1 LIÇÃO 3 TRI 22 – AS SUTILEZAS DE SATANÁS CONTRA A IGREJA DE CRISTO

 

AS SUTILEZAS DE SATANÁS CONTRA A IGREJA DE CRISTO

1 LIÇÃO 3 TRI 22 – AS SUTILEZAS DE SATANÁS CONTRA A IGREJA DE CRISTO

TEXTO ÁUREO

 

“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios.” (1 Tm 4.1)

 

 

VERDADE PRÁTICA

 

De forma sutil e sorrateira, o Diabo desfere ataques à Igreja. É preciso que cada crente saia ao combate com as armas espirituais dadas por Deus.

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3º TRI 22 OS ATAQUES CONTRA A IGREJA DE CRISTO

   

3º TRI 22 OS ATAQUES CONTRA A IGREJA DE CRISTO

As Sutilezas de Satanás nestes Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo.

COMENTARISTA: José Gonçalves

José Gonçalves, pastor em Água Branca, Piauí, graduado em Teologia pelo Seminário Batista de Teresina e em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí. Ensinou grego, hebraico e teologia sistemática na Faculdade Evangélica do Piauí.

É comentarista de Lições Bíblicas da Escola Dominical da CPAD e autor dos livros: Missões – o mundo pede socorro (Ed Halley); Por que Caem os Valentes (CPAD); As Ovelhas Também Gemem (CPAD); Defendendo o Verdadeiro Evangelho (CPAD); A Prosperidade à Luz da Bíblia (CPAD); Rastros de Fogo – o que diferencia o pentecostes bíblico do neopentecostalismo (CPAD); Porção Dobrada (CPAD); Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso (CPAD) e co-autor do livro: Davi – as vitórias e derrotas de um homem de Deus (CPAD, prêmio ABEC). É presidente do Conselho de Doutrina da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Piauí e membro da Comissão de Apologética da CGADB.

 

1- As Sutilezas de Satanás Contra a Igreja de Cristo

2- A Sutileza da Banalização da Graça

3- A Sutileza da Imoralidade Sexual

4- A Sutileza da Normalização do Divórcio

5- A Sutileza do Materialismo e do Ateísmo

6- A Sutileza das Ideologias Contrárias à Família

7- A Sutileza da Relativização da Bíblia

8- A Sutileza do Enfraquecimento da Identidade Pentecostal

9- A Sutileza do Movimento dos Desigrejados

10- A Sutileza Contra a Prática da Mordomia Cristã

11- A Sutileza das Mídias Sociais

12- A Sutileza da Espiritualidade Holística

13- Resistindo às Sutilezas de Satanás  

 

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13 LIÇÃO 2 TRI 22 A VERDADEIRA IDENTIDADE DO CRISTÃO

 

13 LIÇÃO 2 TRI 22 A VERDADEIRA IDENTIDADE DO CRISTÃO

13 LIÇÃO 2 TRI 22 A VERDADEIRA IDENTIDADE DO CRISTÃO

 

 

TEXTO ÁUREO

 

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mt 7.21)

 

 

VERDADE PRÁTICA

 

No Reino de Deus, não basta ouvir para se identificar com o Salvador, é preciso praticar o que se aprendeu.

 

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12 LIÇÃO 2 TRI 22 A BONDADE DE DEUS EM NOS ATENDER

 

12 LIÇÃO 2 TRI 22 A BONDADE DE DEUS EM NOS ATENDER

 

12 LIÇÃO 2 TRI 22 A BONDADE DE DEUS EM NOS ATENDER

 

TEXTO ÁUREO

 

“Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt 7.11)

 

 

VERDADE PRÁTICA

 

Deus é um Pai amoroso que concede aos seus filhos aquilo que realmente é bom para eles

 

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11 LIÇÃO 2 TRI 22 SENDO CAUTELOSOS NAS OPRESSÕES

 

11 LIÇÃO 2 TRI 22 SENDO CAUTELOSOS NAS OPRESSÕES

 

TEXTO ÁUREO

 

“Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso (Lc 6.36)

 

 

VERDADE PRÁTICA

 

Quando julgamos as pessoas, nos colocamos em uma posição que não compete a nós, seres imperfeitos e falhos.

 

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda – Mc 4.24 Cuidado com a medida que você julga o outro

 

Terça – Lc 6.37 Não Julgue

 

Quarta – Lc 6.38 “Com a mesma medida com que medirdes também vos medirão”

 

Quinta – Lc 6.41 Não atentes no argueiro que está no olho do seu irmão

 

Sexta – Lc 16.42 Tire primeiro a trave do teu olho

 

Sábado – Rm 2.1 Você é imperdoável quando julga alguém

 

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

 

Mateus 7.1-6

 

1 – Não julgueis, para que não sejais julgados,

 

2 – porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.

 

3 – E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho?

 

4 – Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?

 

5 – Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.

 

6 – Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.

 

 

Hinos Sugeridos: 134, 334, 568 da Harpa Cristã

 

 

PLANO DE AULA

 

 

1- INTRODUÇÃO

 

As Escrituras Sagradas revelam que devemos ter cuidado com a medida com que julgamos os outros. Não cabe a nós nenhum tipo de julgamento, pois quando julgamos as pessoas nos colocamos em uma posição que não compete a nós, seres imperfeitos e falhos. Antes de fazer qualquer tipo de julgamento, faça uma autoavaliação. Observe se não existe nenhum a trave em seus olhos. Quando julgamos alguém nos tornamos imperdoáveis, por isso esteja atento (Rm 2.1).

 

 

2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

 

A) Objetivos da Lição:

I) Compreender que não devemos julgar precipitadamente o outro;

II) Conscientizar de que devemos primeiramente olhar para nós mesmos;

III) Afirmar que não somos julgados pela severidade de Deus.

B) Motivação: Como você encara as falhas dos outros? Você também se reconhece um pecador? Compete a nós, seres imperfeitos e falhos, nos colocamos em uma posição de julgamento? Você tem feito uma autoavaliação diariamente?

C) Sugestão de Método: Sugerimos que enriqueça a aula por meio de perguntas que contribuam para uma reflexão a respeito de sermos cautelosos nas nossas opiniões. Explique que somente Deus conhece os corações, por isso somente Ele tem condições de fazer um julgamento de forma justa.

 

 

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

 

A) Aplicação: Sugerimos que ao final da aula, você faça um momento de reflexão a respeito da maneira como temos conduzido as nossas atitudes. Ore com os alunos e peça a Deus que ao invés de julgarmos o nosso próximo venhamos primeiro a examinar nossa atitude e palavras. À luz do texto bíblico estudado em classe, leve os alunos meditarem a respeito de primeiro julgar a si mesmo e só então, depois, amorosamente perdoar e ajudar aqueles que estão próximos de nós.

 

 

4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

 

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas. Na edição 89, p.41 você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final dos tópicos, você encontrará dois auxílios que darão suporte na preparação de sua aula

1) O texto “Não julgar ou ser julgado”, localizado ao final do primeiro tópico, é uma reflexão extraída do Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento a respeito de julgar e ser julgado;

2) O texto “Não Julgueis”, do teólogo Lawrence O. Richards, localizado ao final do segundo tópico, traz uma proposta de aplicação a respeito do impacto que o ensino de Jesus pode trazer para a vida cristã.

 

 

INTRODUÇÃO COMENTÁRIO

 

Nesta lição, veremos que no Sermão do Monte, Jesus ensinou a respeito do julgamento do próximo. O Mestre foi bem enfático ao declarar: “ Não julgueis, e não sereis julgados (Lc 6.37).” Somente o Senhor, que é conhecedor de todas as coisas, tem autoridade para julgar suas criaturas. Deus é o justo juiz e toda avaliação pertence somente a Ele (2Tm 4.8). Por isso, o crente cheio do Espírito Santo é misericordioso, não julga os outros precipitadamente e procura viver com o “sal” e “luz” do mundo.

 

 

COMENTÁRIO

 

 

A partir do capítulo 7 de Mateus, tem-se o começo da última seção do Sermão do Monte. Ainda que boa parte dos leitores do Novo Testamento salientem que não há boa coadunação entre as partes presentes nele, vendo-o como apotegma, creio particularmente que no seu teor há plena conexão do todo com as partes envolvendo uma temática só: julgamento, por intermédio das palavras do divino mestre Jesus são sempre reforçadas orbitando em torno desse tema.

Se Jesus tivesse começado seu sermão pelo capítulo 7, não ficaria algo desconexo, sem muito sentido, porém, se analisarmos desde o capítulo 5 até aqui, logo compreenderemos o que realmente Ele estava buscando propor, que era ensinar princípios valiosos para se viver como verdadeiro filhos do Reino.

Jesus, em Mateus 5, falou sobre o caráter de seus seguidores, como eles realmente devem ser em essência, ressaltou a importância de cada um ser sal e luz neste mundo, como desenvolver as práticas da vida religiosa sem hipocrisia, pois Deus vê tudo; opôs-se à forma como a Lei era interpretada pelos escribas, esperando que seus novos discípulos expressassem uma justiça melhor daquela que os fariseus tinham (Mt 5.20). Nosso Mestre prossegue mostrando que, em relação aos bens materiais, o cristão precisa saber que seu Pai providenciará o necessário para a sua sobrevivência.

Em nossa caminhada para as mansões celestiais, devemos ser conscientes de que estamos constantemente sendo observados, primeiramente, por Deus, em segundo lugar, por outras pessoas. É claro, o mais importante é quanto ao que Deus pensa de nós, porque dEle virá o perfeito julgamento (1Co 4.4). No entanto, Paulo nos lembra que aquilo que as pessoas pensam de nós, como nos julgam, também merece ser levado em consideração: “Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a morte acaba-se tudo é totalmente errada, logo depois da morte vem o juízo (Hb 9.27). Os que possuem o conhecimento da Palavra, tendo a certeza de que brevemente se encontrarão com Deus, caminham neste mundo buscando proceder segundo a sua vontade, sabendo que de todos os seus atos, palavras, relacionamentos, terão que pedir contas. Por isso, em sua prática de vida diária, estão sempre analisando tudo cuidadosamente, tendo controle de seus atos, palavras e como julgam os outros, pois futuramente serão julgados por aquEle que conhece todas as coisas.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 201-203.

 

 

Jesus introduz um novo tema em seu sermão, tratando agora do complexo tema do julgamento. Ao mesmo tempo que condena o julgamento temerário (7.1-15), ele incentiva o julgamento daqueles que desprezam a mensagem de Deus e atacam os mensageiros (7.6). O que Jesus está condenando aqui, portanto, é o hábito de fazer crítica ferina e dura, e não o exercício da faculdade crítica pela qual os homens podem fazer, e se espera que façam, em ocasiões específicas, juízos de valor, escolhendo entre diferentes programas e planos de ação.

Warren Wiersbe tem razão ao dizer que os escribas e fariseus julgavam falsamente a si mesmos, às outras pessoas e até mesmo a Jesus. Esse julgamento falso era alimentado por sua falsa justiça.

LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 235-236.

 

 

Temos visto que o Sermão do Monte possui uma temática maravilhosamente unificada. Já era de se esperar, vindo do Pregador máximo e Mestre da Igreja. Seria errado, portanto, buscar por divisórias artificiais na estrutura do Sermão do Monte, o qual, apesar disso, toma diferentes formas de desenvolvimento conforme chega à conclusão e ao clímax.

A divisão em capítulos de nossas Bíblias (o que, obviamente, não existia nos manuscritos originais) simboliza um elemento nesse desenvolvimento. De modo geral, podemos dizer que o capítulo cinco enfatiza a vinda do reino de Deus e aquilo que este implica, especialmente em se tratando da lei de Deus. O capítulo seis enfatiza a Paternidade de Deus e a liberdade que isso nos proporciona. E o capítulo sete enfatiza o julgamento de Deus e o impacto que isso causa no modo como vivemos.

Para muitos, incluindo cristãos, o mero mencionar do julgamento de Deus traz determinada noção de incômodo. As pessoas acham difícil pensar em Deus enquanto Pai e Juiz, simultaneamente.

Certamente (elas imaginam), Ele deverá ser um ou outro. Mas ninguém que seja instruído nas Escrituras e sensível ao seu ensino deveria cair nessa falsa dicotomia. Sim, aquele que chegou à presença do próprio Deus por meio da leitura das Escrituras jamais duvidaria de que ambos os aspectos do caráter de Deus andam de mãos dadas.

Deus é tanto Pai quanto Juiz. Algo terrível para o descrente é que Ele é ambas as autoridades; ao rejeitar o julgamento de Deus em sua vida, o incrédulo também rejeita o privilégio de tê-lo como Pai; ao rejeitar a graça paterna de Deus, ele o encontra como Juiz. Já para o crente, conhecer a Deus enquanto Pai transforma a forma de vê-lo como Juiz, e o conhecimento de Deus como Juiz o enche de admiração por também ser Pai.

Entretanto, é geralmente mais fácil sentir ambos os aspectos maravilhosos do caráter de Deus do que descrevê-los coerentemente. Não podemos reduzi-los ao menor denominador comum. Temos de pensar em ambos, geralmente um após o outro.

Assim, sendo o Mestre dos mestres, Jesus primeiro explica o que significa ter Deus como nosso Pai, para depois desenvolver o que significa reconhecê-lo como nosso Juiz.

Conhecer a Deus como Juiz exerce influência santificadora e circunscrita sobre a vida. Em especial, tem o efeito de nos fazer buscar, com mais rigor, a santidade de coração e vida. Deus, na posição de Juiz, nos ensina a ter mais rigor quando se trata de lidar com o nosso pecado, em resolução perseverante a fim de subjugá-lo.

Ao mesmo tempo, porém, estarmos conscientes de ser Deus Juiz, nos ensina a sermos misericordiosos e amáveis para com as pessoas. Pois ao conhecermos nosso próprio coração, aprendemos a ter compaixão pelos outros em suas fraquezas. Discernir o julgamento de Deus traz pureza e santifica nossas atitudes em relação a nós mesmos e aos outros, bem como naquilo que se refere ao Senhor. Podemos examinar, em Mateus 7.1–11, essas três dimensões desenvolvidas detalhadamente.

Sinclair Ferguson. O Sermão do Monte. Editora Trinitas.1 edição 2019.

 

 

Palavra-Chave: CAUTELA

 

 

I – NÃO DEVEMOS JULGAR O OUTRO

 

 

1- Aprendendo a se relacionar com os outros.

 

A igreja é o corpo de Cristo, formada por Santos, porém humanos, imperfeitos e com dificuldade nos relacionamentos por isso estamos sujeitos a enfrentar contendas e disputas (1Co 1.11-12), nos mostra que Jesus não espera dos crentes perfeição, contudo, Ele exige que os súditos do seu reino sejam éticos e misericordiosos: “Sede, pois misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso” (Lc 6.36). O sermão do Monte é o código de ética dos servos de Deus, mostrando como devemos agir ou nos comportar diante de uma ação errada do nosso irmão.

 

 

COMENTÁRIO

 

Nós sabemos que mesmo sendo servos de Cristo, vivendo em uma dimensão espiritual, somos seres humanos comuns, de modo que precisamos viver em sociedade nos comunicando e sociabilizando uns com os outros. O salmista disse que é bom vivermos em comunhão (Sl 133.1). Cristo falou que a nossa unidade é uma grande prova de que vivemos a verdadeira fé (Jo 17.21). O mundo tem o seu conceito de socialização, de como as pessoas podem se relacionar umas com as outras, é claro, elas não enfatizam o lado do relacionamento firmado na fé em Cristo Jesus, mesmo assim buscam socializar-se bem uns com os outros. Pérsio Santos de Oliveira, falando da importância e do papel da socialização, expressa:

Os seres humanos necessitam de seus semelhantes para sobreviver, comunicar-se, criar símbolos e formas de expressão cultural, perpetuar a espécie e se realizar plenamente como indivíduos. É na vida em grupo que as pessoas se tornam realmente humanos. A sociabilidade, capacidade natural da espécie humana para viver em sociedade, desenvolvendo-se pelo processo de socialização.

Para se relacionar bem com todos, a primeira coisa que se faz necessária é o cristão ser dominado pelos ensinos de Cristo e viver segundo a vocação da fé, isto é, o cristão procurar viver a vida como cristão. Quando essa verdade é assente no coração do salvo, ele procura relacionar-se bem com Deus e com o próximo. Paulo sabia muito bem que cada pessoa tem um dom, temperamentos diferentes, porém, quando envolvesse relacionamentos, se cada cristão tivesse consciência de que está vivendo a vocação espiritual e a fé em Jesus, seria o suficiente.

Vivendo a fé em Cristo todo o Corpo, isto é, a Igreja, é bem ajustado, todo o trabalho a ser feito será realizado sem competitividade, desprezo para com o próximo, sem julgamentos precipitados, sem críticas infundadas, porquanto o que se procura é desenvolver cada vez mais a vocação cristã. Os que vivem a fé verdadeira em Cristo Jesus buscam desenvolver os melhores ideais, objetivam na prática a comunhão perfeita com todos, dado que vivem como Jesus Cristo viveu, amando a todos, e o conselho de Paulo é que tenhamos esse mesmo sentimento (Fp 2.5).

Só podemos nos relacionar bem uns com os outros, mantendo o vínculo da paz, se procurarmos obedecer à Palavra de Deus, a liderança que é dada como dons (Ef 4.11,12). Vale dizer que todos os programas, campanhas, palestras, estudos que são realizados na igreja são por demais relevantes, mas não são eles que criam a unidade ou bom relacionamento. Isso só é possível quando temos um espírito humilde e manso que vem de Cristo, assim estaremos em condições de suportar uns aos outros no amor de Cristo.

O fato de sermos cristãos não nos torna de imediato perfeitos, sem defeitos. Em nosso convívio de cristãos poderão surgir desigualdades, diferenças, descontentamentos. Para evitar tudo isso é preciso viver a verdadeira vida de vocação e fé em Cristo Jesus, atentar para os bons conselhos e orientações de uma liderança espiritual. Quando somos salvos em Cristo, temos a obrigação de andar conforme o Senhor Deus deseja. Ele não quer que sejamos dominados pelo egoísmo, ambição, inveja, ódio, ganância, mas, sim, como o seu Filho amado, em total obediência e humildade. Dessa maneira desenvolveremos relacionamentos saudáveis.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 203-205.

 

 

Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! Estão em foco os hebreus, agora sujeitados a fatores universalizadores após o retorno do cativeiro babilônico, aprendendo os caminhos do mundo helenista. Conforme diz um cântico popular, isso ocorreu no fim da Segunda Guerra Mundial: “Como você pode mantê-los agora nas fazendas, depois que viram Paris?”. Agora que Israel se expandia para fora, enquanto seus vizinhos se expandiam internamente, seria possível conservar os hebreus dentro de seu contexto distintivo, que fora criado por serem eles o povo da lei (ver Deu. 4.4-8)? O autor desta pequena porção da literatura de sabedoria esperava que suas palavras ajudassem Israel a reter sua fraternidade especial. Naturalmente, essas palavras aplicam-se a indivíduos, e não somente a comunidades nacionais, mas podemos estar seguros de que a inspiração da paz era uma preocupação que dizia respeito a laços nacionalistas na nação restaurada de Israel.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2479.

 

 

O que é elogiado – irmãos viv[endo] em união, não só brigando e devorando uns aos outros, mas alegrando-se uns com os outros demonstrando carinho mútuo e promovendo o bem-estar dos outros com serviços mútuos. Às vezes, escolhe-se, como melhor expediente para preservar a paz, que os irmãos vivam separados e distantes uns dos outros; o que, na verdade, pode evitar inimizade e discórdia (Gn 13.9), mas a afabilidade e o deleite são que os irmãos vivam em união, vivam como se fossem um (como alguns leem a frase), como se tivessem um coração, uma alma, um interesse. Davi teve muitos filhos com muitas esposas; é provável que tenha escrito esse salmo para a instrução deles, a fim de comprometê-los a amar uns aos outros; e se eles tivessem feito isso, muito do dano que houve na família de Davi teria sido alegremente evitado. Durante o governo dos juízes, as tribos de Israel tinham interesses separados havia muito tempo e, com frequência, com resultados ruins; mas, agora, que elas estavam unidas sob comando em comum, ele poderia sensibilizá-las em relação a quanto essa união era provavelmente para benefício delas, em especial, uma vez que a arca, agora, estava em um local fixo, e, com ela, fora fixado o local de reunião deles para a adoração pública e o local que seria o centro de sua união. Agora, que eles vivam em amor.

Quão louvável é: quão bom e quão suave é\ Isso é bom em si mesmo e consonante com a vontade de Deus, a conformidade da terra ao céu. Isso é bom para nós, para nossa honra e conforto. E um deleite e um prazer para Deus e para todos os homens bons; traz deleite constante para os que vivem em união. Quão bom\ Não conseguimos conceber nem expressar a excelência e deleite disso. Que coisa rara é e, por isso, admirável. Observe e maravilhe-se com o fato de que possa haver tanta afabilidade e deleite entre os homens, tanto do céu nesta terra! Veja que é uma coisa agradável e que atrai nosso coração. Veja que é uma coisa exemplar que, onde existe, deve ser imitada por nós com emulação santa.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 676-677.

 

 

2- Ninguém deve ser julgado?

 

Será que o crente não pode emitir nenhum tipo de julgamento, parecer ou opinião? Se fosse assim, nosso senhor Contrariar seu próprio ensino presente no texto. Pois nos alertou que devemos atentar para algumas pessoas que procedem como cães e porcos (Mt 7.6), além de Ele mesmo julgar o procedimento hipócrita de escribas e fariseus (Mt 5.20; 6 2.5,16), e Paulo fazer julgamento dos cristãos de Corinto e de outras igrejas (1Co 5.12; 1Ts 2.14-15; 1Jo 4.1). Essas passagens bíblicas mostram que o julgamento envolvendo uma pessoa não pode ser desprezado, porém, é preciso ter em mente não somos Jesus, o qual tinha conhecimento pleno da natureza humana (Jo 2.24-25).

 

 

COMENTÁRIO

 

 

Em momento algum, quando lemos Mateus 7.1, emana dos lábios de Jesus que um julgamento não deve ser feito. Na verdade, Ele não quer que sejamos neutros nas questões morais. O que Cristo objetivava era alertar quanto ao julgamento feito por alguém de modo ríspido, um ato de censura firmado na justiça própria. Além disso, sempre quando formos julgar alguém, é bom olharmos para nós mesmos, como bem expressa a Mishnah: “Não julgues ao teu semelhante enquanto não estiveres na posição dele”. O dito popular “Quando tu apontas um dedo para mim, três estão apontando para você” é importante. Por isso é necessário ser misericordioso e generoso ao julgar uma pessoa.

Quando Cristo diz “Não julgueis”, nota-se que o verbo do grego é krino, separar, colocar separadamente, selecionar, escolher, ser de opinião, julgar, pensar, presidir com o poder de emitir decisões judiciais, porque julgar era a prerrogativa dos reis e governadores. É claro que essas palavras não englobam todo tipo de julgamento (1Co 5.12), mas se referem àquele julgamento infundado, injusto, infiel, que não pode em momento algum ser provado.

Jesus não está proibindo os tribunais de julgarem, nem está tolhendo a capacidade crítica do ser humano. No próprio texto de Mateus 7.15-23, Ele fala da importância de seus discípulos julgarem os ensinos dos falsos mestres, inclusive ajudar outros a fazer isso corretamente (Mt 7.18). Como discípulos de Cristo, cada servo seu deve saber discernir bem as coisas para julgar corretamente. Antes, o julgamento deve ser feito com critério, como é bem ensinado por Paulo, em relação à disciplina de um membro (Rm 5.1-5).

O julgamento feito pelos escribas e pelos fariseus era duro, visava simplesmente apontar as falhas e os defeitos dos outros, além da justa medida. Faziam isso com toda severidade, com dureza e egoísmo pessoal, com maldade, malícia, sem qualquer sentimento de amor, como bem foi ensinado por Jesus em Mateus 5.36-48.

Pessoas que não conseguem enxergar coisas boas nos outros nunca serão vistas como boas, aquelas que só manifestam ódio, irão colher ódio, quem destila veneno, não demorará para ficar envenenado, quem não usa de misericórdia, jamais receberá misericórdia. Um cristão que tem o coração banhado pelo amor não deseja o mal para o seu próximo. A lei da semeadura é clara, o que se planta é o que se colhe (Gl 6.7), e, como Deus é Deus de justiça, e seu juízo é segundo a verdade, Ele agirá no momento certo (Rm 2.2), e por toda a palavra mentirosa que o homem diz, terá que prestar contas no Dia do Juízo (Mt 12.36).

Meus irmãos, não tenhamos um espírito crítico e arbitrário para condenar os outros, nem queiramos ter a posição de Deus, que é o verdadeiro juiz, pois conhece a pessoa por dentro e por fora, mesmo assim, é misericordioso (Mt 5.7). Ao julgarmos alguém, sejamos criteriosos e cheios de amor, misericórdia e compaixão. Por vezes, julgamos uma pessoa quando praticamos os mesmos pecados e as condenamos severamente.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 205-207.

 

 

O texto apresenta-nos algumas verdades solenes, como vemos a seguir.

[..] uma ordem expressa (7.1a). Não julgueis… Não temos conhecimento suficiente para julgar imparcialmente nem temos poder para condenar. Esse julgamento subjetivo, temerário e tendencioso não deve ser praticado pelos súditos do reino. Resta claro que Jesus está se referindo ao hábito de condenar e criticar. Trata-se da crítica tendenciosa e injusta. Fritz Rienecker, nessa mesma linha de pensamento, escreve:

Jesus se refere nesta passagem à atitude condenável de julgar sem amor, a qual ocorre com especial facilidade pelas costas do próximo.

E qual é em geral o motivo do julgamento frio e da condenação pelas costas? E a satisfação malévola secreta com a desgraça do próximo.

O próprio “eu” quer destacar-se com tanto maior brilho diante do fundo escuro da pretensa injustiça do outro. Gostamos de rebaixar o outro para que nós mesmos pareçamos grandes.

[…] uma justificativa clara (7.1b)…. para que não sejais julgados. Quem julga, será julgado. Quem se assenta na cadeira do juiz, assentar-se-á no banco dos réus. A seta que você lança contra o outro volta-se contra você. Robertson acredita que Jesus esteja aqui citando um provérbio semelhante a “quem tem telhado de vidro não joga pedra no telhado dos outros”

LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 236.

 

 

O ERRO DE JULGAR

Mateus 7:1-5

Quando Jesus fala deste modo, como o faz com tanta frequência no Sermão da Montanha, usa palavras e conceitos bem conhecidos pelos judeus de sua época. Muitas vezes os rabinos advertiam a seus ouvintes sobre o engano de julgar a outros. “Aquele que julga favoravelmente a seu próximo”, diziam, “será julgado favoravelmente por Deus.” Sustentavam que havia seis grandes boas obras que beneficiavam ao crente nesta vida e eram proveitosas até na vida vindoura – estudar, visitar os doentes, praticar a hospitalidade, orar devotamente, educar aos filhos na Lei, e pensar o melhor com respeito ao próximo. Os judeus sabiam também que a bondade no julgamento não é menos que uma obrigação sagrada.

É possível se pensar que este mandamento é fácil de obedecer, mas a história está infestada dos mais extraordinários enganos de julgamento. Houve tantos casos de julgamentos equivocados que se acreditaria que os homens deveriam aprender a abster-se totalmente de julgar a outros. Assim aconteceu na literatura.

Na Edinburgh Review do mês de novembro de 1814, Lorde Jeffrey escreveu um comentário sobre um poema que acabava de publicar Nordsworth, e que posteriormente se tornou famoso com o título de “A excursão”. E em seu julgamento crítico, dizia o comentarista: “Esta obra não vale nada.”

Ao comentar a publicação do famoso Endimión, de Keats, o periódico The Quarterly afirmava, de modo parcimonioso: “Há no poema algumas chispadas de talento que mereceriam melhor uso.”

Em repetidas ocasiões artistas que, posteriormente, chegariam a ser famosos, foram rechaçados por serem considerados inúteis. Em suas memórias Gilbert Frankau recorda como, na época vitoriana, a casa de sua mãe era uma reunião onde se encontravam as pessoas mais brilhantes da época. Sua mãe tomava provisões para entreter aos hóspedes com alguma expressão artística. Em certa oportunidade, convidou-se a uma jovem cantor australiana. Depois de ouvi-la, a senhora Frankau declarou: “Que voz atroz! Ela deveria ser amordaçada e não ser permitida cantar o resto de sua vida.” A cantora era Nellie Melba, uma das mais famosas sopranos de ópera, poucos anos depois.

Gilbert Frankau, que era produtor de teatro, estava montando uma obra e pediu a uma agência de atores que lhe mandasse candidatos jovens para o papel principal. Chegou um ator, enviado pela agência, e Frankau o provou. Imediatamente depois de ouvi-lo, telefonou aos diretores da agência, e lhes disse: “Não serve, e nunca servirá. É melhor que o aconselhem a buscar outra profissão, se não quiser morrer de fome.” O nome do moço era Ronald Colman, que se converteria num dos mais famosos atores de cinema que jamais tenha havido.

Muitas vezes somos culpados de sérios enganos de julgamento.

Collie Knox conta o que ocorreu a ele e a um amigo. Ele tinha sofrido um acidente aéreo enquanto cumpria uma missão como piloto do Royal Flying Corps, durante a II Guerra Mundial. Seu amigo, naquele mesmo dia, tinha sido condecorado pela Rainha no palácio de Buckingham, por sua valentia em combate. Depois das cerimônias mudaram de roupa, e agora vestidos como civis estavam jantando em um famoso restaurante de Londres. Enquanto o faziam se aproximou uma jovem que pôs nas mãos de cada um destes dois heróis uma pena branca, que era sinal de desprezo pela covardia de quem não colaborava no esforço de guerra do Reino Unido.

Dificilmente haja alguém que não seja culpado de ter cometido sérios erros de julgamento. Dificilmente haja alguém que não tenha sofrido algum engano de julgamento com respeito a si mesmo por parte de outros. E, entretanto, o estranho é que dificilmente haja um mandamento de Jesus que seja mais frequentemente desobedecido que este, no qual se nos proíbe julgar a outros.

William Barclay. Comentário Bíblico Mateus. pag. 282-284.

 

 

3- O julgamento defendido por Jesus.

 

Quando Jesus disse: “não julgueis”, Ele usou o verbo krinô, que no grego significa decidir, escolher, aprovar, estimar e preferir. Ensinar que não podemos julgar alguém tão somente baseado em nossas observações ou pela aparência pessoal. O próprio Senhor Jesus foi julgado pelos escribas e fariseus por comer com pecadores (Lc 5.30). Eles estavam errados porque a missão de Jesus era chamar os pecadores ao arrependimento (Lc 5.32). As Escrituras Sagradas nos ensinam a não julgarmos como também não admitir falso rumor e a testemunhar falsamente contra alguém (Êx 23.1).

 

 

COMENTÁRIO

 

 

Assim está escrito em João 7.24 (ARA): “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”. Os escribas e os fariseus se prendiam na Lei para fazer seus julgamentos, mas faziam isso de modo totalmente pervertido, sem atentar realmente para o espírito da Lei.

Na verdade, suas tradições e ritos religiosos, os sistemas externos, tudo isso falava mais forte do que o sentido espiritual da Lei, portanto, o reto juízo não vem da mera trivialidade de normas exteriores, nem de imposições legalistas, mas origina-se verdadeiramente de um discernimento espiritual, daqueles que realmente têm a mente de Cristo (1Co 2.16), que desenvolvem com Ele uma verdadeira comunhão.

Quando lemos Êxodo 23.6 (ARA), está escrito assim: “Não perverterás o julgamento…”. Aqui estava se falando para não deturpar os direitos do pobre no tribunal. No hebraico, o verbo perverter é natah e tem vários sentidos, mas quero ficar apenas com este: virar para o lado, inclinar, declinar, curvar-se. Quem julga sem base, sem verdade, está procurando virar para o lado, esconder a verdade.

Na Bíblia, encontramos dois tipos de julgamento em que se escondeu a verdade. O primeiro que citaremos foi promovido pela ardilosa e satânica Jezabel. Ela, dissimuladamente, formulou um julgamento contra Nabote para se apossar de sua herança, a qual não negociou com seu marido, Acabe, de modo que o sentenciou à morte injustamente (1Rs 21.2-15).

O segundo julgamento envolveu Davi, que no momento em que o profeta Natã, em parábola, falou do rico que se apossara da ovelhinha do pobre, prontamente disse que o tal deveria morrer, não sabendo que se tratava dele mesmo (2Sm 12.1-7). Nos dois casos, o julgamento foi pervertido. Portanto, amados e queridos irmãos, julguemos segundo a verdade, com provas cabais, sempre buscando o bem, e não segundo a aparência.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 207-209.

 

 

Jesus os repreende por avaliarem as coisas tão superficialmente, ou seja, “segundo a aparência”. Em contraste, eles deveriam julgar com justiça. A implicação do verdadeiro discernimento vem de João 3-17ss, levando em conta o significado de “juiz” (krino, em grego) que aparece ali. Quando as pessoas vão para a luz, elas passam do julgamento para a vida e podem “ver” claramente (ou seja, “julga[r] segundo a reta justiça”, Jo 7.24).

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 530.

 

 

A miséria da presunção religiosa:

A letra pode matar. Eles usavam a lei de Moisés a fim de impor uma perversão espiritual.

Haviam sido cegados pelas condições, ritos e cerimônias de natureza externa.

O sectarismo cega, e isso se aplica hoje às denominações c seus credos.

Considera os maus efeitos da soberba humana! O homem a quem excluís quiçá seja melhor homem de Deus do que tu.

O reto juízo é segundo o discernimento espiritual. Isso nos vem através da comunhão com a Luz. (Joào 21:7-9), paralelamente à cautela contra o orgulho espiritual e as cadeias denominacionais. Teremos a mente de Cristo, se ele tiver os nossos corações. (Ver notas em I Cor. 2:16).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 389.

 

 

SINOPSE I

No sermão do Monte Jesus Deixa claro que não devemos julgar o outro

 

 

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

Não Julgar ou Ser Julgado (Mt 7.1-5) “ Esta passagem é uma das declarações de Jesus mais equivocadamente interpretadas e erroneamente citadas. Sempre que a pessoa quer criticar sobre atitudes, ações ou estilo de vida de alguém, objeções são encontradas na ordem: ‘Não julgueis’. Obviamente não é o que Jesus pretendia aqui. Ele espera que julgamentos de valor sejam feitos, que o certo e o errado sejam identificados e que o digno e o indigno sejam discernidos, como vemos nos versículos seguintes (v.6). O discípulo deve poder ver a falta do irmão de forma que tal pessoa seja trazida a um a correção gentil, mas firme (cf. Mt 18.15-17). Jesus nunca disse que o bem e o mal são ideias relativas determinadas por cada pessoa. A tradição profética pede discernimento e correção. A oferta de Deus de perdão não envolve libertinagem impenitente” (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.59,60).

 

 

II – DEVEMOS PRIMEIRAMEN­TE OLHAR PARA NÓS MESMOS

 

 

1- Cuidado com o juízo exagerado sobre os outros.

 

Pessoas que não tem juízo impensadas e infundadas a respeito de outros, podem estar tentando esconder seus próprios erros. Podemos ver que tal fato ocorreu na vida do rei Davi quando cometeu adultério e homicídio. Para mostrar a Davi a suas iniquidades. O Profeta Natã contou a história de um viajante que matou a única ovelha de um homem pobre (2Sm 12.1-7).

Sem analisar Bem a História e estando com a sua consciência cauterizada pelo pecado, Davi prontamente declarou a sua sentença: “[…] Digno de morte é o homem que fez isso” (2Sm 12.5). Foi fácil para Davi enxergar o pecado do outro e considerado horrível, mas ele não pensou no seu, ou seja, não reparou a trave que estava nos seus olhos (Mt 7.3). Muitas vezes, de modo errôneo, procuramos falhas nos outros e os sentenciamos, mas ignoramos ou fazemos vista grossa em relação às nossas próprias falhas, que, por vezes, são mais graves do que as que outra pessoa está cometendo.

 

 

COMENTÁRIO

 

 

Paulo nos aconselha sempre a examinarmos a nós mesmos para sabermos se estamos de fato vivendo a verdadeira fé (2Co 13.5). Ele ainda diz assim: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo…” (1Co 11.28, ARA). Quando fazia alusão ao autoexame, antes da participação na Ceia, objetivava livrar o participante de um juízo divino, caso não estivesse com sua vida correta. Quem faz seu autoexame constantemente descobre suas falhas, suas doenças, suas fraquezas.

Desse modo, antes de querer fazer juízo dos outros, é ciente de todos os seus erros.

Quando lemos Gênesis 38.1-30, o narrador que vinha abordando a história de José faz um parêntese e introduz um acontecimento envolvendo uma figura importante, Judá, líder da família de Jacó. Ele seria aquele por meio de quem as promessas e as bênçãos feitas ao patriarca Abraão seriam cumpridas. Na verdade, seu nome iria se destacar na linhagem divina do Messias, inclusive Davi seria um de seus respeitáveis descendentes. Judá envolveu-se com os cananeus casando-se com Sua, e é a partir desse momento que se sucederão diversos acontecimentos não somente imorais, mas pecaminosos. O mais sério aqui é que iria envolver alguém do povo escolhido por Deus. Judá teve dois filhos, Er e Onã. O primeiro tornou-se o esposo de Tamar, mas como era perverso diante do Senhor, Ele o matou. O segundo, que deveria dar descendência ao seu irmão, também procedia contrário ao Senhor, por isso foi morto. O terceiro filho,

Selá, seria dado a Tamar para que pudesse gerar descendência.

Passou-se muito tempo, e Tamar percebeu que o sogro não iria cumprir a promessa que lhe fora feita. Ela então fingiu-se de uma prostitua sagrada (kedishot), de modo que o próprio Judá sem saber envolveu-se em uma relação amorosa e ilícita com a própria nora.

Antes que entrassem na relação, como forma de segurança, ela que era inteligente, pediu ao sogro o seu selo, seu cordão e o cajado, esses itens delineavam um homem de posição entre os hebreus. Terminada a relação, ela saiu, e não demorou para que a notícia chegasse aos ouvidos de Judá de que sua nora estava grávida. A reação do sogro foi autoritária: “…Então, disse Judá: Tirai-a fora para que seja queimada” (Gn 38.24, ARA), mas como ela tinha nas mãos alguns objetos que provavam com quem havia estado, que eram do sogro, ao mostrá-los sua fúria logo se esfriou e passou a julgá-la de outro modo dizendo:

“Reconheceu-os Judá e disse: Mais justa é ela do que eu, porquanto não a dei a Selá, meu Tem, basicamente, a conotação legal de “estar no direito ou ter uma causa justa”. Para nós, Tamar cometeu ato moralmente condenável, mas em sentido técnico, na lei do levitaro, ela estava em seu direito. Ela conseguiu um filho através do homem responsável em providenciar que um parente de seu marido lhe fosse dado como marido substituto. Diante de todos ficou comprovado que Judá foi negligente em seu dever de dar Selá a Tamar, e que era o responsável por engravidar a mulher a quem tinha condenado furiosamente à morte. Logicamente que nenhum dos dois está à altura dos mais sublimes conceitos de justiça na Bíblia, mas Judá estava mais errado do que Tamar.

Essa história mostra que Judá não estava sendo fiel com sua Palavra, ao passo que a nora sim, por isso ela se lança a tal missão a fim de que o seu sogro cumprisse a lei do levirato, a qual vem antes de Moisés. Judá viu o quanto Tamar era justa, e ele não. Judá olhou para si mesmo — ele tinha poder e condições de sair daquela situação, poderia ter usado da sua influência ou de qualquer ardil, mas não o fez, pois viu que o erro dele tinha sido maior do que o dela. Tudo isso nos ensina que, quando formos julgar os outros, sempre é bom dar uma olhadinha no nosso passado, nas ações feitas, e ver se a pessoa que estamos tentando condenar não é mais justa do que nós.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 209-211

 

 

Então o furor de Davi se acendeu. Isso aconteceu quando ele ouviu a parábola contada por Natã. Até aquele momento, a mente de Davi estava por demais embotada para compreender que Natã falava sobre o próprio Davi, o tempo todo. Assim, com grande indignação, o rei pronunciou a execução do rico. Ele merecia a morte e deveria morrer! Talvez Davi passasse a sentença sobre o homem em uma corte de justiça (I Sam. 26.16). O mais provável, ainda, é que saísse atrás do homem pessoalmente, ou enviasse seus melhores soldados para despedaçá-lo. De acordo com a lei, uma ovelha furtada ou morta tinha de ser substituída por sete vezes (conforme determina a Septuaginta), ou por quatro vezes (conforme determina o Antigo Testamento no original hebraico, em Êxo. 22.1). Mas Davi, como rei, poderia decretar qualquer punição que achasse justa. Ele não estava atrás de restauração. Ele queria o homem morto.

“Quão facilmente nosso ressentimento acendeu-se em casos de injustiça óbvia… que não dizem respeito, diretamente, à nossa própria segurança, orgulho ou posição, ou nossos próprios desejos egoístas? Quão facilmente, todo o tempo, praticamos nossas próprias formas de injustiça!’ (Ganse Little, in loc.). O temperamento fogoso de Davi imediatamente fez acender sua ira, conforme por muitas vezes aconteceu com ele (ver I Sam. 25.13,22,33); e, no entanto, ele não estava irado consigo mesmo, o ofensor da parábola. Ele estava ansioso para dirigir seu desprazer contra outra pessoa. Assim, externamente, desculpamos em nós mesmos o que condenamos, com veemência, em outras pessoas.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1276.

 

 

Natã e Davi

O profeta Natã (cf. comentário sobre 7.2) foi enviado pelo Senhor para confrontar Davi com seu pecado. Dramaticamente usou uma parábola simples, mas admirável para revelar a verdade à consciência do rei. A sabedoria desta abordagem faz um paralelo com o discurso de Paulo aos atenienses no Areópago (At 17.22-31). Cada elemento da parábola é planejado para estimular a solidariedade do rei e ultrajar o seu senso de justiça: um homem pobre com apenas uma cordeira, a qual ele amava com grande estima; um homem rico com uma riqueza abundante em rebanhos e gado; a cruel desconsideração pelos sentimentos e direitos de seu pobre vizinho ao tomar-lhe a única cordeira e matá-la para os seus convidados (1-4).

A reação de Davi foi imediata e correta. A sua ira foi provocada, e ele declarou: Digno de morte é o homem que fez isso (5), ou como o hebraico o expressa literalmente: “é um filho de morte”. Além disso, a cordeira roubada deveria ser restituída quatro vezes (6), a devolução exigida pela lei (Ex 22.1; cf. Lc 19.8). Natã revelou com habilidade o ponto-chave da parábola, com as dramáticas palavras: Tu és este homem (7). A palavra de Deus para o rei o lembrou de que o Senhor lhe havia ungido rei de Israel; havia lhe livrado da mão de Saul; havia lhe dado muitas esposas, e teria dado ainda mais, se tudo isso não fosse suficiente (8). E, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas, ou “Eu acrescentaria ainda mais” (Moffatt). Apesar disso, Davi tinha desprezado o mandamento de Deus, e tinha feito o mal diante de seus olhos com o pecado duplo de adultério e assassinato (9).

T. Purkiser, M. A.. Comentário Bíblico Beacon I e II Samuel. Editora CPAD. Vol. 3. pag. 246.

 

 

2- A inconsistência dos que possuem espírito de crítica.

 

Aqueles que possuem o espírito mórbido da crítica irão incorrer em graves consequências é o que Jesus ensina em Mateus 7.2. Para os críticos que não conseguem ver as manchas corrosivas em suas vidas, Jesus disse: “ Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (Jo 8.7). Os Escribas e fariseus eram peritos em julgar os outros, eram autoconfiantes e justos aos seus próprios olhos (Lc 18.9). Por isso, foram duramente repreendidos pelo Senhor Jesus. Somente o Espírito Santo pode transformar o nosso homem interior, afastando de nós todo desejo de julgamento ou crítica, precisamos seguir a recomendação de Paulo: “Examine-se pois o homem a si mesmo [ …]” (1Co 11.28).

 

 

COMENTÁRIO

 

 

Negar o julgamento correto é contrariar o próprio texto bíblico, mas ao fazê-lo é preciso que sejamos firmes, que haja lógica, coerência, consistência. Isso está bem claro quando Jesus diz para não dar as coisas santas aos cães (Mt 7.6) e quando fala para termos cautela quanto aos falsos profetas (Mt 7.15). Para determinarmos o que é certo e errado, precisamos fazer uso correto do nosso juízo discriminador.

No Novo Testamento, há grandes exemplos de homens de Deus que fizeram julgamento de modo firme, consistente. Citaremos dois exemplos: Paulo foi o primeiro — certa vez disse a Tito para evitar o homem faccioso, isso depois de tê-lo advertido duas vezes (Tt 3.10). É claro, quando Paulo chamou esse homem de faccioso não o fez simplesmente por fazer, sem base, mas com conhecimento verdadeiro.

Outro exemplo é o de João, o apóstolo do amor. Ele dizia que aquele que não trazia a verdadeira doutrina não poderia ser recebido e gozar da comunhão com os irmãos (2Jo 10). O julgamento desses dois homens de Deus não estava alicerçado em crítica que visasse exibir a sua justiça pessoal, como procediam os escribas e os fariseus (Lc 16.15), nem buscava uma ação condenatória alicerçada no ego, como fazia o fariseu quando orava (Lc 18.9-14). Quando se age assim, o ar de superioridade vem em primeiro lugar e condenar os outros como não tendo razão é muito fácil.

O verdadeiro julgamento é feito com total desprendimento, pois o inconsistente aproveita a falha, o erro daquele com quem se manifesta um sentimento de inveja, ciúmes, que ao tomar conhecimento de alguma falha ou erro que cometeu em sua vida, vale-se disso imediatamente para condenar. O julgamento inconsistente gosta das mesas redondas para falar de pessoas que, por vezes, não conhece de verdade; isso gera preconceitos, impedindo que se enxergue as boas qualidades que elas possuem.

Não somos Deus; somente Ele pode dar a palavra final. Cabe a nós fazermos julgamentos firmados no amor e sempre atentando para nós mesmos. É lamentável, mas muitos líderes e cristãos estão vivendo no meio do povo de Deus na mesma atitude dos discípulos de Jesus, que quando não foram recebidos pelos samaritanos, logo queriam que fogo viesse do céu e os consumissem, desejavam destruí-los por um fato isolado. A resposta de Jesus foi: “Jesus, porém, voltando-se os repreendeu [e disse: Vós não sabeis de que espírito sois]” (Lc 9.55, ARA).

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 211-213.

 

 

A um critério justo (7.2). Pois, com o critério que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Quando o homem exerce o juízo temerário, está não apenas usurpando um julgamento que só pertence a Deus, mas também estabelecendo o critério para seu próprio julgamento. A mesma régua que a pessoa usa para medir o outro, a fim de julgá-lo, será usada para seu próprio julgamento.

Warren Wiersbe diz que os fariseus faziam o papel de Deus ao condenar os outros, mas não levavam em consideração que, um dia, eles próprios seriam julgados.

LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 237.

 

 

Se, então, Jesus não estava abolindo os tribunais legais, nem proibindo a crítica, o que quis dizer com não julgueis? Com outras palavras: “não censurar”. O discípulo de Jesus é um “crítico” no sentido de usar o seu poder de discernimento, mas não um “juiz” no sentido de censurar. A censura é um pecado composto, que consiste de diversos ingredientes desagradáveis. Não significa avaliar as pessoas com discernimento, mas condená-las severamente. O crítico que julga os outros é um descobridor de erros, num processo negativo e destrutivo para com as outras pessoas, e adora viver à procura de falhas nos outros. Imagina as piores intenções nas pessoas, joga água fria nos seus planos e é inexorável quanto aos erros delas. Pior do que isso, censurar é assumir o papel de juiz, reivindicando assim a competência e a autoridade de fazer um julgamento de seu próximo.

Mas, se eu o fizer, estarei colocando a mim e aos meus companheiros numa posição errada. Pois desde quando são eles meus servos, subordinados a mim? E desde quando sou eu seu senhor e juiz? Como Paulo escreveu aos Romanos, aplicando a verdade de Mateus 7:1 à sua situação: “Quem és tu que julgas o servo alheio? para o seu próprio senhor está de pé ou cai” (14:4). Paulo também aplicou a mesma verdade a si mesmo quando se encontrou rodeado de difamadores hostis: “Pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações.” O ponto simples mas vital que Paulo está apresentando nestes versículos é que o homem não é Deus. Nenhum ser humano está qualificado a ser o juiz de outros seres humanos, pois não podemos ler os corações dos outros nem avaliar os seus motivos.

Condenar é atrever-se a agir como se fosse o dia do juízo, usurpando a prerrogativa do divino Juiz; na verdade, é “brincar de Deus”. Não só não devemos julgar, como nos encontramos entre os julgados, e seremos julgados com muito maior severidade se nos atrevermos a julgar os outros. Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também. A exposição dos princípios está clara. Se assumimos a posição de juízes, não podemos invocar a ignorância da lei que estamos reivindicando ser capazes de administrar aos outros. Se gostamos de ocupar a cátedra, não devemos ficar surpresos ao nos encontrarmos no banco dos réus.

Como Paulo explicou: “Portanto, és indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas; porque no julgar a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias cousas que condenas.” Resumindo, a ordem de não julgar não é uma exigência para que sejamos cegos, mas antes uma exortação a sermos generosos. Jesus não nos diz que deixemos de ser homens (deixando de lado o poder crítico que nos distingue dos animais), mas que renunciemos à ambição presunçosa de sermos Deus, colocando-nos na posição de juízes.

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 82.

 

 

3- O que fazer para não julgarmos precipitadamente os outros?

 

Primeiro é preciso ter consciência de que temos falhas e imperfeições embora não tenhamos mais prazer no erro. Em segundo lugar, precisamos nos relacionar com as pessoas com o mesmo amor que um dia Jesus Cristo teve para conosco (Jo 3.16), pois “o amor não faz mal ao próximo” (Rm 13.10). Terceiro, não podemos nos esquecer de que fomos alcançados pela graça e precisamos tratar a todos com o mesmo favor e merecido que recebemos (Ef 2.8-9). Então, ao invés de julgar, que venhamos orar por aqueles que pecaram, pedindo ao Senhor que lhes conceda um novo recomeço, pois temos um Deus que é bom e misericordioso.

 

 

COMENTÁRIO

 

 

Para não julgarmos os outros de modo precipitado, basta que atentemos para as palavras de Cristo em Mateus 7.3-5. Se as colocarmos em prática, não julgaremos os outros precipitadamente. Nessa seção, de modo metafórico, Jesus nos leva à conscientização de que temos em nossas vidas muitos pecados. Alguns são como argueiros (kárphos, um talo ou ramo seco, palha, palhiço, resíduos dos cereais) ou estilhaços, outros como trave (dokós, viga) ou tábua. A primeira coisa a fazer com eles é tratá-los antes de tratarmos os outros.

Precisamos entender que em momento algum, como antes falamos, Jesus está dizendo que não devemos nos preocupar em corrigir ninguém, pois em Tiago 5.19,20 somos incentivados a corrigir os faltosos. Porém Ele nos lembra de que não devemos nos precipitar em nosso julgamento em relação a outras pessoas, condenando-as; devemos estar cientes dos nossos pecados e, como espirituais que somos, o tratamento deve ser criterioso e com amor (Gl 6.1).

Os que procuram julgar os outros sem primeiramente atentar para a sua vida agem como hipócritas, querendo curar as outras pessoas quando elas mesmas estão enfermas. Jesus quer que o crítico tire a trave do seu próprio olho para poder enxergar melhor. Somente depois disso, vendo seus próprios erros, suas fraquezas humanas, procure tirar o pequeno cisco do olho do irmão.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 213-214.

 

 

[…]um discernimento necessário (7.3,4).

E mais fácil enxergar um cisco no olho do irmão do que uma tábua em nossos próprios olhos. Somos complacentes com nós mesmos e implacáveis com os outros. Somos rasos demais para ver nossos erros e profundos demais para examinar os erros dos outros. Devemos ter discernimento não para ver com lentes de aumento os pecados dos outros, mas devemos ter clara visão para socorrermos o nosso irmão em seu desconforto. Warren Wiersbe está correto ao afirmar que os fariseus julgavam e criticavam os outros para exaltar a si mesmos (Lc 18.9-14), mas os cristãos devem julgar a si mesmos para ajudar a exaltar os outros.6 Concordo com R. C. Sproul quando ele diz: “Nada divide a igreja com mais rapidez do que a ação daqueles que julgam duram ente seus irmãos”.

[…] uma denúncia solene (7.5). Jesus chama de hipócrita aquele que vê transgressões pequenas na vida dos outros e não consegue enxergar os grandes pecados em sua própria vida. Antes de tratar dos outros, precisamos enfrentar a nós mesmos.

LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 237.

 

 

O cristão não deve ser hipócrita (vs. 3, 4). Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? 4Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Agora Jesus conta a sua pequena e famosa parábola sobre o “corpo estranho” nos olhos das pessoas, partículas de pó de um lado e traves ou toras de outro. James Moffatt chamou-os de “lasca” e “tábua”. Primeiro, Jesus denunciou nossa hipocrisia para com Deus, isto é, a nossa prática de piedade diante dos homens para sermos vistos por eles. Agora, ele denuncia a nossa hipocrisia em relação aos outros, isto é, interferindo em seus pecadilhos, enquanto deixamos de resolver as nossas próprias faltas mais sérias. Eis aqui um outro motivo por que não temos capacidade para ser juízes: não apenas somos seres humanos falíveis (o que não ocorre com Deus) mas também somos seres humanos decaídos. Todos nós nos tornamos pecadores com a Queda. Portanto não estamos em posição de julgar outros pecadores iguais a nós; estamos desqualificados para a cátedra de juiz.

A figura de uma pessoa lutando na delicada operação de remover um cisco do olho de um amigo, enquanto uma imensa tábua em seu próprio olho impede totalmente a sua visão, é ridícula ao extremo. Mas, quando a caricatura ê transferida para nós mesmos e para a nossa atitude ridícula de ficar procurando os erros dos outros, nem sempre apreciamos a brincadeira. Temos uma tendência fatal de exagerar as faltas dos outros e diminuir a gravidade das nossas. Achamos impossível, quando nos comparamos com os outros, permanecer estritamente objetivos e imparciais. Pelo contrário, temos uma visão rósea de nós mesmos e uma deformada dos outros. Na verdade, o que geralmente acontece é que vemos nossas faltas nos outros e os julgamos vicariamente. Desse modo, experimentamos o prazer da justiça própria sem a dor do arrependimento. Portanto, hipócrita (v. 5) aqui é uma expressão chave. Pior ainda, esta espécie de hipocrisia é a mais desagradável porque, tendo até aparência de bondade (tirar um cisco do olho de alguém), transforma-se em um meio de inflar o nosso próprio ego. A condenação, escreve A. B. Bruce, é o “vício farisaico de exaltarmo-nos amesquinhando os outros, um modo muito baixo de obter superioridade moral”.

 A parábola do fariseu e do publicano foi o comentário de nosso Senhor sobre esta perversidade. Ele a contou “a alguns que confiavam em si mesmos por se considerarem justos, e desprezavam os outros”. O fariseu fez uma comparação odiosa e incorreta, engrandecendo sua própria virtude e os erros do publicano. O que nós deveríamos fazer é aplicar a nós mesmos um padrão pelo menos tão estrito e crítico como aquele que aplicamos aos outros. “Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados”, escreveu Paulo. Não só escaparíamos do julgamento divino, mas também estaríamos em condição de ajudar com humildade e amabilidade ao irmão que está em erro. Tendo removido antes a trave de nosso próprio olho, veríamos claramente como remover o cisco do olho dele. c. O cristão deve antes ser um irmão (v. 5) Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão. Algumas pessoas supõem que, na parábola dos corpos estranhos, Jesus estivesse proibindo-nos de agir como oculistas morais e espirituais que interferem nos olhos dos outros, e dizendo-nos que tratássemos de nossa própria vida. Mas não é assim. O fato da condenação e da hipocrisia serem proibidas não nos isenta da responsabilidade de irmãos, uns para com os outros.

Pelo contrário, Jesus mais tarde ensinaria que, se nosso irmão pecar contra nós, a nossa primeira obrigação (embora geralmente negligenciada) é de “argui-lo entre ti e ele só”. A mesma obrigação é colocada sobre nós aqui. Na verdade, em determinadas circunstâncias, somos proibidos de interferir, isto é, quando há um corpo estranho muito maior em nosso próprio olho e não o tenhamos removido. Mas, em outras circunstâncias, Jesus realmente nos ordena que reprovemos e corrijamos nosso irmão. Depois de resolver o problema com o nosso próprio olho, podemos ver claramente e mexer no olho do outro. Uma sujeirinha no olho dele é chamada, afinal de contas e muito corretamente, de corpo “estranho”.

Não pertence ao olho. Sempre será estranho, geralmente doloroso e, às vezes, perigoso. Deixá-lo ali, sem nenhuma tentativa de remoção, dificilmente seria coerente com o nosso amor fraternal. Nosso dever cristão, então, não é ver o argueiro no olho do nosso irmão, enquanto, ao mesmo tempo, não reparamos na trave (v. 3) no nosso próprio olho; e, muito menos, dizer ao nosso irmão: “Deixa-me tirar o argueiro do teu olho”, enquanto ainda não retiramos a trave de nosso próprio olho (v. 4); mas, antes, tirar primeiro a trave de nosso próprio olho, para que com a claridade de visão resultante possamos tirar o argueiro do olho de nosso irmão (v. 5). Novamente se evidencia que Jesus não está condenando a crítica propriamente dita mas, antes, a crítica desvinculada de uma concomitante autocrítica; não a correção propriamente dita mas, antes, corrigir os outros quando nós mesmos ainda não nos corrigimos.

O padrão de Jesus para os relacionamentos na contracultura cristã é alto e sadio. Em todas as nossas atitudes e no comportamento relativo a outras pessoas, nem devemos representar o juiz (severo, censurador e condenador), nem o hipócrita (que acusa os outros enquanto se justifica), mas o irmão, cuidando dos outros a ponto de primeiro acusar-nos e corrigir-nos para depois procurarmos ser construtivos na ajuda que lhes vamos dar. “Corrija-o”, disse Crisóstomo, referindo-se a alguém que tinha pecado, “mas não como um inimigo, nem como um adversário que exige o cumprimento da pena, mas como um médico que fornece o remédio”, e, ainda mais, como um irmão amoroso e ansioso em salvar e restaurar. Precisamos ser tão críticos conosco como somos geralmente com os outros, e tão generosos com os outros como sempre somos conosco. Assim cumpriremos a Regra Áurea que Jesus nos dá no versículo 12 e agiremos em relação aos outros como gostaríamos que eles fizessem conosco.

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 82-83.

 

 

SINOPSE II

Antes de emitir qualquer juízo de valor a respeito do próximo, devemos, primeiramente, olhar para nós mesmos.

 

AUXÍLIO VIDA CRISTÃ

“Não julgueis

Como o relacionamento de cada cristão com Deus é ‘secreto’, não temos nenhuma base para julgar os motivos ou a s convicções dos outros, nem mesmo o seus fracassos e suas fraquezas. Se desejarmos ser críticos, devemos ser críticos de nós mesmos. Existe uma diferença entre essa advertência, e o chamado de Paulo para a igreja disciplinar os pecadores (1Co 5.1-12). Quando um crente insiste em um comportamento que a Bíblia claramente identifica como sendo pecado, devemos concordar com as Escrituras e punir. Neste caso, nós não julgamos, mas concordamos com o julgamento da Palavra de Deus. Jesus estava falando, no texto de Mateus, sobre um espírito de crítica, ou uma arrogância que nos leva a supor que temos o direito de julgar o coração dos outros” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.560).

 

 

III – E SE FÔSSEMOS JULGADOS PELA SEVERIDADE DE DEUS

 

 

1- Deus é severo?

 

O apóstolo Paulo diz que devemos considerar a bondade e a severidade do Senhor (Rm 11.22). A bondade de Deus é revelada por intermédio da salvação em Jesus Cristo. No que tange à sua severidade, ela é empregada para com aqueles que pecam deliberadamente e não se arrependem dos seus pecados (Rm 3.23).

 

 

COMENTÁRIO

 

 

No segundo século, encontramos a história de um homem chamado Marcião, que foi fundador de igrejas que entraram em debate com o cristianismo ortodoxo. Ele veio de Sinope, no Ponto, para Roma, e ofereceu à igreja uma soma em dinheiro. Em 144 d.C., foi afastado da comunhão porque seus ensinos eram errados, e seu dinheiro foi devolvido. Com as riquezas e capacidade intelectual que possuía, procurou criar uma igreja rival e passou a espalhar sua doutrina por diversas partes.

Marcião proferia muitas heresias nos seus ensinos, mas a que queremos destacar aqui é quanto ao ponto de vista que ele tinha sobre o Deus do Antigo Testamento. Em sua concepção, o Antigo Testamento foi feito por Demiurgo, um tipo de deus justo e iracundo, o qual colocou seu povo para viver debaixo de uma lei muito severa.

Era impossível que esse deus fosse o real poder divino; era apenas o deus do Antigo Testamento, e não o Deus mais alto, sublime, desconhecido da revelação do Novo Testamento.

Por causa desse seu entendimento, Marcião deixou de lado o Antigo Testamento e publicou o seu próprio Novo Testamento, composto do Evangelho de Lucas e de dez epístolas paulinas, com exceção das pastorais. Esse homem falava de um deus criador e de um deus redentor. O deus criador julgava, o deus redentor, que era Pai e desconhecido, era mais amoroso. No Antigo Testamento, encontra-se o deus dos judeus que julga, comete males, é contraditório e severo.

Podemos dizer que Marcião não entendeu bem o verdadeiro Deus descrito nas páginas do Antigo Testamento, o qual não é injusto, maléfico, severo e nem contraditório, mas, sim, amoroso e justo. A bondade divina pode ser descrita no ato de sua criação, pois providenciou o melhor para o homem, inclusive colocando-o em um jardim (Gn 2.15). Toda a criação divina foi um ato de bondade com o homem (Gn 1.31), contudo, a severidade e a rigidez de Deus só acontecia quando o homem desprezava suas leis e seus ensinos.

As páginas do Antigo Testamento não mostram um Deus inflexível, indulgente, um tirano, mas um Deus bondoso, justo. Ele não castiga o justo como faz com o ímpio pecador (Gn 18.23), não tem prazer na morte do pior perverso (Ez 33.11) e é flexível quando um pecador cruel se arrepende, como aconteceu com o rei Acabe (1Rs 21.29).

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 214-216.

 

 

Paulo emprega aqui a palavra «…bondade…» porque tal ideia está vinculada «às riquezas de Cristo», sobre as quais lemos nos versículos doze e quinze deste capítulo, isto é, a «vida dentre os mortos», aquela vida espiritual que garante uma mais completa fruição da mesma na eternidade.

«…severidade…» porque pode haver a perda dessas bênçãos, bem como pode haver um julgamento, parcialmente evidenciado agora no endurecimento judicial imposto por Deus (ver os versículos sétimo a décimo deste mesmo capítulo), mas o qual julgamento se concretizará plenamente quando do juízo eterno, com a perda da vida eterna. Ora, tais coisas só podem ser aplicadas verdadeiramente a «indivíduos», e não a grupos, comunidades e nações, porquanto tais advertências se dirigem especificamente a indivíduos. Qual é a verdade mais insistentemente pregada nas igrejas atuais do que aquela que afirma que a salvação e a fé são questões eminentemente pessoais? Como, pois, poderíamos interpretar desonestamente estes versículos, aplicando-os somente como características de nações e povos, mas não de indivíduos? Falar de «bondade» aqui, sem a ideia da bondade de Deus, que proporciona a salvação por meio de Cristo, é negar o conteúdo inteiro desta secção. Por igual modo, falar da «severidade» de Deus, sem incluir a cegueira judicial e os seus resultados naturais, no juízo vindouro, é distorcer a mensagem de todo o contexto, e, de fato, a mensagem da secção inteira dos capítulos nono a décimo primeiro dessa epístola aos Romanos.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 797.

 

 

Nós os gentílico-cristãos deveríamos ter aprendido uma dupla lição. Por um lado não existe perante Deus nenhuma candidatura “natural” ao inferno. Pessoas flagrantemente não-eleitas podem tornar-se eleitas (Rm 9.25,26). Mas vale também o reverso: Não existe uma postulação mecânica da salvação. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, também não te poupará. Pessoas eleitas podem vir a ser rejeitadas. O NT contém, para os membros da igreja cristã, advertências que calam fundo.

Paulo resume. Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado. Nessa proclamação sobre Deus, a bondade que presenteia e o rigor do juiz perfazem uma unidade inseparável. Primeiramente sobre a severidade: De fato Deus é perigoso (cf v. 20: teme a Deus!), a saber, para todos e em todo tempo. “Salvar-se de Deus é possível unicamente quando se foge para Deus” (Martinho Lutero). Permanecer na salvação somente é possível “se permaneceres na bondade” – uma paráfrase especialmente bela para “estar firme na fé” do v. 20.

Adolf Pohl. Comentário Esperança Romanos. Editora Evangélica Esperança. 1 Ed. 1999.

 

 

2- Como Deus nos julga?

 

O Todo-Poderoso não é um ser que está lá no céu desejando agir brutalmente, que descarrega sua ira aleatoriamente. É preciso compreender que no relacionamento com as suas criaturas, Ele age com retidão e justiça (Is 4 5-21; 2Tm 4.8). O crente deve ser consciente de que Deus é justo, estabeleceu um governo moral no mundo e disponibilizou suas leis para serem praticados. Quando as leis divinas são observadas pelos seus filhos, Deus os recompense, mas quando elas são quebradas, há consequências e sanções (Dt 7.9,12). O julgamento do Senhor não é feito pela aparência dos fatos, pois Ele conhece o mais profundo do nosso coração e intenções.

 

 

COMENTÁRIO

 

 

Não precisamos recorrer às diversas e belíssimas definições sobre Deus e sua justiça para entendermos como Ele procede no julgamento. Basta atentarmos para as palavras de Paulo: “Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas” (Rm 2.2, ARA).

O teólogo Champlin, seguindo a perspectiva paulina, esclarece que, quanto ao julgamento segundo a verdade, Deus não julga o homem de acordo com noções éticas dos homens; a verdade divina, acerca da verdadeira moralidade, é absoluta, exigindo uma perfeição absoluta. Somente na pessoa de Deus, como é evidente, pode ser encontrada essa perfeição absoluta. A base do julgamento e da condenação de um homem da parte de Deus está assente em sua própria santidade, pois como bem fala o teólogo Eurico Bergstén:

“A justiça de Deus é uma expressão de sua santidade” e ele ainda acrescenta:

A justiça é a santidade de Deus em ação, relativamente aos homens. Deus é justo (Rm 1.17; 10.3; Jo 17.25; Sl 116.5; 2Tm 4.8). Na sua justiça, Ele zela pelo cumprimento das suas leis e normas dadas aos homens. Na sua santidade e verdade, Deus não pode revogar a sua própria Palavra, nem a sentença imposta aos transgressores, porque elas são imutáveis como Ele o é. A justiça de Deus leva o homem, que vive em pecado, ao juízo divino (Dt 1.17).

No geral, em se tratando da bondade e severidade de Deus, pelo contexto bíblico, é sempre bom analisar as palavras de Paulo em Romanos 11.22 (ARA): “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado”.

Compreendemos a citação anterior à luz da soberania do Senhor.

Por certo tempo resolveu Ele colocar Israel de lado para oportunizar a salvação ao mundo inteiro por meio da fé em seu Filho Jesus. Deus tomou essa atitude vista como severa como castigo para aqueles que caíram (Rm 9.32,33), todavia, tem sido bondoso para com os gentios, em especial com aqueles que aceitaram a fé, porém, eles devem permanecer firmes na sua benignidade, isto é, uma fé perseverante, uma constante dependência de Cristo. Caso não procedam assim, semelhantemente serão cortados como os judeus.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 216-217.

 

 

Deus derrama as bênçãos de Sua aliança, Sua fidelidade e Seu amor, sobre aquele que são obedientes. Suas bênçãos se estendem a tudo que pertence a tais pessoas, de modo que Israel se multiplicará como povo, enquanto que suas colheitas e rebanhos produzirão abundantemente.

Doenças como as que afligiam os egípcios seriam removidas do meio dos israelitas e transferidas para seus inimigos.

Nesta passagem, como em muitas outras no Velho Testamento, retrata-se um relacionamento muito íntimo entre o povo e a terra. Um povo obediente desfruta as bênçãos de Deus em sua terra, ao passo que os desobedientes descobrem que as maldições alcançam sua terra, suas colheitas e seus rebanhos. Uma comparação desta breve lista de maldições e bênçãos com as encontradas em 27:11 — 28:68 e Levítico 26 é instrutiva. As maldições e bênçãos mencionadas nessas passagens fazem lembrar listas semelhantes encontradas em antigos tratados de suserania do Oriente Próximo, no período entre 2500 e 650 AC.

A. Thompson. Comentário Bíblico Deuteronômio. Editora Vida Nova.

 

 

Deus… que guarda a aliança e a misericórdia. Deus havia jurado fidelidade ao Pacto que firmara com Abraão e com todos os pais da nação de Israel. Agora esse amor era protestado a Moisés e a Josué. Todavia, o pacto estava condicionado à obediência e ao amor de Israel a Yahweh (6.5). Essas condições, contudo, tiveram cumprimento porque o próprio Yahweh havia arranjado as circunstâncias e os poderes que permitiram o cumprimento delas. O próprio dom trazia embutido em si os meios que levariam a seu cumprimento. Haveria disciplina e espiritualidade suficientes para que todas as condições fossem satisfeitas. Diz um antigo hino: “Ele me guiou e me seguiu”. É o que também sucede ao crente do Novo Testamento, conforme Pedro esclarece em II Ped. 1.3: “… pelo seu divino poder nos têm sido doadas todas as cousas que conduzem à vida e à piedade…”. Desse modo, a vontade divina e a vontade humana cooperam uma com a outra,

Guarda. No hebraico temos a palavra hesedh, um termo que aponta para as obrigações que fazem parte do pacto. Israel quebrou a lei; eles anularam o pacto em várias oportunidades; mas o propósito divino ficou de pé, e, finalmente, o Messias coroou o Pacto com a graça, o poder e a universalidade.

A obediência está condicionada pelo amor. Quem ama, obedece verdadeira e continuamente. O senso de dever nunca é suficiente para tanto. Deve haver aquela motivação interior criada pelo amor, se o senso de dever tiver de mostrar- se eficaz. O amor é uma qualidade espiritual, cultivada pelo Espírito Santo (Gál. 5.22). O amor sempre encabeça as listas de virtudes espirituais do apóstolo Paulo. O amor resulta em crescimento espiritual, havendo meios que encorajam e coroam nesse crescimento.

Aquele que não cultiva o amor continua preso aos seus ódios caprichosos. O ódio, mesmo que seja tolo e caprichoso, pode ser causa de muita confusão e destruição. Mas o amor edifica.

Até mil gerações. Em outras palavras, “para sempre”. Ver Êxo. 29.42 e 31.16, quanto à expressão ‘por vossas gerações”. Ver acerca dos estatutos per- pétuos nas notas sobre Êxo. 20.6; 29.42; 31.16; Lev. 3.17 e 17.29.

Neste versículo são repetidas as condições do pacto. Israel precisava corresponder ao amor de Yahweh, com amor (ver Deu. 6.5). Diante do precioso dom da lei, Israel deveria reagir favoravelmente com sua obediência. Israel precisava reagir conforme Abraão tinha feito, se quisesse beneficiar-se das promessas de Deus. Não bastava que alguém fosse descendente físico de Abraão. Era mister que esse alguém também fosse um descendente espiritual de Abraão. João Batista frisou esse fato em Lucas 3.8. Paulo reitera a questão em Romanos, nos seus capítulos 2 e 11. Até uma pedra podia ser transformada em um filho físico de Abraão. Mas uma obra fiel é obra eterna do Espírito Santo.

Este versículo sumaria a essência dos versículos 12 a 16. A obediência exibe o amor relativo ao pacto, tornando esse pacto uma realidade. Deus não podia abandonar o Seu pacto, firmado com os pais (vss. 8 e 13 deste capítulo), mas os participantes do pacto deveriam cultivar o seu relacionamento com Deus mediante o poder divino.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 791.

 

 

3- O exemplo da justiça de Deus na vida de Davi.

 

Davi era um homem segundo o coração de Deus (At 13.22), porém, ao pecar contra o Senhor e o próximo, ele experimentou a justiça divina. Embora amasse seu servo, o Todo-Poderoso não o isentou da punição. Deus é um Pai amoroso, mas também é justo e não tem por inocente o pecador: “Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente […]” (Êx 34.7). A severidade divina é para aqueles que não vivem segundo a sua Palavra, que escondem os seus pecados, mas a sua bondade e cuidado alcançam àqueles que confessam e deixam seus pecados, procurando expressar a verdadeira justiça de Cristo. Portanto, “considera, pois, a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11.22).

 

 

COMENTÁRIO

 

 

Em 2Samuel 12.10 (ARA), encontramos o seguinte texto: “Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher”. Ao lermos essa passagem, podemos nos questionar se Deus estaria sendo severo demais com o rei Davi. Respondemos que não, pois, diante dos dois crimes que ele cometeu, adultério e homicídio, pela Lei ele teria que morrer, mas assim Deus não o fez. Porém, como o Senhor não é injusto, mas julga conforme a verdade, não deixará que a espada se afaste da casa do monarca por causa de tudo o que ele fez.

Frente a tudo que o rei Davi fez, sua sentença era a morte, mas como se arrependeu, Deus o perdoou. Deve-se entender que Deus trata o pecado como pecado, e quem o comete pagará pelo erro.

Quando alguém peca, logo de imediato fica separado da comunhão com Deus, mas quando se volta com arrependimento sincero Deus o perdoa, como fez com Davi. Ainda assim, o pecado cometido tem suas consequências.

Como Deus é justo, não poderia deixar passar impune o pecado cometido por Davi. Por isso, por meio do profeta Natã, disse: “E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu” (2Sm 12.6, ARA). Por intermédio da restituição quádrupla estaria se atendendo o que estava preconizado na Lei (Êx 22.1).

Há pontos a serem considerados nessa severidade de Deus com Davi. O primeiro deles é que para Deus não importa qual a posição ou destaque que uma pessoa exerça, se peca, pagará por suas consequências, inclusive aqueles que são escolhidos para preservar a Lei e a justiça terão sentenças mais duras, pois ninguém pode estar acima da Lei e, como disse Moisés, Deus não faz acepção de pessoas (Dt 10.17).

O segundo que devemos levar em consideração é que Deus perdoou o pecado de Davi, porém, ele teria que passar pela disciplina divina. Não iria morrer, mas “a espada não se afastaria de sua casa”.

Como diz Goodman: “Deus tem em vista não somente a salvação do pecador, mas também a disciplina da ‘família da fé’. O pecador perdoado precisa ser o santo disciplinado”.

Meus irmãos, sejamos sinceros e verdadeiros diante de Deus, pois seus olhos a tudo contemplam, e jamais tem o culpado como inocente (Êx 34.7), mas julga com severidade aqueles que cometem pecado, que desobedecem a suas ordenanças. Por esse motivo, Paulo nos alerta: “Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11.22).

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 217-219.

 

 

Não se apartará a espada jamais da tua casa. O rude e violento Davi seria tratado com rudeza e violência, por pessoas de dentro e de fora de sua casa. “Durante a sua vida, e conforme apareceu na matança de seus filhos Amnom e Absalão, antes da morte de Davi, e Adonias, pouco depois, e em sua posteridade, através de guerras com outras pessoas” (John Gill, in loc.). Haveria longa sucessão de amargos ais pelos quais Davi teria de passar, que demonstrariam como opera a lei da colheita segundo a semeadura.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1276.

 

 

Natã apresenta um vínculo de juízos sobre a sua família por causa desse pecado (v. 10): “não se apartará a. espada jamais da- tua casa, nem durante a tua vida nem depois, mas, na maior parte do tempo, tu e tua posteridade estareis engajados em guerra”. Ou essa palavra aponta para a matança que ocorrerá entre os seus filhos, Amnom, Absalão e Adonias, todos caindo pela espada. Deus tinha prometido que sua benignidade não se apartaria dele e de sua casa (cap. 7.15); no entanto, aqui, Ele ameaça que a espada não se apartaria dele. Podem a benignidade e a espada concordar uma com a outra? Sim, elas podem estar debaixo de grandes e prolongadas aflições, sem serem excluídas da graça e da aliança. O motivo apresentado é: porquanto me desprezaste. Observe: Esses que desprezam a palavra e a lei de Deus desprezam o próprio Deus e serão levados em pouca estima. E particularmente intimidador:

[1] Que seus filhos serão a sua tristeza: Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti. O pecado traz dificuldade para a família, e um pecado se torna, com freqüência, o castigo de outro. [2] Que suas mulheres seriam sua vergonha, que por meio de ações perversas sem paralelos elas seriam publicamente profanadas diante de todo Israel (w. 11,12). Não lemos se isso seria feito pelo seu próprio filho, com receio de que o cumprimento fosse impedido pelo fato de a predição ser tão clara; mas foi feito por Absalão, de acordo com o conselho de Aitofel (cap. 16.21,22). Aquele que profanar a esposa do próximo, terá sua própria profanada, porque essa era a forma de o pecado ser castigado, como aparece na imprecação de Jó: então, moa minha mulher para outro (Jó 31.10), bem como a ameaça (Os

4.14). O pecado foi secreto, e diligentemente ocultado, mas o castigo seria aberto, e diligentemente proclamado, para a vergonha de Davi, cujo pecado em relação a Urias, embora cometido muitos anos antes, seria então lembrado e comentado naquela ocasião. Como um rosto é refletido em um espelho, assim o castigo, com freqüência, se reflete no pecado; aqui é sangue por sangue e imundícia, por imundícia. E, assim, Deus mostraria o quanto odeia o pecado, mesmo que ele ocorra em seu próprio povo, e que, sempre que o encontrar, não o deixará impune.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 390.

 

 

 

SINOPSE III

Deus julga os seus filhos com bondade e graça. O que seria de nós se o Todo-Poderoso nos julgasse segundo a sua severidade.

 

 

CONCLUSÃO

 

Devemos seguir a recomendação do Mestre para não julgar precipitadamente o próximo. Não devemos tomar a posição de juiz contra ninguém e muito menos julgar uma pessoa apenas por sua aparência exterior. Quando formos fazer alguma avaliação a respeito das atitudes de alguém, devemos fazê-lo de modo criterioso, sensato e lúcido, evitando toda forma de precipitação.

 

 

REVISANDO O CONTEÚDO

 

1- De acordo com a lição, o que Jesus exige de seus súditos?

Jesus exige que os súditos do seu Reino sejam éticos e misericordiosos (Lc 6.36).

 

2- Qual o significado do verbo krinô?

Significa decidir, escolher, aprovar, estimar e preferir.

 

3- Quem julgou ao Senhor Jesus por comer com pecadores?

Os escribas e os fariseus.

 

4- A quem a severidade de Deus é empregada?

Ela é empregada para com aqueles que pecam deliberadamente e não se arrependem dos seus pecados.

 

5- Segundo a lição, a respeito de quê o crente deve ser consciente?

O crente deve ser consciente de que Deus é justo, estabeleceu um governo moral no mundo e disponibilizou suas leis para serem praticadas.

 

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

 

Acesse mais:  Lições Bíblicas do 2° Trimestre 2022 

 

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