11 Lição 1 Tri 21 Compromissados com a Evangelização

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Texto Áureo

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é poder de Deus para Salvação de todo aquele que crê, primeiro do Judeu e também do grego. (Rm 1.16)

Verdade Prática

A nossa responsabilidade para a salvação de todos os seres humanos, mediante o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, mas torna servos de todos.

OBJETIVO GERAL

Conscientizar a respeito do compromisso com a evangelização.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I Mostra a evangelização como uma propriedade dos pentecostais;

II Enfatizar que Jesus morreu para salvar tosos os seres humanos;

III Argumentar que o Novo Testamento destaca a Obra missionária na esfera local e transcultural.

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LEITURA DIÁRIA

Segunda – Sl 147.15 -Usando as mídias sociais para a divulgação do Evangelho

Terça – Mt 9.36 – O mundo é como ovelhas que não têm pastor

Quarta – Mt 13.38 – Jesus disse que o campo é o mundo

Quinta – Lc 24.47 – O Evangelho deve ser pregado para todas as nações

Sexta – 1 Co 9.16 – Ai de mim se não anunciar o Evangelho!

Sábado – 1 Tm 2.4 – É a vontade de Deus que todos seres humanos se salvem

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Marcos 16. 14-20.

16. Mais tarde Jesus apareceu aos Onze enquanto eles comiam; censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto depois de ressurreto.

15. E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas.

16. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.

17. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;

18. pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”.

19. Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi elevado aos céus e assentou-se à direita de Deus.

20. Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam.

HINOS SUGERIDOS: 18, 80, 119 da harpa Cristã

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INTERAGINDO COM O PROFESSOR

A evangelização sempre foi e é prioridade no movimento Pentecostal. A razão para isso é que os pentecostais encarnam na realizada concreta o batismo no Espirito Santo como uma capacitação para testemunhar a Cristo. Os pentecostais também têm em mente que todas as pessoas podem e devem ter acesso a esse testemunho, pois Jesus, o nosso Senhor, morreu para salva-las.

Finamente, há em senso de urgência na pregação pentecostal por causa da bendita esperança, ou seja, a firme convicção na iminência da volta do Senhor. São convicções arraigadas na palavra de Deus que fundamentam a nossa prática de evangelização. Aproveitando essa oportunidade para fazer uma grande conscientização a respeito da urgência da evangelização. É uma incumbência do Senhor Jesus Cristo.

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INTRODUÇÃO

O Reino de deus cresce à medida que os pecadores vão se convertendo ao Senhor Jesus. A igreja é a única agencia do Reino de Deus escolhida pelo Senhor Jesus para levar a mensagem do Evangelho a um mundo que perece por causa do pecado. Com isso nós estamos dando continuidade ao trabalho que Jesus começou. Isso aponta para a Importância da evangelização e da obra missionaria.

Comentário

Um assunto muito importante que deve ocupar o pensamento de cada cristão é o evangelismo. O mesmo não surgiu por causa de uma preocupação com problemas efémeros, transitórios, relacionados ao evangelismo. O tema se prende a algo que acompanha a marcha do cristianismo desde seus primórdios. Já na era apostólica constatamos a presença de problemas graves conturbando a vida espiritual das igrejas, causados por penetrações e infiltrações de natureza doutrinal, ideológica. Essas incursões do erro tendiam a desfigurar o testemunho e a mensagem dos cristãos primitivos, através de uma erosão desfiguradora da verdade, que chegava a macular a glória autêntica e divina do próprio evangelho.

Dirigindo-se aos crentes em Corinto, o apóstolo Paulo manifesta o seu temor de que alguns cristãos ali se deixassem enredar pelo engano da serpente e se distanciassem da simplicidade e da pureza que há em Cristo, por força da pregação de outro evangelho. Aos cristãos da Galada, o mesmo apóstolo adverte contra os que pervertem o evangelho, destorcendo-lhe o conteúdo, o significado e a missão, pregando para agradar aos homens e não a Deus.

Preocupa-nos agora o aspecto essencial do evangelho que é o testemunho e a comunicação do amor de Deus em salvar toda criatura humana.

Desejamos apresentar um evangelismo dinâmico e empolgante, conscientizando, enraizando no coração de cada cristão esta nobre missão de evangelizar.

Ao nosso ver, os cristãos do século XX, isto é, os cristãos da atualidade, estão sendo importunados e mais visados por ideias filosóficas e teológicas, esquisitas, exóticas, muito mais do que foram os cristãos do primeiro século. Verificamos que o insistente bombardeio do erro sobre o evangelho e a missão da igreja, com a utilização dos mais variados e eficientes meios de comunicação e propaganda, vai prejudicando a espiritualidade dos crentes e assim a propagação do evangelho por meio da atuação individual.

Uma das causas da crise atual do evangelismo é que ele vem sendo tratado em demasia nos congressos e simpósios, sem uma ênfase na participação individual doa crentes; a outra causa é que o estudo de evangelismo é sem conteúdo bíblico, isto é, prendendo-se mais às ideias do que à revelação das Escrituras.

À luz das Escrituras Sagradas, não há dúvida alguma de que a missão da igreja está vinculada à evangelização a igreja é a instituição de origem divina que existe para o fim principal de promover e propagar o reino de Deus através da evangelização, tendo em vista a salvação dos pecadores e fazer deles discípulos de Jesus Cristo.)

Evangelismo movimento e também uma arte. É tão importante que, como movimento, envolve cada um de nós, exigindo o máximo de participação, como também envolve cada instituição, exigindo o máximo de participação para a divulgação do evangelho. Muitos indagam:

“E como arte, onde o evangelismo se coloca?” Como arte significa a aplicação de métodos e técnicas em ação conjunta ou isolada, coletiva ou pessoal, de que se vale o movimento para alcançar o seu fim.

Em razão disso, o evangelismo não deve ser um ímpeto em nossa vida. Devemos sustentá-lo e firmá-lo, para que, aquilo que está sendo apenas um ímpeto momentâneo em nossa vida, se torne num hábito, ou seja, numa disposição duradoura, adquirida pela repetição frequente de uma arte. A experiência de cada um de nós com o Senhor Jesus Cristo gera em nós esse hábito; o de evangelizar.

Devemos ter a diposição para sair, em grupo ou a sós, a fim de proclamar ao próximo a felicidade de conhecer a Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Cada cristão deve ser um evangelista, pois todos estamos incluídos na Grande Comissão; todos devemos possuir ardor evangelístico e trabalhar para que muitos saiam das trevas, da ignorância espiritual em que jazem sem Jesus Cristo.

As cidades, e os bairros em particular, estão infestados de falsos profetas que escandalizam o evangelho, para que nos afastemos ou nos envergonhemos do evangelho. Isso não deve corroborar para que nos afastemos ou nos envergonhemos de Jesus Cristo. Há séculos, o próprio Salvador profetizou a atuação dos falsos profetas que foram denominados de lobos vestidos de ovelhas, fantasiados de ovelhas, que trabalham com fins materiais.

Filho. Tácito da Gama Leite,. Evangelismo, Missão De Todos Nós. Editora CPAD. pag. 13-14.

Em 1895, o autor e líder do Movimento da Santidade, W.B. Godbey, disse que o “dom de línguas” era “destinado a desempenhar um papel de destaque na evangelização do mundo pagão e no cumprimento profético glorioso dos últimos dias. Todos os missionários nos países pagãos deviam buscar e esperar esse dom que os capacitaria a pregar fluentemente no vernáculo. Eles, porém, não deveriam descurar em seus esforços”. Esta esperança era compartilhada por muitos outros.

Outro defensor desse emprego missionário do dom de línguas era Frank W. Sandford, fundador da Escola Bíblica O Espírito Santo e Nós, em Shiloh, Estado de Maine, em 1895. Através dos seus esforços didáticos e missionários (publicados em Tongues ofFiré), Sandford também esperava que o mundo fosse rapidamente evangelizado. Não somente orava para receber o dom de “poder e eloquência” para o evangelismo, como também induzia os outros a fazerem-no. Na virada do século, o Movimento da Santidade passava a preocupar-se com a “reforma pentecostal da doutrina wesleyana”, bem como com os quatro temas do evangelho integral. Mas quando do início do Movimento Pentecostal, poucos anos mais tarde, a prioridade foi dada ao dom de línguas, distinguindo-o teologicamente do Movimento da Santidade. Daniel W. Kerr, o teólogo mais influente nos primeiros anos das Assembleias de Deus, observou em 1922:

Durante esses últimos anos, Deus tem nos capacitado a descobrir e a recuperar a verdade maravilhosa do batismo no Espírito a exemplo do que era concedido no início. Temos, portanto, tudo quanto os outros receberam [Lutero, Wesley, Blumhardt, Trudel e A. B. Simpson], e recebemos mais essa outra verdade. Vemos tudo quanto eles veem, mas eles não veem o que nós vemos.

Sem muita dificuldade, os pentecostais continuavam a ler a literatura do Movimento da Santidade, e a cantar os seus hinos prediletos, tais como “A Onda Purificadora”, “Chegou o Consolador”, “A Terra de Beulá” e “O Poder dos Tempos Antigos”. Vinho novo tinha sido derramado em odres velhos.

Entre os que esperavam o recebimento do poder do Espírito para evangelizar rapidamente o mundo, achava-se o pregador da Santidade, em Kansas, Charles Fox Parham e seus seguidores. Convencido pelos seus próprios estudos de Atos dos Apóstolos, e influenciado por Irwin e Sandford, testemunhou Parham um reavivamento notável na Escola Bíblica Bethel, em Topeka, Kansas, em janeiro de 1901.23 A maioria dos alunos, bem como o próprio Parham, regozijaram-se por terem sido batizados no Espírito e de haverem falado noutras línguas (xenolalia). Assim como Deus concedera a plenitude do Espírito Santo aos 120 no Dia do Pentecoste, eles também haviam recebido a promessa (At 2.39). E, na realidade, a “fé apostólica” da Igreja do Novo Testamento foi, finalmente, restaurada de forma plena. Era lógico, portanto, que Bennett Freeman Lawrence, ao escrever a primeira história do Movimento Pentecostal o denominasse de The Apostolic Faith Restored (1916).

A distintiva contribuição teológica de Parham ao movimento acha-se na sua insistência de que o falar noutras línguas representa a “evidência bíblica” vital da terceira obra da graça: o batismo no Espírito Santo, claramente ilustrado nos capítulos 2, 10 e 19 de Atos dos Apóstolos. Em Voice Cryingin the Wilderness (1902, 1910), Parham escreveu que, os que recebiam o batismo no Espírito San-a to, eram selados como a “noiva de Cristo” (2 Co 1.21,22; Ap 7. 21). Santificados e preparados como grupo de escol de missionários nos tempos do fim, somente estes seriam levados por Cristo no arrebatamento (antes da Tribulação) da Igreja, depois de haverem completado a tarefa estipulada na Grande Comissão. Outros cristãos teriam de enfrentar a ordália da sobrevivência durante os sete anos da tribulação que se seguiria.24 Embora tal doutrina acabasse por ser relegada aos grupos marginais do Movimento Pentecostal, realmente levantou uma questão que ainda perdura: a singularidade da obra do Espírito naqueles que falaram noutras línguas em contraste com os que ainda não as falaram.25

Topeka contribuiu para o reavivamento (que passou a ter importância internacional) da Rua Azusa, em Los Angeles, Califórnia (1906-1909). Seu líder principal era o afro-americano William J. Seymour.26 As notícias das “chu¬vas serôdias” (cf. Jl 2.23) espalharam-se rapidamente por outros países através do jornal de Seymour, Apostolíc Faith, e mediante os esforços dos que saíram das reuniões da Rua Azusa às várias partes da América do Norte e ao estrangeiro.

Embora tivessem ocorrido outros reavivamentos pentecostais importantes (Zion, 111.; Toronto; Dunn, N.C.), a complexidade e a importância do reavivamento de Los Angeles continua a ser um desafio aos historiadores. Os temas da iminência escatológica e do poder evangelístico (o legado de Parham) traçaram o caminho seguido pelos pentecostais americanos nos seus esforços agressivos para pregar o evangelho “até aos confins da terra” (At 1.8).27 Os pentecostais afro-americanos, por outro lado, ressaltaram a reconciliação entre as raças e o derramamento do poder sobre os tiranizados em Azusa. Reconciliação essa evidenciada pela composição inter-racial dos cultos, catalisada pelo fruto do Espírito (o legado de Seymour). Embora o zelo espiritual pelo evangelismo tenha inspirado a obra missionária, os pentecostais podem também aprender muitas coisas da mensagem de reconciliação, um dos pontos altos do reavivamento.

HORTON. Staleym. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD. pag. 6.

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PONTO CENTRAL:

A evangelização é uma obra de compromisso da igreja com Deus.

I – A EVANGELIZAÇÃO COMO PRIORIDADE

O Evangelho não é uma mensagem alternativa; trata-se de uma questão de vida ou morte. Vida para os que recebem a Jesus como seu Salvador e morte aos que o rejeitam. A divulgação das boas novas de Cristo é tarefa de todos nós.

1. O Evangelho.

Essa palavra vem de duas palavras gregas, eu, advérbio, “bem”, e, angelia, que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra euangelion quer dizer “boas novas, boas notícias, notícias alvissareiras”. É a mensagem de Cristo que salva o pecador (Jo 3.16). É o meio que Deus usa para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16; 1 Co 15.2). Só por meio do Evangelho é que o ser humano conhece a salvação na pessoa de Jesus.

Comentário

EVANGELHO (A PALAVRA)

Uso da Palavra

1. No grego mais antigo, em Homero, significa recompensa por trazer boas novas (Hom. Od, xiv.152).

2. No Antigo Testamento há dois usos: novas propriamente ditas, e o sentido de n 1 do grego antigo.

3. Termo técnico para «boas novas de vitória» (Plut. Demetr, 17, 1.896c).

4. No culto imperial, era usada para designar as proclamações do imperador divino, proclamações de boas novas que davam vida ou salvação ao povo.

5. No grego mais antigo e posteriormente, significava «sacrifício oferecido por causa das boas novas- (Aristoph. eq, 658).

6. Na Septuaginta e em outras obras de um grego mais recente, significava as próprias «boas novas» (II Reis 18:20,22,25).

7. No Novo Testamento, as boas novas falam do reino de Deus, da mensagem de Deus aos homens, do perdão de pecados, da esperança. Nos escritos de Paulo o termo significa boas novas, especialmente em relação às igrejas; o plano de Deus para a igreja, o destino e grande privilégio da mesma, incluindo os meios de salvação, o perdia de pecados, a justificação etc., como elementos que são incorporados nas boas novas.

8. Titulo dos Evangelhos. O termo Evangelho para designar cada um dos Quatro Evangelhos começou nos escritos do pais apostólicos. Ver Didache 8.2; 11 C/em. 8.5; Justino, Apol: i.86. Os próprios Evaogelhos não têm este uso.

De modo geral, pode-se afirmar que a palavra tem atravessado três épocas no decorrer da historia:

1. Nos antigos autores gregos: recompensa por trazer boas novas.

2. Na Septuaginta e outras obras: as próprias boas novas.

3. No Novo Testamento: as boas novas de Cristo, ou então os livros que apresentam as boas novas sobre Jesus. A palavra «evangelho», como titulo do livro de Mateus, não foi usada pelo seu autor com esse sentido especifico, referindo-se ao livro em si, mas muitos autores posteriores têm usado a palavra dessa forma.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 601.

EVANGELHO Uma palavra usada somente no NT para denotar a mensagem de Cristo. O termo gr. euangelion, significando “boas novas”, tomou-se um termo técnico para a mensagem essencial da salvação. Ela é modificada por várias frases descritivas, tais como, “o evangelho de Deus” (Mc 1.14; Rm 15.16), “o evangelho de Jesus Cristo* (Mc 1.1; 1 Co 9.12), “o evangelho de seu Filho” (Rm 1.9), “o evangelho do Reino” (Mt 4.23; 9.35; 24.14), “o evangelho da graça de Deus” (At 20.24), “o evangelho da glória de Cristo” (2 Co 4.4), “o evangelho da paz” (Ef6.15), “evangelho eterno” (Ap 14.6). Embora aspectos istintos da mensagem sejam indicados por vários modificadores, o Evangelho é essencialmente um. Paulo fala de “um outro evangelho” que não é um equivalente, pois o Evangelho de Deus é sua revelação, e não o resultado da descoberta (G11.6-11).

O conteúdo do. Evangelho é claramente definido no NT. E a mensagem proclamada e aceita da igreja cristã, pois foi recebida por todos os crentes, defendida por seu raciocínio, e constitui uma parte vital de sua experiência.

E histórica em seu conteúdo, bíblica em seu significado, e transformadora em seu efeito. “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras… foi sepultado, e… ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras… foi visto por Cefas…”, são as palavras descritivas de Paulo (1 Co 15.1-6).

O Evangelho não é uma adição imprecisa de lendas antigas a respeito de Jesus, mas um conjunto bem organizado de ensinos sobre sua vida e seu significado, pregado por líderes da igreja primitiva na primeira geração após sua morte. Embora Ele não estivesse reduzido a uma formulação “catequética”, era suficientemente uniforme para ser refletido nos escritos de Mateus, Marcos e Lucas, agora chamados de Evangelhos Sinóticos.

Uma forma diferente da mesma pregação aparece no Evangelho de João. Por causa da qualidade e conteúdo únicos da mensagem, os escritos que o formam foram chamados de “Evangelhos”. É provável, porém, que o uso técnico deste termo não apareça nas passagens narrativas do NT. Quando ele é usado, refere-se, invariavelmente, ao conteúdo ao invés do veículo; a aplicação do termo “Evangelho” à obra escrita é posterior ao século I d.C.

A verdade central do Evangelho é que Deus forneceu um modo de salvação para os homens ao dar seu Filho para o mundo. Ele sofreu como um sacrifício pelo pecado, venceu a morte, e agora oferece a oportunidade de compartilharmos seu triunfo; esta bênção está disponível a todos aqueles que o aceitarem. O Evangelho é uma boa nova porque é uma dádiva de Deus, e não algo que deva ser ganho por penitência ou por meio de alguma melhoria pessoal (Jo 3.16; Rm 5.811; 2 Co 5.14-19; Tt 2.11-14). O Evangelho apresenta Cristo como o mediador entre Deus e os homens, que foi ordenado por Deus para trazer uma humanidade desviada e pecadora de volta a si.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 711-712.

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2. O único Salvador do mundo.

O Evangelho são as boas novas que falam do Reino de Deus, da salvação e do perdão dos pecados na Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. É o evangelho da graça de Deus (At 20.24). As Escrituras nos ensinam que todos os seres humanos são pecadores e precisam se reconciliar com Deus (Rm 3.23; 5.12). Não existe um meio de salvação sem Jesus (At 4.12). Ele mesmo disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6) e também afirmou: “o campo é o mundo” (Mt 13.38). A pregação do evangelho é uma necessidade imperiosa porque não existe salvação sem Jesus e o campo é o mundo e isso nos mostra a grande responsabilidade da evangelização local e mundial.

Comentário

A grande paixão de Paulo era testemunhar o evangelho da graça de Deus. A pregação enchia o peito do velho apóstolo de entusiasmo. Ele sabia que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Sabia que a justiça de Deus se revela no evangelho.

Sabia que a mensagem do evangelho de Cristo é a única porta aberta por Deus para a salvação do pecador. Paulo se considerava um arauto, um embaixador, um evangelista, um pregador, um ministro da reconciliação. Sua mente estava totalmente voltada para a pregação. Seu tempo era totalmente dedicado à pregação. Mesmo quando estava preso, Paulo sabia que a Palavra não estava algemada.

LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 417.

O FILHO COMO AUTOR DO EVANGELISMO

Deus Filho é autor do evangelismo.

Assim, Jesus Cristo criou a mensagem do evangelho – Filipenses 2.6,7; Hebreus 2.10; Gaiatas 3.13; João 1.29. Foi Ele quem proclamou o evangelho pelos profetas antigos, que anteciparam sua morte redentora, tornando-se assim seus oráculos -1 Pedro 1.10,11.

Nos dias de sua carne, proclamou o evangelho do reino de Deus – Mateus 3.13 – com o exemplo do amor do Pai para com o filho pródigo – Lucas 15.11-24. Ele veio buscar e salvar o que se havia perdido – Lucas 19.10.

Tendo morrido e ressuscitado, dando com isso lugar a uma nova dispensação, encarregou os apóstolos e as igrejas de todas as épocas a proclamarem a mensagem salvífica – Mateus 28.18-20.

Foi o Filho de Deus quem na entrada de Damasco, deteve a Saulo de Tarso e o converteu de perseguidor da igreja no maior missionário de todos os tempos – Atos 9.15.

Foi o Filho de Deus quem mereceu para a igreja o dom do Espírito Santo, derramado no Pentecoste, pois Pedro disse-o em seu sermão – Atos 2.33.

Cada pregador do evangelho fala hoje em dia em nome de Cristo, ou expressando de outra forma, Cristo fala por seu embaixador – II Coríntios 5.20.

O trabalho de evangelismo há de ser autêntico quando é apresentação de Cristo, e Cristo crucificado para a salvação dos pecadores. Não existiu na história do Cristianismo missionário mais notável do que foi o apóstolo Paulo. A certa altura do seu ministério, referindo-se a seu testemunho apostólico, disse que se propôs a saber nada, não outra coisa, na sua pregação, na sua comunicação do conselho de Deus aos homens, senão isto: Cristo, e Cristo crucificado, para a salvação dos pecadores. Estamos vivendo, não resta dúvida alguma, dias de nova compenetração e conscientização da igreja de Jesus Cristo em torno de sua missão primordial e primária, com respeito a essa responsabilidade fundamental, em que a igreja realiza o seu propósito de evangeíismo.

Ou a igreja experimenta o revés de sua morte, como já foi afirmado por muitos, ou a igreja, na pessoa de seus membros assume sua responsabilidade perante o mundo de apresentar Jesus como Salvador, ou ainda corre o risco de ser sufocada pela explosão demográfica.

Façamos, então, o levantamento de nossos processos evangelísticos, o levantamento de nossa mensagem evangelística, o levantamento de nosso programa de evangelismo, para que, ao falarmos de Jesus Cristo e nos empenharmos em levar almas para Jesus Cristo e para a salvação eterna, estejamos certos de que estamos autenticamente proclamando, testemunhando daquele que morreu para a salvação de todo aquele que crê.

Assinalaremos ainda, com toda ênfase, que o Filho de Deus não somente está à cabeça de toda classe de homens conhecidos com o nome de missionários e evangelistas, mas também Ele é o grande evangelista por meio deles.

Filho. Tácito da Gama Leite,. Evangelismo, Missão De Todos Nós. Editora CPAD. pag. 23-24.

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3. Uma agência legítima.

O Senhor Jesus constituiu a igreja como única agência do Reino de Deus na terra encarregada de anunciar essas boas novas de salvação. É necessário, pois, a mobilização de toda a igreja para que essas metas sejam alcançadas. Cada crente dos dias apostólicos era um próspero ganhador de almas (At 8.4), devemos seguir o modelo. Jesus foi enviado ao mundo para suprir as nossas necessidades (Mt 11.28-30). Isso é feito mediante o Evangelho, devemos, portanto, agir como o apóstolo Paulo (Rm 1.16).

Comentário

«A dispersão violenta daqueles intensos discípulos resultou em uma rápida difusão do evangelho». (A. Hovey). «Agora foram empurrados para fora por Saulo, e, em resultado, começaram a cumprir a Grande Comissão, visando a conquista mundial…» (Robertson, in loc.). «…através da admirável providência de Deus, sucedeu que a dispersão dos fiéis fez entrar a muitos na unidade da fé; e dessa maneira o Senhor costuma tirar a luz das trevas, bem

como a vida da morte». (Calvino, in loc.). «E assim, os próprios meios imaginados por Satanás, em sua tentativa de destruir a igreja, tomaram-se instrumentos de sua difusão e estabelecimento». (Adam Clarke, in loc.).

Acima de tudo, está aqui em vista a pregação do evangelho nas cidades da Palestina, uma nova missão cristã na Galileia, e outras missões cristãs em todos os rincões daquela terra, além da Judéia. Todavia, a atividade cristã se concentrava sobretudo em Samaria; e talvez também, posto que em proporções limitadas, fora das fronteiras de Israel.

«…pregando a palavra…» O verbo usado aqui, no original grego, com frequência aparece isolado (sem a adição de «a palavra»), a fim de indicar a atividade de evangelização. O seu sentido é «pregar as boas novas». Trata-se de um vocábulo distintamente missionário, e neste caso se refere não à pregação do A.T. (e nem do N.T., que por essa altura ainda não assumira a forma atual, canônica), mas sim, a mensagem da palavra acerca de Jesus Cristo, sua vida, sua morte, sua ressurreição, sua capacidade de salvar, seu senhorio, seu reinado, sua glorificação, isto é, de modo geral, o significado de Jesus Cristo para a humanidade.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 169.

A comissão foi cumprida através da perseguição. A perseguição não é um acidente de percurso, mas uma agenda. Mesmo quando a igreja é perseguida, Deus continua no controle. A perseguição nunca destruiu a igreja; ao contrário, alargou suas fronteiras. Uma igreja que se espalha para além de sua zona de conforto impacta o mundo. Calvino diz corretamente que, pela maravilhosa providência de Deus, a dispersão dos fiéis levou muitos à unidade da fé. Assim, o Senhor trouxe luz das trevas e vida da morte.

A palavra traduzida por dispersos é o termo usado para indicar “sementeira, semeadura, espalhar sementes*”. Warren Wiersbe acrescenta que a perseguição faz com a igreja aquilo que o vento faz com a semente, espalhando-a e aumentando a colheita. Os cristãos em Jerusalém eram as sementes de Deus, e a perseguição foi usada por Deus para plantá-los em novo solo, a fim de que dessem frutos. Daí nasceu o provérbio: “O sangue dos mártires é a sementeira da igreja” .

Bengel afirmou que o vento aumenta a chama. A perseguição não labora contra a igreja, mas a seu favor.

Deus transforma o agente da perseguição em parceiro da missão. Para Marshall, a dispersão levou ao mais significativo avanço na missão da igreja. Pode-se dizer que a perseguição foi necessária para levá-los a cumprir o mandamento dado em Atos 1.8.

O Sinédrio tentou prender os apóstolos, porém a igreja se tornou mais intrépida. Paulo prendia os crentes, porém a igreja continuou crescendo com mais ousadia. Os imperadores romanos tentaram deter a igreja queimando os crentes e jogando-os nas arenas, porém a igreja se multiplicou ainda mais. Em 1553, a rainha Maria Tudor mandou queimar em praça pública os líderes da igreja e promoveu um verdadeiro banho de sangue, porém com sua morte precoce em 1558, a igreja da Inglaterra floresceu com mais vigor e surgiu um dos mais poderosos movimentos de reforma e reavivamento na Inglaterra, o puritanismo.

As perseguições japonesas e comunistas na Coreia do Sul não conseguiram destruir a igreja. Ao contrário, a igreja sul-coreana é uma das mais robustas e crescentes do mundo.

Em 1949 o governo chinês foi derrotado pelos comunistas e nessa época 637 missionários da Missão para o Interior da China foram obrigados a deixar o país. Anos depois, os cristãos na China eram quarenta vezes mais numerosos.

Ninguém pode deter os passos da igreja. Ninguém pode calar sua voz. Prisões e fogueiras não podem impedir seu avanço. Conforme proclama um cântico pentecostal: “Ninguém detém, é obra santa!”.

LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 169-171.

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SÍNTESE DO TÓPICO I

O Evangelho é uma questão de vida e morte, por isso a evangelização é uma prioridade.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Após expor o tópico primeiro, apresente a classe passagens do livro dos Atos dos Apóstolos, como a pregação de Pedro (Atos 2), a pregação de Filipe aos samaritanos e o Eunuco (Atos 8), a pregação de Pedro na casa de Cornélio (Atos 10), as viagens missionárias do apóstolo Paulo (Atos 13 em diante). Reflita com ela como a evangelização, a pregação do Evangelho aos gentios, era uma prioridade para a igreja primitiva.

Aponte também o papel do Espírito Santo no trabalho de evangelização. Ele confirma a pregação da igreja (Atos 10.44-48). Encerre dizendo que assim devemos esperar que o Espírito Santo confirme a nossa prática de evangelização. Que nossa mensagem seja confirmada pelo seu poder!

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II – JESUS MORREU PARA SALVAR TODOS OS SERES HUMANOS

A extensão da obra expiatória de Cristo tem sido debate ao longo dos séculos, mas especialmente depois da Reforma Protestante. Não se pretende aqui fulanizar, pois o que nos importa é a compreensão do assunto à luz da Bíblia.

1. A nossa teologia.

Antes convém ressaltar que a nossa teologia é pentecostal e vem diretamente das Escrituras Sagradas, sem intermediação dos teólogos da Reforma Protestante. A teologia pentecostal, que nossos pais nos legaram, não teve nenhum teólogo ou reformador como intermediário. A CPAD vem publicando em vários volumes a coleção de todas as revistas da Escola Bíblica Dominical, publicadas desde 1930. Em nenhuma delas há citação de teólogos ou reformadores para ensinar, esclarecer, ilustrar ou embasar uma interpretação bíblica. A nossa teologia é original e estritamente bíblica. É um dos legados deixados por nossos pioneiros (2 Tm 3.14-17).

Comentário

As discussões teológicas sobre o tema se intensificaram a partir das disputas entre Jacó Armínio (1560-1609) e Francisco Gomaro (1563-1643), ambos teólogos e professores da recém fundada Universidade de Leiden, Holanda. Os remonstrantes (protestadores) do latim medieval remonstrare, “protestar, expor, manifestar”, eram o grupo apoiador de Armínio que deu continuidade ao seu ensino e estruturou a ideia arminiana. São os cinco pontos da chamada Remonstrância ou “Opiniões dos Remonstrantes”: a) livre-arbítrio ou capacidade humana, b) eleição condicional, c) redenção universal ou expiação geral, d) resistência possível ao Espírito Santo, e) decaimento da graça. Esse documento era um protesto contra os cinco pontos supralapsarianistas, conhecida pela sigla inglesa “TULIP”, (Total depravation, Unconditional election, Limited atonement, Irresistible grace, Perseverance of the saints, “depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível, perseverança dos santos”). O Sínodo de Dort foi convocado pelos Estados Gerais da Holanda, em 1618, quando já não existiam os fundadores dos respectivos polos de opinião, Jacó Armínio morrera em 1609, e João Calvino, bem antes, em 1564.

Isso significa que o “calvinismo”, conforme o conhecemos, não foi produzido por João Calvino, nem foi um resumo das Institutas. Há muitas discussões ainda hoje sobre o assunto: “muitos calvinistas historicamente e hoje não afirmam a expiação limitada, mas sim confirmam uma forma de expiação ilimitada”. O Sínodo se posicionou contra a Remonstrância. Segundo Richard Muller, “não há associação histórica entre o acrônimo TULIP e os Cânones de Dort… O uso do acrônimo TULIP resultou em uma restrita, se não errônea, leitura dos Cânones de Dort que levou a entendimentos confusos da tradição reformada e da teologia de Calvino” (Was Calvin a Calvinist?, p. 8).

Soares. Esequias,.O verdadeiro Pentecostalismo. A atualidade da doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo. Editora CPAD.

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2. Por quem Jesus morreu?

Essa é uma pergunta interessante. Há muitas discussões teológicas sobre o tema, mas nos últimos tempos, os debates se concentram entre duas interpretações das Escrituras: expiação limitada e expiação ilimitada.

a) Expiação limitada.

Trata-se da ideia de que Jesus morreu apenas por um grupo restrito de pessoas escolhidas desde antes da fundação do mundo. Tal pensamento vem de uma visão teológica, a nosso ver, equivocada e baseada numa exegese ruim. Como acontece numa interpretação forçada de 1 Timóteo 2.4, que afirma querer Deus “que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”. Os teólogos defensores dessa teoria, então, concluem que se trata de “todos os homens crentes”. Rejeitamos essa linha de interpretação. Esse é um dos exemplos entre outras passagens bíblicas que eles interpretam de modo a ajustarem a sua teologia.

Comentário

O alcance universal do propósito salvador de Deus (2.4)

A oração deve ter alcance universal, porque o propósito salvador de Deus também tem propósito universal. O apóstolo Paulo escreve: O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (2.4). Devemos orar por todos os homens, porque Deus deseja que todos os homens sejam salvos por meio da fé em Jesus (2.4). Deus amou o mundo inteiro (Jo 3.16), e Cristo é a propiciação pelos pecados do mundo todo (l Jo 2.2). Por intermédio de Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo (2Co 5.18,19). Isso não significa, porém, que todos os homens seja uma referência a todos os homens sem exceção; significa, certamente, todos os homens sem acepção. Hendriksen tem razão em dizer que, em um sentido, a salvação é universal, isto é, não está limitada a um grupo particular. O propósito de Deus é que todos os homens, sem distinção de posição social, raça ou nacionalidade, sejam salvos. Calvino corrobora a ideia, acrescentando que este versículo se relaciona a classes de homens, e não a pessoas individualmente.

Concordo com Warren Wiersbe no sentido de que não se trata aqui de uma referência a todas as pessoas sem exceção, pois é certo que nem todo mundo será salvo. Antes, refere-se a todas as pessoas sem distinção – judeus, gentios, ricos, pobres, religiosos e pagãos.10 Nessa mesma linha de pensamento, William Barclay declara que, dentro do evangelho, não há distinção de classe. O rei e o súdito, o rico e o pobre, o aristocrata e o campesino, o patrão e o empregado, todos estão incluídos no abraço ilimitado de Deus.

Erdman destaca que a salvação é limitada não pela vontade de Deus, mas pela oposição e incredulidade dos homens. A salvação é oferecida a todos, mas depende do pleno conhecimento da verdade (2.4). A salvação é inseparável da fé. Portanto, ser salvo implica chegar ao conhecimento da verdade. A soberania de Deus na salvação e a responsabilidade humana são verdades que correm paralelamente. Não se excluem mutuamente; pelo contrário, completam-se.

LOPES. Hernandes Dias. 1 TIM0TEO. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pag. 57-58.

Antes de começar a estudar esta passagem em detalhe devemos assinalar algo que se destaca nele de tal forma que ninguém pode deixar de vê-lo. Há poucas passagens no Novo Testamento que acentuam e sublinham desta maneira a universalidade do evangelho. Deve-se orar por todos os homens; Deus é o Salvador que deseja que todos os homens se salvem; Jesus deu sua vida em resgate por todos. Como escreve Walter Lock: “A vontade de Deus para salvar é tão ampla como sua vontade para criar.”

Esta é uma nota que ressoa no Novo Testamento várias vezes. Através de Cristo, Deus estava reconciliando ao mundo consigo (2 Coríntios 5:18-19). Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho (João 3:16). Jesus confiava em que, se ressuscitava da cruz, mais cedo ou mais tarde todos os homens seriam atraídos por Ele (João 12:38).

E. F. Brown ao escrever sobre esta passagem o chama “a carta constitucional do trabalho missionário”. Diz que é a prova de que todos os homens são capax dei, capazes de receber a Deus. Poderão estar perdidos, mas eles são possíveis de encontrar. Poderão ser ignorantes, mas podem ser iluminados. Poderão ser pecadores, mas podem ser salvos. capax dei, o precursor do John Knox, escreve em sua tradução da Primeira Confissão a Suíça: “O fim e a intenção das Escrituras é declarar que Deus é benévolo e amistoso para com os homens; e que declarou essa bondade em e através de Jesus Cristo, seu único Filho; essa bondade se recebe por fé.” Por esta razão a oração deve alcançar a todos. Deus quer a todos os homens, e portanto a igreja de Deus deve querê-los também.

(1) O evangelho inclui os de acima e os de baixo. Tanto o imperador em seu poderio como o escravo em seu desamparo estão incluídos na extensão que abrange o evangelho. Tanto o filósofo em sua sabedoria como o homem singelo em sua ignorância necessitam a graça e a verdade que o evangelho pode dar. Dentro do evangelho não há distinções de classe. O rei e seu súdito, o rico e o pobre, o aristocrata e o camponês, o amo e o servo estão incluídos em seu abraço ilimitado.

(2) O evangelho inclui a bons e maus. Um perigo estranho chegou à Igreja nos tempos modernos. Pareceria que em muitos casos se tem por princípio que uma pessoa deve ser respeitável antes de ser admitida na Igreja, e que esta olhasse com desdém para pecadores que buscam entrar por suas portas. Em realidade é muito difícil para um pecador entrar na Igreja moderna sem ser branco de suspeitas, de questionamentos, de críticas, de olhava pouco amistosas, e sem ser a origem de críticas, condenações e curiosidade murmuradas e expressas publicamente. Mas o Novo Testamento é claro ao dizer que a Igreja existe não só para edificar ao bom, mas também para receber e salvar ao pecador.

Um dos grandes santos dos tempos modernos, e sem dúvida de todos os tempos, é Toyohiko Kagawa. Kagawa foi aos cortiços da Shinkawa para buscar homens e mulheres para Cristo. Viveu ali nos bairros imundos e depravados do mundo. W. J. Smart descreve a situação: “Seus vizinhos eram prostitutas sem licença, ladrões que alardeavam de seu poder para ser mais preparados que toda a polícia da cidade, e assassinos que não só estavam orgulhosos de seu assassinatos, mas também sempre estavam dispostos a aumentar seu prestígio local cometendo outro. Toda a pessoa doente, menos dotada ou criminal, vivia em condições de miséria abismal, em ruas plenas de imundície, onde os ratos se arrastavam fora das bocas-de-lobo para morrer. O ar estava sempre fétido. Uma jovem idiota que vivia ao lado da Kagawa tinha desenhos vis pintados em suas costas para atrair a homens luxuriosos a sua pocilga. Por toda parte os corpos humanos apodreciam com sífilis.” Kagawa amava pessoas como esta, e o mesmo acontece com Jesus Cristo, porque Ele ama de igual maneira a todos os homens sejam bons ou maus.

(3) O evangelho abrange a cristãos e não-cristãos. Deve-se orar por todos. Os imperadores, governadores e legisladores pelos quais esta Carta nos pede que oremos não eram cristãos; em realidade eram hostis para com a Igreja; e entretanto, deviam ser levados a trono da graça pelas orações da Igreja. Para o verdadeiro cristão não existem inimigos em todo este mundo. Ninguém fica fora de seu coração, porque ninguém está fora do amor de Cristo, e ninguém fora do propósito de Deus, que quer que todos sejam salvos.

BARCLAY. William. Comentário Bíblico. I Timóteo. pag. 66-68.

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b) Expiação ilimitada.

Isso significa que o Senhor Jesus morreu por toda a humanidade. Esse ensino recebemos de nossos pais, os quais usaram a Bíblia como fundamento dessa doutrina. Jesus é o Salvador do mundo (Jo A.42), “testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo” (1 Jo 4.14) e não somente de algumas pessoas. A expiação foi realizada em favor do mundo inteiro: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 Jo 2.2). Por isso que Jesus mandou pregar no mundo inteiro e a toda criatura (v.16). É erro teológico afirmar que a expiação é limitada (Jo 3.16; Tt 2.11). Jesus morreu por todos os pecadores.

Comentário

Quando Jesus Cristo fala ao Pai em defesa do povo (2.1), Ele náo reivindica falsamente que eles são inocentes. Ao contrário, Ele confirma que eles sáo culpados do pecado, mas então destaca o fato de que Ele já cumpriu a penalidade. Por Jesus Cristo ser a propiciação pelos nossos pecados (veja também 4.10), Ele pode comparecer diante de Deus como o mediador dos crentes. A sua morte satisfez a ira de Deus contra o pecado e cumpriu a pena de morte por ele. Ele removeu não somente os pecados de João e de seus companheiros crentes, mas também os pecados de todo o mundo.

O sacrifício de expiação de Cristo é suficiente para perdoar os pecados de todas as pessoas do mundo. Embora a morte de Cristo seja suficiente para perdoar todos os pecados de todas as pessoas que já viveram ou que ainda irão viver, ela torna-se eficaz somente para aqueles que confessam o seu pecado, aceitam o sacrifício, e abraçam Cristo como Senhor e Salvador. João não estava ensinando a salvação universal – a opinião de que todos são salvos por Cristo, quer creiam ou não. Nós sabemos disto pelas afirmações de João em 2.19-23; obviamente, os anticristos não tinham encontrado o perdão e a aceitação em Cristo.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 770.

Jesus é o advogado incomparável quanto à sua eficácia (2.2)

Alistaremos em seguida as razões por que Jesus é absolutamente eficaz em seu ministério como nosso advogado.

Em primeiro lugar, Jesus veio não apenas para estar ao nosso lado, mas em nosso lugar. Ele não veio apenas para falar por nós, mas para morrer por nós. Jesus é o nosso fiador, representante e substituto. O apóstolo João diz que Jesus é a propiciação pelos nossos pecados. Destacamos aqui dois pontos: a natureza do seu sacrifício e o alcance do seu sacrifício.

A natureza do sacrifício de Cristo. João escreve: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados…” (2.2a) A palavra grega hilasmos significa satisfação e propiciação. A ideia é aplacar a ira de Deus. A ideia dessa passagem é que Jesus propicia a Deus com relação a nossos pecados.

A “propiciação” está ligada aos sacrifícios do Antigo Testamento. Animais eram sacrificados e o seu sangue derramado como “pagamento” pelo pecado (Lv 16.14,15; 17.11). Os sacrifícios eram oferecidos para cobrir os pecados e afastar a ira de Deus sobre os pecadores. Cristo é o sacrifício, providenciado pelo próprio Deus, que satisfaz a justa ira de Deus pelos nossos pecados, e desvia essa ira de sobre nós, apaziguando a Deus e nos reconciliando com ele (4.10; Rm 3.25,26; IPe 2.24; 3.18).

Cristo morreu na cruz para propiciar a Deus. John Stott é categórico quando diz que Deus precisa ser propiciado, uma vez que sua ira permanece sobre todo pecado e de algum modo tem de ser afastada ou aplacada, se é que o pecador há de ser perdoado.

John Stott ainda refuta aqueles que rejeitam a doutrina da propiciação, vinculando-a a toscas ideias pagãs do aplacamento da ira caprichosa dos deuses por meio de dádivas e sacrifícios. Ele ressalta que a ira de Deus não é arbitrária nem caprichosa. Não tem semelhança com as paixões imprevisíveis e com o espírito vingativo e pessoal das divindades pagãs. Em vez disso, ela é seu determinado, controlado e santo antagonismo a todo mal. Também a propiciação é uma iniciativa inteiramente de Deus.

É sempre bom enfatizar que não foi a cruz que produziu o amor de Deus, mas o amor de Deus que produziu a cruz (4.10). Não devemos imaginar nem que o Pai enviou seu Filho para fazer alguma coisa que o Filho estava relutante em fazer nem que o Filho era uma terceira parte que interveio entre o pecador e um Deus relutante. O que João atribui tanto ao Pai como ao Filho é amor, e não relutância.

Jesus não é apenas o propiciador, ele é a propiciação. Como ele fez isso? Para defender-nos diante do tribunal de Deus era necessário que a lei violada por nós fosse cumprida e que a justiça de Deus ultrajada por nós fosse satisfeita. Jesus veio como nosso fiador e substituto. Ele tomou sobre si os nossos pecados. Ele sofreu o duro golpe da lei em nosso lugar. Ele levou sobre si a nossa culpa. Ele bebeu sozinho o cálice da ira de Deus contra o pecado. Ele se fez pecado por nós. Ele foi humilhado, cuspido, espancado, moído. Ele morreu a nossa morte. A cruz é a justificação de Deus. Pelo seu sacrifício, nossos pecados foram cancelados. Agora estamos quites com a lei de Deus e com a justiça de Deus. Agora estamos justificados. Jesus é a propiciação pelos nossos pecados.

John Stott de forma oportuna alerta:

Cristo ainda é a propiciação, não porque em algum sentido ele continue a oferecer o seu sacrifício, mas porque o seu sacrifício único, uma vez oferecido, tem virtude eterna que é eficaz hoje nos que creem. Assim, a provisão do Pai para o cristão que peca está em seu Filho, que possui tríplice qualificação: seu caráter justo, sua morte propiciatória e sua advocacia celestial. Cada uma depende das outras. Ele não poderia ser nosso advogado no céu hoje, se não tivesse morrido para ser a propiciação pelos nossos pecados; e a sua propiciação não teria sido eficaz, se em sua vida e caráter não tivesse sido Jesus Cristo, o Justo.

Podemos sintetizar a explanação feita em três pontos básicos:

Primeiro, a necessidade da propiciação. O fim principal do homem é glorificar a Deus e ter comunhão com ele. O problema supremo do homem, porém, é o pecado, pois este separa o homem de Deus. Porém, mediante o sacrifício de Cristo essa comunhão que foi quebrada pelo pecado é restaurada.

William Barclay está certo quando diz que Jesus é a pessoa em virtude da qual são removidas tanto a culpa do pecado passado como a contaminação do pecado presente. A necessidade da propiciação não se constitui nem da ira de Deus, isoladamente, nem do pecado do homem, isoladamente, mas de ambos juntos. O pecado é transgressão da lei de Deus e rebelião contra Deus. O pecado provoca a ira de Deus e precisa ser propiciado para sermos perdoados e aceitos por Deus.

Segundo, a natureza da propiciação. Jesus Cristo é a nossa propiciação (2.2; 4.10). E por meio do seu sangue que somos purificados do pecado (1.7). Ele sofreu a morte que era a recompensa justa dos nossos pecados. E a eficácia de sua morte permanece, de sorte que hoje ele é a propiciação.

Terceiro, a origem da propiciação. A origem da propiciação é o amor de Deus (4.10). Deus deu o seu Filho para morrer pelos pecadores. Esse dom não foi apenas resultado do amor de Deus (Jo 3.16), nem somente prova e penhor dele (Rm 5.8; 8.32), mas a própria essência desse amor: “Nisto consiste o amor […] em que ele nos amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (4.10). Portanto, não pode haver a questão de homens apaziguando com suas ofertas uma divindade irritada. A propiciação cristã é completamente diferente, não só no caráter da ira divina, mas no meio pelo qual é propiciada. É um apaziguamento da ira de Deus pelo amor de Deus, mediante a dádiva de Deus.

O alcance do sacrifício de Cristo. O apóstolo João conclui: “[…] e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (2.2b). O que João está ensinando certamente não é o universalismo. O sacrifício de Cristo alcança todo mundo em extensão, no sentido de que ele morreu para comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, mas não todo o indivíduo indistintamente de cada tribo, língua, povo e nação. E todo o mundo sem acepção, mas não todo o mundo sem exceção.

Simon Kistemaker, nessa mesma linha de pensamento, diz que a frase “o mundo inteiro” não está relacionada a cada criatura feita por Deus. A palavra inteiro descreve o mundo em sua totalidade, não necessariamente em sua individualidade. O universalismo, a crença de que Deus salvará a todos, é uma falácia. O próprio apóstolo João, em outro contexto, distingue entre filhos de Deus e filhos do diabo (3.1,10) e então conclui que “Cristo entregou sua vida por nós” (3.16).

Augustus Nicodemus lança luz sobre este assunto quando escreve:

Essa declaração de Joáo parece contradizer outros textos bíblicos que declaram que Cristo morreu com o propósito de pagar os pecados somente do seu povo. Fica difícil entender que João está ensinando aqui (2.2) que Cristo pagou efetivamente os pecados de cada homem e mulher que já existiram. Isto significaria três coisas: 1) que Cristo sofreu e morreu em vão por milhares de pecadores que irão sofrer eternamente no inferno; 2) que a pena paga por Cristo no lugar deles náo foi válida, pois os perdidos pagarão outra vez essa pena, sofrendo eternamente; 3) o sacrifício de Cristo apenas torna possível a toda e qualquer pessoa salvar-se pela fé, mas não assegura a salvação de ninguém.

Em outros escritos de João, porém, está claro que Jesus veio dar a sua vida somente para os seus. Aqueles pelos quais Jesus sofreu e morreu são chamados de “[…] minhas ovelhas” (Jo 10.11,15,26-30) e “[…] meus amigos” (Jo 15.13); é por eles, e não pelo mundo, que Jesus roga ao Pai (Jo 17.9-20). Esse conceito se percebe também em outras partes do Novo Testamento: Jesus veio salvar “[…] o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21); o que Deus comprou com o seu sangue foi a sua igreja (At 20.28), pois Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela (Ef 5.25).

Em segundo lugar, Jesus veio não apenas para cuidar das nossas causas temporais, mas, sobretudo, das eternas. Jesus, como nosso advogado, tem competência não apenas para nos consolar, mas também autoridade para nos perdoar. Seu sangue nos purifica de todo o pecado. Quando Jesus nos absolve, ele é a última instância. Não cabe mais nenhum recurso nem apelação no supremo pretório divino.

O apóstolo pergunta: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? E Deus quem os justifica. Quem os condenará? E Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.33,34).

Jesus é o advogado das causas perdidas. Ele nunca perdeu uma causa. Ele nunca sofreu uma derrota. Não há pecado que ele não possa perdoar. Não há casos indefensáveis para ele. Para ele não há vidas irrecuperáveis. Jesus limpou os leprosos, curou os cegos, levantou os coxos, ressuscitou os mortos, perdoou as prostitutas e recebeu os publica-nos e pecadores. Ele pode salvar totalmente aqueles que se achegam a ele, vivendo sempre para interceder por eles (Hb 7.25).

A mulher que foi apanhada em flagrante adultério e lançada aos pés de Jesus, exposta ao vexame público pelos escribas e fariseus, estava condenada pelo tribunal da lei, pelo tribunal da religião e pelo tribunal da consciência. Mas Jesus a absolveu, dizendo: “Nem eu tampouco te condeno, vai e não peques mais” (Jo 8.11).

O endemoninhado gadareno já havia sido rejeitado pela sociedade e enjeitado pela família. Vivia entre os sepulcros, nu, furioso, insano, gritando de noite e de dia, ferindo- se com pedras. Era um aborto vivo, um vivo morto, um espectro humano, um pária da sociedade. Jesus não apenas o libertou e o curou, mas também o salvou (Mc 5.1-20).

O ladrão na cruz estava condenado. Estava no apagar das luzes de uma vida vivida no crime. Mas na undécima hora arrependeu-se e pediu a Jesus que lembrasse dele quando viesse no seu reino e Jesus o perdoou, dando-lhe garantia imediata e graciosa de comunhão na bem-aventurança eterna.

Em terceiro lugar, Jesus é o nosso advogado hoje; amanhã será o nosso Juiz. Quem não o recebe agora como advogado, enfrenta-lo-á inexoravelmente como o Juiz (At 17.30,31). Todos os homens comparecerão perante o tribunal justo de Deus: ricos e pobres, ateus e religiosos, doutores e analfabetos (Mt 25.31-46; Ap 20.11-15). Não haverá revelia, pois todos estarão lá. Não haverá réplica nem tréplica, mas todos estarão calados, cobertos por um pesado silêncio.

Aqueles que recusaram confiar sua causa a Jesus, como advogado, testemunhas se levantarão contra eles no tribunal. A própria consciência os julgará. Os homens desesperados vão clamar: “Montes, caí sobre nós…” (Ap 6.16). As suas obras os condenarão, pois, os livros serão abertos e eles serão julgados segundo as suas obras (Ap 20.12). Suas palavras os condenarão no juízo, pois eles darão contas no dia do juízo por todas as palavras frívolas que proferiram. Suas omissões e seus desejos secretos os denunciarão naquele grande dia do juízo. A única maneira de entrarem pelos portais da bem-aventurança eterna é terem a garantia de que Jesus é o seu advogado.

LOPES. Hernandes Dias. 1, 2, 3 JOÃO Como ter garantia da salvação. Editora Hagnos. pag.85-92.

11 Lição 1 Tri 21 Compromissados com a Evangelização

SÍNTESE DO TÓPICO II

A expansão de Cristo é de caráter ilimitado, isto é, Jesus morreu por toda a humanidade.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“[…] Quando a Bíblia diz que ‘Deus amou o mundo de tal maneira’ (Jo 3.16) ou que Cristo é ‘o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’ (Jo 1.29) ou que Ele é ‘o Salvador do mundo’ (1 Jo 4.14), significa isso mesmo. Certamente a Bíblia emprega a palavra ‘mundo’ num sentido qualitativo, referindo-se ao sistema maligno que Satanás domina. Mas Cristo não morreu em favor de um sistema.

Entregou sua vida em favor das pessoas que dele fazem parte. Em texto algum do Novo Testamento, ‘mundo’ se refere à Igreja ou aos eleitos. Paulo diz que Jesus ‘Se deu a si mesmo em preço de redenção por todos’ (1 Tm 2.6) e que Deus ‘quer que todos os homens se salvem’ (1 Tm 2.4).

Em 1 João 2.1,2, temos uma separação explícita entre os crentes e o mundo e uma afirmação de que Jesus Cristo, o Justo, ‘é a propiciação’ (v.2) para ambos” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, pp.360-61).

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III – EVANGELIZAÇÃO LOCAL E TRANSCULTURAL

O Novo Testamento nos mostra que evangelismo e missões são tarefas precípuas da igreja. O livro de Atos destaca a obra missionária, registra as missões por todos os ângulos e mostra todas as possíveis atividades de um missionário. Atos ressalta ainda o poder do Espírito Santo, a obra da evangelização e as viagens missionárias do apóstolo Paulo.

1. Evangelização.

É o ato de comunicar as boas novas de salvação a todas as pessoas por meio de palavras e ações. É o que Jesus fez (Mt 4.23) e nos mandou que fizéssemos também (vv.16,17). Isso significa testemunhar com ousadia a ressurreição de Jesus pelo poder do Espírito Santo (At 4.33), geralmente é uma ação acompanhada das obras sociais (At 2.42-47), essas coisas são características da autêntica igreja cristã. A visão dos pentecostais clássicos, desde o avivamento da Rua Azusa, era evangelística e missionária. Até se pensava, a princípio, que o dom de línguas era para pregar aos pagãos ao redor do mundo. A xenolalia é isto, a habilidade de falar uma língua que o indivíduo não aprendeu. Mas logo esses pioneiros desistiram dessa ideia xenolálica missionária. Mas, eles continuaram a obra missionária mesmo sem xenolalia.

Comentário

Definição do Termo Evangelismo

Evangelismo é uma expressão profunda que tem o sentido de uma síntese, isto é, o evangelismo é altamente concentrado como se fosse um comprimido de evangelho, onde estão calcadas pelo menos três implicações da mais alta importância:

1. Necessidade da salvação em Cristo

2. Possibilidade da salvação em Cristo

3. Exclusividade da salvação em Cristo

O homem este perdido, mas Jesus Cristo, e somente Jesus Cristo, pode salvá-lo.

Levando em conta essa afirmativa, o evangelismo significa apresentar o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, que se tornou homem, num ponto particular da história do mundo, a fim de salvar uma raça arruinada. Gaiatas 4.4 – “Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei…”

‘Evangelismo é a tarefa de testemunhar de Cristo aos perdidos.

Evangelisroo é a tarefa de levar pessoas à salvação em Jesus Cristo.

Evangelismo é a tarefa de alistar vidas no serviço de Jesus Cristo.

Evangelísmo é a tarefa que a igreja tem de proclamar, propagar e estabelecer tudo o que contém a pessoa e a obra de Jesus Cristo.

Evangelismo é pregar a Jesus Cristo e dele testemunhar.

Evangelismo é a tarefa que se executa para ganhar vidas para Jesus Cristo.

Semelhantemente, de acordo com essas afirmações, o evangelismo não é apresentar meramente o ensino e o exemplo do Jesus histórico, ou mesmo sua verdade salvadora; evangelismo quer dizer apresentar pessoalmente ou em grupo, com sinceridade, a mensagem especifica, om aplicação específica.

Evangelismo e a Grande Comissão que foi entregue por Jesus Cristo aos seus discípulos. Mateus 28. 19-20 – “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações batizando-as. em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo; ensinando-a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”.

Este é o verdadeiro evangelismo, este é o nosso dever de evangelizar.

Contém três partes importantes para nós:

1. Fazer discípulos

2. Batizá-los

3. Ensinar-lhes os mandamentos do Senhor Jesus Cristo.

Evangelismo autêntico requer o cumprimento das exigências acima referidas e a fidelidade em cumpri-las. O Senhor Jesus Cristo, antes de ascender aos céus, deu um outro mandamento importante aos discípulos e este mandamento também tem três metas. Atos 1.8 “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.

1. Começar a evangelizar onde o crente estiver, em seu lar, em seu ambiente de trabalho, em sua escola.

2. Estender a obra do evangelismo ao território que rodeia o crente, isto é, o bairro onde atua a igreja local.

3. Ter ao mesmo tempo um programa mundial de evangelismo, através da oração, contribuição etc.

O evangelismo tornou-se uma doutrina, uma parte de nossa declaração de fé; deve ser uma prática constante do crente; deve ser um hábito.

O evangelismo quase não existe em nossos dias, mas ainda é a tarefa por excelência da igreja e de seus membros individualmente.

Quando dizemos que a Grande Comissão foi entregue às igrejas, há o perigo de deixar a responsabilidade abstrata. Quando, porém, lembramos que a igreja não existe sem os seus membros, logo reconhecemos que a tarefa é dirigida a cada um de nós, como diz o Dr. Scarbrough: “Essa obrigação divina fica, sem exceção, sobre o coração e a consciência de cada filho de Deus, nascido do Espirito. O crente recebe a essência dessa obrigação e chamada, ao mesmo tempo que recebe a salvação. A regeneração exige reprodução em espécie. Dar um testemunho de Jesus Cristo, capaz de ganhar almas, é a expressão espontânea e natural do filho de Deus convertido”.

O evangelismo deve existir como parte vital do crente. Ele é isso.

Se não existe, há uma falha que deve ser corrigida urgentemente, pois o evangelismo é uma das características mais profundas do cristianismo, que atinge a todos os seguidores do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Não restam dúvidas de que há prerrogativas bíblicas que são exclusivas do ministro, do pastor e do diácono. Certamente, uma dessas prerrogativas não é o evangelismo.

Essa responsabilidade é de cada crente, em particular, de cada seguidor de Jesus Cristo. Não há privilégios, não há exceções, porque todos os seguidores de Jesua Cristo estão alistados necessariamente nesta milícia, neste exército de evangelização, objetivando levar almas a Jesus Cristo e fazer dos pecadores, discípulos do divino Mestre.

Evangelismo e o fruto do amor divino revelado na vida dos que amam a Deus e se dispõem ao seu serviço, amam a Jesus Cristo que os ‘salvou, amam ao próximo perdido. Esse amor desperta a compaixão no coração.

Certa vez, um jornalista perguntou a Billy Sunday, grande evangelista e ganhador de almas: “Por que o seu trabalho de evangelista é tão cheio de sucesso, quando muitas pessoas evangelizam e não conseguem êxito ao falar de Jesus?”

Billy Sunday voltou-se e olhou para fora da janela do hotel onde se encontrava, no terceiro andar, olhou para fora durante longo tempo e depois disse ao jornalista, apontando para as pessoas que passavam lá em baixo na rua: “Aquelas pessoas vão para o inferno; eu não quero que isso aconteça; eu as amo e é por isso que lhes falo de Jesus o Salvador. Eu primeiro as amo Marcos 12.28-31 – “Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos?

Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Não há outro mandamento maior do que estes”.

Para praticar o evangelismo é necessário amar o próximo como a nós mesmos, desejar para ele o que desejamos para nós mesmos.  Isso é o evangelismo, nossa principal missão nesta vida.

Filho. Tácito da Gama Leite,. Evangelismo, Missão De Todos Nós. Editora CPAD. pag. 17-19.

Elemento da teologia de missão e evangelismo

1. O evangelismo é aquela atividade de Deus, por meio de seus representantes, com o propósito de promover a redenção dos homens. O Deus da Biblia está interessado nos homens (teismo, em contraste com o delsmo; ver os dois artigos). O primeiro e maior dos missionários foi o Logos, chamado Cristo, durante a sua missão terrena. Esse Logos (Cristo) é o Filho de Deus, dentro da Trindade divina. Isso posto, o evangelismo afeta diretamente a própria Trindade divina.

2. Um missionário ou evangelista é alguém que se deixa usar como cooperador de Deus (ver I Cor. 3:9).

A Grande Comissão foi a última comunicação terrena do Senhor Jesus. A tarefa remidora é muito grandiosa, e requer uma autoridade especial por detrás da mesma, a autoridade de Cristo.

3. O objetivo do programa evangelístico é a feitura não somente de discípulos, mas também de filhos de Deus, que estejam sendo transformados segundo a imagem do Filho de Deus (ver Rom. 8:29; 11 Cor. 3:18). Isso envolve a participação na própria natureza divina (ver 11 Ped, 1:4), bem como na plenitude de Deus (em sua natureza e atributos; ver Efé. 3:19). A epístola aos Hebreus fala sobre os filhos que estão sendo conduzidos .à glória.. (Heb, 2:10). Assim, o evangelismo está envolvido na pregação das boas novas, que produzem a evolução espiritual dos homens. O guerreiro tribal, que é o homem em sua condição atual, está destinado a tomar-se possuidor da própria natureza divina, uma vez que se converta a Cristo. E isso, por sua vez, glorifica a Deus Pai.

4. O Espírito Santo, o alter ego de Cristo, é o mais poderoso agente atual do evangelho. S por meio do dom do Espírito, conferido por Cristo (ver João 20:21-23) que a nova criação e a nova era deverão vir à existência. Ademais, é o poder do Espirito que vai levando o crente de um estágio de glória para outro (ver 11 Cor. 3:18). O evangelismo permite que o Espirito de Deus seja derramado sobre toda carne (ver Atos 2:17).

5. Não há limites. O alcance universal do evangelho não visa somente a alcançar a todos os povos e nações, falando em termos genéricos. Antes, cada individuo é um objeto autêntico do apelo evangelístico. Os trechos de I Tim.2:4 e I João 2:2 deixam isso bem claro, para nada dizer sobre o todo o que nele crê de João 3:16. Não devemos limitar isso com a doutrina da predestinação, a qual, apesar de ser uma verdade bíblica, enfoca uma questão totalmente diferente, não podendo ser usada como meio de se anular a verdade do livre-arbitrio humano, ou a verdade da responsabilidade do individuo, pois todos os homens podem e devem ser alcançados com o evangelho. Naturalmente, ai entramos no mistério de como a vontade do homem relaciona-se com a vontade determinadora de Deus.

Afirmo o que é possível dizer sobre a questão nos artigos Livre-arbítrio: Predestinação; Eleição e Determinismo. O livre-arbítrio é uma verdade tão absoluta quanto a eleição. Mas, se pudéssemos explicar o como, então já estaríamos transformando a teologia em humanologia, Todas as grandes doutrinas cristãs terminam em paradoxos, que nossas formulações, por mais cuidadosas que sejam, não conseguem reconciliar, ainda que, mediante a fé, possamos dizer que poderão sê-lo, chegado o tempo certo para tanto, ou seja, quando recebermos maiores luzes espirituais sobre essas questões, talvez somente no outro lado da existência.

6. Aspectos do Evangelismo e das Missões

a. Missões consistem em reação favorável, antes de tudo sob a forma de obediência a Deus, que ordenou o evangelismo; e, em segundo lugar, por parte do crente individual que acolheu a mensagem cristã. Conforme foi dito acima, uma reação genuína é possível a todo homem, através da graça geral de Deus. Ver sobre os Meios de Graça. Deus requer a reação favorável da parte de todos os homens (ver Isa. 6:1-8; João 20:21-23).

b, Missões consistem em diálogo. O evangelismo requer encontros pessoais. O crente precisa ir até onde eles (os perdidos) estão. E mister derrubar as barreiras, mediante o processo evangelistico (ver Efé. 2:11-16).

c. Missões consistem em translação. O Cristo celestial, em sua encarnação, experimentou um esvaziamento (no grego, Iténosis; ver Fil. 2:5-11). Por assim dizer, ele transladou-se da condição divina para a condição humana. E os evangelistas precisam do mesmo processo, passando para os termos e condições daqueles que ouvem a mensagem cristã. Isso requer a kénosis ou esvaziamento de cada pregador, ou o processo não obterá sucesso.

d. Missões consistem em serviço. O Senhor Jesus veio ao mundo não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (ver Mat. 20:28).

Para ele, é maior quem serve mais, e não quem é mais servido. A missão envolvida no evangelismo é melhor ilustrada por Cristo em seu aspecto de Servo (ver João 13:1-16). O amor é a base do serviço e de todas as virtudes espirituais (Gál. 5:22,23). O amor está à base do intuito remidor de Deus (ver João 3: 16). E é o amor que inspira nosso envio como embaixadores de Cristo (ver I Cor. 5:14,15,20).

e. Missões consistem em presença. Jesus prometeu estar com os seus evangelistas (ver Mat. 28:1,20). A presença do Espirito Santo garante a presença de Jesus, embora ele esteja invisível (João 14:16 ss). Em sentido secundário, o evangelista faz a sua presença fazer parte do plano total. Ele precisa estar no lugar para onde foi enviado.

f. Missões consistem em cumprimento. Salvação, reconciliação, união com Cristo são grandes lemas do evangelismo, e são aspectos do cumprimento da mensagem cristã. Ver Efé. 1:9,10; Apo. 21:1-5; I Cor. 15:20-28. As missões cristãs devem estar intimamente relacionadas ao propósito divino e universal de Deus.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 305-306.

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2. As missões.

O trabalho do missionário é a evangelização entre as pessoas de cultura diferente da nossa. A mensagem é a mesma, é necessário ajustar e adaptar estratégias conforme o costume de cada povo ou grupo étnico. Veja como Paulo introduz a sua pregação na sinagoga da Antioquia da Pisídia para se anunciar a Jesus (At 13.16,17,32) e compare com o discurso no Areópago em Atenas (At 17.22-31). O cristianismo não tem o objetivo de padronizar o mundo e nem destruir as culturas; sua mensagem, porém, é universal. No dia do triunfo de Cristo e da igreja, cada povo ou etnia se apresentará louvando a Deus na sua própria cultura (Ap 5.11-13). Por isso, o apóstolo Paulo disse que sendo livre se fez servo de todos, judeu para os judeus, sem lei para os sem lei (1 Co 9.19-22) para ganhá-los para Jesus.

Comentário

Paulo em Atenas (Atos 17)

A situação de Atos 17 é bastante diferente. Atenas é um contexto urbano, cosmopolita e pluralista. Paulo não gera a mesma agitação que em Listra. Inclusive não temos relato de que ocorrera um milagre. Quem sabe não adiantaria muito — seria explicado de forma racional ou analisado filosoficamente não tendo o mesmo efeito que em Listra.

Ao descrever os sentimentos de Paulo, Lucas diz que o apóstolo estava revoltado com a idolatria que reinava na cidade. A expressão paroxyno (profundamente indignado) é visto por Stott como a reação de alguém que tem ciúmes, que é zeloso, que não aceita que a exclusividade de Deus como o único e verdadeiro seja questionada.’ No intuito de proclamar a verdade, a estratégia utilizada por Paulo é de usar os meios de comunicação do local — discutir na sinagoga com os judeus e tementes a Deus (assim como fazia também em outros lugares) e na praça principal (agora). Esta discussão em público o levou, inclusive, a uma reunião no Areópago onde os verdadeiros filósofos discutiam.

Alguns aspectos interessantes precisam ser destacados. Primeiramente, Paulo conhecia bem as discussões que ali ocorriam e a filosofia dos epicureus e dos estoicos. Trata-se de um contexto mais familiar para o apóstolo comparado com Listra, onde não havia dificuldades de entender a língua ou os conceitos que vigoravam. Os epicureus se baseavam numa filosofia do acaso, crendo em deuses remotos que não se envolviam com os seres humanos. Negavam a ressurreição dos mortos e não aceitavam a ideia de um julgamento final. Os estoicos eram mais racionais e platônicos, voltados ao panteísmo. Paulo decide usar boa parte do vocabulário destes grupos filósoficos e cria um interesse inicial pela mensagem que trazia.

Em segundo lugar, Paulo pregava a respeito de Jesus e da ressurreição (v. 18), possivelmente sendo mal-interpretado pelos ouvintes que reagiram e creram que falava de deuses estranhos. Stott, baseado na sugestão de Crisóstomo, comenta que:  É possível que os filósofos, percebendo que a essência da mensagem de Paulo era ton Jesoun kai ten anastasin (Jesus e ressurreição) tenham pensado que ele estava apresentando aos atenienses um novo par de divindades, um deus masculino chamado “Jesus” e sua companheira “Anastasis”.

Se intencional ou não, Paulo, em terceiro lugar, aproveita-se da curiosidade dos habitantes de Atenas em ouvir novidades e elogia o povo por sua religiosidade, busca elementos de contato e faz uso de uma argumentação lógica e racional. Em seu discurso (v. 22-31), deixa claro que o Deus desconhecido é o criador e sustentador de todas as coisas, inclusive dos seres humanos. Qualquer filosofia de um Deus distante ou impessoal é descartada. A citação de poetas locais como Epimênedes e Arato (v. 28) fortalece seus argumentos e atrai os ouvintes, mas também busca uma identificação com o povo ao utilizar o chamado “nós inclusivo”.

Apesar do empréstimo de termos filosóficos, sua mensagem é clara. Este Deus, gerador de toda vida, esperava a iniciativa do ser humano por um relacionamento baseado no reconhecimento de sua singularidade e no arrependimento da idolatria. O juízo negado pelos filósofos era, segundo Paulo, uma realidade, assim como a ressurreição dos mortos. A ressurreição de Jesus, era inclusive, a prova de seu papel intermediador entre Deus e homens e a única esperança de salvação.

Diante da expectativa que muitas vezes temos em nossos dias de rápido crescimento e sucesso fácil no ministério, poderíamos achar que Paulo deveria esperar com o argumento da ressurreição até convencer seus ouvintes de que sua mensagem era verdadeira. Ao citar a ressurreição de Jesus afugentou sua audiência e de diferentes formas dispensaram o “tagarela”. Este elemento de radicalidade na mensagem, o diferencial de um evangelho barato do verdadeiro, custou-lhe caro, mesmo não sendo em forma de sofrimento físico como no caso de Listra.

Resumindo este trecho de Atos 17, podemos constatar que o esforço de comunicar o evangelho em Atenas segue em parte um padrão diferente do de Listra: A metodologia de Paulo é claramente contextualizada à situação em Atenas. Sua linguagem é adaptada a uma terminologia conhecida pelos filósofos da cidade — neste caso em particular os epicureus e estoicos.

A argumentação de Paulo segue uma linha muito mais racional e filosófica em Atenas — fala inclusive da participação do ser humano no objetivo maior da criação: “nele vivemos, nos movemos e existimos”, ao estilo estoico. Em Listra a argumentação baseava-se nos elementos da natureza, na colheita, etc.

A pluralidade de Atenas facilita a pregação do evangelho, mas também torna a mensagem uma entre muitas outras. Não há o mesmo efeito de radicalidade. Em Listra Paulo e Barnabé são encarnações dos deuses e por isso são venerados. Não há como rejeitar. Em Atenas, Paulo é porta-voz de um “deus” entre muitos que pode ser aceito ou não. Por isso o elemento da ressurreição, a única coisa realmente radical para os filósofos que estavam ouvindo, é um divisor de águas.

Concluímos nosso estudo citando alguns princípios de contextualização com base nestes dois exemplos no ministério transcultural de Paulo e Barnabé:

1. Fidelidade ao evangelho, não abrindo mão do que é essencial.

2. Objetivo de ver o povo salvo, independente do contexto social, religioso ou étnico.

3. Comunicação transcultural, buscando compreender e falar a linguagem do povo, entender os elementos da cultura e da religiosidade.

4. Uso de elementos conhecidos pelo povo, facilitando a compreensão da mensagem.

5. Amor demonstrado em milagres, não visando sensacionalismo ou crescimento fácil.

6. Rejeição à fama pessoal, colocando a verdade do evangelho acima de sua própria segurança, mesmo correndo o risco de ser apredrejado ou ridicularizado.

7. Cristocentrismo, sendo Jesus Cristo a principal mensagem dos apóstolos.

A experiência transcultural dos apóstolos é vivida diariamente pelos missionários de nossos dias. O grande desafio é de comunicar as boas novas de salvação de forma que as pessoas entendam a mensagem e captem a relevância da salvação para sua vidas. Não se trata de uma tarefa fácil. Mesmo com todo o esforço de contextualização da mensagem, de adaptação cultural do missionário e de aprendizado da língua local, nem sempre atinge-se o resultado desejado. Para Paulo, a visita a Listra terminou em grande dor física quando foi apedrejado e até dado por morto. Em Atenas, ele foi ridicularizado e menosprezado.

Certamente o esforço não foi em vão, e os apóstolos deram um importante exemplo de fidelidade ao chamado e à mensagem de Cristo. Fizeram sua parte. O resultado, no entanto, depende da obra do Espírito Santo, que é o único que pode convencer o ser humano do pecado, da justiça e do juízo.

Burns. Barbara Helen,. Contextualização missionária, desafios, questões e diretrizes. Editora Vida Nova. pag. 41-45.

Os missionários devem respeitar as culturas de cada povo. Paulo entendia que os costumes só devem ser mantidos quando necessários, pois ensinar costumes, culturas e tradições como condição para salvação é heresia e caracteriza seita. Barnabé sabia que a tradição judaica era mais uma forma de manter a identidade nacional e que isso em nada implicaria a salvação desses novos crentes, portanto, não seria necessário observar o ritual da lei de Moisés (At 15.19, 20). Convém lembrar que a importação de inovação para nossas igrejas pode desrespeitar a nossa herança espiritual deixada pelos nossos antepassados. Muitas coisas não servem para nossa cultura, pois já temos a nossa identidade cultural, como também podem não servir para outras etnias.

Soares. Esequias,.O verdadeiro Pentecostalismo. A atualidade da doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo. Editora CPAD.

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3. O desafio hoje.

Jesus disse: “o campo é o mundo” (Mt 13.38). Ele não disse que o campo é Jerusalém, nem a Judeia, nem Roma, nem minha cidade e a tua. Jesus não disse para primeiro pregar em Jerusalém, depois na Judeia, depois em Samaria e depois ser testemunha até “os confins da terra”, mas mandou pregar “tanto em Jerusalém como em toda Judeia, Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Isso fala de simultaneidade, do contrário, o Evangelho estaria ainda em Israel, confinado entre os judeus, pois Jesus mesmo disse: “porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem” (Mt 10.23).

Comentário

Os discípulos receberam a ordem de batizar as pessoas, porque o batismo une cada crente a Jesus Cristo na morte dele ou dela para o pecado, e na ressurreição para uma nova vida. Não é a água do batismo que salva, mas a graça de Deus aceita através da fé em Cristo. Por causa da resposta de Jesus ao criminoso que morreu ao seu lado na cruz, sabemos que é possível sermos salvos sem sermos batizados (Lc 23.43). Jesus não disse que aqueles que não fossem batizados seriam condenados, mas que quem não crer será condenado. O batismo simboliza a submissão a Cristo, uma disposição para seguir o caminho de Deus e a identificação com o povo que tem uma aliança com Deus.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 304-305.

Paul Beasley-Murray comentando esse passo bíblico faz algumas considerações oportunas que vamos considerar.

Em primeiro lugar, a boa nova é o próprio Jesus (16.15). As boas-novas (euangelion) é uma das palavras favoritas de Marcos. Ele a usa sete vezes (1.1,14,15; 8.35; 10.29; 13.10; 14.9). Para Marcos, a história de Jesus é a boa nova a ser proclamada. O evangelho é a mensagem de que Deus está agindo por meio de Jesus, seu Filho, trazendo libertação ao cativo, quebrando o poder do diabo, do pecado e da morte. Pelo evangelho proclamamos que em Jesus o curso da História tem sido mudado. Jesus pela sua morte e ressurreição estabeleceu o seu Reino. Isso é a grande boa nova do evangelho, diz Paul Beasley-Murray.

Em segundo lugar, a boa nova de Jesus precisa ser pregada (16.15). O verbo pregar é outra palavra favorita de Marcos. Ela é encontrada quatorze vezes nesse evangelho, enquanto só aparece nove vezes em Mateus e Lucas. Marcos enfatiza que Cristo veio pregando (1.14). Marcos sabe que Jesus é mais do que um pregador, por isso, relata vários dos seus milagres, porém destaca a primazia do ministério de pregação de Jesus (1.38). Embora Jesus tenha se ocupado em atender as necessidades físicas das pessoas, Ele focou primordialmente as necessidades espirituais. Jesus chamou seus discípulos para pregar (3.14) e os enviou a pregar (6.12). Agora, Jesus ordena seus discípulos a pregar em todo o mundo. Dewey Mulholland diz que estar calado é um perigo maior que perseguição e morte. O evangelho só é boas-novas se for compartilhado.

O propósito de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, em todo o mundo, a todas as criaturas. O evangelho deve ser pregado a todas as nações (13.10), em todo o mundo, a toda criatura (16.15). A Igreja precisa ser uma agência missionária. Ela precisa ser luz para as nações. Uma igreja que não evangeliza precisa ser evangelizada. A igreja é um corpo missionário ou um campo missionário.

A evangelização é uma tarefa imperativa, intransferível e impostergável. O mundo precisa do evangelho e a salvação do evangelho precisa ser oferecida livremente a toda a humanidade, diz John Charles Ryle.

LOPES. Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos milagres. Editora Hagnos. pag.

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SÍNTESE DO TÓPICO III

A evangelização local e transcultural é tarefa principal da igreja, de acordo com o Novo Testamento.

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“Grandes cousas tem feito o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres’. Desejo dar um relatório da obra do Senhor aqui nesta capital. A 15 de fevereiro de 1927, chegamos a esta cidade [Belo Horizonte], enviados por nosso Senhor Jesus Cristo. Não existia aqui nenhum crente da nossa fé, e ninguém tinha ouvido falar do batismo no Espírito Santo.

[…] Abriram-se muitas portas, de maneira que agora temos oito cultos por semana, dentro da cidade, e num lugar chamado Areias surgiu uma nova congregação. Jesus já batizou ali três irmãos no Espírito Santo. Aleluia! Ele está ouvindo as nossas orações. Estamos debaixo de uma onda de revivificação ; nossos cultos são muito concorridos e o poder de Deus se tem manifestado com a salvação de pecadores.

Nesses últimos três meses, 47 pecadores se entregaram a Jesus, 19 irmãos foram batizados nas águas e 11 receberam o batismo no Espírito Santo! Aleluia!” (AZA, Clímaco Bueno. Na Seara do Senhor. In: Mensageiro da Paz: Os artigos que marcaram a história e a teologia do Movimento Pentecostal no Brasil. Vol.1. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.56,57).

11 Lição 1 Tri 21 Compromissados com a Evangelização

CONCLUSÃO

A Bíblia afirma que não existe salvação sem Jesus. Ele mesmo declarou: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6). Essas boas novas são poder de Deus para salvação e libertação disponível a todos os povos. Mas há necessidade de alguém para levar essa mensagem de vida. Já faz quase dois mil anos que os cristãos vêm pregando esta mensagem e ela continua sendo cada dia uma mensagem nova.

PARA REFLETIR 

A respeito de “Compromissados com a Evangelização”, responda:

Qual o significado da palavra “evangelho”? 

Essa palavra vem de duas palavras gregas, eu, advérbio, “bem”, e, angelia, que significa “mensagem, notícia, novas”.

Por que a pregação do Evangelho é uma necessidade imperiosa? 

Porque não existe salvação sem Jesus e o campo é o mundo e isso nos mostra a grande responsabilidade da evangelização local e mundial.

Por quem Jesus morreu? 

Jesus morreu por todos os pecadores.

O que é evangelização? 

É o ato de comunicar as boas novas de salvação a todas as pessoas por meio de palavras e ações. É o que Jesus fez (Mt 4.23) e nos mandou que fizéssemos também (vv.16,17).

O que é o trabalho do missionário? 

O trabalho do missionário é a evangelização entre as pessoas de cultura diferente da nossa.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.


1 – A Pessoa do Espírito Santo

2 – A Atuação do Espírito Santo no Plano da Redenção


3 – O Batismo no Espírito Santo

4 – A Atualidade dos Dons Espirituais

5 – Fruto do Espírito: o Eu Crucificado


6 – Santificação: Comprometidos com a Ética do Espírito


7 – Cultuando a Deus com Liberdade e Reverência

8 – Comprometidos com a Palavra de Deus


9 – Vivendo o Fervor Espiritual

10 – O Senhor Jesus Cura Hoje

Estaremos apresentando conteúdo diferênciado aos professores que estaram usando nossas ferramentas (Site, Grupo do Telegram e Facebook). Vamos usar todo material disponivel para fazer a obra do Senhor Jesus.

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