2° LIÇÃO 3° TRIMESTRE 20 – DESPERTAMENTO ESPIRITUAL UM MILAGRE

DANIEL ORA POR UM DESPERTAMENTO
DANIEL ORA POR UM DESPERTAMENTO

Texto Áureo

“E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé” (Rm 13.11).

Verdade Prática

O Despertamento espiritual é uma consequência da submissão à vontade de Deus.

LEITURA DIÁRIA

Segunda – SI 57.8 – Despertando a vida de louvor

Terça – Pv 8.17 – Despertando a vida de oração

Sexta – Is 51.9 – Despertando para a peleja

Quarta – Is 50.4 – Despertando para aprender

Quinta – 2 Tm 1.6 – Despertando o dom

Sexta – Is 51.9 – Despertando para a peleja

Sábado – Rm 13.11 E hora de despertar

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Ed 1.1-7; Ne 1.1-3

Ed 1.1 – No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias) despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo:

2 – Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra; e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá.

3 – Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que é em Judá, e edifique a casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém.

4 – E todo aquele que ficar em alguns lugares em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o ajudarão com prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, afora as dádivas voluntárias para a casa do Senhor, que habita em Jerusalém.

5 – Então se levantaram os chefes dos pais de Judá e Benjamim, e os sacerdotes e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou, para subirem a edificar a casa do Senhor, que está em Jerusalém.

6 – E todos os que habitavam nos arredores lhes confortaram as mãos com vasos de prata, com ouro, com fazenda, e com gados, e com coisas preciosas, afora tudo o que voluntariamente se deu.

7 – Também o rei Ciro, tirou os vasos da casa do Senhor, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém, e que tinha posto na casa de seus deuses.

Neemias

1.1 – As palavras de Neemias, filho de Hacalias. E sucedeu no mês de Quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susā, a fortaleza,

2 – Que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; e perguntei lhes pelos judeus que escaparam, e que restaram do cativeiro, e acerca de Jerusalém.

3 – E disseram-me: Os restantes, que restaram do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém fendido, e as suas portas queimadas a fogo.

HINOS SUGERIDOS: 387, 427, 432 da Harpa Critã

OBJETIVO GERAL

Reconhecer a origem de um despertamento espiritual e suas finalidades.

OBJETIVOS ESPECIFICOS

Abaixo os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com seus respectivos subtópicos.

I – Explicar aos alunos os objetivos dos despertamentos espirituais;

II- Enumerar as finalidades do despertamento;

III- Ilustrar que Deus cumpre com suas promessas.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

O decreto de Ciro já estava lavrado. Os judeus poderiam voltar à sua terra, reerguer os muros de Jerusalém e reconstruir o Santo Templo. No entanto, a tarefa parecia bastante difícil. A maioria dos judeus estava acomodada à vida na Babilônia e não estava disposta a voltar à terra de Israel para executar o plano de reconstrução. Somente o Espirito Santo poderia levantar homens necessários ao desempenho de semelhante tarefa.

Foi exatamente isso o que aconteceu. O Senhor suscitou homens que não se prendiam às coisas efêmeras desta vida, e cuja visão estava na redenção da linhagem de Israel.

É de um despertamento semelhante que tanto precisamos nesses tempos difíceis!

INTRODUÇÃO

Nesta lição iremos ver a origem do despertamento espiritual e as suas finalidades.

PONTO CENTRAL

A submissão a vontade de Deus gera o despertamento espiritual.

I – O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL EMANA DO PRÓPRIO DEUS

“No primeiro ano de Ciro despertou o Senhor o espírito de Ciro” (Ed 1.1).

Deus despertou Daniel para orar pelo futuro do seu povo. Todavia, não foram as orações de Daniel e nem a sua vida santificada que produziram o despertamento, mas foi o próprio Deus que fez o milagre do despertamento de Ciro (Is 26.12; 1 Co 12.6). Deus usa instrumentos para cooperarem com ele, mas o autor do despertamento é Ele mesmo.

Por isto, o despertamento é um mistério. As coisas humanas podem ser explicadas, previstas e calculadas.

Mas a operação do Espírito Santo é diferente. Jesus disse: “O vento assopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do espírito” (Jo 3.8). Nós, na verdade, podemos ver o resultado do despertamento, e até mesmo sentir a operação das virtudes do século futuro” (Hb 6.5). Mas na verdade nada sabemos e nada entendemos do poder de Deus.

SÍNTESE DO TÓPICO

O despertamento espiritual emana de Deus, por isso Ele usa os instrumentos que achar necessários para cooperarem com a sua soberana vontade.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A Vontade de Deus

O conceito de ’vontade’ quando aplicado a Deus na teologia e na Bíblia, nem sempre tem a mesma conotação. Ele pode denotar toda a sua natureza moral incluindo seus atributos, a faculdade de autodeterminação (Sl 115.3; Dn 4.35), um plano pré-determinado como no caso de um decreto (Ef 1.9,10; Ap 4.11 etc.), o poder para cumprir seus planos e propósitos (Pv 21.1; Rm 9.19; 2 Cr 20.6), ou a regra da vida imposta sobre as criaturas racionais, isto é, a vontade objetiva de Deus, que se pode guardar (Mt 7.21; Jo 4.34; 7.17; Rm 12.2).

A vontade divina é a causa final de todas as coisas.

Ela é absoluta e imutável (Sl 33.11), não condicionada por nada além de si mesma. Todas as coisas são sua consumação: a criação e a preservação (Sl 135.6; Jr 18.6; Ap 4.11); o governo (Pv 21.1; Dn 4.35); a eleição e a reprovação (Rm 9.15,16; Ef 1.5 ); a morte de Cristo (Lc 22.42; At 2.23); a salvação (Tg 1.18); a santificação (Fp 2.13); os sofrimentos dos santos (1 Pe 3.17); a existência, o curso da vida e o fim do homem (At 18.21; Rm 15-32; Tg 4.15); e até mesmo os menores detalhes da vida (Mt 10.29).

Uma vez que todas as coisas encontram sua causa última na vontade de Deus, é usual distinguir entre os aspectos eficazes e permissivos da vontade de Deus. O aspecto eficaz da sua vontade é cumprido de forma causal ou ativa. Não é apenas aquilo que Deus consente, mas também aquilo que Ele deseja. Por outro lado, o aspecto permissivo da vontade divina é aquele que tem uma autorização para ocorrer através da intervenção não controlada de criaturas racionais.

A vontade de Deus é revelada ao homem de várias maneiras: pela palavra falada (Êx 3.14-18; At 1.8); por meio de sonhos e visões (Gn 41.1-32; At 16.6-10); pelo mundo natural e pelos eventos históricos (SI 89.9,10; Is 46.10,11; 53.10); no futuro reino de Deus (Ef 1.9,10); e pelas Sagradas Escrituras (cf. At 20.27; 1 Pe 4.17,19)”

(Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. pp.2025-26).

II – AS FINALIDADES DO DESPERTAMENTO

1. A restauração nacional de Israel.

Deus, quando quer realizar os seus propósitos, pode incutir a sua vontade no espírito do homem. Foi assim que Ele fez com Ciro. Embora fosse rei de uma nação idólatra, Ciro foi despertado por Deus, o qual incutiu a Sua vontade no seu espírito, dominado pelas tradições e pela idolatria, a fim de que ele cumprisse os Seus desígnios relativos ao povo de Israel, conforme havia falado pela boca do profeta Isaías, cerca de 180 anos antes (Is 44.28; 45.1-6).

Quando o propósito de Deus chegou ao conhecimento de Ciro era um fato já aceito e aprovado por ele, e logo foi consumado. Assim, logo no início de seu reinado, Ciro proclamou um edito autorizando os judeus a retornarem a Jerusalém e a edificarem a casa do Senhor “em Jerusalém, que é em Judá” (Ed 1.2). Começava, assim, a restauração nacional do povo israelita.

2. A restauração espiritual de Israel.

Deus quer usar o homem como seu instrumento. Todavia só são usados aqueles que cooperam com Deus, aqueles que seguem a orientação divina por livre arbítrio. O homem é livre para obedecer ou não a orientação divina. Por isso, nem todos os que experimentam um despertamento adquirem o mesmo progresso espiritual, porque não abrem igualmente seu coração para Deus, a fim de obedecer à risca a orientação divina (Pv 23.26, Dt 6.5).

Durante o cativeiro, o povo israelita havia assimilado muitos dos costumes dos babilônios, porém havia aprendido a lição concernente à vontade de Deus: não servir aos deuses das nações, não adorar os ídolos. Antes do exílio, Israel estava espiritualmente enfermo dos pés à cabeça (Is 1.2-6), mas agora havia sido curado da idolatria para sempre. Para Israel, o sofrimento resultou no despertamento e este na sua restauração espiritual. A finalidade principal do despertamento é sempre a restauração espiritual do povo de Deus.

Cada despertamento tem por objetivo principal a salvação e restauração do homem. Encontramos sempre estes dois polos: A GRAÇA e O PECADO. O Espírito Santo está sempre pronto para convencer o mundo sobre o pecado, a justiça, e o juízo” (Jo 16.8,9). Vejamos:

a – O Espírito Santo é sempre intolerante com o pecado.

O Espírito Santo convenceu Saulo de que havia pecado contra a pessoa de Jesus (At 9.4,5). Foi o Espírito Santo que convence de pecado a mulher samaritana (J04.16 19) e fez Zaqueu confessar a sua falta (Lc 19.8). O Espírito Santo torna manifesta as coisas más (Ef 5.13,14). O profeta de lábios impuros sentiu que perecia na presença da santidade de Deus (Is 6.5). O Espírito Santo faz com que os crentes andem na luz (1 Jo 1.7).

b. Mas o Espírito Santo também aponta para Jesus como aquele que perdoa e salva (1 Jo 1.9, 2.1,2; Rm 3.25; 2 Co 5.18-21).

 Este era o ensino nos dias dos apóstolos e deve continuar sendo nos dias de hoje, pois a Palavra de Deus não muda, e as nossas necessidades espirituais também não (At 13.38-41; 14.15-17; 17.26-31).

SÍNTESE DO TÓPICO II

As finalidades do despertamento envolviam as restaurações nacional e espiritual de Israel. A primeira restaurou a pátria e a segunda restaurou o homem da idolatria dos deuses pagãos do exílio.

SUBSÍDIO HISTÓRICO

“A política de Ciro beneficiou sensivelmente os judeus exilados em Babilônia, pois Ciro conferiu a Yahweh o mesmo respeito dado a Marduque e a outras divindades. A consequência lógica sua política foi o decreto que permitia aos judeus o retorno à sua terra. Somente em um templo restaurado em Jerusalém Yahweh poderia agir efetivamente como o Deus de Judá. Assim, em fiel obediência a Yahweh, Ciro decidiu repatriar o povo judeu. Providenciou autorizações para que eles voltassem e reconstruíssem a cidade e o templo para seu Deus”.

(MERRIL Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: o reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.509).

III. DEUS CUMPRE AS SUAS PROMESSAS

1. A fidelidade de Deus em suas promessas.

Pelo despertamento que Ciro recebeu, Deus cumpriu literalmente a sua Palavra em relação ao retorno de Judá à sua terra (Ir 27.22), bem como à derrota da Babilônia diante do exército medo-persa, sob o comando de Ciro da Pérsia (Jr 25.12; Is 44.28; 45.2-6).

2. Deus renova as suas promessas de bênçãos.

Em cada despertamento, Deus vivifica e renova as promessas de bênçãos ao seu povo. O Espírito Santo revela as riquezas escondidas em Cristo, isto é, as riquezas de glória que Cristo ganhou na cruz do Calvário, para dar àqueles que o servem (Rm 9.23; Ef 1.18; 2.7; Fp 4.19; Cl 1.27).

O batismo com o Espírito Santo é uma bênção que faz parte dos rudimentos da doutrina (Hb 6.1-3; At 2.38). No despertamento que operava no tempo dos apóstolos, eles faziam questão de que todos os convertidos recebessem está maravilhosa unção do alto (At 8.14 17; 19.1-6). Os dons espirituais também fazem parte das bênçãos que Jesus deseja dar por meio do despertamento (1 Co 12.7-11). Deus ainda deseja despertar os corações para ter fé renovada na cura do corpo, também resultado da morte expiatória de Jesus (Is 53.3-5; Mt 8.14 17; Tg 5.14-17; Mc 16.17,18).

3. Deus renova a fé dos abatidos.

Pelo despertamento, Deus cria ambiente de fé, de expectativa, e de oração. O despertamento nasceu da oração, e só poderá prosseguir se continuar acesa a chama da oração.

No Antigo Testamento, o fogo no altar de incenso não se podia deixar apagar (Êx 30.7,8) Do mesmo modo Deus quer que o fogo do Espírito Santo não se apague em nossos corações, mas, sim, que continue aceso, hoje, como no dia do Pentecoste. Todavia, isto só se pode conseguir através da oração incessante, por parte de cada um de nós.

SÍNTESE DO TÓPICO III

Deus é fiel em cumprir suas promessas dadas ao seu povo. Além de vivificar e renovar as suas promessas. Ele também renova a fé dos que estão abatidos.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Promessa

Embora se refira ocasionalmente à palavra do homem, o uso característico da palavra “promessa” nas Escrituras relaciona-se com o que Deus declara que fará acontecer.

Embora possamos inferir as promessas feitas entre o Pai e o Filho antes da criação, a primeira grande promessa de Deus aos homens está em Gênesis 3.15 e inaugura uma sucessão que, em uma crescente clareza de detalhes desde seu anúncio, fala sobre a vinda do Messias-Salvador. Uma grande variedade de promessas está mais ou menos ligada, de uma forma direta, a essa grande promessa central, inclusive a nova aliança (Jr 31.31-34), o derramamento do Espírito (J1 2.28ss.), a restauração de Israel (Dt 30.1-5) e, finalmente, o novo céu e a nova terra (Is 65.17; 66.22).

Paulo demonstra que a “promessa de Deus” tem a qualidade de uma aliança, porque cada palavra de Deus é segura e certa, livre do legalismo e da dependência do esforço do homem (por exemplo, Rm 4.13-16; Gl 3.16 18; cf. Hb 11.40)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1611).

IV – O DESPERTAMENTO TORNA OS HOMENS OBEDIENTES A PALAVRA

1. O culto que foi restabelecido em Jerusalém foi exatamente aquele que a lei de Deus determinava (Ne 12.44-47).

Não foram introduzidas novas formas de culto, nem qualquer mistura de doutrinas babilônicas!

2. O despertamento dado pelo Espírito Santo faz com que os crentes desejem intensamente ser fiéis à Palavra de Deus.

Paulo escreveu: “para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito” (1 Co 4.6). O crente despertado inclina-se a guardar os estatutos de Deus até o fim (Sl 119.112). E esta forma de proceder, esta atitude do crente, é uma das bases para a comunhão uns com os outros. “Companheiro sou de todos os que te temem, e dos que guardam os teus preceitos” (SL 119.63).

SÍNTESE DO TÓPICO III

Um dos resultados do despertamento é a obediência dos homens à Palavra. Depois que houve o despertamento no retorno do exílio babilónico, não houve a introdução de qualquer mistura de cultos pagãos entre o povo de Deus.

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

O que é um despertamento espiritual? Antes de mais nada, é um retorno à vontade de Deus. Todas as vezes que os crentes voltam aos princípios das Sagradas Escrituras, dá-se um despertamento espiritual. Foi assim no tempo de Josias e na época de Esdras. E, o mesmo se verifica quando o povo de Deus, hoje, predispõe-se a executar as tarefas que o Senhor lhes entrega. Mas o que é necessário para se viver um grande despertamento espiritual?

Em primeiro lugar, é necessário se voltar às Sagradas Escrituras e esposar todos os seus princípios.

Neste ponto, devem cair por terra as nossas conveniências e comodidades. Somente a vontade de Deus é que interessa. Notemos que o grande avivamento de Josias começou exatamente quando líderes do povo começaram a examinar detidamente as Sagradas Escrituras. Doutra forma, continuariam no mesmo marasmo.

Em segundo lugar, é necessário buscar com redobrado favor a presença de Cristo.

Afirmou certa vez um teólogo que a história se cala acerca dos avivamentos que começaram sem oração. Quer nos tempos bíblicos, quer nos dias de hoje, não pode haver avivamento sem oração. É um pressuposto básico do qual não podemos fugir.

Em terceiro lugar, não podemos perder o nosso primeiro amor.

A Igreja de Éfeso, por exemplo, sofria deste mal crônico. Exteriormente, não poderia haver igreja tão ortodoxa doutrinariamente como aquela. No entanto, estava longe de seu primeiro amor. E, se a força do nosso amor não corresponde aos primórdios da nossa fé, carecemos de rogar as misericórdias do Senhor para que um novo despertamento espiritual venha renovar o nosso amor.

PARA REFLETIR

A respeito de ” Despertamento Espiritual – Um Milagre”, responda:

• Em que ano o Senhor despertou o espírito de Ciro?

No primeiro ano do rei Ciro, da Pérsia.

• De onde emanam os despertamentos espirituais?

Do próprio Deus.

• Na obra do despertamento, quem Deus usa?

Aqueles que se colocam integralmente à disposição de Deus.

• Como era o culto restabelecido em Jerusalém?

De acordo com a Lei de Deus.

• O que o despertamento provoca no crente?

Leva os crentes a desejarem ser mais fiéis à Palavra de Deus.

Curso Interpretando a Bíblia de Gênesis a Apocalipse
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DESPERTAMENTO ESPIRITUAL-UM MILAGRE

INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO

Reavivamentos no Antigo e no Novo Testamento

Os reavivamentos registrados no Antigo Testamento narram com minúcias o renovado zelo de Israel por obedecer a Deus.

Houve renovação e rededicação depois que Salomão orou ao término da construção do Templo (2 Cr 7.1-11). Também houve reavivamentos nos dias de Samuel, Asa, Josafá, Ezequias e Josias. Esdras registrou o reavivamento que ocorreu após anos de oração pelo retorno do cativeiro e pela reconstrução e dedicação do templo (Ed 9-1-10.14).

O maior de todos os reavivamentos registrados nas páginas do Novo Testamento começou no dia de Pentecostes. De fato, o livro de Atos, em sua inteireza, é o registro de um reavivamento pessoal (revestimento de poder) e de um testemunho eficaz. A Igreja Primitiva orou pedindo ousadia para testemunhar em face da perseguição (At 4.29). “E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31). Em resultado daqueles repetidos enchimentos e revestimentos de poder, muitos pecadores se converteram e se uniram ao Corpo de Cristo (At 2.41,47; 5.14; 11.24).

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 340-341.

I – O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL EMANA DO PRÓPRIO DEUS

Ciro herdou o trono de Ansã.

Reuniu uma força armada dentre os persis (moderna província iraniana de Fars) e revoltou-se contra seu suserano medo, Astíages. Aliado com Nabonido, da Babilônia, ele derrotou Astíages, em cerca de 549 A.C., e assim ocupou a capital da Média, Ecbátana, moderna Hamadã. Em cerca de 547 A.C., ele marchou contra Creso, da Lídia, assediou sua capital, Sardes (perto da moderna Izmir), e assim aprisionou Creso.

As campanhas de Ciro

Então fez campanhas na direção do oriente, entre muitas tribos, e ampliou os seus territórios até o rio Indo e até o sopé das montanhas do Hinducuxe. Retornando para o ocidente, ele conquistou sua antiga aliada, a Babilônia, aparentemente sem encontrar resistência armada. Isso sucedeu em 539 A.C. Não demorou a controlar a Síria inteira, bem como a Palestina. Honrava o deus babilónico, Marduque, e também os deuses de vários povos capturados.

Ele permitiu que exilados de lugares estrangeiros retornassem às suas terras, e isso incluiu os judeus exilados. Portanto, foi ele quem lançou os fundamentos do vasto império persa, sob cujo domínio a Judéia permaneceu província durante os próximos dois séculos. Ciro estabeleceu a sua capital em Pasárgade, na terra de Parsa. Ali têm sido descobertas pela arqueologia as ruínas de um palácio com a seguinte inscrição: «Eu, Ciro, o rei, o acamenida». Desse palácio nos vem a mais antiga peça em relevo da arte persa, um gênio com quatro asas, talvez representando o Ciro deificado.

Seu Decreto.

Os trechos de II Crônicas 36:22,23 e Esdras 1:2,3 informam-nos que Ciro deu permissão, aos cativos hebreus da Babilônia para retornarem à Palestina e reconstruírem o templo. A liberalidade de Ciro, no tocante às religiões, sem dúvida foi um fator em tudo isso.

O cilindro de Ciro. Esse cilindro, descoberto no século XIX, retrata Ciro como um político politeísta, embora também demonstre paralelos com o ponto de vista bíblico a seu respeito, como um homem benévolo, que tinha misericórdia dos cativos. Esse cilindro fala sobre o deus Marduque, que teria procurado um governante justo e encontrou Ciro, o qual assim poupou as cidades e santuários sagrados, e os restaurou.

Ciro e a Profecia Bíblica.

A profecia de Isaías, acerca de Ciro, começa em 41:2,25 e termina em 46:11 e 48:15. Isaías previu que Ciro não somente ordenaria a reconstrução do templo, mas também a reconstrução da própria cidade (Isa. 45:13; 44:28). Seu sucessor, Artaxerxes I, levou adiante o trabalho de reconstrução. O decreto de Ciro, mui provavelmente, incluiu a reconstrução da cidade, embora isso não seja dito especificamente. No trecho de Isaías 44:28-45:8, Ciro é chamado pelo nome, e assim os céticos têm pensado que as profecias envolvidas foram escritas após os eventos, e não antes dos mesmos.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4012-4013.

1.1 DESPERTOU O SENHOR O ESPÍRITO DE CIRO.

O Senhor Deus executa o plano da redenção no decurso da história, até o seu final determinado. No cumprimento disto, Deus, às vezes, resolve humilhar governantes poderosos (e.g., Nabucodonosor, Dn 4), ordenar juízo destruidor contra reis (e.g., Faraó, por ocasião do êxodo, Êx 14; Belsazar, em Babilônia, Dn 5), ou elevar um dirigente internacional (e.g., o rei Ciro da Pérsia, v. 2), a fim de cumprir a sua palavra e realizar os seus propósitos.

Ao despertar o espírito de Ciro, para ser benevolente para com os vencidos e exilados, Deus fez cumprir-se a tempo a sua promessa feita através de Jeremias. Provérbios declara que o coração do rei é como ribeiros de águas na mão do SENHOR; a tudo quanto quer o inclina, a fim de garantir a marcha contínua da redenção e desfecho da história (Pv 21.1).

Stamps, Donald C,. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 917.

Ed 1.1 No primeiro ano. 538 a.e ..o primeiro ano do reinado de Ciro. Eleconquistou a Babilônia em outubro de 539 a.C. e reinou sobre a Pérsia de 550 a530 a.e.para que se cumprisse a palavra do SENHOR. Jeremias havia profetizado setenta anos de cativeiro na Babilônia (Jr 25.11-12; 29.10; ver Dn 9 2). De 605 a C.quando os primeiros cativos foram deportados, até 538 a.C., quando o decreto doretorno foi expedido passaram-se sessenta e sete anos. Outras profecias tambémpodem estar em vista (Jr 16.14-15; 27.22).

O Senhor estava soberanamentefazendo com que a palavra falada se cumprisse mais de meio século antes despertou o SENHOR o espírito de Ciro. Essa frase expressa o tema principaldo livro: Deus opera soberanamente, por meio de agentes humanos responsáveis a realização do seu plano de redenção (6 22; 7.27). Nas palavras de Pv 21.1,o Senhor dirigiu o espírito de Ciro “como ribeiros de águas; segundo o seu querero inclina”

Bíblia de Estudo de Genebra. Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 537.

Ciro, o Grande

Foi o rei mais poderoso da dinastia aquemênida e é reconhecido como sendo o fundador do Império Persa. Ele reinou de 559 a 530 a.C., e, sob o seu governo, a Pérsia desfrutou de grande expansão militar por meio do domínio da Média, da Lídia, da Jônia e até mesmo da Babilônia.

Nesse contexto, primeiro ano refere-se “ao primeiro ano da conquista da Babilônia, quando ele se tomou rei da Mesopotâmia”.95 Por meio do profeta Isaías, do 8o século, Deus chama Ciro de “meu pastor” (Is 44.28), e de “o ungido do Senhor” (Is 45.1), apontando para o controle soberano de Deus tanto da história quanto do coração de Ciro. Williamson aponta corretamente que “o autor bíblico, no entanto, não está preocupado apenas com os fatos externos da história, os quais ele pode ter obtido a partir do cabeçalho ou de outra nota de identificação na cópia do próprio decreto (…); ao contrário, ele está preocupado com a ordenação e propósito divinos desses fatos”.

Tiberios Rata. Comentário do Antigo Testamento Esdras e Neemias. Editora Cultura Cristã. pag. 37

II – AS FINALIDADES DO DESPERTAMENTO

1. A restauração nacional de Israel.

Isaias 44.28 quem diz de Ciro: É meu pastor e cumprirá tudo o que m e apraz; dizendo também a Jerusalém: Sê edificada; e ao templo: Funda-te.

O Deus que libertou Israel do Egito chama a Ciro de “meu pastor”. Ele cumprirá tudo o que apraz a Deus, e ele dirá a palavra para Jerusalém ser reconstruída e a fundação do templo ser posta. Isto aponta à frente, para um futuro distante, e foi cumprido exatamente (2 Cr 36.23; Ed 1.2,3; 6.3,4). O historiador judeu Josefo disse que esta passagem foi mostrada a Ciro e o encorajou para que ele fizesse os seus decretos para mandar de volta os judeus para que reconstruíssem o templo deles.12 Isto foi logo em seguida a Ciro ter conquistado Babilônia em 539 a.C. Jerusalém teve, e ainda tem, um lugar importante no plano de Deus.

HORTON. Staleym. M. Serie Comentário Bíblico Isaias. Editora CPAD. pag. 393.

Um salvado

Fica subentendido aqui que nenhum dos judeus seria capaz, através da força e do poder, de forçar o seu caminho para fora da Babilônia, mas é prometido que Deus levantaria um estranho de longe, que iria abrir o caminho para eles, e agora, por fim, Ele cita o nome dele muitos anos antes de ele nascer ou de se pensar nele (v. 28): quem diz de Ciro: É meu pastor”. Israel é seu povo, e ovelhas de seu pasto. Essas ovelhas estão agora no meio de lobos, nas mãos do salteador; mas elas serão recolhidas e protegidas.

Agora Ciro será o seu pastor.

Ele será usado por Deus para libertar essas ovelhas, e para cuidar do seu retorno ao seu próprio pasto verdejante outra vez. Ciro “… cumprirá tudo o que me apraz”, executará o que determinei, e me trará muita satisfação. Observe que: [1] As coisas que parecem ser mais duvidosas, são certas diante da presciência divina.

Ele sabia quem era e qual era o nome da pessoa que deveria ser o libertador do seu povo, e quando lhe aprouve, Ele anunciou ao seu povo que, quando começasse a ouvir a menção desse nome no mundo, ele deveria levantar a sua cabeça com alegria, sabendo que a sua redenção estaria próxima. [2] E uma grande honra para os maiores homens serem usados por Deus como instrumentos de seu favor ao seu povo. Era mais louvável para Ciro ser o pastor de Deus do que ser o imperador da Pérsia. [3] Deus faz o uso que quer dos homens; Ele faz o uso que quer de homens valentes, daqueles que agem com a maior liberdade.

E se eles pensam que podem fazer o que querem, então Ele pode controlá-los, e fazê-los agir como Ele quer. Mesmo naquelas coisas em que eles pensam estar servindo a si mesmos, não olhando além delas, Deus está, através deles, servindo aos seus próprios propósitos, e fazendo-os executar toda a sua vontade. Os príncipes ricos farão o que os profetas pobres predisserem.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 204-205.

Is 44.28 Que digo de Ciro: Ele é meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz.

Este versículo atua como clímax da estrofe de introdução. Chegamos assim a Ciro, o qual é tanto servo como pastor de Yahweh, enviado para cuidar de Judá em um momento crítico de sua história. O servo-pastor cumpriria o propósito de Yahweh naquele estágio da história. Um novo período foi iniciado. Foi o fim da era dos semitas. Agora o poder passava para povos de línguas indo-européias.

A maròha da história se movia para o ocidente. De Ciro, da Média-Pérsia, passaria para os gregos; destes para os romanos; para os países europeus; para a Inglaterra; e para os Estados Unidos da América. E o que restará mais ainda? A China. Por quanto tempo mais o movimento ocidental dominará a história mundial?

Teremos de esperar para descobrir. Seja como for, ver Isa. 13.6 quanto ao controle divino dos acontecimentos humanos, as operações da soberania e providência de Deus.

Esta profecia tem seu escopo na fuga de Judá da Babilônia e na reconstrução do seu templo. Mediante aplicação, ainda que não através de interpretação, podemos falar sobre a restauração da era do Reino.

Os medos e os persas capturaram a Babilônia em 539 A. C. (ver Dan. 5.30).

No ano seguinte foi expedido o decreto de Ciro, libertando os judeus do exílio babilónico. Ver II Crô. 36.22,23 e Esd. 1.1-4. O segundo templo de Jerusalém foi terminado em 515 A. C. Então, em 444 A. C, Neemias foi a Jerusalém reconstruir as muralhas da cidade (ver Nee. 1-2 e Dan. 9.25).

“Cada página da história pode começar e terminar com a exclamação: Deus é Grande, e maravilhosos são os Seus feitos entre os filhos dos homens; e desafio qualquer homem a penetrar os segredos e as leis dos eventos sem algum vislumbre de fé.

Ele poderá contemplar e ver como que o piscar das estrelas e dos planetas, e medir suas distâncias e movimentos; mas a vida da história escapará da atenção dele. Ele poderá empilhar um montão de pedras, mas não chegará à própria alma das coisas” (George Bancroft).

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2916.

Deus Usará Ciro para Restaurar Israel 45.1—13

1 Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita, para abater as nações diante de sua face; eu solta rei os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão.

Deus fala a Ciro, deixando-nos saber que todas as suas grandes vitórias eram realmente as vitórias de Deus. Até agora, os ungidos de Deus incluíam sacerdotes, reis, profetas e patriarcas (veja SI 105.10—15). Agora Deus chama um rei pagão politeísta de seu “ungido” (Heb. meshiach, “messias”). Embora Ciro não soubesse disto, Deus pelo seu Espírito Santo o tinha reservado, e o estaria dirigindo para trazer libertação e restauração para Israel.

Para habilitar Ciro a fazer isto, Deus o tomaria pela sua “mão direita, para abater as nações”, abrindo portas e portões diante dele. Deus usou os habitantes da Babilônia para escancarar os portões para o exército de Ciro, em 539 a.C, e conceder a Ciro uma entrada triunfal, completa, com ramos de palmeira.

“Soltarei os lombos dos reis” significava despojar os reis da sua armadura, o que era um costume assírio. Senaqueribe fez isto a Mushezibk-Marduque, o rei rebelde da Babilônia. Isaías seguramente teria sabido sobre o costume e a história. Era uma demonstração pública que significava tirar dos reis o poder que eles tinham.

2 Eu irei a diante de ti, e endireitarei os caminhos tortos; quebrar e i as portas de bronze e despedaçarei os ferrolhos de ferro.

Porque Deus iria pessoalmente “diante” de Ciro, lugares difíceis e outras barreiras se tornariam fáceis e mesmo portas de bronze e ferrolhos de ferro não poderiam impedir o progresso dele. O antigo historiador grego Heródoto disse que os portões da Babilônia eram feitos de bronze.

3 E te darei os tesouros das escuridades e as riquezas encobertas, para que possas saber que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome.

Os povos que Ciro conquistasse não poderiam esconder dele os seus tesouros. Deus queria que Ciro soubesse que Ele é “o Senhor, o Deus de Israel”, que o chamou com antecedência “pelo nome”. A tradição judaica diz que Daniel levou esta profecia e a mostrou para Ciro, e isto encorajou Ciro a fazer as proclamações encontradas em 2 Crônicas 36.22,23 e Esdras 1.2—4.

4 Por amor de meu servo Jacó e de Israel’., meu e leito, eu a ti te chamarei pelo teu nome; pus – te o teu sobrenome, ainda que não me conhecesses.

Como um politeísta, Ciro falou aos babilônios que os deuses deles o tinham escolhido para libertá-los do mau governo de Nabomdo e Belsazar. Ele não conhecia o único Deus verdadeiro antes de entrar em Babilônia.

Ele, na verdade, deu ao deus babilônico, Marduque, créditos pela sua vitória. Mas foi Deus quem verdadeiramente o comissionou. Porque Deus escolheu Israel e fez de Israel o seu servo, Ele iria chamar pessoalmente a Ciro e o nomearia como seu ungido, escolhido para cumprir o seu propósito para com Israel.

5 Eu sou o SENHOR, e não há outro; fora de mim, não há deus; eu te cingirei, ainda que tu me não conheças. 6 Para que se saiba desde o nascente do sol e desde o poente que fora de mim não há outro; e u sou o Senhor, e não há outro.

O propósito de Deus em chamar Ciro e restabelecer Israel era trazer reconhecimento universal de que só Ele é Deus, “e não há outro”. O oriente ou “nascente do sol” e o ocidente ou “o poente” ainda precisam saber disto.

HORTON. Staleym. M. Serie Comentário Bíblico Isaias. Editora CPAD. pag. 393 – 395.

Profecias Relativas a Ciro v. 1-4

Ciro era um medo que descendia (como alguns dizem) de Astíages, rei da Média. Os escritores pagãos não concordam em seus relatos sobre sua origem. Alguns nos contam que em sua infância ele era um proscrito, abandonado, e foi salvo de perecer pela esposa de um pastor.

No entanto, concorda-se que, sendo um homem de índole laboriosa, ele logo se tornou muito importante, especialmente quando Creso, rei da Lídia, fez uma incursão em sua nação, que ele não apenas repeliu, mas se vingou dela. Ele se valeu das vantagens que havia conquistado sobre Creso com tal vigor que, em pouco tempo, tomou Sardes e se tornou o senhor do rico reino da Lídia e das muitas províncias pertencentes a ele.

Isso o tornou muito importante (pois a riqueza de Creso era lendária) e o capacitou a prosseguir com suas vitórias em muitas nações; mas foi quase dez anos depois que, em conjunto com seu tio Dario e com as forças da Pérsia, ele fez esse famoso ataque contra Babilônia, o qual é profetizado aqui, e do qual lemos a história em Daniel 5.

A Babilônia havia se tornado demasiadamente rica e poderosa.

Tinha quarenta e cinco milhas de extensão (alguns dizem que tinha mais); os muros tinham trinta e dois pés de largura e 100 côvados de altura.

Alguns dizem que os muros eram tão largos que seis carruagens poderiam trafegar lado a lado neles; outros dizem que eles tinham cinquenta côvados de largura e 200 de altura. Ciro parece ter tido grande ambição em se fazer senhor desse lugar e ter planejado isso por muito tempo. E, por fim, alcançou o seu objetivo. Então, neste ponto, 210 anos antes que isso viesse a acontecer, nos é dito:

Que coisas importantes Deus faria por Ciro, para que ele tivesse o poder para libertar o seu povo.

Para isso ele seria um poderoso conquistador e um monarca rico e nações seriam tributárias dele e o ajudariam com homens e dinheiro. Assim sendo, aquilo que Deus prometeu fazer por Ciro ele poderia ter feito por Zorobabel, ou por alguns dos próprios judeus; mas raramente Ele considerou adequado confiar muito da riqueza e do poder deste mundo a seu próprio povo, tantas são as armadilhas e as tentações que os acompanham; mas uma vez que aqui houve oportunidade para o Deus da igreja fazer uso deles, Ele ficou muito contente em colocá-los nas mãos de outros, para serem usados em favor do seu povo, em vez de arriscá-los nas suas próprias mãos.

Ciro é aqui chamado de o ungido do Senhor, porque ele foi designado e qualificado para essa grande obra pela deliberação de Deus, e nela ele seria um símbolo do Messias. Deus se empenha para tomá-lo pela mão direita, não apenas para apoiá-lo e fortalecê-lo, mas para orientar suas ações e suas intenções, como Eliseu colocou suas mãos sobre as mãos do rei quando este estava prestes a atirar sua flecha contra a Síria (2 Re 13.16). Estando sob tal orientação:

1. Ele estenderá suas conquistas para muito longe, e nada fará contra a oposição que será feita a ele.

A Babilônia é uma nação muito poderosa contra a qual um jovem herói não deveria começar a sua carreira. Consequentemente, para que ele possa ser capaz de lidar com ela, grandes adições serão feitas à sua força através de outras conquistas. (1) Reinos populosos se renderão a ele. Deus subjugará nações diante dele; quando estiver no auge de suas conquistas, ele não tratará com menosprezo a nação que se render a ele rapidamente. Contudo não é ele que as subjuga; é Deus que as conquista para ele.

A batalha é de Deus;

Portanto, a vitória também é de Deus. (2) Reis poderosos cairão diante dele: “…eu soltarei os lombos dos reis”, ou o cinturão de seus lombos (despojando-os de seu poder e dignidade) ou da força de seus lombos – e posteriormente isso se cumpriu literalmente em Belsazar, pois quando ele estava aterrorizado pela escrita na parede, “as juntas dos seus lombos se relaxaram” (Dn 5.6). (3) Grandes cidades se renderão às suas mãos, sem criar para ele ou para si mesmas qualquer dificuldade. Deus inclinará os guardiões da cidade a abrirem diante dele as portas duplas, não traiçoeira nem covardemente, mas a partir de uma convicção plena de que não há sentido em lutar contra ele.

As Portas

E por essa razão as portas não estarão fechadas para mantê-lo do lado de fora como inimigo, mas abertas para acolhê-lo como amigo. (4) As caminhadas mais longas e mais perigosas se tornarão tranquilas e rápidas para ele: “Eu irei adiante de ti”, para remover os obstáculos do caminho, e para te conduzir nele, então os caminhos tortos serão endireitados; ou, como alguns interpretam, os lugares montanhosos serão nivelados e se tornarão planos.

Aqueles que têm Deus indo à sua frente encontrarão um caminho pronto. (5) Nenhuma resistência permanecerá diante dele. Aquele que lhe concede a sua autorização quebrará as portas de bronze que estão cerradas contra ele, e despedaçará os ferrolhos de ferro com os quais as portas estão trancadas. Isso foi cumprido ao pé da letra, ao considerarmos o relato de Heródoto, de que a cidade da Babilônia tinha 100 portões ou portas, todos de bronze, com pilares e trancas do mesmo metal.

2. Ele reabastecerá os seus cofres muitas vezes (v. 3)

“E te darei os tesouros das escuridades”, tesouros em ouro e prata, que foram mantidos guardados a sete chaves por um longo tempo, e que não viram a luz por muitos anos, ou haviam sido enterrados debaixo da terra pelos habitantes, em seu medo pela tomada da cidade. As riquezas de muitas nações haviam sido trazidas para a Babilônia, e Ciro se apoderou de todas elas.

As riquezas escondidas em locais secretos, que pertenciam à coroa ou a pessoas particulares, serão pilhadas por Ciro. Deus, designando-o para fazer uma parte do serviço para sua igreja, pagou-o esplendidamente por isso com antecedência. E Ciro muito honestamente reconheceu a bondade de Deus para consigo, e, em consideração a ela, libertou os prisioneiros (Ed 1.2): “O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra. E ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém.”

II Foi-nos dito aqui o que Deus planejou ao fazer tudo isso para Ciro.

O que Ciro visava ao empreender suas guerras nós podemos imaginar facilmente; aqui nos é dito o que Deus pretendia ao lhe conceder tal êxito maravilhoso em suas guerras.

1. Era para que o Deus de Israel pudesse ser glorificado:

“… para que possas saber”, por tudo isso, “que eu sou o Senhor, o Deus de Israel”; pois eu tenho te chamado pelo teu nome muito tempo antes de teres nascido. Quando essa profecia de Isaías fosse mostrada a Ciro, e nela ele encontrasse seu próprio nome e suas próprias realizações detalhadamente descritas muito tempo antes, ele seria levado a reconhecer que o Deus de Israel era o Senhor Jeová, o único Deus vivo e verdadeiro, e que Ele continuava reconhecendo o seu Israel, ainda que naquele momento estivesse em cativeiro. E bom quando a prosperidade dos homens os leva ao conhecimento de Deus, pois muito frequentemente ela os faz esquecerem dele.

2. Era para que o Israel de Deus pudesse ser libertado (v. 4).

Ciro não conhecia a Deus como o Deus de Israel. Tendo sido educado para adorar a ídolos, o verdadeiro Deus era para ele um Deus desconhecido. Mas, embora ele não conhecesse a Deus, Deus não só o conhecia desde o seu nascimento, mas o previu, e o reservou para ser seu pastor. Ele o chamou por seu nome, Ciro, e além disto (o que era uma grande honra), deu-lhe um sobrenome e o chamou de seu ungido. E por que Deus fez tudo isso por Ciro? Ele não o fez em beneficio dele, e Ciro sabia disso.

E há duvidas quanto a se ele era um homem de virtude ou não.

Xenofonte, em sua obra intitulada Ciropaedia, quando descrevia as heróicas virtudes de um príncipe extraordinário fazia uso do nome de Ciro, e de muitas das particularidades de sua história; mas outros historiadores o descrevem como arrogante, cruel, e sanguinário.

A razão pela qual Deus o escolheu se deveu ao seu amor por seu servo Jacó. Observe que: (1) Em todas as revoluções de nações e reinos, nas quedas repentinas dos fortes e poderosos, e nos surpreendentes avanços dos fracos e obscuros, Deus está planejando o bem de sua igreja. (2) E então sábio da parte desses a quem Deus concedeu riqueza e poder, usá-los em função de sua glória, mostrando bondade para com o seu povo.

Ciro foi escolhido para que Israel fosse libertado.

Ele só deveria ter um reino para que o povo de Deus obtivesse sua liberdade; pois o reino do seu povo não é deste mundo, ainda está por vir. Em tudo isso, Ciro era um tipo de Cristo, que despojou principados e potestades, e a Ele foram confiadas riquezas incompreensíveis, para o uso e o benefício dos servos de Deus, dos seus eleitos. Quando Cristo subiu ao alto e levou cativo o cativeiro, prendeu aqueles que haviam aprisionado outros cativos, e libertou aqueles que estavam na prisão.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 205-206.

A Comissão de Ciro

45.1 Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita. Ciro tinha uma missão a cumprir. Que o leitor considere estes cinco pontos:

Primeira.

Liberar o mundo do domínio babilónico, para pôr fim ao pesadelo babilónico.

Segunda.

Vingar contra aquela potência todas as barbaridades que os babilônios tinham infligido a outros povos.

Terceiro.

Liberar Judá do cativeiro e tornar possível a restauração de Jerusalém e Judá. Isso significava a continuação do povo de Israel, através de uma tribo, Judá, e armou o palco para toda a história que se seguiria, incluindo a era do reino, quando Israel se tornar cabeça das nações (Isa. 24.23).

Quarto.

Como é óbvio, a restauração de Israel possibilitou a vinda do Messias para ser o Salvador do mundo inteiro. Portanto, o edito de Ciro tornou-se possível até a existência da igreja cristã.

Quinto.

Com Ciro, terminou a época dos povos semitas, e o poder da civilização passou para nações de língua indo-européia, caminhando na direção do ocidente. Comento sobre isso em Isa. 44.28. Ciro foi a mão de Deus quanto a todos esses propósitos. Ver sobre mão no Dicionário e também Sal. 81.14, onde apresento uma nota de sumário, sobre mão direita em Sal. 20.6 e sobre braço em Sal. 77.15; 89.10 e 98.1.

Ao seu ungido.

Descrição incomum para indicar um pagão. O título foi dado depois que Ciro foi chamado de “pastor”. A combinação fornece licença para que alguns intérpretes chamem Ciro de tipo de Cristo.

“Esta é a única instância onde a palavra ‘ungido’ é aplicada a um gentio. Nabucodonosor foi chamado de ‘servo’ de Yahweh (ver Jer. 25.9; 27.6 e 43.10). Isso, juntamente com a designação ‘meu pastor’ (Isa. 44.28), também um título messiânico, assinalou Ciro como notável exceção, um tipo gentílico de Cristo. Os pontos são:

1. ambos são irresistíveis conquistadores dos inimigos de Israel (Isa. 45.1; Apo. 19.19-21);

2. ambos são restauradores da cidade santa (Isa. 44.28; Zac. 14.1-11); 3. por meio de ambos, o nome do verdadeiro Deus é glorificado (Isa. 45.6; I Cor. 15.28)” (Scofield Reference Bible).

E descingir os lombos dos reis.

Ou seja, debilitá-los; levá-los à queda e à sujeição; desarmá-los, visto que a espada ficava pendurada do cinto.

Para abrir diante dele as portas. As portas de todas as cidades que Ciro conquistou, incluindo as famosas cem portas de Babilônia (Heródoto, História i.179). “As portas do palácio foram abertas, imprudentemente, por ordem do rei, para ver o que seria todo aquele tumulto. Dois grupos de soldados, guiados por Gobrias e Gadatis, se precipitaram.

E tomaram possessão do palácio, e o rei da Babilônia foi executado” (Adam Clarke, in loc, dando informações que foram fornecidas por Xenofonte, Cyrop. vii. par. 528).

Is 45.2 Eu irei adiante de ti, endireitarei os caminhos tortuosos.

Este versículo amplia o que é dito no vs. 1, onde forneço amplas notas expositivas. Yahweh, falando aqui na primeira pessoa do singular, declarou enfaticamente Sua orientação e poder dados a Ciro. Isso posto, somos remetidos à tese discutida em Isa. 13.6, o controle divino da vida humana.

Ciro e seus exércitos marchariam por um terreno fácil e nivelado, porquanto todos os obstáculos e lugares altos seriam nivelados. Ver um fraseado similar em Isa. 40.3,4, a preparação para a vinda do Messias. As fortificações das nações, seus portões e suas barras seriam cortados em pedaços. Nenhum poder na terra seria capaz de deter Ciro.

Ele era o homem da hora e desempenharia a contento seu papel, a fim de cumprir sua missão, o que comento no vs. 1. Cf. Sal. 107.16. Heródoto (História i.179) fala sobre a questão: “Ao redor das muralhas da Babilônia havia cem portões, todos de bronze, com vergas e batentes de bronze”.

Quanto à destruição de Babilônia, que foi tão grande que a tornou desabitada e impossível de ser ocupada, ver Isa. 13.19-22. Estritamente falando, foi Dario (rei depois de Ciro) quem demoliu os famosos portões da Babilônia.

Is 45.3 Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas.

Xenofonte disse-nos que fora informado por Gobrias que a Babilônia tinha enormes riquezas materiais {Cryop. V. 2.8). Grande parte dessas riquezas tinham sido obtidas mediante saque. Tudo isso se tornou de Ciro, quando ele derrotou a potência semita. Babilônia era a mais rica cidade do mundo naquela época (Plínio, História Natural, xxxiii.15). Todos aqueles tesouros secretos e estoques de riquezas seriam descobertos e possuídos por Ciro. Cf. Jó 3.21 e Pro. 2.4. Plínio diz que ele descobriu 34.000 libras de ouro, vasos de ouro de peso desconhecido, além de 15.000 libras de prata e outros tesouros de valor indeterminado.

A expressão “tesouros escondidos” alude ao antigo costume de sepultar ou esconder tesouros no chão e em outros lugares secretos, por temor dos ladrões e a fim de manter a privacidade. Yahweh deu todas essas riquezas a Ciro, como salário por ter feito bem o seu trabalho. Yahweh chamou Ciro por seu nome e estabeleceu-o no mundo como a maior potência da sua época. O cilindro de Ciro dá a

Marduque o crédito pelo sucesso de Ciro, conferindo-nos uma afirmativa muito parecida com a do presente versículo, que o chamava pelo nome etc. Cf. Isa. 43.1. Para os antigos, o poder de um homem jazia em seu nome, e muito mais quando a divindade lhe era atribuída.

Is 45.4 Por amor do meu servo Jacó, e de Israel, meu escolhido, eu te chamei pelo teu nome.

Ciro era altamente favorecido por Yahweh, não por causa do que era em si mesmo, mas por ser um bom instrumento para abençoar a Israel, o eleito de Deus. Assim, Ciro teve uma eleição secundária, a fim de ser capaz de servir ao eleito primário. Yahweh deu-lhe um título honorário. Ele era servo, pastor e escolhido, e seu nome deve ter indicado esses elementos. Ele era “messias” e “pastor”, embora, como é óbvio, não fosse “o Messias” e “o Pastor”.

O próprio Ciro não tinha consciência de que era um vaso escolhido daquela maneira por Yahweh, mas sua ignorância em nada alterou o fato. Ele foi chamado e equipado para ser um vaso especial e cumprir sua missão. Certamente foi uma missão histórica, conforme demonstro no vs. 1 deste capítulo. “Quão espantado teria ficado Ciro (e também todos os seus contemporâneos) se fosse informado que as conquistas mundiais esmagadoras dos persas visavam o benefício de alguns poucos milhares de cativos judeus na Babilônia” (Henry Sloane Coffin, in toe).

Naturalmente, nada disso aconteceu por causa deles somente. Havia outros fatores envolvidos, mas esse era o mais importante item envolvido.

Is 45.5 Eu sou o Senhor, e não há outro.

O único Deus, o único Senhor, Yahweh, era o poder por trás de Ciro, porquanto não havia outro poder divino. Não há outro Deus além Dele. Portanto, visando o benefício de Ciro, são repetidas essas declarações monoteístas enfáticas, as quais já haviam sido atribuídas a Judá. Cf, Isa. 43.11; 44.6,8.

Equivocadamente, Ciro tinha dado crédito ao deus pagão Marduque, mas, na realidade, ele chegara a ocupar a posição que ocupava mediante o poder de Yahweh. Era um instrumento inconsciente, Ciro foi cingido com seu cinto de guerreiro pelo próprio Yahweh, e a espada que estava ali pendurada era a Espada do Senhor.

Is 45.6 Para que se saiba até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro.

Israel recebeu o testemunho de que Yahweh era o único Deus, o único poder celestial e ativo; Ciro recebeu a mesma mensagem; e daí essa mensagem foi transmitida a todas as nações, sem importar onde estivessem, tanto no leste, onde o sol nasce pela manhã, quanto no oeste, onde o sol se põe à noite.

A terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar. (Isaías 11.9)

“De leste para oeste: o mundo habitado inteiro” (Fausset, in toe). Como é natural, o cumprimento maior disso espera pelo tempo de estabelecimento da era do Reino de Deus. Assim sendo, embora a profecia diga respeito a Ciro, deverá ultrapassar em muito sua época, para atingir a concretização total.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2916 – 2917.

O propósito dessa proclamação de liberdade.

1. O preâmbulo mostra as causas e considerações pelas quais Ciro foi influenciado (v. 2). Pelo que parece, sua mente foi iluminada com o conhecimento de Jeová (porque assim ele O chama), o Deus de Israel, como o Deus vivo e verdadeiro (veja 1 Ts 1.9), o Deus dos céus, que é o Senhor soberano e dono de todos os reinos da terra; acerca dEle o rei diz (v. 3): ele é o Deus, o único Deus, o Deus acima de todos. Embora não tivesse conhecido a Deus pelo ensino, Deus se fez conhecer a ele, que o obrigou a realizar esse serviço com um olho nele.

Ciro o faz: (1) Em gratidão a Deus pelos favores que lhe tinha concedido: O Deus dos céus me deu todos os reinos da terra. Isso soa um pouco vanglorioso, porque havia muitos reinos na terra que não estavam debaixo do seu poder; mas ele ressalta que Deus lhe tinha dado tudo que tinha sido dado a Nabucodonosor, cujo domínio, Daniel diz, chegou até à extremidade da terra (Dn 4.22; 5.19).

Observe: Deus é a fonte de poder; os reinos da terra estão à sua disposição; cada parte desses reinos, os homens a têm dEle; e aqueles a quem Deus confiou grande poder e muitas posses deveriam sentir- se obrigados a fazer muito por Ele. (2) Em obediência a Deus. Ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém; provavelmente por meio de um sonho ou visão à noite, confirmado ao compará-lo com a profecia de Isaías, onde sua realização foi profetizada. A desobediência de Israel em relação à ordem de Deus, repetida com frequência, é agravada pela obediência desse rei pagão.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 778.

Ed 2,3. O famoso Cilindro de Ciro lança luz interessante sobre este decreto.

A inscrição (ver pág. 16) conta-nos da sua lealdade a Marduque, o principal deus da Babilônia, e do seu respeito pelos deuses dos povos súditos. Ao passo que as imagens daqueles deuses tinham sido tratadas como troféus por seus antecessores, ele agora as restaurava às suas “cidades santas,” reedificava seus templos e repatriava seus adoradores.

Expressava a esperança de que estes deuses, portanto, orariam por ele diariamente aos deuses da Babilônia: Bei, Nebo e, acima de todos, Marduque.

Adoração Politica

Portanto, do seu próprio ponto de vista, mandar reedificar a casa do SENHOR… o Deus que habita em Jerusalém era apenas mais um exemplo de uma política consistente. Mais de um dos seus sucessores demonstrariam a mesma solicitude pelo protocolo religioso correto (ver págs. 16ss.).

A homenagem prestada ao Senhor no v. 2 era, decerto, uma cortesia diplomática, mas indubitavelmente bastante sincera dentro do contexto. Era importante fazer a redação do decreto corretamente para cada grupo repatriado, e o SENHOR, Deus dos céus era como os judeus descreviam sua divindade. Além disto, para um politeísta com as amplas simpatias de Ciro, pareceria claro que todos os deuses tinham determinado o triunfo dele; cada um deles, portanto, no seu próprio contexto, poderia ser grato por isto.

No entanto, conforme Josefo, (Ant. xi, 1), alguém mostrara a Ciro a profecia de Isaías 44.28, que o menciona pelo nome, e este estava ansioso por cumpri-la. Embora isto não seja impossível, não tem com firmação, e a própria inscrição de Ciro demonstra que qualquer conhecimento que tenha tido do Senhor, era, na melhor das hipóteses, nominal.

Isaías 45.5-6 insiste em que conhecer ao Senhor envolve o reconhecimento de nenhum deus além dEle..

Kidner. Derek,. Esdras e Neemias Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 33-34.

Ed. 1.2 – Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém de Judá.

O fato de Ciro reconhecer Deus como Yahweh é consistente com a política aquemênida de usar “o título do deus ou deuses reconhecidos pela população local, sem, no entanto, implicar que eles próprios fossem ‘convertidos’ a essas religiões de sua própria adoração a Ahura Mazda”.

A expressão “Deus dos céus” aparece nove vezes no Antigo Testamento, e todas as referências dizem respeito a Yahweh. Breneman sugere que “a expressão ‘Deus dos céus’ era comumente usada no Império Persa até mesmo pelos persas ao falar de seu deus”.101 No entanto, esse Deus não é apenas o Deus Criador, mas também o Deus que direciona Ciro a reconstruir o templo em Jerusalém. Por meio do profeta Isaías, Deus diz: “( ״.) que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado” (Is 44.28).

O Cilindro de Ciro, inscrito em cuneiforme babilônico, contém um relato feito por Ciro de sua conquista da Babilônia, em 539 a.C., e da captura de Nabonido, o último rei babilônico.

Tiberios Rata. Comentário do Antigo Testamento Esdras e Neemias. Editora Cultura Cristã. pag. 38.

2. A restauração espiritual de Israel.

Estupidez Moral (1.2-9)

Aqui o Deus eterno protesta diante de todo o universo contra seu povo estúpido e desobediente. Os céus e a terra (2) são convocados a ouvir enquanto a ação jurídica divina está sendo anunciada. O pecado tem sua implicação cósmica; e a natureza está debaixo de maldição por causa do pecado. No entanto, Isaías não é o primeiro a convocar céus e terra para testemunhar enquanto Deus argumenta com os pecadores (cf. Dt 30.19; 32.1; SI 50.1-6; Mq 1.2; 6.1-2).

Isaías descreve Deus como um pai cujos filhos […] prevaricaram contra seu próprio pai (2). Israel, por outro lado, é contrastado com os animais tolos de carga que pelo menos sabem de onde vem seu alimento e como voltar para a manjedoura do seu dono. A falta de discernimento das pessoas é tamanha que Deus se queixa: Israel não tem conhecimento (3).

Ai da nação pecadora (4)!

Eles, como animais de carga, estão carregados de iniquidade e se tornaram uma verdadeira “semente de malignos”. Designados para serem uma semente sagrada, eles não somente têm se tornado filhos sem lei mas corruptores de outros. Eles deixaram o Senhor, trataram-no com desprezo e tornaram-se completamente alheios. Os homens na sua decadência primeiro abandonaram, depois rejeitaram, e, finalmente, apostataram da verdade.

No sistema mosaico, açoites aguardavam o transgressor da lei, mas aqui é retratada uma pessoa que já não tem lugar no corpo para ser castigado (5), tantos são os seus pecados. Repleto de feridas […] e chagas (6) não tratadas, não há lugar para novos açoites. Mesmo assim, a sua rebeldia continua.

Isaías visualiza o castigo pelo pecado que finalmente virá sobre Judá. A vossa terra está assolada (7) por causa das invasões estrangeiras, as cidades, abrasadas pelo fogo e os campos devorados diante deles. A cidade permanente seria reduzida a uma habitação temporária, como uma cabana na vinha (8) ou uma choupana numa plantação de pepinos.2 Exceto pelo fato de que o Deus das hostes angelicais manteve vivos alguns sobreviventes (9), destruição completa seria o destino deles, como ocorreu com Sodoma e Gomorra. De maneira significativa, esse pequeno remanescente constitui a grandiosa minoria de Deus e toma-se a semente de um novo começo (cf. Int., “Sua mensagem”).

Ross E. Price. Comentário Bíblico Beacon Isaías. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 31-32.

Um Povo Ingrato (1.2,3)

1.2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra. Yahweh fala aqui da nação de Judá como Seus filhos. Portanto, começamos com o mais excelente de todos os conceitos, a paternidade de Deus. Cf. Osé. 11.1-4.

O Pai, ofendido pela conduta ímpia de Seus filhos, em breve começaria um severo espancamento contra eles, a fim de reconduzi-los ao estado de obediência. O orador é Yahweh, que figura como Pai. Ele invoca os altos céus como testemunha, e a terra como segunda testemunha, quanto à verdade do que ocorreria, bem como à necessidade de ouvir e obedecer, antes que o desastre sobreviesse. Coisa alguma fere tanto o coração de um pai como a rebelião de um de seus filhos, que atua contra os ensinamentos que foram dados com tanto cuidado.

A pior coisa que um pai pode fazer é conhecer os ensinamentos de Deus e deixar de transmiti-los aos filhos.

Os mestres de Israel e Judá tinham-se mostrado negligentes.

Eles eram os pais espirituais, sob o Pai Celeste. Não obstante, filhos de Deus Pai, tanto Israel quanto Judá, rebelaram-se, para sua própria tristeza.

Os vss. 2-31 têm a forma de uma “ação legal contra Judá, servindo como uma espécie de microcosmo dos capítulos 1-39. Isa. 6.9-13 já projeta o fato de que a maioria da população de Judá não responderia favoravelmente às instruções divinas, tornando o juízo inevitável.

O Senhor é quem fala.

Esta expressão, ou outra semelhante, é usada com frequência para introduzir seções nos livros do Pentateuco. Ver sobre isso em Lev. 1.1 e 4.1. Temos aqui uma reivindicação de revelação divina. Isaías foi um instrumento para que a mensagem fosse entregue ao povo, e não o criador dessa mensagem.

Eles estão revoltados contra mim. No hebraico, “revoltados” é tradução do termo pasa, palavra usada para indicar a rebeldia e a desobediência de nações vassalas conjrajotências superiores.

O universo deveria dar ouvidos, como testemunha do que estava sendo dito, prometido e ameaçado. Cf. Deu. 30.19 e 32.1. Ver também Sal. 50.4; Jer. 6.18 e 22.29. O povo de Judá era indigno de sua eleição e, no entanto, Deus os havia escolhido (Êxo. 4.22; Deu. 14.1. Osé. 11.1); talvez houvesse uma mudança de atitude, por causa da gratidão que eles deveriam apresentar ao Pai.

1.3 O boi conhece o seu possuidor, e o jumento o dono da sua manjedoura.

Os chamados animais mudos, como o boi e o jumento, são espertos o bastante para reconhecer seus proprietários e então obedecer-lhes. Eles conhecem os seus donos, que tem o sentido de ‘Vir a conhecer por associação”.

Judá deveria ter reconhecido Yahweh mediante longa associação, visto que o povo israelita formava nações em pacto com Deus, presumivelmente distintas das outras nações, pois possuíam a lei de Moisés (ver Deu. 4.4-8). Ver no Dicionário o verbete chamado Pactos, quanto aos vários acordos firmados entre Deus e o povo de Israel.

Manjedoura. Ou seja, o lugar onde os animais se alimentavam. Os próprios animais mudos sabiam onde obter o alimento que lhes sustentava a vida; mas Judá não sabia que a lei é que fornecia a vida (ver Deu. 4.1; 5.33; 6.2; Eze. 20.1).

Provavelmente está em vista aqui o solo batido do ambiente fechado onde os animais domésticos eram guardados (cf. Jó 39.9).

Ali o alimento era colocado, para benefício dos animais.

O disciplina

O boi era um animal submisso, mas o jumento tinha jeputação de ser um animal estúpido. No entanto, tomava-se obediente quando castigado e reconhecia certas coisas capazes de salvar-lhe a vida, tais como alimentar-se das provisões dadas por s e i dono, submeter-se ao seu proprietário e servi-lo em funções que outros animais não eram capazes de efetuar. O jumento estava seguro de passos nos montes, onde um cavalo tendia a escorregar.

Note o leitor a descida vertiginosa de filhos de Yahweh para Tna/s estúpido’ que animais de carga. Judá tinha chegado a esquecer a Origem das provisões básicas da vida, Deus. Cf. Êxo. 20.17 e l Sam. 12.3 quanto a declarações similares.

Deus era o mestre de Judá, mas os animais brutos também Lhe pertenciam; no entanto, todas as lições básicas eram habitualmente desconsideradas. Cf. Jer. 8.7 e Osé. 11.4, paralelos sugestivos que ajudam a ilustrar o texto presente.

A Miserável Condição de Judá (1.4-9)

1.4 Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade. Notemos, neste versículo, as palavras que implicam pecado:

1. Nação pecaminosa. Toda a nação de Judá havia apodrecido em maus atos.

2. Um povo sobrecarregado de iniquidades, como quando os animais de carga se vergam diante do peso de seu fardo.

3. Raça de malignos, em seus planos e atos, tendo-se desviado para uma vereda contrária à lei e andando em caminhos de transgressão contra a lei.

4. Embora privilegiados acima de todas as demais nações da terra, eles se esqueceram de Yahweh, desconsiderando as leis que exprimiam a Sua vontade. 5. Eles se tornaram desprezadores do próprio Deus, porquanto apequenavam Seus pactos e leis, e zombavam das admoestações dos profetas.

6. O resultado é que eles se tornaram totalmente alienados do Pai celeste, como se Judá fosse o filho pródigo entre as nações.

Note o leitor as palavras de relacionamento: povo, raça, filhos; cada um dos quais deveria ter seu significado em relação ao Pai, embora cada qual representasse alguma forma de corrupção.

Santo de Israel.

Quanto a este título divino, cf. Lev. 11.44: “Sereis santos, porque eu sou santo”. A teologia dos hebreus misturava o sumo bem, o sumo poder e a suma inteligência no Ser divino, em contraste com as divindades pagas que eram francamente corruptas. O título “Santo de Israel” é usado cerca de 25 vezes no livro de Isaías. Como exemplo, ver 5.19,24; 10.17,20; 29.19 e 30.11.

Esse título, em si mesmo, serve de exortação para que os homens sejam santos, por meio da lei, que é o manual da conduta humana.

“Eles tinham voltado as costas, e não o rosto, para Ele” (Kimchi). Cf. Jer. 2.27 e 7.24. Esquecer o Senhor é interpretado no Targum como abandonar a adoração ao Senhor no templo. Eles tinham deixado de ir à igreja e expulsaram de sua mente as coisas ensinadas pela igreja, conforme diriamos em nossos próprios tempos.

1.5 Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia?

Judá já estava sentindo a tribulação provocada pelos assírios, e em breve a nação do norte seria levada cativa pelos assírios. O profeta encarava a condição de Judá como um corpo humano espancado prestes a ser mais espancado ainda. Maior revolta significaria maiores espancamentos e, quando a Babilônia ferisse, seria a morte física e espiritual da nação. As chicotadas seriam administradas por potências inimigas, mas a causa disso era o próprio Yahweh, a Causa celeste. O profeta então mudou a metáfora para uma enfermidade que havia atingido o corpo inteiro, da cabeça ao dedão do pé. A cabeça estava doente, e o coração estava debilitado.

A figura simbólica

“é a de um servo que estava sendo cruelmente espancado por causa de sua má conduta contínua” (R. B. Y. Scott, in loc).”… ferido por aflições e castigos, com os quais Deus punia o Seu povo, a fim de corrigir lhes os pecados; Isa. 57.17 e Osé. .1.6″ (John Gill, in loc).

1.6 Desde a planta do pé até à cabeça não há nele cousa sã. Platão dizia que a alma dos tiranos é cheia de úlceras abertas (Gorg., cap. 80). O profeta Isaías disse algo semelhante, mas aplicou tudo à nação de Judá, e não somente aos líderes da nação. Alguma horrenda praga tinha tomado conta do corpo inteiro (o país), de forma que coisa alguma saudável podia ser encontrada ali. Se o autor continuasse a usar a metáfora do espancamento (vs. 5), então haveria o quadro de um corpo humano-tão coberto de ferimentos, rouxidões e cortes profundos que não restaria lugar que não tivesse sido afetado. As feridas não estavam pensadas, e nenhum óleo fora aplicado aos ferimentos para suavizá-las.

O vs. 7 ilustra a situação. Cf. a linguagem do vs. 6 a Deu. 28.22-25 e Jó 2.7. “Quando vários medicamentos são aplicados mas nenhuma cura ocorre, então a desordem deve ser vista como infligida diretamente por Deus” (Kimchi, in loc). Ver Isa. 9.13-16. O Targum observou que em Judá não havia ninguém perfeito no temor de Deus, o que é uma frase veterotestamentária equivalente à espiritualidade.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2789-2790.

Judá: um povo rebelde

POVO REBELDE 1.2-4

Isaías começa com uma mensagem para Judá e Jerusalém. Numa cena que é retratada como em uma sala de tribunal, um Deus justo e santo que fez os céus e terra apelava para que testemunhassem contra Israel. Moisés, o manancial ou nascente da profecia israelita, tinha apelado aos céus e à terra para testemunharem contra o povo quando ele colocou diante deles as bênçãos e as maldições da aliança (Dt 30.19; cf. 31.28; 32.1).

O SENHOR

Yahweh, é o Deus auto-existente, o mantenedor ou guarda da aliança, e cumpridor da promessa. Ele tinha “criado” os israelitas como seus filhos (Êx 4.22; 15.13; Dt 24.18; SI 77.15, identificam-nos como filhos redimidos, libertados pelo poder de Deus), guiando-os, ensinando-os, satisfazendo as suas necessidades, e estabelecendo o seu reino por intermédio deles.

Agora, apesar da provisão paternal e cuidado terno de Deus por seus filhos, eles (o Heb. está na posição enfática) tinham se “rebelado” contra Ele, voluntariosamente rejeitando o seu amor paternal e a sua orientação.

Os animais domésticos que serviam às pessoas tinham mais senso que os israelitas. O boi sabe a quem pertence e quem lhe dá direção. O burro sabe quem o comprou, aonde ir procurar comida e quem a provê (cf. M l 1.6). O fato de que “Israel não tem conhecimento” indica que eles já não tinham um relacionamento pessoal com Deus.

Eles já não agiam como um povo escolhido, o povo da aliança.

Que o povo não “entende” indica que eles não eram mais capazes de discernir o que é verdadeiro e direito. Eles tinham esquecido que haviam sido redimidos e não mais reconheciam a Deus como a fonte da sua força, reputação e riqueza. Eles já não eram testemunhas para a glória de Deus. Mas se tivessem até mesmo tanto bom senso quanto um boi ou um burro, eles nunca teriam se rebelado.

Isaías responde com pesar clamando “Ai” (Heb. boi, “ah!”) para a nação pecadora e corrupta.10 A culpa deles é um fardo pesado. Deus queria que eles fossem um povo santo, mas eles continuaram deliberadamente nas ações más dos seus pais e trataram o Santo de Israel com desprezo blasfemo. “O Santo de Israel” é um termo encontrado vinte e nove vezes em Isaías e só seis vezes no restante do Velho Testamento.

Ele reflete o que Isaías viu na sua visão inaugural (cap. 6) e enfatiza tanto o caráter de Deus como as suas reivindicações sobre Israel. Mas Israel rejeitou essas reivindicações. Eles se voltaram contra Ele, se afastaram, e se separaram dEle, rejeitando-o completamente em uma total ingratidão. O culto aos ídolo pode também estar implícito (como em Ez 14.3).

Isaías se torna agora uma testemunha para as consequências do pecado de Israel.

A nação está como uma pessoa que foi brutalmente assaltada por um ladrão, porém não resiste ao ataque, aparentemente pedindo por mais surra. Isaías pergunta por que eles querem ser surrados novamente. Em vez de ser um povo santo eles são como um escravo chicoteado. “Toda a cabeça está ferida” e “todo o coração” (inclusive a mente) está doente. Em outras palavras, o pensamento do povo e de seus líderes está errado e obstinadamente contrário à vontade de Deus.

O corpo, “desde a planta do pé até à cabeça”, está coberto com feridas abertas e supuradas. Nenhuma destas feridas está “espremida, nem ligada, nem nenhuma delas amolecida [aliviada] com óleo [de oliveira]”. O país está ferido e ninguém está ajudando. Parece não haver nenhuma esperança por recuperação, e eles estão voluntariosamente se dirigindo para um desastre mais extenso. Como McKenna salienta: “Isaías nunca esquece que o pecado tem também dimensões sociais”.

HORTON. Staleym. M. Serie Comentário Bíblico Isaias. Editora CPAD. pag. 54 – 56.

a – O Espírito Santo é sempre intolerante com o pecado.

A CONVERSÃO

Tudo o que a pessoa precisa fazer para ser salva da ira divina é olhar para Cristo, e viver (cf. Nm 21.4-9; Jo 3.14,15; 12.31,32). A salvação não consiste numa série complicada de ritos, ou numa série de passos místicos. Ela ocorre instantaneamente na vida do que, de maneira sincera, busca a Deus. Entretanto, mesmo que não haja ordem cronológica nos eventos que cercam a salvação, há uma sequência lógica, conforme nos mostra claramente a Bíblia.

Vários termos cruciais estão vitalmente relacionados à admirável experiência da salvação. Comecemos, pois, com o ministério da convicção. Disse Jesus: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” 0° 6.44). Esse gracioso ato de Deus, embora atribuído ao Pai, é realizado através do Espírito Santo.

O Espírito Santo

Como o executor da divindade, Ele aplica os métodos da redenção aos que se entregam a Cristo. “E, quando ele [o Conselheiro, o Ajudador, o Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado” (Jo 16.8-11). O principal instrumento usado pelo Espírito Santo nessa obra é a Palavra de Deus. “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo” (Rm 10.17). Embora o Espírito Santo não restrinja a liberdade do indivíduo, chama os pecadores a virem a Cristo Jesus.

Esse trabalho do Espírito é chamado de “a doutrina da vocação” ou “do chamamento”. Tanto os arminianos quanto os calvinistas concordam de que é realmente Deus quem dá o primeiro passo na salvação dos pecadores. E Ele quem expede o convite.

William W. Menzies; Stanley M. Horton. Doutrinas Bíblicas. Editora CPAD. pag. 107.

A Vinda do Espírito Santo

Que a vinda do Espírito era absolutamente necessária para a realização dos interesses de Cristo na terra (v. 8): “E quando ele vier”, elthon ekeinos.

Aquele que é enviado deseja vir, e na sua primeira vinda, Ele fará isto, Ele “reprovará”, ou, como na interpretação da margem (versão inglesa KJV), “convencerá o mundo”, pelo seu ministério, no que diz respeito ao pecado, à justiça e ao juízo.

1. Veja aqui qual é a função do Espírito, e com que missão Ele é enviado.

(1) Para reprovar. O Espírito, pela palavra e pela consciência, é um reprovador. Os ministros são reprovadores por ofício, e por intermédio deles, o Espírito reprova.

(2) Para convencer. Este é um termo legal que muitas vezes representa a função do juiz, ao resumir as evidências e definir uma questão que tinha sido debatida durante muito tempo, sob uma luz clara e verdadeira. Ele “convencerá”, isto é, Ele calará os adversários de Cristo e da sua causa, revelando e demonstrando a falsidade e a falácia daquilo que eles sustentam, e a verdade e a certeza daquilo a que eles se opõem.

Observe que o trabalho de convencer é o trabalho do Espírito. Ele pode realizá-lo com eficácia, e ninguém pode fazê-lo, exceto Ele. O homem pode abrir a causa, mas somente o Espírito pode abrir o coração.

Consolador

O Espírito é chamado de Consolador (v. 7), e aqui está escrito: Ele “convencerá”. Poderia pensar-se que este era um consolo frio e distante, mas é o método que o Espírito adota, a saber, primeiro convence, e depois consola, primeiro abre a ferida, e depois aplica os remédios curativos. Ou, interpretando a convicção de modo mais genérico, como uma demonstração daquilo que é certo, isto indica que os consolos do Espírito são sólidos e se baseiam na verdade.

2. Veja quem são aqueles a quem Ele deverá condenar e convencer: o mundo, tanto os judeus quanto os gentios.

(1) Ele dará ao mundo os meios mais poderosos de convicção, pois os apóstolos deverão ir a todo o mundo, respaldados pelo Espírito, para pregar o Evangelho, que é completamente comprovado.

(2) Ele irá prover de modo suficiente para o silêncio e a remoção das objeções e preconceitos do mundo contra o Evangelho. Muitos infiéis são convencidos por todos, e julgados por todos, 1 Coríntios 14.24. (3) Ele irá convencer a muitos no mundo, de maneira efetiva e salvadora, muitos de todas as épocas, em todos os lugares, para sua conversão à fé de Cristo. Era um incentivo para os discípulos, em referência às dificuldades que eles provavelmente iriam encontrar:

[1] Que eles veriam o bem sendo feito, a queda do reino de Satanás como um relâmpago, o que seria sua alegria, assim como era a dele. Mesmo neste mundo maligno, o Espírito irá operar. E a convicção dos pecadores é o consolo dos ministros fiéis.

[2] Que isto seria o fruto dos seus serviços e sofrimentos, que iriam contribuir muito para esta boa obra.

3. Veja do que o Espírito irá convencer o mundo.

(1) “Do pecado, porque não creem em mim” (v. 9).

[1] O Espírito é enviado para convencer os pecadores do pecado, e não simplesmente falar-lhes sobre ele. Na convicção, há mais do que isto. E provar-lhes, e forçá-los a reconhecer, assim como aqueles (cap. 8.9) que foram convencidos pelas suas próprias consciências. Fazê-los conhecer suas abominações.

O Espírito convence da realidade do pecado, de que fizemos isto e aquilo; da falha no pecado, de que fizemos mal em fazer isto e aquilo; tolice do pecado, de que agimos contra a razão e contra nossos verdadeiros interesses; sujeira do pecado, de que por ele nos tornamos odiosos a Deus; da fonte do pecado, a natureza corrupta; e, por fim, do fruto do pecado, cujo fim é a morte.

O Espírito demonstra a depravação e a degeneração de todo o mundo, pelas quais todo o mundo é culpado diante de Deus.

[2] Ao convencer, o Espírito se prende especialmente ao pecado da incredulidade, que consiste no fato de não se crer em Cristo.

Em primeiro lugar, por este ser um grande pecado dominante. Havia, e há, muitas pessoas que não creem em Jesus Cristo, e elas não se dão conta de que este é seu pecado. A consciência natural lhes diz que matar e roubar são pecados. Mas é a obra sobrenatural do Espírito convencê-las de que há um pecado em não crer no Evangelho, e rejeitar a salvação que ele oferece.

A religião natural, depois que nos fornece suas melhores revelações e orientações, estabelece e nos deixa sob esta obrigação adicional, que, a qualquer revelação divina que nos seja feita, a qualquer tempo, com evidências suficientes que provem sua origem divina, nós devemos aceitar e sujeitar-nos.

Transgredem esta lei aqueles que, quando Deus nos fala por intermédio do seu Filho, rejeitam aquele que fala, e, por isto, é pecado.

Em segundo lugar, por este ser um grande pecado destruidor. Todo pecado é destruidor em sua própria natureza. Porém, nenhum pecado pode destruir aqueles que creem em Cristo e se mantêm em santificação.

De modo que é a incredulidade que destrói os pecadores.

É por esta causa que eles não podem entrar no repouso, que não podem escapar à ira de Deus. Este pecado combate contra o remédio. Em terceiro lugar, por este ser um pecado que está no fundo de todo pecado.

Assim Calvino interpreta. O Espírito irá convencer o mundo de que a verdadeira razão pela qual o pecado reina entre eles consiste no fato de que eles não estão unidos a Cristo pela fé. Ne putimus vel guttam unam rectitudinis sine Christo nobis inesse – Não devemos supor que, separados de Cristo, tenhamos sequer uma gota de retidão.

Calvino.

(2) “Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais”, v. 10.

Nós podemos interpretar isto: [1] Como a justiça pessoal de Cristo. Ele convencerá o mundo de que Jesus de Nazaré era Cristo, o Justo (1 Jo 2.1), assim como o centurião reconheceu (Lc 23.47): “Na verdade, este homem era justo”. Os inimigos de Jesus lhe atribuíam as piores características, e as multidões não se convenciam, ou não queriam se convencer, de que Ele não era um homem mau, o que fortalecia seus preconceitos contra sua doutrina.

Mas Ele é justificado pelo Espírito (1 Tm 3.16), Ele prova ser um homem justo, e não um enganador. E então o ponto é realmente ganho, pois Ele é o grande Redentor ou a grande trapaça. Mas uma trapaça, nós temos certeza de que Ele não é. Agora, por qual meio ou argumento o Espírito irá convencer os homens da sinceridade do Senhor Jesus? Em primeiro lugar, o fato de que eles não mais o verão irá contribuir, de certa maneira, para a remoção dos seus preconceitos.

Eles não mais o verão na semelhança da carne pecadora, na forma de um servo, que fez com que eles o desprezassem.

Moisés

Moisés foi mais respeitado depois de ser removido do que antes. Mas, em segundo lugar, sua ida ao Pai traria uma convicção completa disto. A vinda do Espírito, segundo a promessa, era uma prova da exaltação de Cristo à direita de Deus (At 2.33), e uma demonstração da sua justiça, pois o santo Deus nunca colocaria um enganador à sua direita. [2] Como a justiça de Cristo transmitida a nós, para nossa justificação e salvação, que é a justiça eterna que o Messias devia trazer, Daniel 9.24.

Em primeiro lugar, o Espírito irá convencer os homens desta justiça. Tendo, pela convicção do pecado, lhes mostrado a necessidade que tinham de justiça, para que isto não os levasse ao desespero, Ele irá lhes mostrar onde ela pode ser encontrada, e como eles podem, se crerem, ser absolvidos da culpa e ser aceitos como justificados, diante de Deus. Era difícil convencer desta justiça àqueles que tentavam estabelecer a sua própria (Rm 10.3), mas o Espírito o fará.

Em segundo lugar, a ascensão de Cristo é o grande argumento apropriado para convencer os homens desta justiça: Eu “vou para meu Pai”, e, como evidência de que serei bem recebido junto a Ele, “não me vereis mais”. Se Cristo tivesse deixado alguma parte da sua missão inacabada, Ele teria sido enviado de volta. Mas agora que temos a certeza de que Ele está à direita de Deus, temos a certeza de que somos justificados por meio dele.

(3) “Do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado”, v. 11.

[1] O Diabo, o príncipe deste mundo, foi julgado, foi considerado como um grande enganador e destruidor, e, como tal, recebeu julgamento e a execução foi realizada, em parte. Ele foi expulso do mundo gentílico quando seus oráculos foram silenciados, e seus altares, abandonados. Foi expulso do corpo de muitos, em nome de Cristo, cujo poder milagroso continua na igreja. Ele foi expulso das almas das pessoas, pela graça de Deus, através da operação do Evangelho de Cristo. Ele caiu como um relâmpago do céu.

[2] Este é um bom argumento, com o qual o Espírito convence o mundo do juízo, isto é, em primeiro lugar, da santidade e santificação inerentes, Mateus 12.18.

A missão de Cristo

Pelo juízo do príncipe deste mundo, fica evidente que Cristo é mais forte que Satanás, e pode desarmá-lo e destituí-lo, e estabelecer seu trono sobre a ruína do dele. Em segundo lugar, de uma nova e melhor dispensação das coisas. Ele irá mostrar que a missão de Cristo no mundo foi a de estabelecer as coisas para endireitá-lo, e dar início aos tempos de transformação e regeneração.

E Ele prova isto com o fato de que o príncipe deste mundo, o grande mestre do desgoverno, é julgado e expulso. Tudo estará bem quando for quebrado o poder daquele que fazia tantas maldades. Em terceiro lugar, do poder e do domínio do Senhor Jesus. Ele convencerá o mundo de que todo o juízo é dado ao Senhor Jesus, e que Ele é o Senhor de tudo e de todos. A evidência disto é que Ele julgou o príncipe deste mundo, feriu a cabeça da serpente, destruiu aquele que tinha o poder da morte, e despojou os principados.

O Dominio de Cristo

Se Satanás foi dominado desta maneira por Cristo, nós podemos ter a certeza de que nenhum outro poder pode se erguer diante dele. Em quarto lugar, do dia do juízo final: todos os inimigos obstinados do Evangelho e do reino de Cristo certamente receberão, por fim, seu tratamento, pois o Diabo, seu cabeça, será julgado.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 1000 – 1002.

A obra do Espírito Santo, quando ele vier (lit., “aquele, ao vir”, 8), é cuidadosamente exposta para que os discípulos a entendam.

Ele convencerá (“condenará”, ASV; “trará convicção”, Weymouth; “convencerá”, Phillips; “repreenderá”, Tyndale). Nesta variedade de traduções, fica evidente que a palavra grega elegxei possui dois significados básicos: “convencer”, no sentido de provar ou demonstrar, e “condenar”, no sentido de reprovar, corrigir ou castigar.

“A palavra é quase equivalente à palavra “expor”, que tem precisamente o mesmo duplo sentido: exibir para a apreciação pública, explicar, desmascarar, mostrar, expressar reprovação”.

Já vimos como a obra do Espírito é o seu testemunho do Filho (15.26) — sua função de ensinar e lembrar as palavras e ensinos de Jesus (14.26) — e a força interior constante e permanente que Ele é para o crente (14.16-17). Mas neste papel Ele alcança o lado exterior do círculo de crentes até o mundo (8). No entanto, observe que Ele alcança o mundo somente quando vem aos crentes.

E operando através dos crentes que o Espírito está convencendo e condenando aqueles que não creem, aqueles que estão em rebelião contra Deus. Ele os convence do pecado, da justiça, e do juízo.

Ele convence do pecado,

Porque não creem em Jesus (9). Em seus ensinos, Jesus deixou claro que a recusa a crer nele é equivalente a morrer em pecado (8.24). Assim, o Espírito mostra o que o pecado é em sua essência. Ele é “o egoísmo que se coloca longe de Deus e, portanto, contra Ele. Não é definido por nenhuma regra limitada, mas expressa um espírito geral.

Crer em Deus é adotar o princípio da auto entrega a Deus. Não crer em Deus é romper com o aspecto legal de dever e serviço que envolve um completo mal-entendido da essência do pecado”. Bernard comenta: “Ele é a pedra de toque do caráter moral para discernir Deus em Cristo” (cf. 3.18,36; 20.30-31; At 2.36-37; 1 Jo 5.10).

Ele convence da justiça,

Porque vou para meu Pai, e não me vereis mais (10). A palavra grega para “justiça”, dikaiosune, só aparece aqui em João. E a qualidade do caráter moral que foi perfeitamente exibido em cada motivo e ato de Jesus, e que estava sempre de acordo com a vontade do Pai. “Jesus é o Justo (1 Jo 2.1), nenhum pecado pode ser encontrado nele (8.46; 14.30)”. Além disso, por causa da natureza e da vida sem pecado de Jesus, resta somente ao Espírito demonstrar e convencer os homens de que é possível viver uma vida justa neste mundo. “Esta revelação uma vez dada foi terminada… Foi estabelecido, para todas as épocas, que através dela a estimativa de justiça de todos os homens poderia ser tentada”.

Ele convence do juízo,

Porque já o príncipe deste mundo está julgado (ll). Estas palavras descrevem sucintamente a luta cósmica entre o bem e o mal, Deus e Satanás, ao passo que dão a certeza do triunfo final de Deus e do bem. O príncipe deste mundo é a personificação do mal (8.44; 13.27; 1 Co 2.8; 1 Jo 3.12). Seu destino está selado, pois o juízo já foi decretado (cf. 3.18; 12.31; 16.33; Ef 2.2-10; 1 Jo 2.13-14). “O Diabo está lutando uma batalha perdida”.

Nesta seção, vemos “O Dom do Espírito Santo”. 1. Ele é dado especialmente aos crentes que não podem ter a presença física de Jesus (4). 2. Sua vinda significa, para o cristão, mais do que ter conhecido Jesus na carne (5-7). 3. Quando Ele vier aos cristãos, Deus poderá ter a sua obra completa neste mundo (8-11).

Joseph H. Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. João. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 133.

b. Mas o Espírito Santo também aponta para Jesus como aquele que perdoa e salva (1 Jo 1.9, 2.1,2; Rm 3.25; 2 Co 5.18-21).

Jesus, o advogado incomparável (IJo 2.1,2)

O apóstolo João ainda está lidando com o problema do pecado. O pecado é universal e também enganador. O pecado nos induz a tentar enganar os outros (1.6), a nós mesmos (1.8) e ao próprio Deus (1.10). Podemos ter três atitudes em relação ao pecado: escondê-lo (1.5,6,8,10), confessá-lo (1.7,9) e triunfar sobre ele (2.1,2).

João Aponta

João agora nos aponta o caminho para vencermos o pecado. O propósito dessa carta é encorajar os crentes a não pecarem (2.1). A prática do pecado é incompatível com a nova vida em Cristo. Quem vive pecando não viu a Deus nem o conheceu (3.6). Quem vive na prática do pecado não é nascido de Deus (3.9).

Toda essa carta está impregnada de horror, ódio, temor e repúdio ao pecado. João espera que os crentes sejam preservados do mau ensino dos hereges e que não caiam em pecado. Precisamos ressaltar, entretanto, que a perfeição moral absoluta é impossível de ser conquistada nesta vida. O perfeccionismo não é bíblico. Precisamos distinguir entre perfeição posicionai e perfeição processual. Somos perfeitos em Cristo (Cl 2.10; Fp 3.15), mas ainda estamos num processo de aperfeiçoamento. A santificação é um processo gradual. A perfeição obtida em Cristo é operada gradualmente em nós (2Co 7.1). Esse processo só é terminado na glorificação (ICo 15.51,52).

Há duas posições perigosas em relação ao pecado:

a indulgência por um lado e a severidade por outro. Vale ressaltar que João trata da questão do pecado de forma negativa – “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis” – e depois positivamente – “Se, todavia, alguém pecar…”.

Duas Posições

John Stott está correto quando diz que é importante manter essas duas afirmações em equilíbrio. E possível ser demasiado indulgente e demasiado severo para com o pecado. A indulgência demasiado grande seria quase encorajar o pecado no cristão salientando a provisão de Deus para o pecador. Uma severidade exagerada, entretanto, seria negar a possibilidade de um cristão pecar ou recusar-lhe perdão e restauração, se ele cair. As duas posições extremas são contestadas por João.

O Pecado

E preciso tocar a trombeta e alertar que o pecado é maligno e jamais deve ser incentivado ou tolerado. Cristo morreu não para nos salvar em nossos pecados, mas dos nossos pecados. Entretanto, aqueles que fecham a porta da esperança para os que são surpreendidos no pecado estão também em desacordo com a Palavra de Deus. O propósito de João é que os crentes não pequem, mas, se pecarem, eles têm Jesus como advogado e propiciação.

O apóstolo João nos mostra como triunfar sobre o pecado nesses dois versículos em apreço (2.1,2). Ele nos apresenta Jesus como o advogado, o Justo e a Propiciação. Trataremos, portanto, desses três pontos, sob a perspectiva de Jesus, como o advogado incomparável.

Jesus é o advogado incomparável quanto ao seu caráter (2.1)

O apóstolo escreve: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (2.1). João se dirige aos crentes como seus filhos na fé. Ele tem amor e autoridade para ensiná-los. Não apenas os chama carinhosamente de filhinhos, mas de meus filhinhos. A palavra grega teknion pode ser traduzida por “criancinha”. A forma diminutiva é usada para expressar afeto.142

Werner de Boor diz acertadamente que o trato leviano com o pecado por parte dos cristãos por causa do perdão “justo” (1.9) e pleno não representa mero perigo teórico. Quem encontra o “perdão justo” de Deus exclusivamente na cruz e no sangue do Filho de Deus de forma alguma pode pensar: logo, pecar não é tão grave, posso tranquilamente continuar a pecar. Então jamais teria compreendido o que o perdão de seus pecados custou. De qualquer modo, o apóstolo deseja constatar expressamente que a finalidade de sua mensagem é a rejeição séria e resoluta do pecado.

A ordem de João para os seus queridos filhos é: “não pequeis”.

O verbo grego hamcvrthete, “pequeis”, no aoristo indica atos específicos de pecado e não um estado habitual de pecado. Em outras palavras, o pecado na vida dos crentes deve ser um acidente e não um hábito, uma prática.

João usa o termo parakletos para descrever Jesus. Essa palavra significa ajudador, advogado, intercessor. Fritz Rienecker diz que na literatura rabínica essa palavra podia indicar a pessoa que oferecia auxílio legal ou aquela que intercedia em favor de outra. No presente contexto, a palavra significa, indubitavelmente, advogado de defesa – num sentido jurídico.

Um Advogado

William Barclay diz que o termo parakletos, “advogado”, era usado em oposição ao termo “acusador”. A palavra parakletos aparece mais quatro vezes no Novo Testamento, todas no evangelho de João, onde é traduzida como “Consolador”, e se refere ao Espírito Santo (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7). Essa palavra significa, em geral, alguém que se coloca ao lado de outro para ajudar. Quando João usa a palavra aqui, aplicada a Cristo, a ideia é que ele fala com o Pai sobre nós, em nossa defesa, e intercede para que sejamos perdoados (Rm 8.34; lTm 2.5; Hb 7.24,25).

John Stott destaca o fato de que se temos um advogado no céu, Cristo tem um advogado na terra. O Espírito é o Paráclito de Cristo, como o Senhor Jesus é o nosso. No entanto, enquanto que o Espírito Santo pleiteia a causa de Cristo perante um mundo hostil, Cristo pleiteia a nossa causa contra o nosso “acusador” (Ap 12.10) e junto ao Pai, que ama e perdoa a seus filhos.

Agora não somos mais réus, mas filhos. Deus não é mais o nosso Juiz, mas Pai. Nós, que cremos em Cristo, não entramos mais em juízo, mas passamos da morte para a vida (Jo 5.24). Uma vez justificados, entramos na família de Deus. Se pecarmos, não precisaremos de uma nova justificação do Juiz divino, mas do perdão do Pai.

Esta expressão, “Jesus Cristo, o Justo” indica a sua natureza humana (Jesus), o seu ofício messiânico (Cristo) e o seu caráter justo (o Justo).149 João enfatiza não apenas a humanidade de Jesus e o ofício messiânico de Cristo, mas também, seu caráter perfeito, justo e impoluto como homem (Mt 27.19,24). Ele é o Justo que veio morrer pelos injustos (Rm 5.6-11; IPe 3.18). Sendo justo, Jesus pode comparecer diante de Deus e nos defender.

Destacamos aqui dois pontos para a nossa reflexão:

Em primeiro lugar,

Jesus Cristo não é apenas nosso advogado, mas também, nosso exemplo (2.1). Hoje vemos uma separação entre a vida moral e o desempenho profissional. Muitos advogados são gigantes na tribuna, mas nanicos na conduta. São imbatíveis na oratória, mas vulneráveis na ética. Muitos advogados, por esperteza e pela ganância do lucro fácil, burlam as leis, corrompem os tribunais, aviltam a justiça e assaltam o direito dos inocentes.

No tribunal dos homens, muitas vezes a verdade é pisada e a justiça, negada. Não raras vezes a lei é torcida, as testemunhas são subornadas, os juízes são corrompidos e as sentenças, compradas. No tribunal dos homens, muitas vezes vemos um Herodes livre e um João Batista na prisão; um Pilatos julgando e o Jesus de Nazaré sendo julgado; um Nero no trono e um Paulo no calabouço.

No entanto, Jesus como advogado nunca usou de espertezas para torcer a lei. Jesus nunca aceitou suborno. Ele nunca vendeu sua consciência. O diabo quis dar-lhe os reinos do mundo em troca de sua adoração (Mt 4.8-11). As multidões queriam fazê-lo rei (Jo 6.15). Nunca ninguém pôde acusá-lo de pecado. Não havia dolo em sua boca. Sua vida era impoluta e sem jaça. Ele é a Verdade, a luz do mundo, o verbo da vida, o advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.

Em segundo lugar,

Jesus Cristo como nosso advogado nunca transigiu com o erro (2.1). Jesus não veio para manipular a lei, mas para cumpri-la. Ele não veio para encontrar brechas na lei para nos inocentar da culpa, mas para cumprir as exigências da lei e nos livrar da condenação do pecado. Ele se colocou sob a lei e viveu em obediência à lei.

Os judeus o acusaram de beberrão, violador do sábado, amigo dos pecadores e até de endemoninhado. Os membros do sinédrio contrataram testemunhas falsas para acusá-lo. Ninguém, contudo, pôde acusá-lo de pecado. Por essa razão, ele pode ser o nosso advogado.

Jesus é o advogado incomparável quanto ao seu método (2.1,2)

Jesus é singular não apenas quanto ao seu caráter, mas também quanto ao seu método. Destacaremos aqui alguns pontos importantes:

Em primeiro lugar, Jesus não veio para defender nossa inocência, mas destacar a nossa culpa (2.1,2). Jesus não veio para mostrar nossas virtudes, mas para apontar os nossos pecados. Jesus como nosso advogado não defende que somos inocentes, nem aduz circunstâncias atenuantes. Reconhece a nossa culpa e apresenta a sua obra vicária como a base da nossa absolvição.

Jesus Cristo, nosso advogado, não veio buscar justos, mas pecadores.

Ele não veio para os sãos, mas para os enfermos. Ele não veio salvar os que se julgam bons, mas veio buscar e salvar os perdidos (Lc 19.10). Destacamos alguns pontos: Jesus não veio para dizer que o homem é bom. O pensador francês Jean Jacques Rousseau diz que o homem é bom.

Muitos creem nessa tolice e se julgam perfeitos e essencialmente bons. Mas a Bíblia diz que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23). As Escrituras nos informam que “Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10).

E bom enfatizar que Jesus veio para morrer pelos pecadores e não por aqueles que aplaudem as próprias virtudes. Aquele que diz que não tem pecado engana-se a si mesmo e ainda faz Deus mentiroso.

Jesus não veio para dizer que temos méritos diante de Deus para sermos absolvidos.

A defesa que Jesus apresenta em nosso favor à destra de Deus não é fazendo uma apologia dos nossos méritos pessoais, mas da virtude e eficácia de seu sacrifício em nosso favor. Somos salvos pela fé e não pelas obras (Ef 2.8,9). Não somos aceitos por Deus pelas obras que fazemos, mas pela obra que Cristo fez. Não somos recebidos nos céus pelas obras que fazemos para Deus, mas pela obra que Deus fez por nós em Cristo.

Jesus não veio para dizer que somos inocentes.

Longe de defender nossa inocência, Jesus reafirma a nossa culpa. Deus não inocenta o culpado (Êx 34.7) e a alma que pecar, essa morrerá (Ez 18.4). Só aqueles que se reconhecem pecadores culpados podem ter a Jesus como seu advogado. Só aqueles que estão desesperados por causa de seus pecados podem encontrar o alívio do perdão e a alegria da reconciliação por meio de Cristo. Se não tivermos uma concepção real da malignidade e gravidade do pecado não teremos uma visão correta do Salvador nem mesmo da salvação.

Jesus não veio para dizer que somos livres.

O pecado escraviza. O pecado é uma prisão. Jesus diz que quem pratica o pecado é escravo do pecado. Muitos pensam que o maior problema do homem é a ignorância. Os positivistas pensaram que se déssemos educação ao homem ele viveria num paraíso, mas o maior problema do homem não é ignorância, mas o pecado.

Há pessoas cultas que ainda são escravas do seu pecado. Somente Cristo liberta. Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.32). Ele mesmo disse: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36). Só aqueles que se reconhecem culpados, perdidos e condenados é que podem ser livres e salvos. No tribunal de Deus não existe réu primário, bons antecedentes e pena comutada. Só os arrependidos serão absolvidos!

Jesus não veio para dizer que a sinceridade é suficiente.

Muitos pensam que o importante é ser sincero. Mas a Bíblia diz que “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Pv 14.12). Há muitas pessoas sinceramente enganadas. Há muitos indivíduos que estão no caminho largo da perdição e jamais se aperceberam que estão caminhando para a morte. Jesus não veio para dizer que a sinceridade é a porta do céu. A porta do céu é Jesus. O caminho para Deus é Jesus. O único advogado junto ao Pai é Jesus Cristo, o Justo.

Em segundo lugar, Jesus não cobra honorários, ele defende a nossa causa de graça. Quanto mais famoso é um advogado, tanto mais caro é o seu serviço. Jesus é o advogado divino e ele não cobra nada; aliás, ele pagou tudo.

A salvação é de graça, mas não é barata.

Ela custou muito caro para Deus. Ela custou o sangue do seu Filho bendito. Jesus suportou a ignomínia da cruz para nos salvar (Hb 12.2). Suportou o escárnio, as cusparadas e a vil humilhação para ser o nosso advogado. Foi esbordoado, despido e pregado na cruz por ser o nosso representante e substituto. Morreu a nossa morte. Ressuscitou e está à destra de Deus.

A graça é um dom imerecido.

Jesus é o advogado daqueles que estão desamparados, que estão esmagados pela culpa, que estão sob o senso da condenação. Jesus não cobra pelo seu serviço. Ele não exige o pagamento de custas processuais nem cobra honorários.

Em terceiro lugar, Jesus é o titular da ação ou pede substabelecimento. Jesus não é um advogado dentre outros. Ele é o único advogado que nós temos junto ao Pai. Ele é o único Mediador entre Deus e os homens. Ninguém pode ir ao Pai senão por ele. Não há salvação em outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos. Não podemos confiar em nossos méritos, obras, penitências, nem recorrermos a Pedro, Maria ou outros intercessores. Jesus é o titular da ação ou, então, não é o nosso advogado.

Prontidão do Advogado

Em quarto lugar, Jesus jamais está ocupado, mas está sempre pronto a nos atender. Quanto mais importante é um advogado, tanto mais cheia é a sua agenda e tanto mais indisponível está para os seus clientes. Jesus, o advogado incomparável, está sempre disponível. Ele não está ocupado em viagens e audiências. Temos livre acesso a ele a qualquer tempo, em qualquer lugar. Sua assistência é direta e constante. Podemos falar com ele em casa, no trabalho, na escola ou no hospital. Sua linha nunca está ocupada. Ele está à direita do Pai e intercede por nós (Rm 8.34).

Jesus é o advogado incomparável quanto à sua eficácia (2.2)

Alistaremos em seguida as razões por que Jesus é absolutamente eficaz em seu ministério como nosso advogado.

Em primeiro lugar, Jesus veio não apenas para estar ao nosso lado, mas em nosso lugar. Ele não veio apenas para falar por nós, mas para morrer por nós. Jesus é o nosso fiador, representante e substituto. O apóstolo João diz que Jesus é a propiciação pelos nossos pecados. Destacamos aqui dois pontos: a natureza do seu sacrifício e o alcance do seu sacrifício.

A natureza do sacrifício de Cristo. João escreve: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados…” (2.2a) A palavra grega hilasmos significa satisfação e propiciação. A ideia é aplacar a ira de Deus. A ideia dessa passagem é que Jesus propicia a Deus com relação a nossos pecados.

A “propiciação”

Está ligada aos sacrifícios do Antigo Testamento. Animais eram sacrificados e o seu sangue derramado como “pagamento” pelo pecado (Lv 16.14,15; 17.11). Os sacrifícios eram oferecidos para cobrir os pecados e afastar a ira de Deus sobre os pecadores. Cristo é o sacrifício, providenciado pelo próprio Deus, que satisfaz a justa ira de Deus pelos nossos pecados, e desvia essa ira de sobre nós, apaziguando a Deus e nos reconciliando com ele (4.10; Rm 3.25,26; IPe 2.24; 3.18).

Cristo morreu na cruz para propiciar a Deus.

John Stott é categórico quando diz que Deus precisa ser propiciado, uma vez que sua ira permanece sobre todo pecado e de algum modo tem de ser afastada ou aplacada, se é que o pecador há de ser perdoado.

John Stott ainda refuta aqueles que rejeitam a doutrina da propiciação, vinculando-a a toscas ideias pagãs do aplacamento da ira caprichosa dos deuses por meio de dádivas e sacrifícios. Ele ressalta que a ira de Deus não é arbitrária nem caprichosa. Não tem semelhança com as paixões imprevisíveis e com o espírito vingativo e pessoal das divindades pagãs. Em vez disso, ela é seu determinado, controlado e santo antagonismo a todo mal. Também a propiciação é uma iniciativa inteiramente de Deus.

É sempre bom enfatizar que não foi a cruz que produziu o amor de Deus, mas o amor de Deus que produziu a cruz (4.10). Não devemos imaginar nem que o Pai enviou seu Filho para fazer alguma coisa que o Filho estava relutante em fazer nem que o Filho era uma terceira parte que interveio entre o pecador e um Deus relutante. O que João atribui tanto ao Pai como ao Filho é amor, e não relutância.

Jesus não é apenas o propiciador, ele é a propiciação.

Como ele fez isso? Para defender-nos diante do tribunal de Deus era necessário que a lei violada por nós fosse cumprida e que a justiça de Deus ultrajada por nós fosse satisfeita. Jesus veio como nosso fiador e substituto. Ele tomou sobre si os nossos pecados. sofreu o duro golpe da lei em nosso lugar. levou sobre si a nossa culpa. bebeu sozinho o cálice da ira de Deus contra o pecado. se fez pecado por nós. foi humilhado, cuspido, espancado, moído. morreu a nossa morte. A cruz é a justificação de Deus. Pelo seu sacrifício, nossos pecados foram cancelados. Agora estamos quites com a lei de Deus e com a justiça de Deus. Agora estamos justificados. Jesus é a propiciação pelos nossos pecados.

John Stott de forma oportuna alerta:

Cristo ainda é a propiciação, não porque em algum sentido ele continue a oferecer o seu sacrifício, mas porque o seu sacrifício único, uma vez oferecido, tem virtude eterna que é eficaz hoje nos que creem. Assim, a provisão do Pai para o cristão que peca está em seu Filho, que possui tríplice qualificação: seu caráter justo, sua morte propiciatória e sua advocacia celestial. Cada uma depende das outras. Ele não poderia ser nosso advogado no céu hoje, se não tivesse morrido para ser a propiciação pelos nossos pecados; e a sua propiciação não teria sido eficaz, se em sua vida e caráter não tivesse sido Jesus Cristo, o Justo.

Podemos sintetizar a explanação feita em três pontos básicos:

Primeiro, a necessidade da propiciação. O fim principal do homem é glorificar a Deus e ter comunhão com ele. O problema supremo do homem, porém, é o pecado, pois este separa o homem de Deus. Porém, mediante o sacrifício de Cristo essa comunhão que foi quebrada pelo pecado é restaurada.

William Barclay

Está certo quando diz que Jesus é a pessoa em virtude da qual são removidas tanto a culpa do pecado passado como a contaminação do pecado presente. A necessidade da propiciação não se constitui nem da ira de Deus, isoladamente, nem do pecado do homem, isoladamente, mas de ambos juntos. O pecado é transgressão da lei de Deus e rebelião contra Deus. O pecado provoca a ira de Deus e precisa ser propiciado para sermos perdoados e aceitos por Deus.

Segundo, a natureza da propiciação. Jesus Cristo é a nossa propiciação (2.2; 4.10). E por meio do seu sangue que somos purificados do pecado (1.7). Ele sofreu a morte que era a recompensa justa dos nossos pecados. E a eficácia de sua morte permanece, de sorte que hoje ele é a propiciação.

Terceiro, a origem da propiciação. A origem da propiciação é o amor de Deus (4.10). Deus deu o seu Filho para morrer pelos pecadores. Esse dom não foi apenas resultado do amor de Deus (Jo 3.16), nem somente prova e penhor dele (Rm 5.8; 8.32), mas a própria essência desse amor: “Nisto consiste o amor […] em que ele nos amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (4.10).

A ira

Portanto, não pode haver a questão de homens apaziguando com suas ofertas uma divindade irritada. A propiciação cristã é completamente diferente, não só no caráter da ira divina, mas no meio pelo qual é propiciada. É um apaziguamento da ira de Deus pelo amor de Deus, mediante a dádiva de Deus.

O alcance do sacrifício de Cristo.

O apóstolo João conclui: “[…] e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (2.2b). O que João está ensinando certamente não é o universalismo. O sacrifício de Cristo alcança todo mundo em extensão, no sentido de que ele morreu para comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, mas não todo o indivíduo indistintamente de cada tribo, língua, povo e nação. E todo o mundo sem acepção, mas não todo o mundo sem exceção.

Simon Kistemaker, nessa mesma linha de pensamento, diz que a frase “o mundo inteiro” não está relacionado a cada criatura feita por Deus. A palavra inteira descreve o mundo em sua totalidade, não necessariamente em sua individualidade. O universalismo, a crença de que Deus salvará a todos, é uma falácia. O próprio apóstolo João, em outro contexto, distingue entre filhos de Deus e filhos do diabo (3.1,10) e então conclui que “Cristo entregou sua vida por nós” (3.16).

Augustus Nicodemus lança luz sobre este assunto quando escreve:

Essa declaração de João parece contradizer outros textos bíblicos que declaram que Cristo morreu com o propósito de pagar os pecados somente do seu povo.

Fica difícil entender que João está ensinando aqui (2.2) que Cristo pagou efetivamente os pecados de cada homem e mulher que já existiram. Isto significaria três coisas: 1) que Cristo sofreu e morreu em vão por milhares de pecadores que irão sofrer eternamente no inferno; 2) que a pena paga por Cristo no lugar deles não foi válida, pois os perdidos pagarão outra vez essa pena, sofrendo eternamente; 3) o sacrifício de Cristo apenas torna possível a toda e qualquer pessoa salvar-se pela fé, mas não assegura a salvação de ninguém.

Em outros escritos de João, porém, está claro que Jesus veio dar a sua vida somente para os seus.

Aqueles pelos quais Jesus sofreu e morreu são chamados de “[…] minhas ovelhas” (Jo 10.11,15,26-30) e “[…] meus amigos” (Jo 15.13); é por eles, e não pelo mundo, que Jesus roga ao Pai (Jo 17.9-20). Esse conceito se percebe também em outras partes do Novo Testamento: Jesus veio salvar “[…] o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21); o que Deus comprou com o seu sangue foi a sua igreja (At 20.28), pois Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela (Ef 5.25).

Em segundo lugar, Jesus veio não apenas para cuidar das nossas causas temporais, mas, sobretudo, das eternas. Jesus, como nosso advogado, tem competência não apenas para nos consolar, mas também autoridade para nos perdoar. Seu sangue nos purifica de todo o pecado. Quando Jesus nos absolve, ele é a última instância. Não cabe mais nenhum recurso nem apelação no supremo pretório divino.

O apóstolo pergunta:

“Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? E Deus quem os justifica. Quem os condenará? E Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.33,34).

Jesus é o advogado das causas perdidas.

Ele nunca perdeu uma causa. Ele nunca sofreu uma derrota. Não há pecado que ele não possa perdoar. Não há casos indefensáveis para ele. Para ele não há vidas irrecuperáveis. Jesus limpou os leprosos, curou os cegos, levantou os coxos, ressuscitou os mortos, perdoou as prostitutas e recebeu os publica-nos e pecadores. Ele pode salvar totalmente aqueles que se achegam a ele, vivendo sempre para interceder por eles (Hb 7.25).

A mulher que foi apanhada em flagrante adultério e lançada aos pés de Jesus, exposta ao vexame público pelos escribas e fariseus, estava condenada pelo tribunal da lei, pelo tribunal da religião e pelo tribunal da consciência. Mas Jesus a absolveu, dizendo: “Nem eu tampouco te condeno, vai e não peques mais” (Jo 8.11).

Nem a escravidão impede o perdão

O endemoninhado gadareno já havia sido rejeitado pela sociedade e enjeitado pela família. Vivia entre os sepulcros, nu, furioso, insano, gritando de noite e de dia, ferindo- se com pedras. Era um aborto vivo, um vivo morto, um espectro humano, um pária da sociedade. Jesus não apenas o libertou e o curou, mas também o salvou (Mc 5.1-20).

O ladrão na cruz estava condenado. Estava no apagar das luzes de uma vida vivida no crime. Mas na undécima hora arrependeu-se e pediu a Jesus que lembrasse dele quando viesse no seu reino e Jesus o perdoou, dando-lhe garantia imediata e graciosa de comunhão na bem-aventurança eterna.

Ele continua como Advogado

Em terceiro lugar, Jesus é o nosso advogado hoje; amanhã será o nosso Juiz. Quem não o recebe agora como advogado, enfrentá-lo-á inexoravelmente como o Juiz (At 17.30,31). Todos os homens comparecerão perante o tribunal justo de Deus: ricos e pobres, ateus e religiosos, doutores e analfabetos (Mt 25.31-46; Ap 20.11-15). Não haverá revelia, pois todos estarão lá. Não haverá réplica nem tréplica, mas todos estarão calados, cobertos por um pesado silêncio.

Aqueles que recusaram confiar sua causa a Jesus, como advogado, testemunhas se levantarão contra eles no tribunal.

A própria consciência os julgará. Os homens desesperados vão clamar: “Montes, caí sobre nós…” (Ap 6.16). As suas obras os condenarão, pois os livros serão abertos e eles serão julgados segundo as suas obras (Ap 20.12). Suas palavras os condenarão no juízo, pois eles darão contas no dia do juízo por todas as palavras frívolas que proferiram. Suas omissões e seus desejos secretos os denunciarão naquele grande dia do juízo. A única maneira de entrarem pelos portais da bem-aventurança eterna é terem a garantia de que Jesus é o seu advogado.

LOPES. Hernandes Dias. 1, 2, 3 JOÃO Como ter garantia da salvação. Editora Hagnos. pag. 77 – 91.

Para que Não Pequeis, 1 Jo 2.1-2

No meio da abordagem de João acerca do pecado, ele expressa uma palavra encorajadora aos fiéis — Meus filhinhos (1). Essa é uma expressão afável, muitas vezes usada com referência ao relacionamento entre mestre e pupilos. Esse pode ter sido o uso imediato desse termo por João. Mas ele tem um significado mais profundo, uma referência ao fato de que os cristãos experimentam comunhão com Deus como resultado do novo nascimento (Jo 3.3). Eles se assemelham, portanto, ao seu Pai celestial tanto em propósito quanto em ação.

Para que não pequeis vem como um desafio necessário para o antinomianismo descrito acima, no qual a liberdade do pecado é considerada não só impraticável mas também impossível. João parece pressentir que seu ensinamento acerca do arrependimento e perdão pode levar a esse tipo de doutrina e vida. E, assim, ele declara sem ambiguidade, que a marca da vida cristã é a ausência de pecado. Esse deveria ser o alvo e o desejo do coração de cada filho de Deus.

Ele também é um alvo alcançável por causa destas coisas que João escreveu — a auto revelação de Deus, a provisão por comunhão com Ele e com seu povo, a promessa de perdão e purificação ao caminhar na luz e a eficácia do sangue de Jesus Cristo. “O objetivo do autor é produzir ‘impecabilidade’. E essa não é uma aspiração infrutífera em relação a um ideal que possivelmente não pode ser realizado, porque os recursos em lidar com o pecado que ele deseja combater estão à mão”.

A necessidade desse tipo de exortação é o reconhecimento de uma certa tensão debaixo da qual a vida cristã é vivida.

Há a garantia consciente de que um remédio seguro foi provido pelo pecado no coração e vida de uma pessoa, tanto em princípio quanto em ação. Em contraste com isso está o fantasma que nos persegue: o fato de que continuamos sujeitos a cair. Esse não é o estado descrito por Paulo, quando diz: “vejo nos meus membros outra lei”, “que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo” (Rm 7.21, 23). Esse estado é, na verdade, a tensão entre espiritualidade e humanidade. E o risco necessário que todo homem corre ao se esforçar em seguir o feixe claro da luz reveladora de Deus enquanto habita em um corpo perecível num mundo de trevas e pecado.

Na expressão para que não pequeis (hina me harmatete), o “aoristo sugere atos específicos de pecado em vez do estado habitual, que é incompatível com a posição dos cristãos que estão na verdade”. João não está dizendo que os cristãos não podem pecar nem que não irão pecar, mas que não deveriam pecar.

Se alguém pecar refere-se, nesse caso, ao cristão que foi surpreendido pelo pecado, em vez do pecador voluntário e habitual.

E possível, nesse sentido, pecar “involuntariamente”. Ele pode sucumbir porque as forças pecaminosas são mais fortes do que ele. Ele pode ser enganado ou pego em uma armadilha por causa da sua ignorância. Ou ele pode se desviar em decorrência de descuido ou negligência. Em todo caso, a restauração está prontamente disponível na pessoa de Jesus Cristo. Mas esse conhecimento glorioso não deveria diminuir seu sentimento da escuridão do pecado e os perigos de pecar.

No capítulo anterior, o remédio para o pecado era definido como a confissão que resulta em perdão e purificação e no estabelecimento de uma comunhão dos filhos de Deus. No contexto presente, o remédio é definido em termos da obra pessoal e redentora de Cristo.

Três características são atribuídas a Ele

Elas estão em justaposição com “o sangue de Jesus Cristo”. Pode-se dizer que elas servem para explicar o que se quer dizer quando o Sangue é usado metaforicamente para a completa obra redentora de Cristo. Ele é chamado de Advogado, o Justo e a propiciação.

Temos um Advogado (paracleton). Esse substantivo é usado no Novo Testamento somente por João. No evangelho, ele fala do Espírito Santo como “outro Consolador” (paracleton; Jo 14.16), mostrando que o Espírito Santo opera como Agente de Cristo no mundo. O termo Advogado tem uma variedade de significados encontrados na história do seu uso. O paracleto é alguém que é enviado, que é chamado para ajudar, alguém que conforta, alguém que intercede.

A palavra em si “denota meramente ‘alguém chamado para ajudar’. Na epístola, a ideia de alguém que defende a causa do cristão diante de Deus é claramente indicada, um ‘advogado’ é a tradução mais satisfatória”.

Jesus Cristo é aqui chamado de o Justo.

Anteriormente, o próprio Deus foi chamado de “justo” ou reto (dikaion; 1.9). Isso apoia a afirmação de João de que Cristo é o Filho de Deus, a Revelação da pessoa de Deus. O termo Justo refere-se não tanto à vindicação do caráter moral de Cristo como à qualidade salvadora da sua atividade. De forma muito simples, João tem dito aqui que, quando o cristão cai no pecado, um apelo por ajuda traz Cristo para o seu lado, para ajudá-lo. Como verdadeiro homem e verdadeiro Deus, Cristo é capaz de representar um perante o outro.

Ele pode interceder pelo homem diante de Deus porque “Ele não precisa de advogado para si mesmo”.

Cristo é a propiciação (hilasmos; “expiação”, RSV) pelos nossos pecados. Na KJV e na RSV há duas interpretações da mesma palavra. E possível que uma delas ou as duas contenham o significado de João. Propiciação traz a ideia de aplacar ou pacificar alguém que foi tratado com injustiça. Surge então a pergunta se é Deus ou o homem que precisa ser apaziguado ou aplacado.

O sistema sacrificial do Antigo Testamento não foi instituído para apaziguar (conciliar) a ira de Deus contra o homem pecador, embora seja com frequência interpretado dessa forma. Em vez disso, ele foi dado como um sinal da fé do homem em Deus, um veículo por meio do qual ele se voltava da sua alienação de Deus em arrependimento e esperança de perdão.

A propiciação tem que ver com a reconciliação do homem com Deus, e não de Deus com o homem.

Essa posição é encontrada no evangelho de João, em que Deus é descrito como que enviando Cristo por causa do seu grande amor pelo mundo pecador. Deus redime o homem por causa do seu amor, não em decorrência de ira ou ódio.

Assim, a obra redentora de Cristo, tomando-se homem e morrendo na cruz, mudou o curso da rebelião do homem e o reconciliou, o pródigo com Deus, o Pai, que está esperando de braços abertos. Isso deve ser entendido de uma forma muito real, mas, ao mesmo tempo, de maneira provisória ou temporária. A humanidade, em Cristo, o Deus-homem, foi reconciliada com Deus, mas os homens individual e coletivamente devem vir e experimentar sua reconciliação pelo arrependimento e uma disposição de caminhar na luz (1.7, 9). Caso contrário, a doutrina da reconciliação nos leva inevitavelmente ao universalismo legalista. E esse não é o ensinamento de João.

A expiação, por outro lado, traz a ideia da remoção de pecados.

E por meio da obra do Filho de Deus encarnado que o remédio foi provido para o problema do pecado. Jesus Cristo é o Agente de Deus para a salvação do homem. O termo cognato hilasterion refere-se ao assento de misericórdia, o lugar da reconciliação entre Deus e o homem. A salvação somente pode ser encontrada em Cristo. Isso coincide com o pensamento prévio de João: O sangue de Jesus Cristo, o Filho de Deus, “nos purifica de todo pecado” (1.7).

Talvez esses dois termos sejam necessários para uma compreensão adequada do pensamento de João. Ao cristão, diante de quem ele ocupa o modelo de impecabilidade, ele também apresenta Cristo, o Advogado justo, o único pelo qual podemos encontrar a reconciliação com Deus e a remoção de todo pecado.

Mas com receio de ser mal-entendido, João se apressa em acrescentar que esse corretivo divino é pelos pecados de todo o mundo, não só para os cristãos vacilantes. A provisão que restaura um cristão é o mesmo que o perdoou e o purificou. Todo aquele que andar “na luz” pode conhecer a mesma reconciliação e comunhão que somente os filhos de Deus conhecem.

João nos fala de um Deus responsável, mas também de um homem responsável.

O Pai fez tudo que era necessário para a restauração do homem, a sua nobre criação. Ele não abandonou a sua responsabilidade quando o homem caiu no pecado. Mas Ele também não anulou a liberdade do homem e a sua responsabilidade pessoal quando proveu a salvação em Jesus Cristo.

A dignidade do homem pode ser vista mesmo no seu estado decaído. Ele pode ter permitido que os poderes do mal o dominassem e, ao mesmo tempo, ele não é nenhum verme rastejando no pó. O pecado também não o privou desse poder de escolha que originariamente o diferenciava de uma marionete. Deus também não trata o homem de maneira diferente do que a nobre criatura que ele criou inicialmente.

Ele foi criado para funcionar em uma posição altiva, física e intelectualmente. Na questão da salvação, Deus espera que o homem se levante e faça parte dos salvos; testemunhe; escolha; ande deliberadamente na luz ou continue a andar nas trevas.

A esperança da salvação está apoiada na obra propiciatória de Cristo, mas ela também reside, até certo ponto, na habilidade inata do homem de escolher seu próprio destino.

Harvey J. S. Blaney. Comentário Bíblico Beacon I João.. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 299 – 301.

1 Jo 2.1 O primeiro passo para andar na luz (1.5,7) é confessar o pecado (1.9).

O segundo passo é abandonar todo pecado (2.1). João enfatizou a natureza himiana pecadora, no capítulo 1, para fazer seus leitores desprezarem o pecado e tentarem ficar longe dele. A expressão “para que não pequeis” significa que devemos tentar ficar livres do pecado, porque ainda não nos tornamos perfeitos. João entendia isto perfeitamente.

Ele não queria que seus leitores aproveitassem a inevitabilidade do pecado como uma desculpa para pecar. A tensão entre as expressões “para que não pequeis” e “se alguém pecar” forma um equilíbrio entre uma visão excessivamente rígida e uma excessivamente indulgente do pecado.

“Os crentes não têm direito de pecai”, diz João, “mas, quando eles pecam… Deus disponibilizou uma maneira para que eles sejam purificados”.

Quando os crentes pecam e então vão até o Pai para pedir perdão, eles têm um Advogado para com o Pai. Este “Advogado” é Jesus Cristo, o Justo, que agrada a Deus completamente.

A justiça de Deus contrasta com a natureza pecadora dos seres humanos. Jesus não é apenas o Filho do Juiz, mas Ele também já cumpriu a pena. Por Jesus Cristo ter cumprido a lei e ter pago a punição pelo pecado de todos os que creem, Ele pode apelar em nome deles com base na justiça, como também na misericórdia. Os crentes não podem ser punidos porque outra pessoa já recebeu o castigo no lugar deles.

1. Jo 2.2 Quando Jesus Cristo fala ao Pai em defesa do povo (2.1)

Ele não reivindica falsamente que eles são inocentes. Ao contrário, Ele confirma que eles são culpados do pecado, mas então destaca o fato de que Ele já cumpriu a penalidade. Por Jesus Cristo ser a propiciação pelos nossos pecados (veja também 4.10),

Ele pode comparecer diante de Deus como o mediador dos crentes. A sua morte satisfez a ira de Deus contra o pecado e cumpriu a pena de morte por ele. Ele removeu não somente os pecados de João e de seus companheiros crentes, mas também os pecados de todo o mundo.

O sacrifício de expiação de Cristo é suficiente para perdoar os pecados de todas as pessoas do mundo. Embora a morte de Cristo seja suficiente para perdoar todos os pecados de todas as pessoas que já viveram ou que ainda irão viver, ela torna-se eficaz somente para aqueles que confessam o seu pecado, aceitam o sacrifício, e abraçam Cristo como Senhor e Salvador.

João não estava ensinando a salvação universal – a opinião de que todos são salvos por Cristo, quer creiam ou não. Nós sabemos disto pelas afirmações de João em 2.19-23; obviamente, os anticristos não tinham encontrado o perdão e a aceitação em Cristo.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 770.

Cumpra sua Missão
Cumpra sua Missão

III. DEUS CUMPRE AS SUAS PROMESSAS

1. A fidelidade de Deus em suas promessas.

Jr 27.22 A Babilônia serão levados, onde ficarão até ao dia em que eu atentar para eles, diz o Senhor. Os vasos que tinham sido ou ainda seriam tomados permaneceriam na Babilônia até que o cronograma divino marcasse o dia da volta a Israel. Quanto a esse dia, ver Esd. 1.7 e 7.19. Instrumentos divinos fariam tal devolução, mas muitas desgraças teriam de acontecer antes. Além disso, pelo menos a arca da aliança nunca-mais voltou a Israel, e ninguém sabe o que aconteceu a ela. Talvez venha a ser encontrada algum dia, nas ruínas de algum templo pagão.

Ciro seria o rei que controlaria a nova máquina de matar, naquela região do mundo, e isso seria inspirado por Yahweh em favor dos judeus. Os judeus seriam soltos e teriam permissão de levar consigo, de volta, os vasos do templo de Jerusalém. Por algum tempo não haveria templo onde colocar os vasos trazidos da Babilônia, mas um segundo e mais humilde santuário seria construído. Os livros de Esdras e Neemias nos contam essa história.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3077.

Nabucodonosor

Tinha encontrado um espólio tão bom que se certificaria de voltar e tomar tudo o que pudesse encontrar, não somente da Casa do Senhor, mas da casa do rei. Todos seriam levados à Babilônia em triunfo, e ali ficariam: “A Babilônia serão levados e ali ficarão”.

Mas ele conclui com uma graciosa promessa de que chegaria a ocasião em que todos seriam devolvidos: “Até ao dia em que os visitar” em misericórdia, conforme determinado, e “então, os farei subir e os tornarei a trazer a este lugar”, ao seu lugar. Certamente estes utensílios estavam sob a proteção de uma Providência especial, caso contrário teriam sido derretidos e destinados a outro uso. Mas haveria um segundo templo, para o qual eles estavam reservados. Nós lemos, em particular, sobre o seu retorno (Ed 1.8). Observe que embora o retorno da prosperidade da igreja não aconteça no nosso tempo, não devemos perder a esperança, pois acontecerá no tempo de Deus.

Embora aqueles que diziam: “Eis que os utensílios da Casa do Senhor cedo voltarão da Babilônia” profetizassem mentiras (v. 16), aquele que dizia: No final tornarão a ser trazidos, profetizava a verdade. Nós somos propensos a ajustar o nosso relógio antes do relógio de Deus, e então discutir porque eles não estão de acordo. Mas o Senhor é o Deus do juízo, e é adequado que esperemos por Ele.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 484.

Desafio de Jeremias

Para reforçar sua mensagem, Jeremias desafia os falsos profetas a participar de um teste: Se são profetas […] se há palavras do Senhor com eles, que orem ao Senhor para que os utensílios que ficaram na Casa do Senhor, e na casa do rei […] não sejam levados para a Babilônia (18). Não há incerteza por parte de Jeremias.

Seu desafio soa alto e claro enquanto emite a dura crítica: Porque assim diz o Senhor […]: A Babilônia serão levados (19,22). Ele não nega que os utensílios da casa do Senhor vão, no tempo oportuno, voltar a Jerusalém, mas afirma que isso ocorrerá no tempo do Senhor (22). A história provou que Jeremias estava certo e os sacerdotes estavam errados. Para uma descrição dos itens no versículo 19, veja comentário de 1 Reis 7.15-50. Acerca dos acontecimentos do versículo 20, veja 2 Reis 24.8-16.

A nota predominante em todos esses episódios era que Jerusalém estava condenada e o fim da nação estava próximo.

C. Paul Gray. Comentário Bíblico Beacon. Jeremias. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 329.

2. Deus renova as suas promessas de bênçãos.

Rm 9.23,24 Mas, ao contrário, os vasos de misericórdia são os crentes, tanto judeus como gentios. Sobre esses, Ele derramará as riquezas da sua glória. Essa é a soberana escolha de Deus quando Ele trabalha com “vasos” preparados para a perdição (9.22) ou com “vasos” preparados para a glória. O ponto principal é lembrar que tudo isso estava no plano de Deus desde o início. Quando os cuidados de Deus com sua criação forem resumidos, não haverá qualquer traço de dúvida sobre sua ira, poder e glória. Ele não mudou seus planos apenas porque o povo era desobediente.

Na verdade, Ele sabia que tudo isso ia acontecer tanto com os judeus como com os gentios, e faz de tudo para mostrar sua grande misericórdia.

Os crentes ainda podem imaginar porque teriam sido escolhidos enquanto outros foram rejeitados. O argumento de Paulo é que Deus é soberano e ninguém deve ter nenhuma pretensão à sua misericórdia. Ele nos preparou antecipadamente com a dádiva da salvação e irá revelar a sua glória quando estivermos finalmente ao seu lado na eternidade. Ao invés de nos preocuparmos com a escolha de uns e outros, devemos nos colocar em atitude de reverência perante sua oferta de graça para todos nós.

Assim, ninguém poderá exigir uma explicação do porquê dos seus atos. Ele faz todas as regras, mas gosta de mostrar a sua misericórdia para conosco – que Deus admirável Ele é!

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 64.

«…riquezas da sua glória…»

(Comparar com Rom. 5:2 e Efé. 2:4,7, quanto a essa terminologia. Ver também as notas expositivas expandidas sobre 0 termo «glória», em Rom. 3123). É possível que essa expressão tenha sido sugerida a Paulo por causa de uma outra memória de narrativa do A.T. e que envolve a redenção israelita do Egito. Moisés pediu de Deus: «Mostra-me a tua glória» (Êxo. 33:18). É que os verdadeiros redimidos podem subir até contemplarem essa glória divina.

Visto que essa expressão, riquezas da sua glória, aparece sem qualquer elaboração, é possível interpretá-la de diversas maneiras, como segue:

1. Poderia ser ela compreendida em sentido escatológico, isto é, quando da vinda de Cristo, por ocasião do estabelecimento do reino milenar de Jesus, ocasião em que os crentes evidentemente receberão a glória de Cristo. É óbvio que essa possibilidade expressa uma verdade, mas sem dúvida não é ainda a ideia central deste texto.

2. Falaria talvez sobre o próprio estado glorioso de Deus (ver Rom. 5:2), o que sem dúvida inclui o pensamento de seus muitos atributos divinos que compõem esse estado, não indicando meramente a localização ou ambiente geográfico em que essa glória se manifesta.

3. Mas significa, particularmente, a participação dos eleitos nessa glória divina. A redenção dos eleitos não envolverá meramente a contemplação visual da glória de Deus, como se nisso fossem meros espectadores, mas antes, tornar-se-ão participantes dessa mesma glória, na qualidade de filhos que pertencem à família divina.

4. Alguns estudiosos têm reduzido essa «riqueza da sua glória» à glória da misericórdia que Deus exerce; e certamente essa misericórdia envolve uma grande glória, a qual deve ser contemplada como um dos atributos de Deus. O próprio texto sagrado, entretanto, em muito ultrapassa a isso, embora seja indubitável que Paulo também visava esse aspecto da glória de Deus.

·…que para glória preparou de antemão…»

Temos aqui uma outra patente declaração sobre o decreto da eleição, como algo antecedente à vida terrena do indivíduo. O trecho de Efé. 1:4 assevera que isso se verificou desde antes da «fundação» do mundo, ou seja, antes mesmo da terra tornar-se uma habitação apropriada para os mortais da espécie humana. Os decretos de Deus, visto que fazem parte da mente divina, necessariamente devem ser eternos em sua natureza, pelo menos como conceitos dessa mente.

Quanto a este ponto, os intérpretes estão concordes em que o sujeito do verbo preparou é «Deus», incluindo até mesmo aqueles intérpretes que hesitam em dizer outro tanto para a palavra «preparados», que aparece no vigésimo segundo versículo. Não há que duvidar, entretanto, que o apóstolo Paulo esperava que os seus leitores compreendessem que «Deus» é o sujeito de ambos os versículos, tanto o referente à reprovação como o referente à eleição. É verdade, entretanto, que o vigésimo terceiro versículo declara ainda mais abertamente essa proposição, de forma positiva e óbvia.

Naturalmente, a verdade toda é que os homens se preparam a si mesmos para o julgamento e a destruição, ao passo que Deus, em cooperação com a vontade livre do homem, prepara um homem para a glória. Pois ninguém poderia atingir essa preparação através de seus próprios esforços, como também não poderia merecê-la; pelo contrário, compete a cada indivíduo cooperar e permitir que a vontade divina atue sobre a sua vida. Cada passo dado na direção de Deus provém do Senhor, por intermédio de uma escolha agonizante; e a experiência humana serve de claríssima ilustração desse fato.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 760-761.

At 2.38 Em resposta à pergunta do povo, Pedro apresentou um desafio em quatro partes:

Afastar-se dos seus pecados – em outras palavras, “arrepender-se”. Trata-se de uma mudança de estado de espírito essencial e sincera que resulta numa mudança de objetivos, de direção, e de valores. As palavras cada um de vós lembram o ouvinte (e o leitor moderno) de que esta mensagem é para todos. Todos precisam tomar uma decisão a respeito de Cristo. A sua oferta é a única solução eficaz para o problema do pecado que atormenta todos os descendentes de Adão.

Voltar-se para Deus

Voltar-se para Deus – além de se afastarem do pecado, as pessoas devem se voltar para Deus. Não adianta se afastar do pecado sem se voltar, em seguida, para aquele que pode resolver o problema do pecado.

Ser batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados – para os crentes, o batismo é a prova visível do arrependimento e do compromisso de seguir a Jesus, o Messias. A ideia do batismo para o perdão dos pecados não significa que o batismo resulte no perdão dos pecados, mas que o perdão dos pecados como o efeito de aceitar a Jesus como Salvador deve levar a um batismo – uma demonstração exterior de uma.

Convicção interior. O arrependimento, e não o batismo, é que traz o perdão. Receber o dom do Espírito Santo – somente por meio da vinda do Espírito Santo nos corações dos crentes é que eles poderão verdadeiramente sentir o perdão dos pecados. O “dom do Espírito Santo” (e não muitos e variados dons, mas sim um único dom) é o próprio Espírito. O Espírito Santo é uma dádiva de Deus. Como Jesus havia prometido, Ele é o Consolador e aquele que guia o seu povo.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 632.

At 2.38. Pedro replicou que a misericórdia podia perdoar até mesmo esse pecado.

Era preciso que houvesse uma reação dupla: arrepender-se e ser batizado em nome de Jesus Cristo. Arrepender-se significa dar meia-volta e abandonar seus caminhos pecaminosos, confessando a fé em Jesus como seu Messias. O batismo seria a evidência pública desse espírito de arrependimento.

O resultado seria a remissão dos pecados e a recepção do dom do Espírito Santo. A recepção do Espírito Santo não depende do batismo, mas segue-se ao batismo, que é o sinal exterior e visível de um espírito penitente. Na igreja primitiva os convertidos eram batizados sem delongas. Assim o batismo e a recepção do Espírito eram praticamente simultâneos.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular. pag. 15-16.

O batismo cristão, porém, transmitia uma bênção adicional. João dissera que batizava (somente) com água, ao passo que o Messias batizaria com o Espírito Santo, e que está dádiva acompanhava o batismo na água, realizado na igreja em nome de Jesus. As duas dádivas se vinculam estreitamente, pois é o Espírito que leva a efeito a purificação no íntimo, da qual o batismo é o símbolo externo.

I. Howard Marshall. Atos Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 81.

3. Deus renova a fé dos abatidos.

A queima do incenso, cuja composição é descrita nos versículos 34 a 38, ocorria pela manhã (7), quando as lâmpadas eram acesas, e novamente à tarde (8). A ideia de incenso contínuo diz respeito à sua permanência diária e não à manutenção de fogo dia e noite. O altar de ouro era para uso exclusivo da combustão do incenso apropriado (91; incenso estranho seria uma oferta diferente do tipo designado (ver 34-38). Este altar não devia ser usado para fazer holocaustos, ofertas (“de cereal”, NVI) ou libações; estas oblações eram oferecidas somente no altar de bronze.

Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 220.

Na Bíblia, queimar incenso, com frequência, é uma imagem da oração. “Suba à tua presença a minha oração, como incenso” (Sl 141:2), orou Davi, e João viu os anciãos no céu com “taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos” (Ap 5:8; ver 8:3, 4).1 Sempre que o sacerdote queimava incenso, era um chamado para que o povo tivesse um tempo de oração (Lc 1:8-10).

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 309.

Reavivamentos na História Recente

A relação entre a oração e os reavivamentos na, Bíblia tem sido muito bem documentada nos comentários bíblicos. Atualmente, damos pouca importância à oração relacionada com alguns dos recentes movimentos de Deus, especialmente os ocorridos depois da Reforma Protestante do século XVI.

A literatura religiosa da Igreja Medieval contém muitos relatos de monges que devotaram suas vidas à oração e à intercessão. Na medida em que essas pessoas combinaram suas próprias inquirições espirituais com o evangelismo, encontramos relatos históricos de reavivamentos que conduziram os perdidos para Cristo e reformaram o clima moral da época. Francisco de Assis (século XII), Savonarola (século XV) e madame Guyon (séculos XVII e XVIII) são exemplos de líderes espirituais católicos, que em seus dias experimentaram notáveis reavivamentos (na forma de renovação e evangelismo) em resposta a fervorosas orações para que Deus revertesse a corrupção e a decadência moral de seus tempos.

Tradicionalmente

Os historiadores concentram sua atenção sobre os aspectos públicos dos acontecimentos. Cartas pessoais e pronunciamentos podem lançar luz sobre as influências de segundo plano, mas essas declarações peculiares, a menos que sejam substanciadas por fontes adicionais não afins, são consideradas apenas opiniões e interpretações particulares. Por consequência, a oração é frequentemente omitida como fator que precede e desencadeia os reavivamentos.

Contudo, o leitor perceptivo pode fazer algumas deduções lógicas a partir do aumento da devoção, das chamadas ministeriais, da preocupação diante da decadência da sociedade contemporânea e dos relatos de confrontações sobrenaturais com a deidade. Um crescimento na dedicação a Cristo e à sua Igreja se desenvolve à medida que o hábito da oração amadurece e se intensifica. A certeza de uma chamada divina para a liderança espiritual surge da comunhão pessoal com Deus. Uma crescente preocupação pelo estado degenerado da sociedade conduz à oração intercessora. Repetidas provas sobrenaturais da presença de Deus nos assuntos dos devotados crentes, confirmam um relacionamento pessoal com Deus sustentado pela oração.

Martinho Lutero

É reconhecido como a maior figura da Reforma Protestante, que teve seu início no século XVI. Contudo, antes do seu tempo, houve significativos despertamentos de fervor religioso, o que nos leva a concluir que a oração e a devoção pessoal desempenharam um importante papel no reavivamento de crentes nominais e no conduzir as multidões de pecadores a Cristo.

“The Brethren of the Common Life” (Irmãos da Vida Comum), companhia fundada no século XIV, na Holanda, servem de bom exemplo daqueles que começaram a orar e a clamar com insistência por uma reforma e reavivamento. De acordo com os historiadores da igreja, esses irmãos notabilizaram-se por sua piedade (isto é, dedicação à vida religiosa) e por um estilo de vida santificado.

A Influência

A influência deles, impulsionada pela oração e pela comunhão pessoal com o Senhor, prosseguiu até o século XVII, quando muitos membros da Irmandade deram as boas-vindas à Reforma Protestante e aliaram-se aos reformadores luteranos.

O século XVIII testemunhou extraordinários reavivamentos, tanto na Inglaterra quanto na América do Norte: o “Grande Despertamento nos Estados Unidos” e o “Reavivamento Metodista”, sob os irmãos Wesley, na Inglaterra. Os historiadores registram que, durante o Grande Despertamento, 50 mil novos crentes (um quinto da população da Nova Inglaterra) uniram-se à Igreja.

Jonathan Edwards

As orações e pregação de Jonathan Edwards contribuíram em muito para o “Grande Despertamento na Nova Inglaterra”. Antes do começo do reavivamento, em 1734, a religião cristã estava em triste declínio. A devoção e o fervor dos colonos peregrinos, de um século antes, haviam esfriado. Pessoas não-convertidas, que não faziam confissão de fé para serem salvas, eram admitidas como membros.

Tal como nos períodos de declínio no Antigo Testamento, Deus escolheu um homem para levar o peso da oração e para proclamar uma chamada ao arrependimento.

A experiência

Edwards descreveu sua experiência de conversão como um relacionamento pessoal com Deus, que continuou ao longo de todo o seu ministério pleno de reavivamento: Veio à minha alma… um sentimento da glória do Ser Divino; um novo senso, bem diferente de qualquer coisa que eu jamais havia experimentado antes… Pensei comigo mesmo, quão excelente era aquele Ser e quão feliz eu deveria me sentir, se viesse a experimentar aquele Deus e fosse arrebatado ao céu, como que se fosse engolido por Ele para sempre! Eu… orava de uma maneira bastante diferente do que costumava fazer, com uma nova espécie de afeto…

A partir daquele tempo… minha mente foi grandemente atraída a passar meu tempo na leitura e na meditação sobre Jesus, sobre a beleza e a excelência de sua Pessoa e sobre o amoroso caminho de salvação através de sua graça… O senso que eu tinha das coisas divinas de repente se acendia, por assim dizer, numa doce chama a queimar em meu coração; um ardor de alma, que não sei como expressar (“Personal Narrative”, The Works o f Jonathan Edwards em . Walter Blair, et al., The Literature ofthe United States, Chicago: Scott, Foreman & Co., 1953, p. 131).

David Brainerd

O contínuo exercício da oração e da comunhão com o Senhor, por parte de Jonathan Edwards, pode ser comparada com o testemunho de David Brainerd em suas memórias. Esse grande homem de oração passava dias inteiros a orar e a jejuar pelos índios nativos da Nova Inglaterra. Segue-se um exemplo típico dessas orações: 1 de janeiro de 1744. Pela manhã, recebi um pequeno grau de ajuda em minhas orações. Vi-me a mim mesmo tão vil, tão indigno, que não podia encarar minha própria congregação que viera me ouvir pregar.

Oh, minha maldade, minha loucura, minha ignorância e minha poluição interior! — À noite, tive uma pequena ajuda na oração, pelo que o dever me foi deleitoso e não cansativo. Refleti sobre a bondade de Deus para comigo no ano passado, etc. Na verdade, Deus tem sido bondoso e gracioso para comigo… Oxalá eu pudesse começar este ano com Deus e passar o ano inteiro vivendo para a glória dEle, quer na vida quer na morte! (Memories o f theRev. DavidBrainerd, New Haven: E. Converse, 1822, p. 123).

Anos de oração

Após ter passado anos em oração e sofrimentos físicos sem verificar qualquer resultado, finalmente Brainerd viu o reavivamento chegar entre os índios, em 1745. “Eu estava admirado diante da influência que sobreveio à audiência de maneira quase que geral.

Não encontrei nada mais adequado para comparar essa influência do que a força irresistível de uma poderosa corrente… Quase todas as pessoas de todas as idades inclinavam a cabeça sob convicção divina… Um homem importante entre os índios, que antes estava sempre seguro de si, cheio de justiça própria, e que pensava que seu estado era bom… estava agora sob profunda e solene convicção por sua alma, chorando amargamente” (ibidem, notas sobre o dia 8 de agosto de 1745).

Eventualmente, o reavivamento veio em resposta às suas persistentes orações. No entanto, Brainerd pagou o mais alto preço por seu ministério tão devotado aos índios. Morreu com apenas vinte e nove anos de idade, tendo gasto sua vida inteira a orar pela salvação deles.

América do Norte

A deflagração do reavivamento ocorrido na Inglaterra seguiu-se, poucos anos mais tarde, ao reavivamento na América do Norte. De fato, John e Carlos Wesley, juntamente com seu colega evangelista, George Whitefield, tinham sido testemunhas da intervenção miraculosa de Deus no despertamento americano. No entanto, o reavivamento na Inglaterra começou com um pequeno grupo na Universidade de Oxford, chamado Clube Santo.

Em seu diário, Whitefield descreveu uma reunião dos membros do Clube Santo e de outros inquiridores, ocorrida a 1 de janeiro de 1739: “Tive uma festa de amor com nossos irmãos e passei a noite inteira em constante oração, salmodiando e dando graças ao Senhor” (Collin C. Whittaker, Great Revivais, Springfield, Missouri: Gospel Publishing House, 1984, p. 49).

A narração

E John Wesley narrou a mesma reunião de oração com maiores detalhes:

O poder de Deus desceu sobre nós com tanto ímpeto, que muitos gritavam de excessiva alegria e outros caíam no chão. E assim que nos refizemos um pouco daquela espantosa e reverente admiração diante da presença da majestade de Deus, irrompemos a uma voz: Nós te louvamos, ó Deus, reconhecemos que tu és Senhor (ibidem, p. 49).

A igreja oficial da Inglaterra não era mais espiritual do que a igreja norte-americana.

Havia alcoolismo entre o clero tanto quanto entre a população inteira. Os entretenimentos populares eram vulgares e obscenos. Turbas brutais e selvagens enchiam as ruas, engajadas na violência e na imoralidade. As multidões se opunham abertamente à mensagem pregada pelos Wesley e por Whitefield. A Inglaterra, tal como a sociedade ocidental dos dias de hoje, estava desesperadamente necessitada de reavivamento.

O Cavaleiro do Senhor

John Wesley é conhecido como “O Cavaleiro do Senhor”. Numa época em que não havia estradas pavimentadas, ele viajava a cavalo cerca de treze mil quilómetros por ano, pregando não menos do que mil vezes a cada ano. Com uma agenda tão cheia, como é que encontrava tempo para orar? Contudo, encontrava! Embora o diário de John Wesley seja, basicamente, um relato do seu ministério público, há suficientes referências ã oração para indicar que esse grande homem de Deus era alguém realmente dedicado à oração.

Todas as manhãs, levantava-se às quatro horas da madrugada — até mesmo depois de haver pregado no culto da noite anterior. Era frequente vê-lo pregar num culto público ao ar livre já cedo pela manhã, algumas vezes às cinco horas da madrugada, e depois num culto noturno ao redor das dezoito horas. Esse horário acomodava os longos dias de trabalho com o povo comum a quem Wesley ministrava. O tempo que sobrava, passava pregando nas prisões e instituições, e ocupando-se com outras atividades, “remindo o tempo”.

A oração, sem dúvida, tinha grande prioridade em suas ocupações, bem como durante as muitas horas em que viajava a cavalo.

Duas típicas passagens do diário de Wesley vêm bem a calhar:

Sábado, 10 de setembro de 1743 — Houve orações em St. Just, à tarde, que só terminaram às quatro horas. Mais tarde preguei em Cross, para, segundo acredito, mil pessoas, as quais se comportaram de maneira silenciosa e séria. Às seis, preguei em Sennan… e marquei um encontro com a pequena congregação (que consistia principalmente de homens idosos, de cabelos brancos) para se encontrar comigo de novo às cinco horas da madrugada. Mas no domingo, dia 11, uma grande parte deles se reuniu entre às três e quatro horas da madrugada. Por isso, entre às quatro e cinco horas começamos a louvar a Deus (John Wesley, Journal, Chicago: Moody Press, s. d.).

Sábado, 30 de dezembro de 1780 — Acordando entre uma e duas horas da madrugada, observei uma luz brilhante na capela. Na hora concluí que havia fogo nas proximidades, provavelmente no lugar de guardar lenha. Sendo assim, sabia que não demoraria muito para o fogo nos alcançar. A princípio, convoquei a família inteira para orar.

Mas então, saindo, descobrimos que o fogo estava a cerca de cem metros de distância e que tinha irrompido enquanto o vento soprava na direção sul! Mas um marujo gritava: Basta! Basta! o vento mudará de direção de um momento para o outro! E assim aconteceu, mudando para a direção oeste, enquanto estávamos em oração, levando as chamas para longe de nós. E então voltamos agradecidos e descansei bem o resto da noite (ibidem). Juntamente com a chamada para o evangelismo e ministério, Deus nos confere a responsabilidade de orar. Para termos um ministério bem-sucedido, devemos banhá-lo com orações.

Os nomes de líderes e de reavivamentos começaram a proliferar no início do século XIX.

Mas a oração continuou a ser a força estimuladora por detrás de cada movimento importante do Espírito.

Já no fim do século XVIII, a moral e a religião tinham experimentado um declínio generalizado. Os campi universitários não formavam exceção. Escolas como as de Harvard, Yale e Princeton, fundadas inicialmente como instituições de treinamento religioso e ocasionalmente encabeçadas por alguns dos líderes do Grande Despertamento, não mais eram leais à sua missão original. Antes, eram centros de ateísmo e incredulidade. Moral e espiritualmente, as condições nas universidades e na sociedade em geral eram deploráveis.

A decadência dos tempos tornou-se um tema de oração para mais de uma dúzia de homens na região da Nova Inglaterra.

Concerto de Oração

Convocaram um “Concerto de Oração”, de âmbito nacional, pedindo que Deus interferisse na situação. Ministros de várias denominações participaram nessa conclamação. Relatórios do reavivamento — chamados por alguns de o Segundo Grande Despertamento — começaram a circular. Os acontecimentos nos campi universitários foram especialmente dignos de nota.

Estudantes de vários campi universitários deram início a associações evangélicas. A princípio, essas associações foram perseguidas, mas gradualmente a maré mudou. “Todos se dedicaram à vigilância recíproca, às orações fervorosas, à comunhão frequente, ao conselho mútuo e à reprimenda amigável. Na maioria dos casos, formavam minúsculos clubes. Por exemplo, três estudantes da Universidade Brown formaram um ‘clube de orações na universidade’, que se reunia semanalmente num sala particular” (J. Edwin Orr, Campus Aflame, Glendale, Califórnia: Regai Books, 1971, p. 25).

Timothy Dwight, neto de Jonathan Edwards, tornou-se presidente da Universidade de Yale, em 1796, e liderou um movimento de retorno aos fundamentos da experiência cristã.

Em 1802, um terço do corpo estudantil fez profissão de fé em Cristo. Naquele mesmo ano, metade dos estudantes que deixaram a Universidade de Yale entrou no ministério. Histórias similares de reavivamentos vieram de outros campi universitários: Amherst, Dartmouth, Princeton e Williams. A dedicação à oração, até mesmo por parte de pequenos grupos em cada campus universitário, produziu um evangelismo dinâmico e muitas conversões. O reavivamento e o despertamento continuaram a alcançar geração após geração de estudantes em muitos campi universitários. Em consequência disso, os devotos administradores e o corpo docente das universidades eram escolhidos com cuidado. O sermão nas universidades tornou-se uma prática constante na adoração estudantil e para cada período de ano escolar eram marcados dias de oração nos campi.

Numa tarde de verão de 1806, no Colégio Williams, em Massachusetts, cinco estudantes se reuniram fora do campus para fazerem uma oração particular. Quando voltavam ao campus universitário, uma súbita tempestade acompanhada de raios e trovoada forçou-os a se abrigarem sob um monte de feno. Enquanto esperavam que a chuva parasse, oraram a fim de encontrar um meio de atingir os perdidos do mundo com a mensagem de salvação.

A oração

O resultado eventual dessa Reunião de Oração sob o Monte de Feno foi a formação da primeira sociedade missionária norte-americana, uma espécie de esforço missionário cooperativo, o que foi imitado por muitos grupos de igrejas desde então.

Os despertamentos ocorridos nos colégios e universidades dos Estados Unidos foram apenas parte de um despertamento mundial simultâneo. Contudo, seu prolongado impacto mantido através da dedicação dos formados, ao tomaram seus lugares como líderes da sociedade, foi monumental. As universidades evangélicas e os institutos bíblicos de hoje têm uma rica herança, além de uma grande responsabilidade a manter.

Charles G. Finney

Foi um dos principais evangelistas da América do Norte. Nasceu em 1792, num lar sem qualquer influência evangélica. A princípio, tornou-se professor de escola primária e, mais tarde, aprendiz num escritório de advocacia no Estado de Nova Iorque. Enquanto estudava para prestar exames na faculdade de Direito, descobriu que a Bíblia era o alicerce das leis norte-americanas.

Ao comprar sua primeira Bíblia para melhor se preparar para a carreira de advogado, convenceu-se de que a Bíblia era a própria Palavra de Deus. Com a idade de vinte e nove anos, Finney rendeu sua vida a Cristo e abandonou seus planos de se tomar advogado para pregar o evangelho. Foi licenciado para pregar com a idade de trinta e um anos.

Imediatamente, o reavivamento acompanhou a prédica de Finney.

Pessoas eram arrebanhadas para o Reino de Deus em reavivamento após reavivamento. Um de seus mais famosos reavivamentos ocorreu em Rochester, Estado de Nova Iorque, em 1830. Segundo notícias da época, cem mil pessoas se uniram às igrejas daquela região como resultado direto desse reavivamento. Lyman Beecher, contemporâneo de Finney, assim se referiu a esse fenómeno sobrenatural: “Esta foi a maior obra de Deus e o maior reavivamento religioso que o mundo jamais viu, em tão curto espaço de tempo” (L. G. Parkhurst, Jr., Charles G. Fin ney ’s Answers to Prayers, Minneapolís: Bethany House Publishers, 1983, p. 125).

A oração era o principal ingrediente no sucesso de Finney. Tudo quanto fazia era precedido pela oração. Em certa ocasião, enquanto estava dando uma aula no Colégio Oberlin, foi-lhe feita uma pergunta sobre uma passagem bíblica. Confessando que não sabia a resposta, imediatamente Finney ajoelhou-se e orou diante da classe.

Então levantou-se para dar a resposta que o Senhor lhe havia dado.

A clássica òbra de autoria de Finney, Lectures on Revivais ofReligion, contém capítúlos inteiros sobre a oração e sua importância no reavivamento:’ Prevailing Prayer (A Oração que Prevalece), ThePrayer ofF a ith (A Oração da Fé), The Spirit ofP ray er (O Espírito da Oração) e Meetings for Prayer (Reuniões de Oração). Do capítulo The Spirit of Prayer, temos este impressionante trecho: Oh, quem nos dera uma igreja que orasse! Certa feita, conheci um ministro que teve um reavivamento por catorze anos seguidos.

Não sabia, como explicar a razão disso, até que presenciei um de seus membros se levantar numa reunião de oração e fazer uma confissão. “Irmãos”, disse ele. “Há muito que tenho o hábito de orar todos os sábados à noite até depois da meia-noite, pela descida do Espírito Santo entre nós. E agora, irmãos” — e ele começou a chorar — “confesso que tenho negligenciado isso por duas ou três semanas…” Aquele ministro tinha uma igreja dedicada à oração (Finney, Lectures on Revivais, pp. 99,100).

Para o crente que realmente deseja ter uma vida de oração eficaz, com vistas ao evangelismo, os escritos de Charles G. Finney só perdem em importância para a Bíblia.

Apesar da pregação de Finney e da obra do Espírito Santo na regeneração de almas perdidas e na revitalização espiritual das comunidades às quais Finney era convidado a pregar, o ciclo de declínio espiritual já começara a se instalar na década de 1850. Em seu extraordinário volume, Revivais: Their Laws and Leaders, James Burns fez a seguinte observação acerca da decadência e da impiedade na sociedade de todos os tempos:

Enfermos de alma, os homens voltam-se para Deus com um desejo ardente… Lentamente essa dor cresce, o coração do homem começa a clamar por Deus, por certezas espirituais, por novas visões…

Também dentro da própria Igreja, durante todos os seus dias de desvio, tem havido muitos que não dobraram os joelhos diante de Baal, que têm chorado a perda de poder espiritual e que nunca deixaram de constantemente orar por um reavivamento na vida espiritual da Igreja… Entretanto, os números vão aumentando gradualmente.

A oração vai-se tornando cada vez mais urgente e confiante… Anelar por coisas melhores torna-se uma dor intensa. As pessoas começam a se reunir em grupos a fim de orarem. Não cessam de importunar Deus dia e noite, muitas vezes com lágrimas, implorando-lhe que visite as almas dos homens com o seu divino poder e que derrame nas cisternas vazias de seus corações um poderoso aguaceiro de vida divina” (Bums, Revivais, p. 33).

Moody

Os grandes reavivamentos ligados a D. L. Moody começaram com intensas orações, quando um contemporâneo seu, Jeremiah Lanphier, experimentou justamente aquilo que James Burns descreveu acima.

Sentindo grande responsabilidade pelo triste estado espiritual que vigorava nas vizinhanças de sua missão no centro de Nova Iorque, Lanphier convidou alguns conhecidos para se juntarem a ele numa reunião de oração, ao meio-dia, todas as quartas-feiras. Primeira reunião de oração, em 23 de setembro de 1857, seis pessoas se fizeram presentes. Segunda semana havia vinte; Terceira quarta-feira, quarenta. As reuniões do meio-dia foram mudadas de semanais para diárias. A frequência cresceu para cem. Outras reuniões de oração foram realizadas em outros locais.

Por volta de janeiro de 1858, a frequência no local original era tão grande, que orações simultâneas eram realizadas em três salas diferentes. A maioria daqueles que as frequentavam compunha-se de homens de negócios.

O fervor das orações

Marcado por fervorosas e contínuas orações, esse reavivamento veio a se tornar conhecido como o reavivamento das reuniões de oração. As reuniões de reavivamento com múltiplas conversões estão registradas em muitos relatos do ministério de Dwight Moody. Todos os níveis da sociedade foram atingidos. Colégios e universidades onde Moody pregava experimentaram maravilhosas visitações de poder. Esse reavivamento foi caracterizado pela influência laica. Nos dois anos de 1858 e 1859, foram registradas um milhão de conversões entre uma população total de trinta milhões de pessoas. Outro milhão de membros de diversas igrejas foi reavivado. O reavivamento foi interdenominacional, com participação de todos os principais grupos rotestantes.

Dez Características do reavivamento

Estas dez características do reavivamento foram observadas no The Methodist Advocate, de janeiro de 1858: (1) Poucos sermões tiveram de ser pregados; (2) as pessoas leigas anelavam por testificar; (3) os interessados reuniam-se diante do altar; (4) quase todos os interessados eram abençoados; (5) as experiências desfrutadas ficavam evidentes a todos; (6) os convertidos eram cheios de uma santa ousadia; (7) a religião tornou-se o assunto do dia na sociedade; (8) altares domésticos foram fortalecidos; (9) o testemunho dado todas as noites era abundante; e (10) as conversas eram assinaladas por uma seriedade a toda prova” (Whitaker, Great Revivais, p. 84).

O ciclo do reavivamento

Entretanto, o ciclo de reavivamento e declínio do fervor religioso continuou. Pelo fim do século XIX, embora os resultados do ministério de Moody ainda fossem evidentes, a sociedade norte-americana estava em necessidade de outra visitação divina. As principais igrejas, como um todo, tinham perdido o zelo evangelístico, esperando alterar o mundo através da ação política e social, em vez de esperar o retorno de Cristo para estabelecer o seu Reino milenar.

Os poucos que acreditavam estar vivendo o fim dos tempos e que a Segunda Vinda de Jesus era iminente, sentiam-se impulsionados a conquistar sua geração para Cristo, antes que fosse tarde demais. Iniciaram um intenso estudo da Bíblia, orando para que Deus lhes mostrasse como poderiam evangelizar a geração em que viviam e para que lhes desse poder espiritual para fazer uma geração pecaminosa se voltar para Deus.

Reavivamentos no seculo XX

Embora tenham havido significativos reavivamentos no século XX, sem contarmos com o derramamento pentecostal, pouco se discute que o reavivamento pentecostal tem sido a maior e a mais simples fonte inspiradora na transformação de um cristianismo letárgico numa força evangelística de alcance mundial. Em 1889, Charles Fox Parham começou a pregar a santidade e a mensagem de curas.

Seus estudos da Palavra de Deus e as narrativas bíblicas de reavivamento e evangelismo enviaram-no numa busca por verdades bíblicas que fazia tempo que se perdera. Interessava-se, especificamente, no que os outros estavam ensinando sobre o Espírito Santo. Durante o outono de 1900, Parham abriu uma escola bíblica em Topeka, Estado do Kansas. Seu fascínio pela doutrina do Espírito Santo levou-o, em dezembro daquele mesmo ano, a dar uma tarefa especial aos estudantes da escola: determinar, mediante um minucioso estudo das Escrituras, a evidência do batismo no Espírito Santo.

Aevidencia do Batismo

Esse estudo foi acompanhado por prolongados períodos de espera no Senhor. O estudo concluiu que o batismo no Espírito dá poder para servir a Deus e que o falar em línguas é a única evidência externa que sempre acompanha a experiência do batismo.

Com início em 31 de dezembro, num culto de vigília de fim de ano, os estudantes receberam o batismo no Espírito Santo, passando a falar em outras línguas. Parham e seus estudantes cheios do Espírito começaram a falar de sua recém-encontrada experiência a quem quer que lhes desse ouvidos. Curas miraculosas aconteceram em algumas das reuniões, confirmando nos corações de muitos o que se lia na Bíblia.

Ao mesmo tempo em que Parham estava pregando a mensagem pentecostal no Meio-Oeste dos Estados Unidos, um grupo começou a se reunir em Los Angeles na busca por um despertamento religioso. Oravam por uma plena restauração do Cristianismo do Novo Testamento e por um derramamento dos últimos dias do Espírito Santo. O batista William J. Seymour, pregador da santidade, que tinha estado por pouco tempo sob os ensinamentos de Parham, compartilhou suas crenças a respeito do Espírito Santo com o grupo que se reunia num decrépito edifício da rua Azusa. Muitos discordaram dos ensinos de Seymour, tal como tinham discordado de Parham, mas o derramamento do Espírito continuava. Os acontecimentos nas reuniões eram comandados espontaneamente pelo Espírito e o número de participantes crescia conforme ia se espalhando a notícia do que Deus estava fazendo.

Muitos dos primeiros crentes pentecostais opunham-se fortemente às organizações eclesiásticas ou às associações de qualquer denominação.

Mas devido à proliferação de pregadores independentes com práticas sensacionalistas e de teologia duvidosa, os participantes mais sensatos temeram que os abusos dissipassem e destruíssem a grande obra espiritual que havia começado. Em abril de 1914, um grupo de cerca de trezentos crentes pentecostais reuniu-se em Hot Springs, Estado do Arkansas, para formarem as Assembleias de Deus, um movimento que eventualmente se tornaria o maior dos diversos grupos pentecostais nascidos no início do século XX.

Tal como ocorreu nos reavivamentos anteriores, desde a Reforma Protestante, o reavivamento pentecostal surgiu a partir de uma urgência comum em orar, fato que tomou conta completamente dos corações de um punhado de crentes devotos e perscrutadores da verdade.

O alcance evangelístico que acompanhou o derramamento pentecostal tem sido fenomenal. Milhões ao redor do mundo têm sido chamados para sair das religiões pagãs, bem como de religiões cristãs nominais, para se tornarem testemunhas e evangelistas. Mais uma vez, o fogo do Espírito tem incendiado as principais denominações evangélicas, que estão ardendo originalmente pela essência do Cristianismo.

Oração — reavivamento — evangelismo.

A sequência tem sido a mesma em todos os grandes reavivamentos da história. Essa sucessão não deve parar no reavivamento. Deve prosseguir até o evangelismo: conduzir as almas perdidas ao conhecimento de Jesus Cristo. Conforme James Burns observou, o reavivamento sem o evangelismo perde todo o impacto necessário ao despertamento dos crentes para a salvação de almas:

Quase sempre estamos a dizer que, antes de podermos conquistar os perdidos para Cristo, temos de primeiro ter uma renovação da raça de Deus entre os membros e o ministério de nossas igrejas — incluindo os pastores. Por certo nenhuma congregação pode ir muito longe na busca do aprimoramento daqueles cujos nomes aparecem no rol de membros de suas igrejas. Mas a experiência tem provado que são desapontadores os nossos esforços na busca de um reavivamento sem o evangelismo… O povo, tal como seus ministros, chegam mais perto de Deus, quando se mostram mais ativos na oração e no trabalho pela salvação de seus parentes, amigos e vizinhos (Burns, Revivais, p. 334).

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 341-352.

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Interpretação da Bíblia

IV – O DESPERTAMENTO TORNA OS HOMENS OBEDIENTES A PALAVRA

1. O culto que foi restabelecido em Jerusalém foi exatamente aquele que a lei de Deus determinava (Ne 12.44-47).

O Estabelecimento dos Ofícios dos Sacerdotes e Levitas no Templo Ne. 44-47

Temos aqui um relato dos bons efeitos restantes da alegria geral que ocorreu na dedicação dos muros. Quando as solenidades de um dia de ações de graça deixam esse tipo de impressão em ministros e no povo, a ponto de ambos serem mais cuidadosos e alegres em realizar o seu dever, então elas são, de fato, aceitáveis a Deus e se transformam em uma boa causa. Foi o que ocorreu aqui.

1. Os ministros eram mais meticulosos no seu serviço do que tinham sido; o respeito que o povo mostrou por eles nessa ocasião os encorajou a serem diligentes e vigilantes (v. 45).

Os cantores faziam a guarda do seu Deus, prestando seus serviços no devido tempo; os porteiros também faziam a guarda da purificação, isto é, eles tomavam todo cuidado para preservar a purificação do Templo ao negai’ o ingresso dos que estavam impuros. Quando a alegria do Senhor nos envolve dessa forma em nosso dever, ela então é uma garantia daquela alegria que, em colaboração com a perfeição da santidade, será nossa felicidade duradoura.

2. O povo era mais cuidadoso no sustento dos seus ministros.

O povo, na dedicação dos muros, entre outras coisas, regozijava-se por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali (v. 44). Eles sentiam-se grandemente confortados pelos seus ministros e alegravam-se neles.

Quando observaram quão diligentemente assistiam, e o esforço que realizavam no seu serviço, regozijaram-se neles. Observe: A maneira mais segura para que o ministro se comprometa com seu povo e obtenha influência sobre ele é ministrar no seu ministério (Rm 12.7), ser humilde e diligente, e tratar de sua própria rida.

O Sacerdocio

Quando esses ministros agiam dessa forma, o povo esforçou-se para sustentá-los e encorajá-los. A lei lhes tinha proporcionado suas porções (v. 44), mas o que lhes adiantava essa provisão se o que a lei lhes designava não era ou devidamente coletado ou corretamente pago a eles? Agora: (1) Cuidado é tomado aqui para a cobrança dos seus tributos. Eles eram modestos, e preferiam perder seus direitos a exigi-los.

Boa parte do povo era negligente e não traria seus tributos a não ser que fossem requisitados a fazê-lo; e, por essa razão, nomearam-se alguns, cuja função era ajuntar nos tesouros, das terras das cidades, as porções designadas pela Lei para-os sacerdotes e para os levitas (v. 44), para que sua porção não se perdesse pelo fato de não ser exigida.

Esse é um aspecto de bom serviço tanto para ministros como para o povo, para que um lado não deixe de receber seu sustento e o outro não deixe de cumprir o seu dever. (2) Cuidado é tomado para que, após ser ajuntada, eles recebessem sua porção devida (v. 47). Eles deram aos cantores e porteiros sua porção diária, acima do que lhes era devido por direito como levitas; porque podemos supor que, quando Davi e Salomão os designaram para o seu trabalho (w. 45,46), acima do que era exigido deles como levitas, eles estabeleceram um fundo para o seu encorajamento futuro. Que aqueles que trabalham mais abundantemente na palavra e na doutrina sejam estimados por dignos de duplicada honra.

Os Levitas

Quanto aos outros levitas, os dízimos, aqui chamados de porções santificadas (versão IvJV), eram devidamente separados para eles, do que eles pagavam aos sacerdotes o seu dízimo de acordo com a lei. Tudo era santificado. Quando aquilo que é contribuído, ou voluntariamente ou pela lei, para a manutenção da religião e do ministério, é dado para a glória de Deus e sua honra, isso é santificado, e será aceito devidamente por Ele, para que faça repousar a bênção sobre a casa e tudo que nela se encontra (Ez 44.30).

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 837-838.

Ne 12.45 E executavam o serviço do seu Deus.

Cada classe de sacerdotes e levitas estava ocupada em cumprir os seus deveres. A questão havia sido regulamentada. Cada indivíduo observava as leis e os mandamentos de Moisés no tocante a seu oficio, segundo as ordens emanadas da parte de Yahweh. Portanto, todas as funções eram plenamente servidas como as da purificação, que era tarefa especial dos levitas (ver I Crô. 23.27 ss.). Nenhuma pessoa imunda tinha permissão para participar do culto, e os que estivessem nessas condições deveriam passar pelos procedimentos apropriados para se tomarem novamente limpos e qualificados para a adoração. Os porteiros cuidavam para que nenhuma pessoa imunda fosse admitida aos ritos.

Ademais, os levitas também cumpriam seus deveres de guardar as portas, os portões e os depósitos; e os cantores estavam presentes para aplicar suas habilidades ao acompanhar a adoração efetuada pelos sacerdotes (levitas aarônicos). O regulamento do templo sempre foi atribuído a Davi (conforme temos, novamente, neste versículo). Ver I Crô. 23.1-26.32. Ele era o rei ideal (ver as notas expositivas a respeito em I Reis 15.3), pois, embora tivesse cometido alguns pecados graves, ele nunca se desviou do yahwismo e nunca foi maculado pela idolatria.

O mesmo Culto

Salomão também merece menção honrosa aqui por ter cumprido as ordens de Davi referentes às coisas no templo que ele construiu. Assim, em um sentido secundário, Davi e Salomão tinham voltado ao segundo templo. Ver II Crô. 8.14 quanto à fidelidade de Salomão às ordens de Davi.

Ne 12.46 Pois já outrora, nos dias de Davi e de Asafe. O autor sacro lembra, uma vez mais, que fora o rei ideal, Davi, quem ordenara os levitas e os sacerdotes em seus turnos e funções, pelo que nada de novo havia sido inventado por Zorobabel, Esdras ou Neemias. As instituições eram divinas e davídicas, e isso era autoridade suficiente para os que viviam no período pós-exílio. Cf. I Crô. 16.7 e 25.1 ss. Para um tratamento mais extenso do assunto, ver I Crô. 23-26.

O Culto retituido

Ne 12.47 Todo o Israel. Neemias não somente tomou a constituir as antigas formalidades cúlticas, mas também reativou os modos antigos de sustento do ministério, conforme já vimos, com abundância de detalhes, no vs. 44. “Vinculando Neemias a Zorobabel, como se Neemias fosse o sucessor imediato de Zorobabel, ele salientou a continuidade da comunidade cúltica ideal por todo o período pós- exílico. Quanto às palavras ‘as porções de cada dia’, ver Nee. 11.23. O sujeito de consagrava, ao que se presume, é “todo o Israel” (cf. Nee. 10.37). Esse verbo significa “separar”, no sentido de apresentar a Deus, no templo, de modo que dali por diante toda e qualquer profanação estava estritamente proibida (cf. Lev. 27.9).

Ilustrando o relacionamento apropriado entre os membros do clero, o autor indicou que os levitas davam parte de seus dízimos (o dízimo dos dízimos) para os sacerdotes (cf. Nee. 10.38). Os filhos de Arão eram sacerdotes, em contraste com os levitas (cf. Nee. 10.38)” (Raymond A. Bowman, in loc.). Quanto ao dízimo dos dízimos, ver Núm. 18.26.

Todo o Israel. Todas as classes do povo exibiram uma fidelidade consciente ao pagar o que deviam ao templo e aos servos de Deus nomeados para nele ministrar “ (Jamieson, in loc.)

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1814.

Devemos entregar nossas ofertas a Deus (Ne 12:44-47)

O povo havia feito uma aliança com Deus, prometendo sustentar o ministério no templo (Ne 10:32-39), e ele cumpriu sua promessa. Alguns dos levitas foram escolhidos para supervisionar a coleta dos produtos e sua armazenagem no templo. Não esqueça que esses dízimos e ofertas representavam o sustento dos que trabalhavam no templo, permitindo que servissem ao Senhor.

O povo levou seus dízimos e ofertas, não apenas em obediência a um mandamento de Deus, mas também porque “estava alegre, porque os sacerdotes e levitas ministravam ali” (1 2 :44). Os ministros do templo tinham um comportamento exemplar tanto em sua pureza pessoal quanto em sua obediência à Palavra de Deus (vv. 30, 45).

O Culto

Realizavam os cultos não de acordo com as próprias ideias, mas em obediência às instruções dadas por Davi e por Salomão. Quando os cristãos têm ministros piedosos que exaltam o Senhor e que obedecem à sua Palavra, dão seus dízimos e ofertas com alegria, a fim de sustentar esse ministério. Os ministros que não são consagrados a Deus e que buscam apenas a satisfação das próprias ambições não merecem ser sustentados pelo povo de Deus.

O resultado desse culto jubiloso de consagração foi um suprimento abundante de produtos para sustentar o trabalho dos servos do Senhor. O povo contribuiu “não com tristeza, ou por necessidade”, mas com alegria e gratidão (2 Co 9:7). O líder missionário J. Hudson Taylor costumava dizer: “Quando o trabalho de Deus é feito do jeito de Deus e para a glória de Deus, nunca faltará o sustento de Deus”.

Se nossas ofertas materiais são entregues com a atitude correta, constituem, na verdade, sacrifícios espirituais ao Senhor. O apóstolo Paulo chamou as ofertas da igreja de Filipo de “aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (Fp 4:18). Jesus aceitou o presente de Maria – um unguento precioso – como um ato de adoração, e Hebreus 13:16 nos lembra de que fazer o bem e cooperar mutuamente são sacrifícios que agradam ao Senhor.

Porém, antes de levar nossas ofertas materiais ao Senhor, devemos entregar nosso ser a ele. Paulo elogiou os cristãos das igrejas da Macedônia, pois se entregaram “a si mesmos primeiro ao Senhor” (2 Co 8:5) antes de participarem da oferta missionária que o apóstolo estava recolhendo para os irmãos em Cristo necessitados em Jerusalém.

Nossas ofertas não substituem nosso próprio ser.

Foi um dia santo e exaltado em Jerusalém, um dia de alegria, pois o trabalho havia sido completado, e Deus havia sido glorificado de modo maravilhoso.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 676 – 677.

2. O despertamento dado pelo Espírito Santo faz com que os crentes desejem intensamente ser fiéis à Palavra de Deus.

4.6 Pelo fato de os coríntios terem se dividido em vários grupos, cada um seguindo o seu pregador favorito, Paulo usou as suas lealdades a ele mesmo e a Apoio para ilustrar o que ele estava dizendo sobre os ministros de Deus.

Os grupos não deveriam se vangloriar sobre estarem ligados a determinado pregador, porque cada pregador era simplesmente um servo humilde que havia sofrido pela mesma mensagem de salvação em Jesus Cristo.

Nenhum pregador de Deus tem uma posição maior que outro. Se eles prestassem atenção às Escrituras, concentrando-se no que Deus disse, não estariam se vangloriando sobre um pregador em detrimento de outro. Se eles lessem e entendessem as Escrituras e aquilo que elas dizem a respeito da soberania de Deus e do papel dos líderes espirituais, as facções seriam dissolvidas.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 123.

Paulo usa exemplos.

1 Co 4.6. Por causa do orgulho carnal da parte deles, Paulo usou a si mesmo e a Apoio como uma espécie de lição: E eu, irmãos, apliquei essas coisas, por semelhança, a mim e a Apoio (6). Em vez de citar diretamente aqueles que eram responsáveis pela contenda e pelas divisões em Corinto, Paulo havia mudado a forma de sua abordagem. Mas esta alusão velada de si mesmo e de Apoio ainda carregava uma mensagem penetrante aos não citados líderes de grupos que eram o centro da dificuldade em Corinto.

Primeiro, eles deveriam aprender a não ir além do que está escrito. Alguns comentaristas interpretam esta frase como uma advertência contra ir “além dos termos da obrigação que é confiada àquele que ensina”. Outros pensam que Paulo está usando uma referência geral ao AT, que constantemente exalta a Deus, e não ao homem. A ênfase dos coríntios na importância dos que ensinavam significava que eles estavam depositando uma confiança excessiva no homem.

Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. I Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 268-269.

Ao que Paulo se referia, portanto, quando usou a expressão «…o que está escrito… ?»

Diversas são as possibilidades, conforme se verifica nos pontos abaixo discriminados:

1. Talvez tivesse querido dizer aquilo mesmo que já havia escrito acerca da dignidade e posição dos mestres cristãos, como servos e despenseiros de Jesus Cristo, em quem cada qual tem sua dignidade pessoal, mas não exaltado acima dos demais.

2. Porém, visto que a expressão está escrito é uma fórmula usual pela qual Paulo expressava algum trecho do A.T., e que ele frequentemente usou em apoio a seus argumentos (ver as notas expositivas em I Cor. 1:19, quanto a esse hábito paulino), é possível que ele estivesse citando algum trecho do antigo pacto. É por essa razão que a tradução RSV diz «…para que possais aprender, por nosso intermédio, a viver de acordo com as Escrituras».

Pode-se supor, portanto, que Paulo esperava que os seus leitores tivessem uma familiaridade geral com a posição ocupada pelo homem e pelos mestres cristãos, nesses documentos do A.T., a fim de julgarem corretamente qual a atitude que deveriam ter para com eles, com base nesse conhecimento.

Em Corinto havia aqueles que eram gnósticos de temperamento, se não mesmo em suas doutrinas, enquanto que outros confiavam em suas revelações e ensinamentos particulares, em seus «mistérios» e em suas supostas experiências místicas, tudo o que, para tais pessoas, tomava precedência acima das Escrituras Sagradas do A.T., como guia de suas atitudes religiosas.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 60.

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