espiritual e natural. O Espírito Santo envolvia suas vidas por inteiro.

A adoração, a comunhão com Deus, o partir do pão, o evangelismo e os milagres, todas essas coisas concretizavam uma experiência unificada no Espírito Santo. A atuação do Espírito Santo na maioria dos crentes encorajava, assim, sua obra na minoria. As necessidades e os perigos que tinham em comum levavam-nos a congregar-se juntos. Era necessário o testemunho no Templo. Também era preciso o testemunho nos grupos que se reuniam nos lares. Desde o início, o Espírito Santo os ajudava a manter o equilíbrio sem incorrer nas formas vazias do ritualismo. HORTON. Stanley. M. O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora CPAD.    

 

SINÓPSE II

A manifestação do Espírito Santo em Atos dos Apóstolos revela a inauguração da história da Igreja como agência de Cristo.    

 

III – UM MODELO PENTECOSTAL PARA A IGREJA DE NOSSOS DIAS    

 

1- O revestimento de poder do alto.  

Pedro ensina que essa promessa está em vigor para todos os salvos, em todas as épocas (At 2.38,39). A experiência pode ocorrer junto ou após a regeneração (At 8.15-17; 10.44-46). Ressalta-se que, no Pentecostes, os discípulos já tinham o Espírito Santo (Jo 20.22). Todo salvo em Jesus recebe o Espírito Santo na conversão (Gl 3.2). Porém, o batismo no Espírito Santo é algo distinto do Novo Nascimento; significa o recebimento de poder espiritual para realizar a obra da expansão do Evangelho (At 1.8), para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e adoração mais profunda (1 Co 14.26). Em vista disso, a exemplo dos primeiros cristãos, a igreja hodierna deve buscar o revestimento de poder (Lc 11.13).    

 

COMENTÁRIO    

 

Como já observado, em Lucas-Atos o “batismo no Espírito Santo” (At 1.5) equivale a “revestimento de poder do alto” (Lc 24.49). Significa que o batismo no Espírito é dado ao crente como fonte de poder para o testemunho eficaz acerca da Palavra de Deus — as Boas-Novas da salvação. É a capacitação espiritual da parte de Deus para operação de atos miraculosos (Mc 16.17,18). O batismo no Espírito dinamiza a nossa vida de serviço a Cristo e a seu corpo — a Igreja. Nesse aspecto, o papel do Espírito Santo é equipar o crente para “saber o que dizer” em todas as situações (Lc 12.11,12; 21.15); “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19); fazer as mesmas obras que Cristo fez, porém maiores (Jo 14.12); e evangelizar os povos (Mt 28.19,20).

O apóstolo Pedro ensina que essa promessa está em vigor para todos os salvos em todas as épocas, independentemente da idade, sexo ou classe social (At 2.38,39). Robert Menzies enfatiza que “um dos grandes pontos fortes do movimento pentecostal é que lê a promessa de Pentecostes, contida na citação que Pedro faz de Joel (At 2.17-21) como modelo para a missão da Igreja”. Nessa compreensão, o Pentecostes é um paradigma a ser observado pelos crentes. A experiência do Pentecostes corresponde à unção de Jesus com o Espírito Santo logo após o batismo em águas no Jordão (Lc 3.21, 22). Desse modo, tendo Jesus Cristo como modelo, e como aquEle que batiza no Espírito (Mc 1.8), após a capacitação recebida, temos o compromisso de fazer a obra do Senhor com diligência. A experiência do batismo no Espírito Santo pode ocorrer junto ou após à regeneração. Entre os samaritanos, revestimento de poder aconteceu pós-conversão (At 8.15-17). Na casa de Cornélio, a experiência se deu durante o ato de conversão (At 10.44-46).

 

Ressalta-se que no Pentecostes os discípulos já tinham o Espírito Santo (Jo 20.22). Todo salvo em Jesus recebe o Espírito Santo na conversão (Gl 3.2). Porém, o batismo no Espírito Santo é algo distinto do novo nascimento. Significa, como já frisado, poder espiritual para a obra de expansão do evangelho (At 1.8), para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e adoração mais profunda (1 Co 14.26). Em vista disso, a exemplo dos primeiros cristãos, a igreja hodierna deve buscar o revestimento de poder (Lc 11.13). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

Seja batizado em nome de Jesus Cristo: O nome de Jesus significa sua pessoa, seu poder e, em certo sentido, sua presença. Quando os crentes falavam no nome de Jesus, acreditavam que ele se tomava pessoalmente envolvido no que estava acontecendo, e passava a operar através deles como seus agentes. Assim é que em seu nome os doentes eram curados (3:6, 16; 4:7, 10), milagres eram realizados (4:30), demônios eram exorcizados (19:13) e pecados perdoados (10:43). A salvação dependia do nome de Jesus (4:12); os discípulos ensinavam e pregavam em seu nome (4:17s.; 5:28, 40; 8:12; 9:15, 27, 29). As pessoas invocavam seu nome (2:21; 9:14; 22:16), davam louvor ao seu nome (19:17), sofriam pelo seu nome (5:41; 9:16; 15:26; 21:13), e eram batizadas em seu nome (2:38: 8:16; 10:48; 19:5).

O fato de o batismo ser administrado em nome de Jesus não invoca necessariamente a discussão da fórmula trinitária de Mateus 28:19. O uso do nome de Cristo aqui significa apenas que como a igreja foi chamada para pertencer a Cristo, ao mencionar o rito pelo qual os crentes obtêm acesso à igreja, o nome do Senhor torna-se especialmente preeminente. É a fé em Cristo como o Messias que constitui a base da admissão dos crentes à igreja (cp. Mateus 16:16).

E recebereis o dom do Espírito Santo: Podem estar implícitas as exigências e as promessas deste versículo, ainda que não expressas, em toda pregação de Atos. Este é, p.e., o único sermão que termina com a oferta do dom de Deus, o Espírito Santo, mas não se pode acalentar dúvidas quanto a esse dom estar disponível a todos que, em alguma época, arrependeram-se de seus pecados e creram no Senhor. David j. Williams. Comentário Bíblico Contemporâneo. Atos. Editora Vida. pag. 73-74.    

 

Pedro promete que os que se arrependerem e forem batizados, “receberão o dom do Espírito Santo”. Esta promessa deve ser entendida no contexto do derramamento do Espírito no Dia de Pentecostes, o qual Pedro e seus colegas há pouco experimentaram. O trabalho inicial do Espírito segue o arrependimento e lança numa nova vida em Cristo. A promessa de Pedro se refere a um subsequente dom gratuito do Espírito e cumpre a promessa de Joel de poder carismático e pentecostal.

Tal poder equipa os crentes para serem testemunhas de Cristo e os capacita a fazer milagres (cf. At 2.43). Este batismo é uma roupa com poder; é um dom que Jesus encoraja os discípulos a buscar (Lc 11.13). O poder pentecostal é prometido a todos os crentes: “A vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe” (i.e., aos gentios). O batismo com o Espírito é uma experiência potencialmente universal, como demonstram Cornélio e sua casa (At 10) e os discípulos em Éfeso (19.1-7). A promessa de uma dotação especial do Espírito não é somente para a audiência imediata de Pedro, mas para todos os que creem em Jesus Cristo e o seguem em obediência (cf. At 5.32).

Não há restrição de tempo — de geração em geração (At 2.39); não há restrição social—de jovem a velho, de mulher a homem e de escravos a pessoas livres (w. 17,18); não há restrição geográfica — de Jerusalém até aos confins da terra (At 1.8). Deus deseja que todo o seu povo tenha a mesma experiência momentosa que os discípulos receberam no Dia de Pentecostes. O cumprimento de sua promessa do Espírito, dada no Antigo Testamento, não se exaure no Livro de Atos quando a Igreja alcança os gentios. Permanece uma bênção presente e universal, “a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar”, incluindo “a todos os que estão longe”.

No sermão, Pedro responde a pergunta: “Que faremos, varões irmãos?” Os dize- res “com muitas outras palavras” (v. 40) indicam que Lucas deu apenas um resumo do sermão. Pedro continua advertindo, exortando e pleiteando com a audiência para que se salvem da geração má à qual eles pertencem (cf. Lc 9.41). O significado literal é “sede salvos” (sothete, voz passiva). Há um modo de ser livre do julgamento que os incrédulos inevitavelmente enfrentarão, mas as pessoas não podem fazer nada para merecer a própria salvação. Fé e arrependimento são o único meio prescrito para receber o perdão de pecado.

A resposta à mensagem cie Pedro é opressiva. Cerca de três mil pessoas recebem a pregação por considerá-la verdadeira. Adotando-a como regra de ação, elas se submetem ao batismo e, assim, dão expressão pública da fé em Jesus como o Salvador ungido. Agora, elas estão unidas aos outros crentes e reconhecidas como membros da Igreja. O derramamento do Espírito no Dia de Pentecostes estabeleceu os discípulos como comunidade pentecostal e carismática. A Igreja desfruta de impressionante crescimento depois que Jesus transferiu seu Espírito aos discípulos e Pedro pregou uma mensagem inspirada. Mediante a pregação inspirada, o Espírito Santo aumenta o número de crentes. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 638-639.    

 

2- As línguas como evidência inicial.  

 

A palavra “glossolalia”, de origem grega, indica que as “línguas” concedidas pelo Espírito podem ser humanas ou celestiais (1 Co 13.1). No Pentecostes, os discípulos falaram “línguas” (At 2.4). Em Cesareia, o centurião e a família falaram “línguas” (At 10.46). Os irmãos em Éfeso falaram “línguas” (At 19.6). Em Samaria, e na vida de Paulo, as “línguas” estão implícitas (At 8.17,18; 9.17). Assim sendo, o “falar em línguas” é a evidência inicial do Batismo no Espírito Santo. As línguas só cessarão quando Cristo voltar (1 Co 13.8-10). Por isso, a instrução bíblica diz: “procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar línguas” (1 Co 14.39)    

 

COMENTÁRIO    

 

No Pentecostes, os discípulos falaram noutras línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (At 2.4). A palavra “glossolalia”, de origem grega, indica que as “línguas” concedidas pelo Espírito podem ser humanas ou celestiais (1 Co 13.1). Os intérpretes disputam se as línguas faladas em Jerusalém foram glossalalia (desconhecidas) ou xenolalia (conhecidas). Robert Menzies anota que, no Pentecostes, o fenômeno foi duplo, isto é, os discípulos falaram um idioma desconhecido e a multidão representada pelas diversas nações milagrosamente entenderam a glossolalia dos discípulos cada um em suas próprias línguas maternas. Quanto ao conceito de “falar noutras línguas”, Donald Stamps esclarece que “como sinal do batismo no Espírito Santo é uma expressão verbal inspirada, mediante a qual o espírito do crente e o Espírito Santo se unem no louvor e/ou profecia em uma língua nunca aprendida”. Reitera-se que, no Pentecostes, os discípulos falaram “línguas” (At 2.4).

Em Cesareia, o centurião Cornélio e a família falaram “línguas” (At 10.46). Os irmãos em Éfeso falaram “línguas” (At 19.6). Em Samaria, e na vida de Paulo, as “línguas” estão implícitas (At 8.17,18; 9.17). Em vista disso, nossa Declaração de Fé ratifica que “o derramamento do Espírito veio com um sinal específico, o falar em línguas (At 2.4)”. A Teologia Sistemática Pentecostal assegura que “o batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em línguas conforme o Espírito de Deus lhes concede que falem (At 2.4)”.13 Nessa assertiva, toda experiência desacompanhada do “falar línguas” não se caracteriza como “batismo no Espírito Santo”.

O “falar línguas” repete-se na vida da Igreja (At 10.46; 19.6). Isso porque a experiência pentecostal não ficou restrita ao Dia de Pentecostes; ela acontece no cotidiano da Igreja de Cristo na terra ao longo dos séculos, conforme a promessa divina (At 2.39).14 As línguas só cessarão quando Cristo voltar (1 Co 13.8-10). Por isso, a instrução bíblica diz: “procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar línguas” (1 Co 14.39). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

A palavra grega glossa (“língua”) aparece cerca de 50 vezes no NT com vários usos. Ela é usada 17 vezes como o órgão do corpo relacionado à fala (por exemplo, Mc 7.33; Lc 1.64), uma vez figurativamente para línguas repartidas como que fogo (At 2.3), e sete vezes no livro de Apocalipse em um sentido étnico (por exemplo, 5.9; 7.9). Nas 25 vezes restantes, ela descreve o fenómeno de falar em línguas (Mc 16.17; At 2.4,11; 10.46; 19.6; 1 Co 12.10 [duas vezes],28,30; 13.1,8; 14.2,4,5 [duas vezes], 6,13,14,18,19,22,23,26,27,39). As construções variam: Ela é descrita como “novas línguas” (glossais. kainais, Mc 16.17), “outras línguas” (heterais glossais, At 2.4), “tipos [ou variedade] de línguas” (gene glosson, 1 Co 12.10,28), e simplesmente “língua” ou “línguas” (por exemplo, 1 Co 14.19,22), O adjetivo “estranha” que consta em 1 Coríntios 14.2,4,13,14,19,27 não é encontrado no texto original, mas é uma adição ínterpretativa dos tradutores. Na maioria das vezes, a palavra é encontrada no singular ou no plural com o verbo “falar” (laleo; por exemplo, 1 Co 14.2,4,5,6). Uma vez ela é usada com o verbo “orar” (1 Co 14.14) e uma vez com o verbo “ter” (1 Co 14.26).

Os lexicógrafos estão, de forma geral, de acordo com a opinião de que glossa pode ser classificado de três maneiras: (1) literalmente como o órgão da fala (ou figurativamente como línguas repartidas como que de fogo); (2) de idiomas (e como um sinónimo para uma distinção étnica); e, (3) de uma expressão ininteligível ou de êxtase (Arndt, p. 161). Identificação O fenómeno de faiar em línguas não ocorreu no AT ou durante o jf>eríodo dos evangelhos. Alguns intérpretes identificam certos casos de profecia no AT com o fenómeno da glossolalia (Nm 11,26-30; 23.7-10,18-24; 24.3-9,15-24; 1 Sm 10.1-13; 19.18-24; 1 Rs 18.26-29), mas não há nenhuma declaração explícita de que os homens mencionados falaram em línguas, e isto não pode ser demonstrado (para os casos históricos de glossolalia em religiões não-cristãs, veja a obra de Robert Gromacki, The Modern Tongues Movement, pp. 5-10.).

A única referência à glossolalia nos evangelhos (Mc 16,17) é profética, e é encontrada na porção discutida do evangelho de Marcos (16.9-20). A primeira ocorrência bíblica de glossolalia ocorreu no dia de Pentecostes em Jerusalém (At 2.4-13). Além disso, somente duas outras ocasiões históricas e uma seção didática são encontradas no registro bíblico. Aqueles que creram na casa de Cornélio em Cesaréia falaram em línguas (At 10.46), como aconteceu com os discípulos de João quando creram, em Éfeso (At 19.6), A prática de falar em línguas em Corinto foi o motivo de um tratamento mais longo do assunto (1 Co 1214). Nenhum outro caso específico é registrado, embora alguns comentaristas acreditem ter ocorrido em Samaria (At 8,17,18; NBD, p. 1286), e por ocasião da conversão de Paulo (At 9.1-17).

As instruções de Paulo, no que diz respeito à glossolalia em 1 Coríntios 14, são evidentemente endereçadas a todas as igrejas (vv. 33,34), o que implicaria em que o dom não estava limitado a Corinto, Alguns intérpretes enxergam o fenómeno em certas frases distintas das Escrituras (por exemplo, “anunciavam com ousadia a palavra de Deus”, At 4.31; “o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”, Rm 8.26; “cânticos espirituais, Ef5.19; cf. 1 Co 14.15; “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias”, 1 Ts 5.19,20; “fale segundo as palavras de Deus”, 1 Pe 4.11).

Tal identificação, se não for dúbia, é, na melhor hipótese, incerta, uma vez que não é feita nenhuma referência específica à língua. Como devem ser identificadas estas ocasiões em que há uma expressão de glossolalia? Seriam elas ocasiões em que se expressa um miraculoso dom de falar idiomas estrangeiros anteriormente desconhecidos? Seriam estas ocasiões de fala humanamente desconhecida, apenas uma miraculosa fala de alguém em estado de êxtase? Ou ambos? Excetuando aqueles que negariam qualquer elemento miraculoso, e que procurariam explicar os acontecimentos com alguma base puramente naturalista, há três posições básicas quanto à identificação: Fala extática.

Alguns intérpretes veem todos os casos e referências à glossolalia como expressões orais extáticas, isto é, uma fala humana ininteligível, talvez celestial (cf, 1 Co 13.1, “línguas… dos anjos”). No caso dos estrangeiros em Atos 2, quando “cada um os ouvia falar na sua própria língua” (v. 6; cf. w. 8,11), deve ter ocorrido um milagre do ouvir bem como do falar. Porém devemos nos lembrar de que o falar em línguas teve início antes da chegada de qualquer público (cf. v. 4 com v, 6). Alguns estudiosos modernos discutem sobre um relato “original” do Pentecostes (At 2.1-6, 12ss. e sem o heterais [“outras”] do v. 4), o que significaria então apenas expressões orais em êxtase, e que Lucas posteriormente acrescentou as referências a idiomas estrangeiros (At 2.66-11 e o heterais do v. 4). Este suposto acréscimo posterior serviria como uma explicação mais favorável quando a glossolalia havia caído em descrédito, ou como uma interpretação simbólica do Pentecostes como uma reversão de Babel, ou como um paralelo ao registro Midrash da entrega da lei no Sinai nos 70 idiomas dos homens.

Esta teoria carece de qualquer evidência adicional (para mais detalhes sobre as discussões relacionadas a esta teoria, e anotações daqueles que contribuem com ela, veja NBD, p. 1286). Idiomas estrangeiros. Uma segunda opinião, e a mais comumente sustentada, é a de que todos os relatos bíblicos de glossolalia eram idiomas estrangeiros miraculosamente conferidos. Alguns alegam, porém, que existem algumas diferenças detectáveis entre os fenómenos em Atos e aqueles que foram registrados em 1 Coríntios. Por exemplo. (1) Em Atos, grupos inteiros sobre os quais o Espírito veio, começaram imediatamente a falar em línguas, ao passo que em Coríntios parece que nem todos receberam este dom (1 Co 12.10,30), ou receberam e não o mantiveram. (2) Em Atos as línguas parecem ter sido uma experiência inicial irresistível e temporária, ao passo que em Coríntios foi um dom contínuo sob o controle daquele que falava (1 Co 14.27,28). (3) Em Atos, as línguas eram prontamente entendidas pelos ouvintes, ao passo que em Coríntios o dom adicional de interpretação era necessário para tornar a fala inteligível (1 Co 14.5,13,27). Porém, alguns argumentam que estas diferenças são de uma natureza tal que não se exige que as línguas em Coríntios sejam diferentes (quanto ao tipo) daquelas que foram mencionadas em Atos (que foram claramente ouvidas como idiomas estrangeiros). PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1166-1167.    

 

A experiência no Pentecostes. À primeira vista, a descrição em Atos 2 é clara como cristal. Todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas – línguas estrangeiras – até então desconhecidas pelos discípulos, mas com significado para os peregrinos então reunidos em Jerusalém. Isto parece provado pelo versículo 6, “na sua própria língua”. Entretanto, alguns eruditos consideram que uma interpretação tão simples é inconsistente, tanto com o vago termo “barulho” (ARA, “voz”) mencionado no versículo 6 (um barulho incomum o suficiente para atrair uma multidão), quanto pelo fato de que outros interpretavam o episódio inteiro como conversa de bêbado (v. 13). Além disso, eles salientam que, em qualquer outro lugar do NT, as “línguas” faladas parecem ser incompreensíveis, a menos que acompanhadas por uma “interpretação” espiritual, e não parecem ser línguas reconhecidamente humanas (1 Co 13.1 refere-se a elas como línguas angelicais?).

Estes estudiosos consideram que Lucas está descrevendo uma ocorrência de glossolalia comum (como em Corinto), mas de modo a mostrar que o Pentecostes foi uma antítese de Babel, onde as línguas dos homens foram confundidas (Gn 11.9) e também para demonstrar que Pentecostes correspondeu à “outorga da lei”, que, de acordo com a tradição judaica, foi proferida simultaneamente em todas as línguas do mundo. Os estudiosos cristãos primitivos sugeriam que o milagre havia sido o da audição, e não o de falar; o v. 8 daria algum suporte a isto.

Menos convincentes são as sugestões de que os judeus de todas as terras mencionadas deveriam entender o Gr. ou aramaico, línguas que os apóstolos presumivelmente conheciam bem, e que poderiam, por isso, ter usado nesta ocasião; ou de que frases de línguas estrangeiras, uma vez ouvidas, mas há muito tempo esquecidas, brotaram da subconsciência e foram faladas em voz alta pela primeira vez, soando como resposta em coro para os ouvintes. Quando os eruditos modernos falam de “entendimento intuitivo”, “pensamento harmônico” ou “transferência de pensamento”, eles estão retomando à primeira explicação (o milagre da audição) ou dizendo, em termos paulinos, que aos ouvintes era dado, naquela ocasião pelo menos, o dom da interpretação. MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 3. pag. 973.    

 

3- A plenitude do Espírito Santo.  

 

A experiência pentecostal não ficou restrita ao tempo dos Apóstolos (At 2.39). A expressão “do meu Espírito derramarei” (At 2.17) aponta para o início da dispensação do Espírito, e mostra que a efusão será contínua até “o grande e glorioso dia do Senhor” (At 2.20). A plenitude abrange o “fruto do Espírito” (Gl 5.22) e as manifestações espirituais, tais como: as profecias, sonhos, visões, prodígios e sinais (At 2.17,19). Assim, o Espírito permanece em ação na vida da Igreja. Ele é que capacita e conduz o povo de Deus (Jo 16.13,14). Em razão disso, a Bíblia ensina “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).    

 

COMENTÁRIO    

 

Ratifica-se que a experiência pentecostal não ficou restrita ao tempo dos apóstolos (At 2.39). A promessa não era exclusiva dos judeus e seus descendentes, mas alcança a todos que responderem ao chamado divino, inclusive os gentios. O emprego de Lucas da expressão “do meu Espírito derramarei” (At 2.17) aponta para o início da dispensação do Espírito e mostra que a efusão será contínua até “o grande e glorioso Dia do Senhor” (At 2.20). No Antigo Testamento, apenas algumas pessoas experimentaram o Espírito. A partir do Pentecostes, Deus tornou disponível a todos os seus filhos a plenitude do Espírito. Somado ao revestimento de poder, a plenitude abrange o “fruto do Espírito” (Gl 5.22).

O fruto do Espírito Santo se relaciona com o crescimento espiritual e o desenvolvimento do caráter do cristão. Refere-se à nova vida em Cristo, o modo de andar e proceder daqueles que pertencem a Cristo e são cheios do Espírito (Gl 5.16-18; Ef 5.18). Jesus ensinou que é pelo fruto que se conhece a árvore (Mt 12.33). O Comentário de Aplicação Pessoal ensina que “os crentes exibem o fruto do Espírito, não porque eles trabalham nele, mas simplesmente porque o Espírito controla as suas vidas”.

A plenitude também compreende as manifestações espirituais, tais como: as profecias, as curas, os sonhos, as visões, os prodígios e os sinais (At 2.17,19). Assim, o Espírito permanece em ação na vida da Igreja. Ele é quem capacita e conduz o povo de Deus (Jo 16.13,14). Em razão disso, a Bíblia ensina: “enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Assim sendo, Lucas-Atos serve de modelo para a Igreja contemporânea. Portanto, que a nossa oração seja igual à da Igreja Primitiva: “Ó Senhor, […] concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; enquanto estendes a mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus” (At 4.29,30). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

 

Ficando cheios do Espírito. “Todos ficaram cheios do Espírito Santo”. Podemos distinguir três fases desta plenitude. A original, quando o crente recebe o Espírito Santo pela primeira vez, sendo nEle batizado (At 1.5; 2.4; 9.17). Depois, existe aquela condição que se descreve com as palavras: “Cheio do Espírito Santo” (At 6.3; 7.55; 11.24), que explicita o comportamento diário do homem espiritual. Quais as evidências de que alguém está cheio do Espírito? (G1 5.22.23). Finalmente, há revestimentos do Espírito para ocasiões especiais. Paulo recebeu a plenitude do Espírito Santo após a sua conversão, mas Deus lhe concedeu um revestimento especial para repreender o poder do diabo. Pedro ficou cheio do Espírito no dia de Pentecoste, mas Deus lhe concedeu uma unção especial quando ficou na presença do concilio dos judeus (At 4.8). Os discípulos todos tinham recebido o batismo no Espírito Santo no dia de Pentecoste, mas, em resposta às suas orações, Deus lhes concedeu um revestimento especial para fazerem frente à perseguição por parte dos líderes dos judeus (At 4.31).

Uma pessoa pode ter a plenitude do Espírito Santo na sua vida, e ainda pedir um derramamento especial para subir ao púlpito, equipando-o com unção especial para falar. Ser cheio do Espírito é mais do que um privilégio; é um dever. “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). O que significa viver uma vida cheia do Espírito? Em primeiro lugar, consideremos a falta de tal experiência: mundanismo falta de preocupação pelos perdidos, falta de testemunho, retenção do dinheiro devido às ofertas a Deus, falta de oração e de leitura bíblica, atitude de indulgência para com o pecado. Consideremos também as indicações positivas de uma vida cheia do Espírito Santo: Gálatas 5.22,23. Pearlman. Myer. Atos: e a Igreja se Fez Missões. Editora CPAD. pag. 24-25.    

 

A forma precisa do verbo “enchei-vos” (plerousthé) é bastante significativa por quatro razões: 1) É um imperativo e, portanto, uma ordem. Estar cheio do Espírito não é uma opção ou uma sugestão tentadora, como se estivéssemos livres para aceitá-la ou não. Ela traz consigo um ônus urgente de grande importância. 2) Está no plural e, portanto, se aplica ao corpo de Cristo coletivamente. O povo de Deus, coletivamente, “deverá estar tão ‘cheio de Deus’, através de seu Espírito, que nossa adoração e nossa casa deverão dar uma prova cabal da presença do Espírito: pelos cânticos, orações e ações de graças que ao mesmo tempo louvam, adoram a Deus e ensinam a comunidade” (Fee, 722). 3) É um passivo e desse modo poderia ser traduzido como “Deixe que o Espírito lhe encha” (NEB).

Deveria haver tal abertura e obediência ao Espírito Santo, que nada pudesse impedir que Ele nos enchesse. 4) É um tempo presente e, portanto, transmite a ideia de uma ação contínua. Assim como nosso corpo físico necessita uma constante renovação, que é proporcionada pelo sono, da mesma forma o corpo de Cristo necessita uma constante renovação que se torna possível pelo Espírito Santo. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 1255.    

 

Há tempo quando o alvoroço do coração e mente está inteiramente dentro de seu lugar. As Escrituras mencionam gritos de alegria (Sl 5:11; 32:11; 35:27; etc.), plenitude de alegria (Sl 16:11), novas de grande alegria (Lc 2:10), alegria inexprimível e cheia de glória (1Pe 1:8). Não obstante, o alvoroço é impróprio quando a forma de produzi-lo é também incorreta. Assim que é impróprio buscar excitação por meio do excessivo uso do vinho. O que se proíbe é o abuso do vinho, não seu uso (1Tm 5:23). Tal abuso era um perigo real na igreja primitiva, como certamente o é hoje em dia, e isto fica demonstrado por restrições como as que seguem: “O bispo deve ser irrepreensível … não dado ao vinho (alguém que se detenha junto a seu vinho)” (1Tm 3:3; cf. Tt 1:7); “Os diáconos do mesmo modo (devem ser) dignos, não … viciados em muito vinho” (1Tm 3:8); e “Exijam das anciãs igualmente (que sejam) reverentes em seu porte … não escravas de muito vinho” (Tt 2:3).

A intoxicação não é o remédio eficaz para os ansiedades e preocupações desta vida. A pretensa ajuda que provê não é real. É o pobre substituto do diabo para “a alegria inexprimível e cheia de glória” que Deus provê. Satanás está sempre substituindo o mal pelo bem. Não foi porventura chamado «o imitador de Deus»? O embebedar-se com vinho está “associado com a vida licenciosa” ou “conduta dissoluta”, “temeridade” (Tt 1:6; 1Pe 4:4). Caracteriza a pessoa que, ao continuar assim, não pode ser salva. Mas não precisa continuar assim. O filho pródigo da inesquecível parábola viveu dissolutamente (advérbio análogo do nome dissolução ou vida dissoluta que ocorre aqui em Ef 5:18). A extravagância e a falta de sobriedade achavam-se combinadas em sua conduta, tal como com toda probabilidade se acham combinadas no significado da palavra “vida dissoluta” usada nesta passagem da carta de Paulo aos efésios.

No entanto, houve salvação para ele ao arrepender-se. Tomara que todo aquele que leia isto se sinta animado (Is 1:18; Ez 33:11; 1 Jo 1:9). O remédio real para combater a pecaminosa embriaguez é aquele que assinala Paulo. Insiste-se com os efésios a buscar uma fonte de regozijo mais elevada, muito melhor. Em vez de embebedar-se devem encher-se. Em lugar de embebedar-se com vinho devem ser cheios do Espírito. Observe-se o duplo contraste. Embora seja verdade que o apóstolo faz uso de uma palavra, ou seja, pneuma, que ao ser traduzida pode às vezes ser escrita com e outras vezes sem maiúscula inicial (quer dizer, “Espírito” ou “espírito”), no caso presente deve escrever-se com maiúscula, como o é com muita frequência.

Sem dúvida, Paulo estava pensando na terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo. Como evidências em apoio deste ponto de vista temos: a. a expressão “cheio com” ou “cheio do pneuma, sendo a referência ao Espírito Santo, é muito comum nas Escrituras (Lc 1:15, 41, 67; 4:1; At 2:4; 4:8, 31; 6:3; 7:55; 9:17; 13:9); e b. o contraste mesmo aqui em Ef 5:18 entre embebedar-se com vinho e ser cheio do pneuma ocorre também, embora de forma levemente diferente, em At 2:4, 13, onde a referência só pode ser ao Espírito Santo. Além disso, os antigos usavam doses abundantes de vinho não só para esquecer as preocupações e adquirir jovialidade, mas também para entrar em comunhão com os deuses, e mediante esta comunhão receber conhecimento enlevado impossível de receber de outra maneira.

Essa tolice, que com frequência estava relacionada com as orgias dionisíacas, é contrastada pelo apóstolo com o êxtase sereno e a doce comunhão com Cristo que ele mesmo estava experimentando em Espírito ao escrever esta epístola aos efésios (veja-se sobre Ef 1:3; 3:20). O que então diz é o seguinte: A bebedeira não conduz a nada bom, mas ao vício; ela não vos brindará prazer legítimo, nem conhecimento útil, nem tranquilidade perfeita. Não vos ajudará, mas vos prejudicará. Deixa um amargo sabor e provoca intermináveis calamidades (cf. Pv 23:29–32).

Mas o contrário, o ser cheios com o Espírito, vos enriquecerá com os apreciados tesouros de alegria permanente, profundo entendimento, satisfação interna. Aguçará vossas faculdades para receber a divina vontade. Observe-se o contexto imediato, v. 17 “Portanto, não sejais insensatos, mas entendei qual (é) a vontade do Senhor”. Portanto, “não vos embriagueis com vinho, mas enchei-vos do Espírito”. Sendo assim cheios com o Espírito os crentes não só desfrutarão de esclarecimento e regozijo, mas além disso expressarão jubilosamente seu vivificante conhecimento da vontade de Deus. Revelarão suas descobertas e sentimentos de gratidão. HENDRIKSEN. William. Exposição De Efésios. Editora Cultura Cristã. pag. 294-296.

 

    SINOPSE III

A experiência pentecostal permanece atual na igreja, mostrando-se evidente na manifestação dos dons espirituais.    

 

AUXÍLIO TEOLÓGICO  

 

[Línguas como evidência do Batismo no Espírito Santo] “Dos quatro casos no livro de Atos em que Lucas descreve a vinda inicial do Espírito, três citam explicitamente a glossolalia como resultado imediato (At 2.4; 10.46; 19.6) e outro (8.14-19) a deixa implícita. […] Lucas considerava as línguas como sinal do recebimento do dom pentecostal. Lucas apresenta as línguas como evidência da vinda do Espírito. No dia de Pentecostes, Pedro declara que as línguas dos discípulos serviram de sinal. As línguas estabeleceram o fato de que eles, os discípulos de Jesus, eram profetas do fim dos tempos, sobre os quais Joel profetizou.

As línguas também marcaram a chegada dos últimos dias (At 2.17-21) e serviram para estabelecer o fato de que Jesus ressuscitara e é o Senhor (At 2.33- 36). Em Atos 10 .44-48, ‘falar em línguas’ é mais uma vez ‘retratado como evidência positiva e suficiente para convencer os companheiros de Pedro’ de que o Espírito fora derramado sobre os gentios.   Em Atos 19.6, línguas e profecia são citadas como resultado imediato da vinda do Espírito, a evidência incontestável da resposta afirmativa à pergunta de Paulo feita no início da narrativa: ‘Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?’

É interessante observar que Lucas não toma parte na angústia de muitos cristãos hoje em dia sobre a possibilidade de falsas línguas. Lucas não oferece orientações para discernir se as línguas são verdadeiras ou falsas, de Deus ou de outra fonte. Pelo contrário, Lucas presume que a comunidade cristã conhecerá e experimentará o que for necessário e bom” (MENZIES, Robert P. Pentecostes: Essa História é a nossa História. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.74.-75).    

 

CONCLUSÃO  

 

Lucas descreve a capacitação do Espírito Santo no ministério de Jesus, e no ministério da Igreja. Esse revestimento de poder na vida do crente não é apresentado como dom para salvação, mas como a unção dos salvos para o testemunho e o serviço cristão. Esse é o padrão bíblico adotado pelo pentecostal submisso ao ensino das Escrituras Sagradas.    

 

VOCABULÁRIO  

Advento: aparecimento, chegada. Aquilo que começa ou se institui.

Intrepidez: qualidade de intrépido; arrojo, bravura, coragem, intrepidez. Que ou aquele que não receia o perigo, que não tem medo; arrojado, corajoso.  

Hodierna: que existe ou ocorre atualmente; atual, moderno, dos dias de hoje.  

Efusão: manifestação expansiva de sentimentos amistosos, de afeto, de alegria (sentido figurado).    

 

REVISANDO O CONTEÚDO  

 

1- O que Lucas enfatiza em seu Evangelho a respeito do Espírito Santo?

Lucas registra os fatos acerca da vida e obra de Cristo (Lc 1.1-3). O evangelista enfatiza o papel do Espírito no advento do Messias.  

 

2- O que a vitória do Senhor sobre a tentação demonstra?

A vitória do Senhor sobre a tentação demonstra que Ele estava capacitado para cumprir o seu ministério.  

 

3- O que o livro de Atos dos Apóstolos registra?

Atos registra a ação do Espírito na inauguração histórica da igreja como agência de Cristo.  

 

4- O que Pedro ensina a respeito do revestimento do alto?

Pedro ensina que essa promessa está em vigor para todos os salvos em todas as épocas (At 2.38, 39).  

 

5- O que aponta a expressão “ do meu Espírito derramarei” (At 2.17)?

A expressão “ do meu Espírito derramarei” (At 2.17) aponta para o início da dispensação do Espírito, e mostra que a efusão será contínua até “ o grande e glorioso dia do Senhor” (At 2.20).  

 

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

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